[Ana] Sobrepeso e obesidade são uma pandemia, ou seja, é uma doença que afeta grande parte do mundo. E até agora, todos os estudos de previsão de progressão de obesidade eram unânimes sobre as tendências pros próximos anos: a obesidade continuará aumentando. Mas será que essa previsão vai mudar com a tal chegada dos medicamentos antiobesidade no mercado?
E será que teremos uma epidemia de magreza no Brasil com a queda da patente do Ozempic? -O quê? [Ana] Pra quem não tava sabendo, em julho de 2026 vai cair a patente do Ozempic e do Wegovy, e a gente vai poder ter genéricos pelo menos 35% mais baratos.
Pois saiu um novo estudo na The Lancet sobre o que esperar do futuro, e hoje a gente vai ver o que ele nos diz. ♪ Até agora, todos os estudos que usaram os dados pra fazer previsões sobre o crescimento da obesidade no mundo acertaram. Um estudo de 2008 estimou que, em 2030, ou seja, bem pertinho, o número de pessoas com sobrepeso e obesidade poderia chegar a 2.
1 bilhões. E considerando que em 2025 a estimativa é de que a gente tenha 2. 3 bilhões de adultos acima do peso no mundo, eu diria que eles quase acertaram, até subestimaram um pouquinho, tá?
Em 2023, o relatório World Obesity Atlas projetou que em 2035 mais de 4 bilhões de pessoas serão afetadas por sobrepeso e obesidade. Já nesse novo estudo da The Lancet, prospectou que, assumindo a continuação das tendências históricas, em 2025 o número total de adultos vivendo com sobrepeso e obesidade, rufem os tambores. .
. [rufar de tambores] Continuará crescendo. -Hã?
[Ana] Podendo chegar a 3. 8 bilhões, ou seja, algo perto dos 4 bilhões da estimativa anterior. Ou seja, o relatório de 2023 estimava os 4 bilhões em 2035, agora esse novo estudo estima os 4 bilhões em 2050.
Então a previsão se mantém, é como se a taxa de crescimento da obesidade tivesse dado uma desacelerada, mas ainda vai continuar crescendo. É como se a curva antes de crescimento era assim, uma curva bem crescente, e agora a curva tá assim, mas ainda tá crescendo, tá? Agora, minha gente, eu quero que você escreva aqui nos comentários qual país você acha que tinha a maior população de adultos obesos em 2021.
Pause esse vídeo e vá lá escrever o que você acha. É pro meu TCC. É sério, gente, vai ser divertido a gente ler todos os palpites.
Todo mundo escreveu? Vou revelar então, minha gente. A maior prevalência de sobrepeso e obesidade aconteceu em países do norte da África, como a gente pode ver aí no mapa, a Líbia, o Egito, e também no Oriente Médio, como a Arábia Saudita e Iraque, com muitos desses países chegando a ter mais de 80% de adultos acima do peso.
E aí, você ficou surpreso? -Eu tô passada, chocada. [Ana] Eu pelo menos fiquei, porque assim, eu sempre pensei que o país mais obeso disparado seria os Estados Unidos.
-Eu também. [Ana] Então só por essa reviravolta aqui, né, essa informação, eu acho que a gente merece o seu like no vídeo, hã? De acordo?
Então, tudo bom. E aqui, gente, vem o dado mais importante: esses locais, né, norte da África, super região do Oriente Médio, não só têm a maior população obesa, eles também foram os lugares no mundo que tiveram o maior aumento, né, o aumento mais rápido de obesidade, onde as taxas de obesidade em homens mais que triplicaram e em mulheres mais que dobraram. E aí você me pergunta: "E em 2050?
" Pois vai continuar crescendo. -É, complicado. [Ana] A previsão é que os maiores aumentos nas taxas de obesidade serão no sul e leste da Ásia e centro e leste da África Subsaariana.
Na super região ali da África Subsaariana deve aumentar em 255%. Na Nigéria especificamente, o número de adultos com sobrepeso e obesidade tá previsto pra aumentar de 36 milhões em 2021 pra 141 milhões até 2050, aí virando o país com a quarta maior população com sobrepeso e obesidade. Então é preocupante.
Agora você pode estar se perguntando: "E os Estados Unidos? " Não, gente, não me entendam mal. Os Estados Unidos vão continuar com uma população obesa.
É estimado que 72% dos adultos sejam obesos atualmente e que em 2050 esse número seja de 82% nos Estados Unidos. E o Brasil? O Brasil deve sair de 62% pra 76% de adultos com sobrepeso e obesidade.
Então percebe que a estimativa da obesidade é continuar aumentando? E mais, daqui pra frente vai aumentar bastante também em países pobres. Ou seja, países que atualmente lutam contra obesidade vão continuar a lidar com a crise, e os países onde isso não era um problema vão passar a ter mais dificuldades.
E o resumo de tudo é que dois em cada três adultos com mais de 25 anos terão obesidade até 2050. ♪ E aí eu te pergunto: e os medicamentos antiobesidade, eles não funcionam então? Eu não sei.
[Ana] Não, eles funcionam muito bem. O problema não é o funcionamento deles, é o acesso a eles. Os estudos têm mostrado que a liraglutida, né, que é a Saxenda, a semaglutida, que é o Ozempic e o Wegovy, e a tirzepatida, que é o tão famoso Mounjaro, são eficazes, sim, em ajudar na perda de peso se usados corretamente, né, com o paciente associando esses medicamentos com mudanças no estilo de vida.
Eu já fiz dois vídeos aqui no canal explicando tudinho sobre esses medicamentos, inclusive como foram descobertos. É sério, a ciência por trás deles é incrível. E aí, se você quiser saber mais, depois você vai nesses vídeos que vai ser sucesso, você não vai se arrepender.
Ah, e antes de continuar, quero deixar uma coisa bem clara aqui, tá? Nenhum desses medicamentos te dá foco, te dá determinação. Eles possibilitam que a pessoa tenha chance de engajar em hábitos mais saudáveis.
Obesidade é multifatorial, não é falta de força de vontade. As pessoas que estão perdendo peso usando esses medicamentos têm todo o mérito do mundo. Eu tô cansando de ver nas redes sociais pessoas falando: "Ah, também, com Mounjaro, até eu.
Quero ver fechar a boca sozinho. " Eu não poderia ler algo mais burro, tá? Quem realmente acha isso não entende 1% da complexidade que é essa doença.
-Infelizmente, ele foi perseguido pela inteligência, só que ele acabou sendo mais rápido. [Ana] Obesidade não é sem-vergonhice. Estamos combinados?
Então tá bom. Voltando ao assunto aqui, esses medicamentos são eficazes, só não são acessíveis. O Ozempic nos Estados Unidos custa cerca de mil dólares, não é acessível pra grande parte da população, tá?
Aqui no Brasil custa mais de mil reais, e a canetinha Mounjaro lá pode custar até 4 mil reais. É uma coisa impensável pra grande maioria das pessoas. Mesmo sendo eficazes, de forma geral, o mundo não tem acesso a eles, e eles não parecem ser a grande arma pra lutar contra a obesidade.
Mesmo porque, como eu falei, né, obesidade é multifatorial, certo? -É verdade. [Ana] Então eles não são necessários pra todas as populações com obesidade.
Às vezes, políticas públicas disponibilizando a possibilidade de acesso da população a hábitos mais saudáveis, que pode incluir lazer de qualidade, tempo pro trabalhador, locais próximos com comida boa, comida acessível, ou até mesmo projetos educacionais pra população, de ensinar mesmo, né, a fazer melhores escolhas, já poderia ajudar bastante. Acontece que essa doença é muito negligenciada. A própria falta de reconhecimento da obesidade como um problema de saúde e de políticas públicas é negligência por parte de governos, tá?
♪ Agora vamos falar de Brasil, né? Em julho de 2026, a patente da semaglutida, que são as drogas Ozempic e Wegovy, vai cair aqui no Brasil. Cada país tem uma regra diferente pra patente.
A fabricante, que é a Novo Nordisk, já sabia das regras aqui e tá de chororô, menina, você acredita? Disseram que é muito cedo pra cair a patente. A empresa dinamarquesa falou assim: "A forma que a legislação brasileira foi aplicada ao Ozempic não foi justa.
" Uhum, meteram essa. Isso porque no Brasil uma patente farmacêutica tem validade de 20 anos a partir da solicitação ao INPI, que é o Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Mas no caso do Ozempic, a aprovação só ocorreu 13 anos depois do pedido inicial, e isso é normal aqui no Brasil.
Demora mesmo. Mas a lei começa a valer a partir da solicitação, como eu falei. Aí a bonitona acionou a justiça pra tentar prorrogar a exclusividade, contando o prazo a partir da concessão da patente, argumentando que a demora na análise faz com que, na prática, a proteção das patentes seja inferior aos 20 anos estabelecidos por lei, tentando assim estender a validade da patente até 2036.
Olha só que audácia, né? -Você é determinado, filho, é difícil de achar pessoas assim, viu? [Ana] E ainda teve a pachorra de estar ali tentando mudar a nossa legislação vigente, falando que o tempo de proteção pra esses medicamentos inovadores é insuficiente.
E eles levaram essa demanda pro governo, mas a solicitação foi rejeitada pela justiça, né? O Supremo Tribunal Federal, o STF, considerou inconstitucional a prorrogação do prazo. Aqui não, querida, aqui não, tá?
Então sim, o vencimento da patente do Ozempic tá previsto pra julho de 2026, e a partir desta data, as outras farmacêuticas vão comercializar medicamentos usando a semaglutida. Então, neste momento que estou gravando esse vídeo, empresas brasileiras, como a EMS, a Biomm, já estão com os estudos a todo vapor pra mostrar bonitinho pra Anvisa e deixar tudo ali certinho pra, assim que der julho do ano que vem, as suas versões genéricas já estarem nas prateleiras da farmácia. Porque, né, não é porque é genérico que não tem que ter estudo provando eficácia e segurança, tá?
Já tem dois vídeos aqui da Laura explicando tudinho sobre genéricos. Eu vou deixar no final do vídeo pra vocês assistirem depois desse vídeo aqui, tá? Isso significa que vai custar pelo menos 35% menos, ou seja, se era mil reais, o preço pode ficar ali em torno de 700 reais, o que ainda não é acessível pra grande parte da população, mas o aumento da concorrência pode levar a maiores reduções dos preços, tornando o tratamento mais acessível.
Mas isso daí, gente, só o futuro dirá, né? Não tem como a gente prever aqui, tem que aguardar pra ver. ♪ Tá, beleza, mas e o SUS, né?
Sabendo da eficácia desses medicamentos e sabendo dos custos dos cofres públicos de ter uma população obesa, é aqui que a gente pega os dados e usa a favor da população. Vamos usar a ciência, né, pra melhorar a vida do trabalhador? -Sim!
[Ana] Vamos! Olha só, milhões de mortes todos os anos são atribuídas ao sobrepeso e obesidade por causa das chamadas doenças não transmissíveis, como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer. Inclusive, um estudo de previsão global recente estimou que 1.
3 bilhão de pessoas no mundo desenvolverão diabetes até 2050. Gente, isso custa dinheiro, além de vidas, é claro, né? Eu foquei aqui no dinheiro porque essa é a única linguagem que os governos entendem, né?
-Bufunfa, dindim, grana. [Ana] Todos os estudos mostram que a gente precisa de mais medidas agressivas pra lidar com essa crise, mas ainda não tem nenhum indicativo de que nenhum desses medicamentos vão ser incorporados ao SUS. Em 2023, a Novo Nordisk até tentou.
Ela pediu que a Comissão de Incorporação de Tecnologias no SUS, né, o Conitec, avaliasse a inclusão no SUS, né? Mas aquele pedido foi negado porque a estimativa de impacto orçamentário foi considerada elevada: 12. 6 bilhões em 5 anos.
Bicho, na moral, cara, isso é dinheiro de pinga comparado com os gastos de negligenciar a doença. Quando a gente pensa em introduzir uma medicação no SUS, você tem que pensar no real benefício, ou seja, quanto ela vai economizar com a redução do peso da população. Ela vai ajudar a controlar diabetes, isso diminui o uso de medicamentos pra diabetes, pra hipertensão, pra colesterol, reduz o gasto com cirurgias, amputações, gasto com cegueira, com hemodiálise por causa de doenças renais, reduz uso de leito de UTI, reduz filas, enfim, economiza dinheiro e de quebra melhora a vida do trabalhador que jamais teria acesso a esses medicamentos.
Ó, que bom! É dar uma chance pras pessoas. Vamos esperar que, depois da quebra da patente, esse cenário aí mude, né, e a gente tenha políticas públicas mais agressivas pra lutar contra essa doença.
E, gente, só pra finalizar, agora, sabendo de tudo isso que eu falei, né, que investimento em políticas públicas focadas em redução de peso da população economiza dinheiro e salva vidas, né? Se você tinha a mentalidade desse cidadão que tá aparecendo aí na tela, eu gostaria muito que você reconsiderasse, né? Não é a Mariazinha que não conseguiu fechar a boca, é você que não conseguiu usar o cérebro.
Mas pra isso existe aqui o Nunca Vi 1 Cientista, e por isso eu espero ter ajudado, tá? Ufa, militei aqui. Meu Deus, nossa, agora tô mais leve.
[ri] Gente, compartilhe esse vídeo pra essa mensagem chegar pra mais pessoas, pra gente mostrar pra população que tem medicamentos que devem ser direito, né? É direito da população que realmente precisa. E aí, agora na tela, o vídeo sobre genéricos que eu falei.
Pode assistir, você não vai se arrepender. Você também pode assistir aqueles outros dois que eu falei do Ozempic. E se você quiser saber mais, se a gente já falou sobre algum conteúdo, algum tema que você tem curiosidade, é só você pesquisar no nosso site clicando nesse link aqui, ó.
Tá? É isso. Tchau, obrigada.
Ó, ó, ó, olha como. . .
Ó, olha isso aqui, olha isso aqui. Ele está encharcado, isso aqui é suor, isso aqui é trabalho, trabalho no domingo. Eu estou suando, eu estou sofrendo.
É isso. Tchau, Laís. Beijo.