Vou te contar um segredo bem íntimo, algo que aconteceu numa viagem de família e que acabou se tornando muito mais do que eu esperava. Foi o dia em que meu padrasto e eu fizemos algo que, apesar de ser divertido na hora, é algo de que não me orgulho. Sempre me vi como uma mulher fiel, dedicada ao meu casamento e aos meus valores, mas por mais que eu quisesse, o destino tinha outros planos para mim, planos que abalaram tudo o que eu achava que sabia sobre amor, lealdade e desejo.
Meu nome é Olívia e essa é a história de como um mês nas Maldivas mudou completamente a minha vida. Tudo começou quando Nathan, meu marido, decidiu que precisávamos tirar umas férias. O estresse estava nos consumindo nos últimos tempos; ele havia acabado de ser promovido, o que trouxe mais responsabilidades e, claro, menos tempo para nós dois.
Eu, por outro lado, estava cada vez mais sentindo o peso da solidão e da falta de atenção. Quando ele sugeriu que passássemos um mês nas Maldivas, eu achei que seria a oportunidade perfeita para nos reconectarmos. Mas o que eu não esperava era que ele decidisse convidar o meu padrasto, Marcos.
“Vai ser divertido”, ele disse. “Além disso, sua mãe não pode viajar por causa da doença e Marcos merece um descanso de cuidar dela. ” Eu concordei, sem imaginar que aquela escolha mudaria tudo.
Chegamos a Malé em um quente dia de julho. O resort era um verdadeiro paraíso: águas cristalinas, areia branca e bangalôs que pareciam flutuar sobre o mar, como se fossem parte de um sonho. Mas em pouco tempo, a realidade se mostrou diferente; mesmo de férias, Nathan passava a maior parte do tempo grudado no telefone ou no laptop, respondendo e-mails e atendendo chamadas.
“Desculpa, meu amor”, ele dizia. “Este projeto é muito importante para a empresa. ” E eu, como sempre, engoli a minha frustração.
Enquanto isso, a mãe de Marcos, incomodada com o calor tropical, preferiu ficar a maior parte do tempo no quarto, no ar-condicionado, assistindo TV e pedindo serviço de quarto. Foi assim que, sem perceber, comecei a passar cada vez mais tempo com Marcos. No início, eram só passeios despretensiosos pela praia ou conversas durante o café da manhã, mas com o tempo, esses momentos se tornaram o que eu mais esperava.
Marcos era diferente; já nos seus 50 e poucos anos, ele tinha uma energia e um entusiasmo pela vida que eram o completo oposto da frieza que Nathan vinha mostrando. Ele me falava sobre suas viagens, seus sonhos, seus medos e, de repente, eu também comecei a me abrir. Numa noite, enquanto caminhávamos sob um céu cheio de estrelas, Marcos parou e me olhou nos olhos.
“Olívia”, ele disse com a voz suave, “você está feliz? ” Aquela pergunta me pegou completamente de surpresa. Eu estava feliz?
Fazia tanto tempo que eu não me questionava sobre isso. “Eu não sei”, respondi, sendo sincera. Marcos segurou minha mão; era um gesto que, em outro momento, deveria ter me assustado, mas ali, naquela hora, pareceu certo, quase reconfortante.
“A vida é curta demais para não ser feliz”, ele sussurrou para mim. “Desde que minha mãe ficou doente, percebi como tudo é frágil; não podemos dar nada como certo. ” Suas palavras ecoaram dentro de mim, trazendo à tona sentimentos que eu havia guardado por tanto tempo.
Sob o brilho da lua, naquele instante, deixei de ver Marcos como o marido da minha mãe e comecei a enxergá-lo como um homem, um homem atencioso, presente e incrivelmente atraente. Os dias que se seguiram foram uma verdadeira montanha-russa emocional. Cada vez que Nathan me deixava sozinha para atender uma ligação de trabalho, eu corria para a companhia de Marcos.
Juntos, explorávamos. Numa tarde, enquanto Nathan participava de uma videoconferência e a mãe de Marcos dormia, decidimos explorar uma parte mais isolada da ilha. Caminhamos por quase uma hora, nos afastando das áreas mais movimentadas, até encontrarmos uma praia escondida, cercada por pedras e vegetação.
O lugar era mágico, como se o tempo tivesse parado; as ondas quebravam suavemente na areia e a brisa do mar tocava nossos rostos. Marcos estendeu uma toalha na areia e ficamos ali, apenas observando o horizonte em silêncio. “Você sabe, Olívia”, Marcos começou a falar com a voz quase abafada pelo som das ondas, “desde que chegamos aqui, é como se eu estivesse te conhecendo de verdade pela primeira vez.
Sempre estive ao seu lado, mas nunca te enxerguei de fato. ” Suas palavras aceleraram meu coração. “Eu sinto o mesmo”, confessei, surpresa com a própria franqueza.
“Com você, eu me sinto ouvida, valorizada, algo que não sinto há muito tempo. ” Marcos se aproximou e sua mão roçou a minha na areia. “Olívia, eu sei que isso é errado; eu sei que não deveria sentir o que sinto, mas não consigo evitar.
Esses dias com você foram os mais felizes que tive em anos. ” Eu sabia que deveria parar, que o certo seria me levantar e voltar para o resort, mas não consegui. Em vez disso, me inclinei em sua direção, como se meu corpo traísse a minha razão.
Quando nossos lábios se encontraram, o beijo foi inicialmente tímido, mas logo se intensificou, carregado de desejo, de solidão e sentimentos reprimidos. Derretemos naquele calor. As mãos de Marcos exploraram meu corpo com uma urgência que me fez estremecer.
Eu sabia que estava errada, que estava traindo Nathan, minha mãe e até meus próprios princípios, mas naquele momento nada mais importava. Havia apenas nós dois, consumidos por um desejo avassalador. Ali, naquela praia deserta, sob o sol que começava a se pôr, fizemos amor; foi intenso, apaixonado, libertador.
Quando tudo terminou, permanecemos em silêncio, nossos corpos entrelaçados, ouvindo o som das ondas. Mas a culpa não tardou a chegar. Assim que o êxtase do momento passou, a realidade do que havíamos feito despencou sobre mim, esmagadora; era como um peso esmagador sobre.
. . Mim, como pude fazer isso?
Como pude trair Nathan, minha mãe? Mas, mesmo com toda a culpa, mesmo com o remorso, eu não conseguia parar de querer mais. Marcos havia despertado algo dentro de mim, algo que eu pensava estar morto há muito tempo.
Nos dias seguintes, vivi uma mistura de culpa e desejo; durante o dia, me comportava como se nada tivesse acontecido, sorria para Nathan quando ele aparecia para almoçar e conversava educadamente com a mãe de Marcos. Mas, à noite, quando todos iam para os seus quartos, Marcos e eu escapávamos para nossa praia secreta. Cada noite era uma nova descoberta; exploramos nossos corpos com uma paixão que eu nunca havia sentido antes.
Com Marcos, eu me sentia desejada, como se tivesse redescoberto partes de mim que estavam adormecidas. Eu esquecia quem eu era, esquecia minhas responsabilidades, minhas culpas, até voltar para o quarto e encontrar Nathan dormindo, totalmente alheio à minha traição. Todas as manhãs, eu me prometia que aquela seria a última noite, que eu acabaria com aquilo de uma vez por todas, mas quando Marcos me olhava à noite com aqueles olhos cheios de desejo, todas as minhas resoluções sumiam.
Faltando uma semana para o fim das nossas férias, Nathan anunciou que finalmente seu projeto estava chegando ao fim e que ele poderia passar mais tempo conosco. Eu deveria ter ficado feliz, mas entrei em pânico. Como eu poderia agir normalmente ao lado dele depois de tudo o que havia feito?
Naquela noite, quando me encontrei com Marcos na nossa praia, contei a ele sobre o anúncio. "Talvez isso seja um sinal", eu disse com a voz trêmula. "Talvez devêssemos parar antes que alguém se machuque.
" Marcos me olhou com uma mistura de tristeza e aceitação. "Talvez você tenha razão", ele admitiu. "Mas, Olívia, esses dias com você foram os melhores da minha vida.
Eu não quero que eles acabem. " Nos beijamos com desespero. Naquela noite, sabendo que nosso tempo juntos estava chegando ao fim, fizemos amor com uma intensidade quase enlouquecedora, como se quiséssemos guardar cada toque, cada sensação na memória.
Nos dias que se seguiram, foi uma verdadeira tortura. Nathan, fiel à sua palavra, começou a passar mais tempo comigo, nos levando para explorar a ilha, organizando jantares românticos. Eu sorria, fingia estar feliz, mas por dentro me sentia destruída.
Cada vez que Nathan me tocava, eu pensava nas mãos de Marcos; cada beijo que ele me dava me fazia lembrar dos beijos ardentes na praia. Marcos e eu continuamos a nos encontrar, mas a cada encontro, uma tristeza antecipada tomava conta de nós. Sabíamos que o que estávamos vivendo era passageiro, um sonho do qual logo teríamos que acordar.
Na noite antes de irmos embora, decidimos nos encontrar uma última vez na nossa praia. Nathan mencionou que teria uma última videoconferência, então achei que teríamos tempo suficiente para nos despedirmos como merecíamos. Cheguei na praia com o coração apertado; meu coração batia acelerado, uma mistura de ansiedade e tristeza.
Marcos chegou logo em seguida, seus olhos brilhando com uma emoção contida. Nos abraçamos em silêncio, como se nossos corpos pudessem dizer tudo o que as palavras não conseguiam. "Eu vou sentir sua falta", sussurrei contra o peito dele.
"E eu você", ele respondeu, com a voz embargada de emoção. "Olívia, eu sei que isso não pode continuar, mas quero que saiba que esses dias com você foram os mais felizes da minha vida. " Nos beijamos, um beijo longo e profundo, cheio de despedida; as mãos de Marcos percorriam meu corpo com uma familiaridade que me fez sentir viva, como se apenas ele pudesse despertar essas sensações.
Aos poucos, nossas roupas caíram e nos encontramos mais uma vez sob o céu estrelado. Estávamos tão imersos em nossa paixão que não percebemos os passos que se aproximavam. De repente, uma voz, aquela voz que eu conhecia tão bem, rompeu o silêncio da noite: "Bem, bem, o que temos aqui?
" Meu coração congelou. A poucos metros de nós estava Nathan, sua expressão oculta na escuridão, mas em sua voz havia algo que eu nunca tinha ouvido antes. Marcos e eu nos afastamos imediatamente, tentando desesperadamente pegar nossas roupas.
O pânico tomou conta de mim. Esse era o momento que eu mais temia, o momento em que tudo desmoronaria. "Nathan, eu.
. . " tentei falar, mas as palavras se embolaram na minha boca, incapaz de formar uma frase coerente.
Para minha surpresa, Nathan não gritou, não explodiu de raiva; em vez disso, ele se aproximou devagar, com um sorriso enigmático nos lábios. "Você sabe", ele começou com uma voz estranhamente calma, "eu sempre suspeitei que algo assim poderia acontecer. Marcos é um homem atraente e eu.
. . bom, estive bastante ausente, não estive?
" Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Era Nathan, realmente compreensivo? "Eu sinto muito", finalmente consegui dizer.
"Eu nunca quis que isso acontecesse. " Nathan levantou a mão, me interrompendo. "Não se desculpe, Olívia.
Na verdade, eu acho que isso pode ser interessante. " Minha cabeça girava; eu não conseguia entender o que ele estava querendo dizer. Marcos, pela primeira vez desde que Nathan nos pegou, quebrou o silêncio: "O que você quer dizer com isso?
" Nathan deu mais alguns passos em nossa direção, seus olhos brilhando com uma intensidade que eu nunca tinha visto antes. "Quero dizer", ele falou devagar, "que talvez nós possamos compartilhar. " Minha boca se abriu em choque.
Nathan estava sugerindo o que eu achava que ele estava? "Nathan, eu não entendo", murmurei, quase sem voz. Ele estendeu a mão, acariciando minha bochecha com uma ternura que parecia surreal naquela situação.
"Olívia, eu te amo e eu quero que você seja feliz. Se isso te faz feliz, então eu quero fazer parte disso. " Minha mente girava, confusa e atordoada; tudo parecia um sonho estranho, quase irreal.
Nathan se aproximou de nós e, de repente, suas mãos começaram a explorar meu corpo junto com as de Marcos. O que havia começado como uma traição tomou um rumo inesperado, se transformando em algo que ia além. De qualquer rótulo ou convenção, naquela noite, os três nos entregamos a uma paixão que era, ao mesmo tempo, estranha, excitante e aterrorizante.
As mãos de Nathan e Marcos deslizavam pela minha pele; seus beijos se fundiam, criando sensações que eu jamais havia experimentado. Quando tudo terminou, deitamos na areia, nossos corpos entrelaçados, enquanto o som das ondas preenchia o silêncio. Ninguém falou por um tempo, talvez com medo de quebrar o encanto daquele momento.
Foi Naan quem, por fim, quebrou o silêncio. — Isso muda tudo, não é? — ele disse, sua voz quase um sussurro, abafada pelo som do mar.
Marcos assentiu devagar. — Sim, acho que muda — ele respondeu. Mas o que isso realmente significava?
Permaneci em silêncio, incapaz de entender completamente o que acabara de acontecer. Minha mente estava um caos de emoções: culpa, excitação, confusão, amor. Depois de uma longa pausa, Nathan falou de novo: — Isso significa que temos muito a conversar quando chegarmos em casa.
A viagem de volta foi surreal. No avião, agi como se nada tivesse acontecido, conversando sobre o tempo. As lembranças, fas, a mãe de Marcos, completamente alheia a tudo, comentou sobre como tinha adorado o ar condicionado do quarto.
Mas, ao voltarmos para casa, a realidade começou a pesar sobre nós. Naan, Marcos e eu nos reunimos em particular para discutir o que havia acontecido e o que isso significava para nosso futuro. — Não posso negar que o que aconteceu na praia foi intenso — começou Marcos, com a voz carregada de uma mistura de nervosismo e excitação.
— Mas precisamos pensar nas implicações a longo prazo. Marcos, com um semblante sério, assentiu. — Sim, foi algo extraordinário, mas como isso vai impactar nosso dia a dia?
Nossa família? Eu permaneci quieta, ainda sobrecarregada por tudo. Por um lado, o que vivemos foi libertador, algo fora do comum.
Mas, por outro, a culpa e a confusão pesavam em minha mente. Depois de uma longa pausa, Nathan sugeriu: — Talvez devêssemos explorar essa nova dinâmica, mas de forma cuidadosa e consensual. Fiquei surpresa; nunca imaginei Nathan propondo algo assim, algo que desafiava todas as convenções.
— Você tem certeza disso? — perguntei, com a voz trêmula. — Não quero que faça algo com o qual não se sinta à vontade só para me agradar.
Ele segurou minha mão e, olhando nos meus olhos, disse: — Olívia, eu te amo. Se isso te faz feliz, se isso nos faz felizes, então quero tentar. Além disso — ele acrescentou, com um pequeno sorriso — tenho que admitir que o que aconteceu na praia foi bem emocionante.
Marcos, que estava quieto até então, finalmente falou: — Se vamos fazer isso, precisamos estabelecer regras claras, limites, e, acima de tudo, ser completamente honestos uns com os outros o tempo todo. E assim começou uma nova fase em nossas vidas, uma fase que eu jamais teria imaginado. Definimos algumas regras básicas: seríamos sempre sinceros sobre nossos sentimentos, nada aconteceria sem o consentimento de todos, e, se em algum momento alguém se sentisse desconfortável, tudo pararia imediatamente.
Os primeiros meses foram intensos, uma verdadeira montanha-russa de emoções. Tivemos noites de paixão inesquecíveis, onde nós três explorávamos questionamentos sobre se estávamos no caminho certo. Surpreendentemente, Nathan parecia se adaptar bem a essa nova dinâmica, dizendo que Marcos tinha despertado nele uma paixão que não sentia havia anos.
Nosso relacionamento ficou mais forte de maneiras que eu nunca imaginei, redescobrindo aspectos um do outro que estavam esquecidos. Marcos, por outro lado, lutava com a culpa de estar envolvido com a esposa daenteada. Minha mãe continuava doente e alheia a tudo, mas ele sempre expressava seu remorso.
— O que ela pensaria se soubesse? — ele se perguntava em voz alta durante nossas longas conversas à noite. Eu, por minha vez, me sentia em constante conflito.
Eu amava Nathan, sempre amei, mas o que sentia por Marcos era intenso e apaixonado. Perguntava-me se era possível amar duas pessoas ao mesmo tempo e se isso poderia durar a longo prazo. Com o passar dos meses, nossa dinâmica foi se estabilizando.
Aprendemos a nos comunicar melhor, a falar sobre nossas necessidades e medos de forma mais aberta. Descobrimos que a honestidade brutal era essencial para que esse relacionamento fora do convencional funcionasse. No entanto, nem tudo era perfeito.
Havia momentos de tensão, especialmente quando o ciúme surgia. Às vezes, Naan se sentia de lado quando Marcos e eu relembrávamos nossos momentos nas Maldivas. Em outras ocasiões, Marcos se sentia inseguro, temendo que fosse apenas um coadjuvante no meu casamento com Nathan.
Um ano após nosso retorno das Maldivas, enfrentamos nossa primeira grande crise. Minha mãe, que vinha melhorando lentamente, expressou o desejo de morar conosco por um tempo. O pânico se instalou entre nós três.
Como poderíamos manter nosso relacionamento em segredo com ela por perto? Foi então que enfrentamos uma decisão difícil: continuaríamos nosso relacionamento a três e correríamos o risco de ela descobrir, ou encerrá-lo? Passamos noites discutindo, chorando e nos abraçando, sem saber o que fazer.
A ideia de terminar o que tínhamos era dolorosa, mas a possibilidade de magoar minha mãe era insuportável. Por fim, decidimos que o melhor seria pausar nosso relacionamento enquanto minha mãe estivesse morando conosco. Foi uma decisão de partir o coração, mas sabíamos que era necessária.
Os meses seguintes foram difíceis. Voltar à dinâmica normal, depois de tudo o que vivemos, foi um verdadeiro desafio. Nathan e eu precisávamos fingir que nada havia mudado, enquanto Marcos retomava o papel de padrasto atencioso.
No entanto, a tensão sexual e emocional entre nós três era palpável, sempre presente, ainda que disfarçada. Toques acidentais, olhares prolongados e conversas cheias de segundas intenções criavam uma atmosfera carregada de desejo reprimido, pronta para explodir a qualquer momento. Minha mãe, sem ter ideia de tudo o que estava acontecendo, comentava sobre como era lindo nos ver tão unidos.
Se ao menos ela soubesse a verdadeira natureza da nossa proximidade. Quando ela finalmente voltou para casa, três meses depois, nós três nos encontrávamos em uma encruzilhada: deveríamos retomar de onde paramos? Eu seria melhor deixar as coisas como estavam.
Foi Marcos quem finalmente quebrou o silêncio desconfortável. — Eu amo vocês dois — ele disse, sua voz carregada de emoção —, mas talvez, talvez isso tenha sido um sinal. Talvez devêssemos valorizar o que tivemos e seguir em frente.
Suas palavras, apesar de dolorosas, ressoaram em mim. Eu olhei para Naan, procurando sua reação. Para minha surpresa, vi lágrimas em seus olhos.
— Parte de mim quer seguir em frente — Naan admitiu. — Esses meses foram uma tortura, mas outra parte de mim se pergunta se isso seria sustentável a longo prazo. O que faremos quando ficarmos mais velhos?
Quando tivermos filhos, como explicaríamos isso para a sociedade? Fiquei em silêncio, minha mente um turbilhão de sentimentos conflitantes. Eu amava esses dois homens, cada um de um jeito único e especial.
A ideia de ter que escolher entre eles ou perder os dois me despedaçava por dentro. — Talvez — eu finalmente disse, quase num sussurro —, talvez possamos tentar mais uma vez, uma última noite, os três juntos, e depois decidimos. Nathan e Marcos se entreolharam, trocando um olhar que parecia dizer tudo.
Finalmente, ambos assentiram. Aquela noite foi intensa, cheia de paixão e emoção. À flor da pele, nós nos amamos como se fosse a última vez, porque, de certa forma, sabíamos que seria.
Cada toque, cada beijo, cada suspiro estava carregado de um ano de lembranças, de desejos reprimidos e de amor não dito. Quando o amanhecer chegou, permanecemos em silêncio, nossos corpos ainda entrelaçados, enquanto nossas mentes tentavam processar o que havia acontecido e o que viria a seguir. — Eu amo vocês dois — finalmente disse, quebrando o silêncio —, mas acho que o Marcos está certo.
Talvez tenha sido lindo enquanto durou, mas não é algo que podemos sustentar. Naan me abraçou forte, seus lábios roçando minha testa. — Eu concordo — ele murmurou —, mas quero que saiba, Olívia, que isso não muda o que sinto por você.
Eu te amo e sempre vou te amar. Marcos se sentou, os olhos brilhando com lágrimas que ele tentava conter. — Eu também te amo — ele disse —, e sempre vou guardar o que vivemos, mas acho que é hora de voltarmos aos nossos papéis: eu como seu padrasto e vocês dois como marido e mulher.
E assim, com o coração apertado, mas cheio de amor e gratidão, colocamos fim ao nosso caso de um ano. Os meses seguintes foram difíceis, marcados por olhares nostálgicos e memórias que pareciam querer nos arrastar de volta, mas, aos poucos, fomos seguindo em frente. Com o tempo, encontramos um novo equilíbrio.
Nathan e eu nos dedicamos a fortalecer nosso casamento, redescobrindo partes do nosso relacionamento que haviam ficado para trás. Marcos, por sua vez, focou-se em cuidar da minha mãe, cuja saúde tinha melhorado bastante. Hoje, anos depois daquela noite que mudou tudo, olho para trás com uma mistura de nostalgia e gratidão.
O que vivemos foi intenso, bonito e transformador. Nos ensinou sobre amor, paixão e até onde o coração humano pode ir. Fizemos a coisa certa ao encerrar nosso relacionamento a três.
Sinceramente, ainda não sei. Parte de mim sempre se perguntará o que teria acontecido se tivéssemos continuado, mas outra parte, talvez mais sábia, entende que algumas experiências são especiais justamente por serem passageiras. Naan e eu seguimos juntos, e nosso amor foi fortalecido pelas dificuldades que enfrentamos.
Marcos continua sendo uma parte importante de nossas vidas, um amigo querido e confidente. E eu, eu sou uma mulher transformada que aprendeu que o amor pode ter formas inesperadas, que a paixão pode desafiar as normas, e que, às vezes, o fim de uma história é apenas o início de outra. É por isso que estou compartilhando minha história com você.
Não busco aprovação nem julgamento. Minha intenção é que, ao ouvir minha experiência, você também reflita sobre a sua própria vida, sobre as várias formas do amor e sobre os limites que estamos dispostos a atravessar por aqueles que amamos. Agora eu pergunto a você, que está me ouvindo: o que faria no meu lugar?