O Brasil de TORTO ARADO | Entrelinhas

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Silvio Almeida
No Entrelinhas de hoje eu tenho a honra de receber o meu irmão Itamar Vieira Junior. Em seu livro, T...
Video Transcript:
eu não sei se foi o Darcy Ribeiro que nos disse isso mas se o Brasil é um país com passado pela frente né O que que Terra tinha ver com raça E aí [Música] E aí [Música] o Olá seja bem-vindo seja bem-vinda a mais um Entrelinhas que o nosso espaço de bate-papo para conversar com gente interessante para aprender bastante e hoje vocês vão ver que não vai ser diferente porque nosso convidado de hoje ele é muito especial mas a gente conversar eu quero eu quero pedir para se inscrever no canal para dar o seu like
mas se você gostar do vídeo para compartilhar o vídeo e comentar tá o seu comentário é muito importante porque ele permite que eu conheço que você pensa e possa também colocar você dentro dessa conversa tão legal eá de hoje vai ser maravilhosa o medo atravessou o tempo e fez parte de nossa história desde sempre era o medo de quem foi arrancado do seu chão medo de não resistir a travessia por Mário por terra medo dos e amigos dos trabalhos do sol escaldante quero desistir medo de que não gostasse de você do que fazia que não
gostasse do seu cheiro do seu cabelo sua cor que não gostasse de seus filhos das cantigas da Nossa Irmandade Esse é um trecho do livro torturado do nosso convidado hoje um dos maiores escritores do Brasil eu falo aqui de Itamar vira julho o escritor brasileiro como eu já disse vivo mais lindo do Brasil nesse momento tava muito obrigado pela sua presença de um prazer ter você aqui uma honra imensa e se a gente pode conversar um pouco coisa de antes de iniciar a gravação né e ver a impressionante né como as afinidades elas aparecem né
na forma de ver o mundo e e eu E aí você começa Spot contando uma coisa que me deu muito orgulho muito muito orgulho mesmo sabe que eu tenho junto com professor é um grande amigo que eu não escolhia duro Professor Junior Adilson César Veloso nós temos um clube de leitura e que nós estamos dando continuidade a um projeto que eu tenho que é um projeto é de estudar o pensamento social Brasileiro né então eu eu tenho dedicado dentre outras coisas né a estudar o pensamento social brasileiro pertencente a entender o que esse país olhando
particularmente para a formação do Estado direito brasileiro EA questão racial né porque eu entendo que não dá para pensar está direito no Brasil sem pensar a questão racial e você sabe que numa das números encontros é porque nós demos livros o capítulo por capítulo de livros importantes clássico casa-grande Senzala pode se está lendo azul e as mulher a formação próximo do Brasil Contemporâneo na e depois homens livres na ordem escravocrata e florestan a gente a gente vai ler do Capítulo Capítulo aí numa dessa desses encontros de fazer um encontro para discutir cada capítulo né A
cada 15 dias uma das alunas virou e falou assim ela me disse assim que o livro racismo estrutural né que o meu livro ele tinha relações muito fortes com o torturado né ou seja era um dos livros que conversavam muito que falavam muito a respeito do que ao Brasil de como na segunda é constituído eu confesso para você que eu fiquei profundamente orgulhoso com essa comparação é mas muito mas muito mesmo porque eu eu considero por ser um sujeito Espetacular e também quer o orçamento vamos bastante no começo do nosso papo mas eu acho que
é importante dizer porque eu tô diante um irmão de uma pessoa especial é você sabe que é você sabe que essas essas essas comparações essas coisas a gente falar com carinho do outro né Para mim é uma coisa necessária sabe porque assim que eu falei eu queria muito parecida vez com você eu falei com o pessoal todo que para além de você ser um grande escritor e objetivamente muitos cristãos eu tô dizendo isso e talvez você já tenha se apropriado disso né a gente tem dificuldade se apropriar dessas coisas né mas enfim é difícil né
mas eu eu acho que a gente fica cultivava essa quem sabe tu não é de demonstrar gratidão e carinho pelas pessoas que de fato fazer coisas importantes Então essa entrevista eu começo com agradecimento eu começo agradecendo pelo próprio tem que ter o Brasil que você fez pela gente não sabe por mim então tele e te ouvir tem sido um prazer muito grande então o Buzz entrevista com um agradecimento então obrigado viu Obrigado não só para entrevistamos Obrigado pelo que tem feito é o que agradeço seu que eu agradeço ou se é o convite para mim
é um imenso prazer estar aqui conversando com você você o intelectual admirável né que tem uma coisa ativa potente e nos pais sonhar com um Brasil diferente também né e isso é muito é muito especial é muito caro para mim então eu queria agradecer a você também por tudo né perfeito meu irmão então começamos com muito carinho só se não sou esse nosso bate-papo o dia que você falou dessa relação a empresa em vários eu quero conversar com você sobre essa relação entre território raça e existência né o seu livro ele ele foi ele foi
lançado nem ele foi lançado em agosto 19 né E você é publicado na Itália no México no peru na Eslováquia na Bulgária na Croácia na França e na Alemanha nos Estados Unidos e próxima de você vai ter um filme né sobre sobre o seu livro que é uma coisa maravilhosa tô tô muito feliz aqui você acredita para além das qualidades intrínsecas do seu trabalho o sucesso né você já repercussão do seu trabalho ok Um hoje se apresenta que te faz pensar na repercussão da sua obra seja qual a conexão entre o mundo contexto que a
gente vive a repercussão de seu trabalho é não sei se eu tenho a resposta né para o autor sempre é difícil a estabelecer alguma qualificação algum pensamento sobre aquilo que escreve mas o que eu posso dizer é só mas tem mensagens que me chegam né O que os leitores têm relatado que o livro tem despertado dele e e eu vejo hummm hummm hummm hummm desejo de bom conhecer a história né de rever a nossa história eu vejo um desejo de um perceber o mundo de outra maneira não não de maneiras é que foram confeccionadas pelo
pensamento europeu pelo acidente né de olhar o mundo pelos olhos de outros povos né pelos olhos de outras comunidades Então acho que torturado é apresenta um pouco desse universo ao leitor do que pode ser a nossa relação com o ambiente do que pode ser a nossa relação com a história além de Despertar para as injustiças que o Brasil insiste em manter não sei se foi o Darcy Ribeiro que nos disse isso mas se o Brasil é um país como passado pela frente né É E acho que isso a obra também quando você toca em questões
importantes como como racismo ES e nos mostra isso né esse racismo que está posto na sociedade ele é tributário de um passado mal-resolvido então é um livro que tem uma forma que não tem um compromisso histórico não tenho compromisso tenho compromisso estético e artístico E é claro que como Toda obra literária é o retrato de um tempo né que o autor está ofertando ao leitor para sua fruição Mas é claro Acho que todos nós escrevemos sobre aquilo que nos incomoda você como intelectual escreve sobre aquilo que lhe incomoda é eu como autor escrevo sobre o
que me incomoda me dedico as minhas narrativas aquilo que me incomoda de alguma forma Estamos apresentando um retrato do nosso tempo as questões que são relevantes e importantes no nosso tempo a na minha cabeça eu estava comunicando algo que me incomodava para as pessoas próximas e o livro e e o essa essa Fronteira né esse desejo Inicial os livros têm vida própria Eles seguem caminhos que a gente não não planeja eu não tinha Editora para publicar no Brasil e por isso o livro foi publicado em Portugal primeiro porque Venceu um Concurso Literário prémio Leya e
eu ficava imaginando o que aqui a nessa história né que despertou o interesse de se juro em Portugal um país é que está na Europa embora Temos uma história em comum né um passado em comum ainda assim há diferenças muito grandes oi e daí eu comecei a escutar os leitores portugueses eles me diziam é Portugal foi um país muito pobre é um país muito pobre ainda no contexto da Europa e e aqui vivemos relações de Servidão até a década de 70 até a os tempos da ditadura salazarista a né Ou seja pessoas viviam em Servidão
na região do alentejo e essa memória ainda tava muito fresca da mente dos leitores portugueses bom livro fez um percurso muito interessante lá e depois veio para o Brasil né esse país imenso diverso é um continente pessoas das mais diferentes origens né que vive nos machucar entre contextos e o livro tem tem encontrado esses dois nesses lugares diferentes e todos eles ressaltam talvez essa essa solidariedade nessa vontade solidária que é tão humana né Essa essa capacidade de sentir empatia a paixão pela pela vida do outro pela história do outro muitos se identificam por exemplo com
as relações de família com as relações de raça que estão a mídia pertencimento Então acho que nos últimos anos Principalmente nos últimos 20 anos é criamos graças a inúmeras políticas de inclusão uma uma possibilidade de inclusão de pessoas que antes não tinham acesso à educação superior e por aí vai né E essas pessoas estão se formando estão chegando a sociedade com suas demandas e querem ler histórias também esse ouvir o que que se aproximam de suas vidas de suas existências né então Estrada de alguma forma caminha nesse sentido foi um livro que eu escrevi o
que eu sentia falta de encontrar livros assim a cultura brasileira contemporânea e é um livro que os leitores têm lido esse identificado de alguma forma acredito por isso também né então eu só posso creditar acho que o que o que está além eu não posso falar mas eu só posso creditar o percurso e o sucesso do livro A esse interesse que o leitor sentido principalmente pelas pela comunicação da experiência humana e e talvez as personagens consigam transmitir ao leitor né o direito à Vida Liberdade direito à terra o direito a resistência o direito à Equidade
né que todos nós Independente de nossas origens de nosso de nosso passado de nossa corpo né de tudo de nossa história que todos nós somos humanos estamos aqui para para esse para esse momento né pra viver esse momento a tomar se você colocou uma coisa muito legal agora que uma coisa que eu Tenho pensado muito como o ato de escrever né é sempre uma é sempre uma aposta na humanidade né então se eu pegar os Escritores mais fim os mais descrentes na humanidades nós você pega um limite por exemplo você vai levar os veja de
alguma forma foi um filósofo né de alguma forma no fundo no fundo é uma é quase que uma tentativa às vezes esperado a louca mesmo né se no sentido de não ter muita direção de não ter meu projeto de você reconfigurar a existência e ela só pode ser configurada se a gente poder reconfigurar aquilo que a gente tem que pôr humanidade eu tomei a decisão de ser professor universitário e em meados de 2004 2003 2004 já tava alimentando isso sempre eu sei que ser professor eu fui professor de música né Eu sempre gostei né de
dar aula mas a decisão de ser professor de estar numa universidade era o resultado de todas as políticas públicas né e de toda as transformações que o Brasil sofreu nos anos 2000 nós pela primeira década né do dos anos 2000 então no meu caso eu sou o professor das cotas aí eu sou um escritor que é o resultado portanto de todo esse contexto de luta de transformação que você coloca então o mesmo tempo que você tem essa essa mundo né criando novas possibilidades do ser humano eu acho que a escrita é justamente tentativa de preencher
na de da espírito parece corpo né que as condições sociais nos possibilitar então quiser você tem o corpo né a universidade tem um corpo negro em outros lugares com outras possibilidades só que a gente está preencher de sentindo eu acho que a literatura tem esse papel a filosofia tem esse papel ou seja é para isso né eu só entrei qual para isso tá tá tá nos embates no mundo né para viver as contradições do mundo mas sempre com essa ideia de que é preciso eu preciso contribuir para que Eu preencho a tanto no espírito Mas
tu ajude também a criar essa coisa que está inconclusa né que a humanidade humanidade é uma coisa que a verdade é sempre um processo né Eu costumo pensar isso né parte com fã no entanto os outros e trabalho falando em processos né que coisa mais 16 anos né Viu que levou ele a escrever o teu tarada né tem que ele vir o que que ele presenciou né nessa trajetória que diante de todas as coisas que ele falou se a construção né levou Itamara Puxa agora preciso ou preciso é uma exigência interna eu preciso colocar-se no
papel preciso e eu eu nasci na cidade crescer na cidade mas meu pai viveu no campo até os 15 anos meus avós paternos nasceram né que queiram no campo e meus bisavós eram agricultores Labradores Então essas histórias faziam parte de da família né fazer um parte As Memórias de família e eu cresci ouvindo isso é daí veio minha paixão pela literatura também foi algo quase que automático ao aprender a ler e escrever né a leitura começou a me fascinar e necessariamente eu também comecei a escrever e com 16 anos eu já tinha feito um percurso
muito peculiar porque eu não nasci Numa família de leitores mesmo meus pais têm origem humilde simples é não eram leitores mas eram muito muito cuidadosos com a educação dos filhos Bom dia o que os filhos é super acessa destinação que noções nos foi dada né pô pelas estruturas sociais do Brasil Então se vendíamos livre meu pai podia da e me dava tudo o que que a gente precisava se tivesse ao alcance dele na maioria das vezes não estava mas se tivesse ao alcance ele fazia e eu já tinha lido por exemplo meu pai não conhecia
os autores Então era por intuição mesmo que eu chegava né já tinha lido Machado de Assis Eça de Queirós hoje eu vejo algumas pessoas dizer não Machado não deve ser lido por criança e tal e eu fico pensando na o Lima Barreto e eu fico pensando em como esses autores ajudaram a me informar como leitor como escritor e é uns 16 anos e já tinha lido os romances da geração de 30 e 45 pelo menos os principais que me fizeram pensar essas memórias do campo da Oi Yasmim e ao mesmo tempo entre Brasil né Isso
é Brasil profundo é me deram é essa possibilidade de imaginar e criar essa história claro que essa história Silva eu era uma história muito primária porque alguém com 16 anos dificilmente vai escrever algo relevante né que possa ser publicado e tal mas eu cheguei escrever 80 páginas a a diferença no porque meu percurso eu seguir Um percurso diferente da literatura é inclusive Por orientação de meus pais que não viam no rol de atividades que eles exerciam não não havia possibilidade de ser escritor e viver de escritor né então eles não mataram esse sonho mas deixaram
que eu realizasse quando fosse possível quando eu já tivesse me arranjado na vida ainda aí eu fui ser professor de geografia eu estudei geografia continuei meu pescoço a cadeira que eu fiz mês o doutorado e foi trabalhar como servidor público no Incra porque precisava de trabalho precisava de emprego e lá O Incra uma grande escola né nos coloca em contato com essa realidade do Brasil Rural não é uma realidade gritante ontem ontem eu estava numa reunião com leitores do MST cilvil e eles diziam assim Itamar pela primeira vez assim Eu leio um livro de literatura
contemporânea que a gente se reconhece o que nesse Brasil parece que o campo ou foi foi sublimado né que não existe mais campo no Brasil que as pessoas já vivem na cidade e que no campo só tem máquina colhendo soja né e a verdade não é esta nesse meu percurso eu pude ouvir muitas pessoas eu pude aprender muito com trabalhadores camponeses mais recentemente fui trabalhar com regularização de terras de Quilombo né então cada o quilombola que a gente chega é um mundo né é essa homem de história que o Itamar tem que o Sílvio tem
que os leitores tem essa fome de história e a gente vai com essa colcha de retalho vai construindo também vai ter sendo uma história que nos foi negada pela historiografia oficial né EA ficção preencher essas lacunas né nos dá a possibilidade de imaginar como era esse mundo como é esse mundo não é mesmo que a gente não tenha tido acesso aos atos em si embora tão sarada não seja uma ficção histórica ainda se elas podem nos situar no tempo né E como o Brasil ainda é assombrado pelo ranço a pelo ranço do colonialismo pelo ranço
do nosso sistema escravocrata que perdurou no Brasil durante quase quatro séculos que a gente há quatro séculos e pouco mais de um século da nossa pseudo Abolição né a uma imensa distância né entre o que fomos Eo que somos né e o que podemos ser nós pessoas negras né pessoas de ascendência indígena devemos algo em comum que é o apagamento sistemático do nosso passado e da nossa história e para que estabeleçamos para que a gente consiga se identificar para que a gente construa o identidade a gente precisa ter um contato com esse passado e para
mim como realizador como criador ficcionista é esse passado também pode ser recriado pela ficção né ele pode ser emulado pode ser imaginado pela opção também acho que tudo isso me mobilizou a escreveu livro né lá já essa era a semente com 16 anos como você perguntou e que foi germinando ao longo do tempo e ganhou vida a cidade quando eu encontrei pessoas que me puderam narrar O que foi o Brasil pós-abolição né e de como as nossas mazelas perduram até nossos dias é tudo isso é Tenebroso né um fantasma que precisamos encarar enfrentar todos os
dias é o que o racismo estrutural nos legou né é o que está posto aí no Brasil como você falou dessa identificação com das pessoas com com seu livro né e particularmente com uma bibiane beloniza não seja que eu tenho visto muitas pessoas simplesmente as mulheres negras né emocionadas né com com essas duas pessoas mais com a trajetória dessas duas personagens do seu livro e acredito eu que tem relação Direta com o que você disse não seja apaixonante em que você você é um geógrafo né pode muito que você vá e fica a relação das
pessoas com espaço tô falando agora o espaço você permite que as pessoas falem que ela se apresenta em que elas e que elas coloquem o seu corpo a partir de um outro significado né para que ele tem um significado eu acho que surge essa demanda né desse desse ouvir de se ver né da representação da relação como como uma outra relação com o mundo então eu acho que isso tem a ver com que a gente falou das mudanças políticas né E você falou também sobre a sua trajetória como leitor falou dos seus pais e eu
fui você você sabe disso né mas eu fui eu que o professor né nos Estados Unidos no público nacionais 2020 eu saí do Brasil em 2019 e 10 dias antes de eu partir eu pedi minha mãe morreu e eu não tenho que contar para ela que eu tava indo para os Estados Unidos EA contar ela já tava doente e interessante porque eu a minha mãe meu pai tem uma ele tem uma importância muito grande na minha na minha vida né meu imaginar meu pai foi para o jogador de futebol Nelson foi o goleiro do Corinho
quiser aquela coisa toda foi um pai incrível maravilhoso carinhoso um homem muito presente e é e a minha mãe na minha mãe que que não era não era uma pessoa não era uma Martins também não era uma uma uma atleta mas a minha mãe ela teve um papel crucial na minha formação e eu te falo de uma coisinha e seus pais é proibido pensar nisso agora meus pais também não tinham última educação formal ainda que as minhas tias tem um tiro que conseguiram estudar nessas todas naqueles falecidos irmã do meu pai conseguiram estudar o que
que eu comecei a lei eu nem muito também você falou que deu Machado de Assis quando quando a pré-adolescente Eu também eu li eu quero lhe Graciliano Ramos né eu me lembro tinha acho que 16 17 anos eu livre das secas muito jovem eu li Guimarães Rosa Sagarana assim e quando eu tava entrando nos primeiros anos o era colegial é para ensino médio né aí o que aconteceu quando entrei no mestrado eu estudei um filho chamado de óleo lucatti né o Lucas né Eu estudei seu meu mestrado sobre história e consciência de classe e aí
eu eu tava estudando difícil não tava entendendo nada aquele livro tava tentando me apropriar né do do do autor eu entrei no corredor de casa e Tamar eu vi minha mãe com o livro do Michel Love né assim na mão lendo livro sentado de Santa depois ela tava tentando entender o lukács para poder conversar comigo cara é a minha mãe não a ser uma coisa muito eu nunca contei isso assim e eu vi lá sentadinho assim Tentando ler assim e se eu não entendia direito o livro né é um livro falando sobre um caminho dos
intelectuais revolucionários ela Tentando ler o livro tá e eu e minha mãe ela ela pode estudar muito jovem Ele só tem a ver com o teu livro né porque o meu avô achava que mulher não quer estudar internet aquecer costureira chegou mesmo que você tirou na escola não deixou ela sempre teve um sonho de tocar piano nessa e vejo sim esse sonho dela nunca realizado Esse é o que aconteceu comigo assim seja porque ele tava falando do fundo ela com esse jeito com cultivando o sonho dela dos daquele jeitinho dela ela conseguiu se projetar em
mim né Eu sei eu sou um música eu toco né seja eu eu eu bem ou mal sou escritor né assim eu sou professora só advogado Então seja como é bonito ver você falar porque isso não atravessa profundamente eu não há muitos anos eu não pensava nisso então nós vamos te agradeci né Né cê me conector se uma coisa uma coisa que eu não que eu não tinha pensado lembrava mais disso nós que é importante até porque eu acho Itamar E como foi muito recém 2019 essa loucura nas nossas vidas né de 2019 e domingo
parece muito louco elas a vida mudou muito e talvez eu não tenho tempo de elaborar o significado de não ter mais a minha mãe é comigo eu acho que eu não elaborei isso muito bem sabia Eu não pensei eu não te e ainda de elaborar cara que nós temos mais assim eu tenho mais uma história em comum é você sabe como é que foi fundado o Instituto Luiz Gama um dia os quilombolas eles ocuparam com nunca paciente não vai sair daqui porque a gente quer um querer beijo se querem informação sobre o andamento do processo
de tinha e aí e aí tinha um amigo meu que falecido Popular os futuros grandes que o João Bosco ele me ligou falou Silvio eles estão precisando de um advogado aqui E aí eu fui para lá e eu nunca mais saí toma eu sou advogado eu sou advogado até hoje da das contas que não bola Cê pode ir além da conta do Cafundó né E aí eu eu tô te ligando não é uma demanda concreta foi justamente aí eu comecei a ter relação com o Incra e fui vendo as dificuldades né eu gostava de falar
isso é porque isso nos conecta agora meu irmão é uma questão que eu quero te fazer e te falar me é uma questão que vende te ouvir e de lembrar também de um livro do do do livro inconcluso do João possato né que é o idiota da família né que eu livro que ele escreveu falando sobre flobé esse livro interessante porque ele vai mostrando como souber como escritor ele é aquilo que a ciência dos atos estamos em princípio isso nas entrevistas nos que é interessante que com o objetivo forja o subjetivo e como subjetivo fora
quem sabe como essa troca em subjetividade e objetividade é ele é o autor que é porque ele é o resultado das forças do mundo burguês que atuam sobre ele né e enfim ao mesmo tempo que ele fala sobre esse mundo ele transforma esse mundo né então é uma troca e aí vem na sua trajetória sendo vocês Você tem uma você geógrafo nessa do única e você tem uma dissertação de Mestrado falando sobre a valorização Imobiliária e vida felicidade mercado formal de imóveis em Salvador Então você tá falando sobre isso aí depois do seu doutorado você
escreve você escreve sobre como das quilombolas né aí a gente olha e fala assim que que uma coisa tem a ver com a outra eu tô riscando aqui achar um caminho achou uma leitura Faz uma leitura eu te faço para mim de uma pergunta o Piquete pé Rafinha ver com Raça esse aqui é o direito mais elementar qualquer ser humano que é o direito ao chão que ele pisa um direito a terra essa operação né de transformar os Cravos ou escravizado em trabalhador e morador é a tônica do pensamento social brasileiro toma a reforma agrária
pode criar uma nova classe né uma nova classe camponesa que pode contribuir para o desenvolvimento do Brasil e é um sofrimento Silver que não está restrito só doença né É um sofrimento que atravessa tem atravessado a nossa sociedade uma maneira violenta é fome de volta né Ah pô mina está na mesa de novo né [Música] E aí
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