América indígena (Aula 1, parte 1)

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[Música] de hoje a mera quem viaja ou ver esse tema com os 3 pretextos que nos conectam com discussões são fundamentais na formação de um historiador na apresentação do curso na última ocasião em que nós já nos foi também a primeira é eu disse a vocês que essa disciplina de história do brasil colonial ela é pensada como um pretexto para nós discutirmos para nós trabalharmos fundamentos a formação de um senador nós tomamos temas e sistemas perfazem uma unidade nós damos esse nome então história do brasil colonial 1 mas tudo isso serve no fundo para questões
mais amplas para questões que eu considero mais substantivas que tratamentos temáticos pontuais assim sei no américa indígena tal qual é anunciado nessa primeira ocasião nos põe em contato com três discussões muito importantes elas serão introduzidas porque eu também não vou colocá la à frente da discussão do tema propriamente dito eu vou apontar essas questões a partir do tema introduzido então o tema por meio desses três pontos importantes primeiro lugar a questão da periodização da cronologia e do anacronismo em história em segundo lugar a questão dos pontos de vista na história em terceiro lugar a questão
da interdisciplinaridade e das formas de conhecimento de determinados problemas relativos à história esses três pontos então eles dão início a uma exposição para eliminar que fará sentido se espera desde que vocês tenham feito a leitura do texto indicado para a aula de hoje que a introdução escrita pela antropóloga manuela carneiro da cunha daquela obra publicada em 1992 história dos índios no brasil na segunda parte da aula faremos uma primeira análise do documento é eu faço essa leitura e vou paulo tando para vocês alguns algumas questões importantes nessa leitura e vou assim demonstrando uma possibilidade boa
possibilidade de como abordar uma fonte histórica desse tipo nem pessoal ok américa indígena essa expressão em seja desde o início a possibilidade de uma incongruência porque afinal de contas a américa é o termo dado pelos europeus ao continente se distância então do universo cultural das populações indígenas que aqui habitavam quando os europeus a que chegaram não obstante essa história não se encerra quando da chegada dos outros a história das populações indígenas na américa ela se desdobra pelos séculos de colonização pelos séculos de existência que não são muitos dos países independentes que faz ainda uma história
presente e atual não de todas as populações indígenas algumas muitas vezes apareceu outras a maioria se transformou se mesclou desenvolveu formas de sobrevivência desenvolveu formas de relacionamento com essas culturas estranhas ao continente europeu estranhas até o final do século 15 essa é uma história de longa duração a história das populações indígenas da américa é uma história que progressivamente deixa de ser uma história de populações nativas e que se confunde com a própria história da sociedade no continente americano desde se processou este encontro entre dois mundos fortemente muito diferentes entre si o mundo europeu e esse
número em campo assim repito a idéia de uma américa indígena carrega uma forte potencial de incongruência porque o nome utilizado pelas populações indígenas aliás os nomes eram outros aliás essas populações indígenas não tinha uma ideia de unidade desse continente não tinham porque desenvolver essa idéia a preocupação então com o continente americano como um continente merecedor portanto de um nome de uma alcunha de uma identidade é uma preocupação europeia é uma preocupação culturalmente setorizada deste século 15 séculos 16 e 17 é de onde vem o termo américa vocês devem saber é uma homenagem a américo vespúcio
uma homenagem é um reconhecimento que foi dado no começo do século 16 américo vespúcio como tendo sido aquele que reconheceu nas terras recém descobertas pelos europeus uma novidade aparentemente falei uma redundância uma novidade as terras recém descobertas claro que a idéia de descoberta não necessariamente carrega consigo a idéia de uma novidade no século 15 final do século 15 no começo do século 16 justamente expulso foi aquele que de modo mais eficiente reivindicou para assim a consciência de que as terras que os europeus encontraram não eram as pernas esperadas mas eram terras novas esse reconhecimento veio
então pouco e pouco depois os inscritos do vespúcio no começo do século 16 com o batismo em obras cartográficas em obras geográficas e que pela primeira vez então passaram a representar o continente americano nós vamos ver na próxima aula que os europeus as mundi europeus até o começo do século 16 ignoravam por completo a existência de um continente americano ignoravam porque esse continente não existia nas formas de pensar o mundo dos europeus esse continente não fazia parte da visão de mundo europeia passará a fazer parte e quando então os cartógrafos os jogos começam a colocar
esse continente nas suas representações do mundo batizam com o nome de américa em homenagem a resposta ou melhor tributo ao reconhecimento de que o discurso teria claro percebido algo que por exemplo cristóvão colombo não percebo porque colombo morreu acreditando que ele tinha chegado à ásia ele enfim promover uma grande feito da história da humanidade como de fato fez como de fato promoveu mas a consciência que ele tinha de ser feito era da abertura de um caminho para a ásia que era o objetivo inicial o inesperado precisa ser decodificado precisa ser apropriado por referenciais culturais dos
europeus assim essa visão de mundo se transforma com a incorporação de um quarto continente ao mundo que a europa a ásia ea áfrica o que nós chamamos hoje eu seria virar bem depois lá no final do século bom então américa indígena ele corre o risco de carregar um anacronismo não apenas uma incongruência literalmente o que é um anacronismo pode ser definido como um erro de datação simplesmente ou como a atribuição de uma época de copiar a atribuição a uma época de valores de outra época nesse sentido estamos diante de uma definição menos literal mais complexo
e mais interessante e para o historiador o anacronismo consiste numa distorção de compreensão de uma determinada realidade histórica por imputar a essa realidade o conjunto de referências que não fazem parte dessa realidade distorcendo desse modo a compreensão dessa realidade só que pra nós historiadores é muito difícil evitar completamente o anacronismo porquê porque nós não vivemos no passado nós vivemos na época com seus referenciais com os seus valores com suas linguagens com as suas formas de apreensão do mundo com a sua forma de representação do mundo e do conhecimento não há outra maneira de estudar o
passado senão em parte transferindo algumas dessas ferramentas mentais para a época que nós queremos entender claro já disse que só vocês e repetir ao longo do curso o historiador não estuda apenas o passado o historiador não deve se interessar apenas pelo passado tão importante quanto o interesse pelo passado que é o que defende antemão claro o interesse em direção à formação de um historiador a prática de uma de 11 ofício de história é o interesse pelo presente no entanto curiosamente o interesse pelo presente é capaz de obliterar o interesse pelo passado essa é uma longa
discussão que diz respeito então a função social do historiador e mais do que isso as formas com uma determinada sociedade pensa o conhecimento histórico essa é uma discussão muito importante que não pode ser evitada jamais um curso de história e que poderá ser distribuída que ao longo do nosso curso eu disse então que o anacronismo subjacente a ideia de uma américa mg consiste então numa concepção de tim esses dois valores são plenamente coerentes ou melhor as referências a valores que são de início muito diferentes como sendo semelhantes com cinético anos o mundo europeu américa o
mundo não europeu esse mundo indígena o indígena aqui da expressão no entanto esse risco de anacronismo ele vai até um certo ponto porque há efetivamente uma américa indica aliás muitas américas de muitas formas indígenas porque porque a história das populações indígenas desse continente europeu os batizados e américa a história dessas populações indígenas não se encerra com o encontro com os europeus de alguns povos de alguns grupos sim muitos desses grupos desapareceram há uma dimensão demográfica há uma dimensão catastrófica deste fenômeno demográfico do encontro dos dois mundos é muito difícil mas é impossível é estabelecermos exatamente
qual é a dimensão dessa catástrofe demográfica não sabemos com exatidão vem com um uma aproximação razoável o montante das populações nativas quando em 1492 cristóvão colombo chegou às antigas os números são muito discrepantes eles dizem coragem por tantos intervir nessa direção estudiosos falaram desde 5 milhões de indígenas até 100 milhões de indígenas o que nós sabemos é que hoje em dia é os países os estados nacionais existentes nesse continente americano dispõe de mecanismos de recenseamento da população não de contagem da população e aí nós podemos então ter uma idéia do que são populações indígenas de
acordo com valores nos dias de hoje porque essa também não é uma definição absoluta essa não é uma definição inquestionável o que é um o mundo hoje em dia depende de uma autodeclaração pelo menos no brasil o ibge tem esse dispositivo não declarem a sua cor declara sua religião declare a sua e sim a sua condição e por aí vai então a idéia de ser indígena hoje em dia é tida por definição muito mais como um auto reconhecimento do que como uma definição vinda de cima para baixo de modo supostamente objetivo qualquer que seja claro
o montante nessa população qualquer que seja o critério adotado hoje em dia é muito menor do que era há 500 ou 600 anos atrás é só aí então que nós temos condição de afirmar de modo definitivo esse caráter catastrófico do fenômeno demográfico da dimensão do demográfica melhor dizendo do fenômeno do encontro dos dois mundos que ocorreu neste final do século 15 essa é uma história no entanto que continua é uma história portanto de adaptações é uma história de trocas é uma história de sincretismos sim mas sempre uma história de hierarquia ou seja quando entendemos que
houve trocas culturais entre portugueses e indígenas da costa na capitania de são vicente pronto estrangeira e um espaço precisa é o que iria ser depois da capitania de são paulo magnificamente estudadas pelo um grande historiador sérgio buarque de holanda em alguns dos seus livros principalmente em caminhos e fronteiras nesse livro mostra então enquanto os europeus se valeram de elementos da cultura indígena de saberes indígenas a respeito do novo mundo e com isso aprender a sobreviver melhor nesse novo mundo é um grande livro quarto de banho certos hábitos alimentares o hábito da caminhada a pé em
grande distância há como reconhecer onde aviado aonde havia mel portanto onde havia elementos de subsistência como reconhecer caminhos no meio da massa tudo isso os europeus aprenderam houve um movimento contrário sim claro mas as relações nunca foram igualitária essas trocas lançamento de miscigenação ações sempre estiveram marcadas por relações de dominação do europeu em relação às populações nativas quando a gente fala relações de dominação e esse não é um plural satisfatório esse é um plural preliminar existem relações relações de dominação e de dominação isso variou também muito no tempo e no espaço da história dessa américa
português não generalizando aqui para introduzir então essa questão das trocas devidamente hierarquizado isso é o que basta é como uma uma informação preliminar que para o nosso começo de conversa a própria idéia de brasil colônia que está aqui no nosso curso está no programa e enfim tá na grade curricular de vocês em seja um potencial já na colonista semelhante a expressão américa indígena porque inscrito senso nós estamos aqui estaremos aqui ao longo do curso tratando da história do inverno português e não de uma história do brasil o brasil não existia até 1822 como um estado
nacional independente soberano com uma base territorial razoavelmente definida como a identidade capaz então de amalgamar uma diversidade social que supostamente iria compor essa é a sociedade correspondente a esse estado nacional não existe antes da independência do brasil existem parcialmente alguns desses fenômenos mas a confluência de todos eles de modo a nos permitir uma definição satisfatória do que é um país chamado brasil porque é uma sociedade chamada brasileira no que é uma identidade nacional brasileira são os fenômenos completamente alheios aos séculos 15 e 16 17 18 brasil colônia portanto prevê uma projeção de um retrospectivo como
se a colônia estivesse se desenvolvendo em direção aquilo que veio a ser o brasil nós podemos até dizer que a colônia é a negação do próprio brasil porque o brasil se torna o melhor se forma desculpas forma como o estado nacional independente no século 19 deixando de ser coloca a então uma incongruência nessa expressão ea um anacronismo subjacente à generalização dessa expressão em qualquer livro didático história do brasil tem o que a história da colônia estou dizendo a vocês mais adequado considerarmos isso história do império português história de portugal a história da expansão européia pelo
mundo mas também histórias de populações nativas que estabeleceram contato o senso de travar relações assimétricas hierárquicas embasada 100 [Música] condicionamentos de dominação com as populações locais mas todas essas expressões seriam mais satisfatória do que a simples consideração então disso tudo com uma história do brasil o livro didático ou a cabeça da maioria das pessoas que pensa em alguma coisa sobre a história deste país a cabeça das pessoas já desde o sistema educativo já de valores que estão espalhados na nossa sociedade e que desde muito cedo como vice o não forma de se pensar a história
tudo isso ensina entre aspas sem cicinho apensados a história do brasil como uma unidade longeva comunidade que remonta pelo menos desde o descobrimento no entanto em 1550 e 1.600 um game não só no brasil mas no mundo seria capaz de imaginar que há algumas décadas alguns séculos depois iria se formar um estado nacional independente autônomo e soberano chamado brasil que é o que nós conhecemos hoje no entanto todo e qualquer país isso não é uma uma operação ideológica exclusivo do brasil todo e qualquer país fabrica a sua história remontando ao passado mais distante possível quanto
mais antigo for esse passado maior legitimidade e supostamente terá essa história essa história então capaz de embasar uma idéia na cabeça das pessoas que compõem a sociedade do que é isso aparentemente difícil definição uma nação uma coletividade nacional com nós pensamos então se ao brasil a freqüência nós pensávamos pois não é algo foi descoberto em 1500 por ter novas cabral nós as pessoas em geral mesmo nós historiadores profissionais mais experientes os iniciantes não estamos completamente exemplos das influências advindas desses valores que estão espalhados na sociedade em torno da história seria muita arrogância da nossa parte
imaginarmos que começaram a ajudar profissionalmente a história nos desvencilhamos de convenções de estereótipos de tradições de heranças de formas muito bem consolidadas de pensamento em relação ao histórico vale a pena então refletirmos como historiadores vocês informação sobre os pesos desses valores socialmente distribuídos em torno de nós a respeito da história eles influenciam eles nos influem influenciaram durante muito tempo eles serão parcialmente responsáveis por algumas formas que nós temos de pensar a história bem essa operação retrospectiva então de dotar uma nação de um passado capaz de legitimá la de legitimar a nação não é exclusiva do
brasil mas no caso do brasil alguns dos seus componentes mais tradicionais são esses tópicos da história que remontam a história da colonização parece um pensamento crítico nós combateremos a idéia de um descobrimento do brasil como se as coisas tivessem então sido iniciadas pelos portugueses no ano de 1500 e substituirmos esse marco fundacional por um passado indica que também veicula isso na nossa sociedade não vamos abandonar esse olhar etnocêntrico eurocêntrico isto é centrado nos valores europeus como se o brasil tivesse começado a ser criado pelo verdadeiro passado brasileiro passado indígena isso não resolve isso é trocar
seis por meia dúzia é substituir um marco por outro sendo que os dois marcos eles são carregados num mesmo potencial anacrônico do mesmo o marcos pode ser mais simpático do ponto de vista político social do que outro mas o ponto de vista de uma observação minimamente rigorosa da história o fundo ele se confunde problema onde começar então um curso referido por uma expressão que em si mesma já é uma expressão inadequada como começarmos a tratar de algo que apenas inadequadamente é chamado de brasil colônia poderíamos começar pelo descobrimento desconstruir a idéia de descobrimento podemos começar
então pela américa indígenas e relativizando a idéia de uma américa em vista podemos começar em um dos vários pontos o que importa aqui para nós esses pontos ofereçam pretextos ou atendermos algumas coisas realmente importantes em relação à história [Música]
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