Você conhece os smartphones, que são telefones inteligentes, cheios de aplicativos e funções de conectividade, além dos smartwatches, que são os relógios inteligentes. Mas como funciona quando uma cidade inteira receba esse título? O que credencia um lugar como cidade inteligente?
Ela e a população ganham alguma coisa com isso? Esse é o Entenda, o quadro do TecMundo que explica o que tá por trás da notícia que você lê todos os dias lá no nosso site. Primeiro e mais importante: vamos conceituar o que é uma cidade inteligente.
Para isso, vamos começar com a definição da Comissão da União Europeia. Segundo eles, uma smart city é um lugar em que redes e serviços tradicionais se tornam mais eficientes graças ao uso de tecnologias digitais e de telecomunicações para o benefício dos negócios e dos habitantes. Não é só encher as ruas de câmeras, colocar WiFi aberto nos parques ou algo assim.
É um processo que exige integração e planejamento. Já a organização Smart Cities Connect lista três pilares que um município precisa ter para receber o título. O primeiro é conectividade, ou seja, dispositivos que possuam uma forma de comunicação uns com os outros e com um sistema de controle.
O segundo é dados, que deve ser gerados por esses dispositivos para serem analisados e informarem a respeito de atividades ou comportamentos. E o terceiro é envolvimento governamental, porque o setor público deve participar diretamente dos projetos. Ou seja, ações como transparência a partir da divulgação de dados abertos, projetos de mobilidade para melhorar o trânsito ou iniciativas de sustentabilidade podem fazer parte de uma cidade inteligente, mas não são características obrigatórias, e nem fazem sozinhas com que um lugar seja considerado smart.
O importante é que as tecnologias instaladas gerem dados e eles sejam usados para melhorar o cotidiano do local. E vale uma curiosidade nacional: Ouro Preto, em Minas Gerais, pretender ser a primeira cidade histórica "inteligente" do Brasil. Já a primeira cidade inteiramente inteligente do Brasil, construída do zero, é a Smart City Laguna, que fica em São Gonçalo do Amarante (CE), no distrito de Croatá, no Ceará, e tem 330 hectares.
A origem do termo 'smart city', que é a expressão original em inglês para cidades inteligentes, vem de mais ou menos 2005, sendo que Cisco e IBM tem narrativas próprias sobre quem fez o batismo. E para explicar de um jeito ainda mais fácil, ser uma cidade inteligente não é necessariamente ser tecnológica, moderna, digitalizada ou com carros voadores e rampas, tipo onde vivem os Jetsons. É ter uma estrutura interconectada via Internet das Coisas, com melhorias constantes e a população sentindo a ação dessas tecnologias de forma positiva.
Para definir o quanto uma cidade é smart ou quais são as melhores nesse quesito existem alguns rankings. Um dos mais famosos é o Cities in Motion, um índice feito pelo IESE, um instituto da Universidade de Navarra. Desde 2014, ele avalia 101 indicadores em nove setores: capital humano, coesão social, economia, governança, meio-ambiente, mobilidade ou transporte, planejamento urbano, projeção internacional e tecnologia.
No ranking de 2020, que é o mais recente até agora, Londres recebeu a nota máxima e ficou em primeiro, logo atrás com Nova York, Paris e Tóquio. O Brasil tem alguns representantes: São Paulo na posição 123, Rio em 132, Brasília em 135, Curitiba na posição 138, BH em 156 e Salvador em 157. Outra lista renomada é a do Eden Strategy Institute, que em 2021 premiou Singapura, seguida por Seul, Londres e Barcelona.
Nesse índice, a única brasileira foi Curitiba, que ganhou destaque no relatório como uma das várias menções honrosas. Pra entender um pouco do caminho pra ser uma cidade inteligente, a gente separou três exemplos. Campinas, em São Paulo, recebe elogios por iniciativas de infraestrutura e integração que vão além do óbvio: ela tem cinco parques tecnológicos e cinco incubadoras, além da integração com instituições de ensino, como Unicamp e PUC-Campinas, que alimentam as empresas e setores públicos com profissionais formados.
A Smart City Laguna que a gente citou antes é o conceito mais futurista, como um aplicativo cheio de serviços e dados sobre consumo, Segurança participativa, automação nas residências e sistema de recarga para carros elétricos, tudo integrado. Não dá pra aplicar tanta coisa em qualquer lugar, mas nesses pequenos experimentos pode dar certo. Já Amsterdã, na Holanda, vai na pegada de sustentabilidade: além de iluminação inteligente e econômica, ela tem o tradicional uso de bicicletas compartilhadas, o que garante ainda menos emissão de poluentes, com mudanças sempre sendo feitas para melhorar esses sitemas com base em dado de uso.
Bom, até aí só falamos bem desses lugares, mas meio de tudo isso, existem alguns pontos de crítica para as cidades inteligentes. Primeiro que muitos lugares dizem ser inteligentes por uma implementação ou outra, mas é mais marketing do que mão na massa. Até por isso, os índices são tão importantes.
Além disso, nem todas as regiões da cidade são contempladas por essas tecnologias: locais mais afastados dos centros urbanos e de pontos turísticos podem não ter os mesmos privilégios. Tem ainda a segurança de sistemas de smart cities ainda é muito pouco visada, o que abre brechas para ciberataques. Por fim, temos uma tonelada de questões de privacidade e vigilância que precisam ser resolvidas, como coleta de dados e uso de plataformas como as de reconhecimento facial.
E aí, o que você acha desse conceito de cidades inteligentes? Você mora em uma que tenha iniciativas desse tipo? Vamos conversar aqui embaixo nos comentários!
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