Análise: Os impactos das propostas econômicas de Trump | WW

o Donald trump apresentou ao longo da campanha uma série de propostas eh de forte conteúdo protecionista em relação a economia americana agora a a eleição é daqui uma semana e geralmente lá fora chefes de estado chefes de governo Ministro da Fazenda presidente de bancos centrais começam a manifestar publicamente uma preocupação com as consequências de uma agenda dessa ser implementada acompanhe a ideias do Republicano para a economia fizeram parte de conversas nas reuniões anuais do fundo monetário Internacional e do Banco Mundial as principais preocupações pairam sobre a promessa de trump de aumentar as tarifas de importação

de produtos aos Estados Unidos ele está propondo tarifar de 10 a 20% sobre qualquer produto estrangeiro que chegue ao território americano além de uma taxa de 60% sobre todas as importações vindas [Música] [Aplausos] isso atingiria todas as cadeias de suprimentos de produtos e criaria riscos de retaliação por parte do governo chinês as novas tarifas reduziriam crescimento econômico global em até um ponto percentual nos próximos 2 anos segundo analistas da UBS o grupo também espera grande impacto nos mercados acionários da Europa e de países emergentes a economia da União Europeia pode sentir ainda mais o peso

dessas Medidas com impacto semelhante ao da crise energética gerada pela invasão russa na Ucrânia de acordo com o banco geral dos Países Baixos segundo estimativas da CNN internacional a plataforma Econômica de faria o rombo nas contas públicas Americanas crescer quase 8 trilhões de dólares em 10 anos a mesma pesquisa mostra que o impacto das propostas de Harris seria de 4 trilhões no período ambos os planos contam com elementos considerados inflacionários e são vistos com incertezas pelos economistas no entanto o banco central da África do Sul Alerta que as tarifas de trump poderiam desencadear um aumento

de preços globais de ser Roberto Azevedo acho que você conseguiu acompanhar aí aquela frase do trump I love tarifs Do you love tars Roberto Azevedo eu acho que as tarifas Elas têm Sea função tem o seu papel na condução da política econômica comercial eh mas ele fala isso de uma maneira muito simplista né de que as tarifas são importantes e na lógica eh do presidente trump essas tarifas servem para corrigir assimetrias e imperfeições eh das relações internacionais eh achando por exemplo que a eh que os produtos americanos não são tratados de maneira justa eh que

países como a China Europa etc introduzem distorções que prejudicam a produção americana eh e com a lógica também de procurar criar empregos né que também é uma lógica falha eh na minha opinião eh então é uma maneira muito muito rasteira eu até diria eh de encarar o papel que a tarifa tem na na condução da da da da política econômica de qualquer país Orival é e interessante o que ele diz depois dessa frase né Eu amo as tarifas ele diz eu consigo eh fazer qualquer um fazer o que que eu quiser com tarifas por meio

de tarifas né eh em primeiro lugar muita gente na no setor produtivo americano sofre com as tarifas que ele quer impor e que ele impôs por exemplo a China porque né a cadeia de valores Global tá muito integrada né assim então o as bigtech Americanas né uma Apple grandes eh corporações Americanas empresas de automóveis empresas computadores eh um monte de empresas eh sofrem com com isso e o próprio agronegócio eh americano pode sofrer também porque a China já sinalizou que vai retalhar né e eh o contexto agora é diferente daquele em que ele no no

primeiro mandato dele quando ele impôs aquele aquele valor de 200 Bilhões de Dólares em do anos né de aumento das importações eh chinesas então Eh é visto com com bastante receio por alguns setores e alguns dos setores mais avançados da economia Americana e além disso eh também tem reflexos sobre a inflação né nos próprios Estados Unidos que já tão com custo de vida alto e repercute no mundo inteiro também né e e a desordem eh comercial e tarifária que se segue que o que em que o mundo entra numa guerra eh tarifária mas é Popular

né tanto assim vamos olhar para camala Harris ela o governo biden Manteve algumas das das sobretaxas que o trump impôs ela não promete novas eh sobretaxas mas é e ela diz isso que a sobre novas sobretaxas podem eh causar inflação mas ela não descarta a possibilidade né de de manter alguma dessas sobretaxas ou de sobretaxar também porque é muito impopular dizer isso Daniel eh eu tenho uma pergunta pro Roberto Azevedo Que bom revelo Roberto eh na semana passada o Scott bent que é um conselheiro econômico de Donald trump escreveu um longo artigo na revista de

economist e ele menciona ali logo de largada que abandonar ente friso no completamente o sistema internacional de comércio pode ser um desastre para os Estados Unidos porém logo depois ele acentua duas vezes que ele acha necessário haver uma conexão maior entre os laços econômicos e comerciais dos Estados Unidos as questões de segurança Segurança Internacional O que que você consegue depender de um eventual governo trp a partir dessas afirmações de um conselheiro econômico Roberto a questão da segurança eh Econômica americana é muito clara eh só para vocês terem uma ideia eu tive recentemente num em um

painel durante a semana do clima em Nova York eh e eu imaginava que nós fôssemos falar naquele painel que foi um Eu sou professor visitante da Universidade de Colúmbia né então o pessoal que tava lá era pessoal tinha muitos acadêmicos pessoas que que pensam de uma maneira relativamente eh educada ilustrada e eu imaginava que uma parte da conversa fosse girar em torno de Economia circular eh economia verde biomassa coisas desse tipo foram três painéis e ali tinham republicanos tinham Democratas tinha inclusive uma ministra europeia que tava tava sentada a meu lado eh e o que

eu achei curioso é que durante todo o período foi uma hora eh de conversa nos três painéis eh só se falou sobre China o tempo inteiro e nós estamos falando sobre clima né Eh porque os Estados Unidos hoje vem a China como uma tremenda ameaça Em vários pontos de tecnologia avançada eh economia circular transição energética eh baterias materiais nobres eh tudo isso a China hoje tem quase um monopólio eh não só das tecnologias como dos materiais que são usados para fabricação desses equipamentos que são são cruciais na transição energética isso é uma coisa que apavora

os americanos de uma certa forma não só os americanos diga-se de passagem eh na área de Economia digital também eh não é à toa que os americanos estão impondo uma série de Barreiras e sanções eh que prejudicam ou que dificultam o acesso chinês a chips né a a a produtos de alta tecnologia eh da área eletrônica para produção de computadores de de de super computadores de eh produtos mais sofisticados quer dizer essa essa lógica de que há uma ameaça eh que está sendo colocada pela China que se apresenta pela China isso é suprapartidário tanto republicanos

quanto quanto Democratas Então não é a gente imaginar que eh com a mudança de republicanos para Democratas ou alguma coisa do tipo que nós vamos ver uma mudança na direção eh Da Lógica americana com relação às ameaças estratégicas o que pode haver é uma diferença de intensidade uma diferença de metodo mas a lógica é a mesma eh e enfim Daniel eu acho que o que nós temos que estar atentos é ao fato de que quando eles falam de não abandonar ou ou deixar o sistema eh internacional por completo eh eu acho que o que no

máximo que eu consigo entender é de haver uma tentativa de preservar algum tipo de diálogo com os outros países que podem eventualmente ser aliados dos Estados unidos nessa agenda eh anti anti China É é mais ou menos como eu vejo eu tive uma conversa com o presidente trump eh em d vz eh quando eu tava saindo da UMC um pouco antes de eu anunciar que eu tava saindo da UMC e nós conversamos por por um bom tempo foram sei lá uns quase uma hora de conversa e o tempo todo a conversa se centrou em china

né foi China China China China ele não falava mal necessariamente da OMC ele não falava necessariamente mal das regras da UMC o que ele criticava era o fato de que a UMC permitia a China transitar em áreas cinzentas que davam cobertura ao que eles faziam em termos de subsídios em termos de proteção da indústria doméstica eh e de burlar as regras internacionais na na visão dele evidentemente Roberta é interessante você trazer essa essa tua memória em relação ao trump a conversa porque na semana passada nós vimos por exemplo a China numa orquestração dos Bricks eh

e ela só falava dos Estados Unidos dizia que nós temos perspectiva dos Bricks e tirar o dólar da importância que tem hoje nas transações financeiras internacionais e mais do que isso criar um sistema internacional de Comércio e um sistema financeiro internacional em oposição ao que os Bricks chamam de eh transformar as ferramentas hoje à disposição em armas pró Estados Unidos como você vê isso em função de uma eventual presidência trump Ah com certeza eh o o movimento dos Bricks é um movimento que transcende a questão da moeda né é um movimento muito mais estratégico é

um movimento que pensa no sistema financeira internacional a Rússia se viu muito vulnerável eh durante esse período de da guerra com a Ucrânia teve seus bens congelados eh saiu do vários bancos Russos saíram do sistema Swift Eh Ou seja a o relacionamento financeiro eh da Rússia com o mundo de uma maneira geral ficou muito eh prejudicado muito muito eh impactado e isso foi uma lição então a ideia seria de ter uma um desenvolvimento um movimento estratégico para não depender tanto assim eh das regras e do sistema financeiro ocidental eh mas é mais fácil dizer do

que fazer né Eh não isso exige claramente a questão de conversibilidade de moedas você precisa ter um certo alinhamento em termos eh fiscais monetários porque eh qual é a moeda que vai que vai se se se estabelecer nessa nesse novo sistema é o remimbi eh é o rublo eh Russo é são todas eh como é que você isso tem um longo caminho a ser percorrido eu eu particularmente não sou muito eh otimista quanto às possibilidades de êxito desse movimento não Lourival eh voltando a essas essas coisas que os Estados Unidos tem feito em relação à

China eh o Joe biden ele aprovou né essa essa lei que o Roberto se referia de eh impedir o acesso né da da China a aos componentes dos chips mais avançados né e e acabou sendo seguido pela pela Holanda pelo pela Coreia pelo Japão e a Coreia do Sul Estava eh um pouco hesitante em em adotar essas mesmas regras mas não tem muito eh muita opção né então isso Acabou incentivando a China a fazer duas coisas né primeiro investir maciçamente em tecnologias próprias para tentar criar tecnologias alternativas a Essas tecnologias de de impressão a laser

né dos silicones e dessas desses chips mais avançados e ficou mais atraente ainda a ideia de invadir Taiwan né porque eh 90% desses chips mais avançados são usinados em Taiwan né não tem a tecnologia mas as usinas estão lá são impressos esses chips eh lá então isso é um exemplo de como essa esse tipo de estratégia acaba sendo um eh voltando contra os próprios interesses né dos Estados Unidos o o Obama lá atrás foi quem eh deixou de aprovar a nomeação de juízes para o painel de apelação da OMC e num certo sentido tirou os

dentes digamos eh da da OMC né E aí a China faz então esse movimento vai se deslocando em direção a tentar criar um um outro Um Um Mundo Paralelo né de de Finanças e de de comércio aí eu perguntaria então pro Roberto o seguinte quer dizer eh qual é então a diferença real entre trump e Harris eh em relação à China em relação ao ao comércio ambos TM e a perfeita consciência que é como eu disse compartilhada por todo o espectro político americano de que a China é uma ameaça a hegemonia americana ao contrário do

que nós vimos na durante a guerra fria né depois da segunda guerra mundial e a União Soviética a Cortina de Ferro os países do bloco soviético eles era uma ameaça militar ao aos Estados Unidos e aos países ocidentais mas nunca na verdade foram uma ameaça Econômica né Isso mudou muito a lógica do Século XXI é muito diferente pela primeira vez eu acho desde a Segunda Guerra Mundial você tem eh com países de regimes eh autoritários regimes diferentes das democracias ocidentais eh uma uma uma real ameaça não apenas militar mas também uma ameaça Econômica eh então

eu não eu não diria que a que haverá uma mudança eh fundamental na forma como se enxerga essa ameaça eh Lorival mas eu acho que sim haverá uma diferença de estratégia eh como que eh essa essa esse containment né esse essa esse essa contenção da expansão chinesa eh vai se dar acho que o trump por exemplo vai ser muito mais eh assertivo em termos de eh Barreiras comerciais né Eh o que é uma coisa importante porque o governo americano eu quando saí da OMC eu trabalhei numa Corporação multinacional na pepsic e eu via com com

muita clareza as grandes empresas Americanas as grandes corporações Americanas dialogando com a Casa Branca e explicando olha muitos Do que vocês estão fazendo é vai ser um tiro no pé né Nós vamos ter problemas e a noção de que nós vamos criar empregos eh nos Estados Unidos com essas medidas é uma noção equivocada isso pode até acontecer isoladamente num num em uma indústria ou outra num setor ou outro mas a lógica é que nós vamos perder empregos né Nós vamos eh eh fragilizar a economia Americana e torná ela ainda mais vulnerável porque a lógica sobretudo

depois da pandemia era de autossuficiência né E essa lógica evidentemente paraas grandes corporações que atuam no mundo inteiro elas sabem que essa lógica não tem nenhuma chance de de sobreviver de forma competitiva né então eu não sou eu não vejo assim uma uma ruptura muito grande no no tratamento das relações com a China e quando se fala do de uma administração Democrata ou de uma administração republicana agora nas margens a relação dos Estados Unidos com a Rússia eh vai ser talvez diferente do que do que é durante o biden isso tem um impacto Coreia do

Norte e tá fazendo parte desses Oriente Médio quer dizer essas coisas eu acho que que podem mudar de uma maneira bem significativa Daniel Roberto só trazendo um pouquinho o Brasil para essa conversa do ponto de vista de condução e proteção dos nossos interesses nacionais até quando o o Brasil consegue levar uma relação em que tenta tirar proveito da relação com os Estados Unidos e tenta tirar proveito da relação com a China e esses últimos gestos do governo muita proximidade com os Bricks quando o presidente vai para Pequim critica Washington isso tudo pode reverberar de alguma

forma na com os Estados Unidos Ah não ten a menor dúvida claro que que pode ter um impacto a mas eu tenho certeza que o governo tá consciente disso né Eh Isso faz parte da essência da do exercício da diplomacia eh você tem interesses econômicos muito concretos eh com a China mas você tem um certo também eh eh simpatias vamos dizer assim varia um pouco dependendo de quem tá no governo no Brasil eh com os países ocidentais também então você manobrar isso manter uma eu não digo nem uma equidistância e nem neutralidade não se trata

disso mas manter um certo pragmatismo nas relações de um lado e do outro que permita você ter uma certa margem de manobra para atuar eh de uma maneira que que você se relacione bem comercialmente com o bloco e política e comercialmente com o outro Essa é a arte da diplomacia né e e e e nós temos muita experi nisso Vamos torcer para que continuemos eh exercendo bem esse esse equilíbrio