[Música] Olá boa noite a todos que nos acompanham neste momento meu nome é Liliam Meirelles Eh agora vou realizar a minha auto áudi descrição Eu sou uma mulher parda tenho o cabelo liso na cor castanho e cumprimento um pouco abaixo dos ombros ten os olhos azuis uso óculos Estou vestindo uma blusa na cor azul de manga comprida atrás de mim há uma estante com livros e também é possível ver uma parte da cortina que é branca é com muita alegria que estarei mediando esta Live que pertence à disciplina grupo integrador 2 da turma oito Turma
Alexandro Braga Vieira do programa de pós-graduação em educação profissional a nível de Mestrado da UFS esta disciplina tem como proposta realizar a construção coletiva e colaborativa de saberes e conhecimentos ampliando a percepção dos mestrandos sobre a relação entre teoria e prática é com esse intuito que nos propusemos abordar a temática das dificuldades na escolarização a produção do fracasso escolar antes de mais nada gostaria de saudar e agradecer a equipe de mestrandos Camila Ester Geovana Josimar Luana que juntamente comigo e Patrícia trabalharam para realizar essa mesa pretendemos acima de tudo contribuir para que o da escola
possa ter cada vez mais subsídios para pensar a complexidade do cotidiano escolar fortalecendo e construindo uma educação que responda a uma sociedade que está em constante transformação convido neste momento a mestranda Patrícia que fará a mediação desta Live junto comigo Olá seja muito bem-vinda Patrícia boa noite L Boa noite a todos todas e todos aqui presentes meu nome é Patrícia sou mestranda do programa profissional da UFS sou uma mulher negra de cabelos escuros abaixo dos ombros de olhos pretos uso óculos de armação Preta Hoje estou vestida com uma blusa branca de manga longas também uso
brincos Dourados estou no escritório da minha casa sentada à mesa aqui atrás de mim encontra-se uma parede branca onde há uma prateleira de de livros e é uma honra compor essa Live tão importante para o debate da educação apresento a vocês a organização da Live que está dividida em quatro momentos nesse primeiro momento nós vamos falar um pouco sobre a biografia da nossa convidada em seguida passaremos para o momento das contribuições da professora d lí de Souza Viegas assim que ela concluir será o momento de apresentar as contribuições de vocês que nos acompanham ao vivo
aí pelo chat do YouTube já aproveito para convidá-los a comentar perguntar e compartilhar o link com os colegas amigos com quem vocês ficarem à vontade o terceiro momento será de perguntas e resposta destacamos que serão emitidos também certificados Ok então para tanto solicitamos que todos respondam o formulário que Deixaremos disponível ao final no chat antes de iniciarmos a palestra da noite nós agradecemos em especial a nossa nova coordenadora professora D Renata Duarte Simões que ao lado da professora D Cleide Rodrigues Amorim passa responder pelo programa de pós--graduação profissional em Educação da UFS agradecemos também ao
nosso nosso ex-coordenador professor Dr Alexandro Braga Vieira que dedicou anos ao nosso programa e agora segue para novos desafios na universidade o tema da segunda Live da turma oito é das dificuldades na escolarização a produção do fracasso escolar nosso objetivo é entender as dificuldades no processo de ensino-aprendizagem que corroboram para o fracasso escolar bem como promover uma reflexão sobre o espaço Educacional nós esperamos que este debate contribua para a contribuição eh para a compreensão das dificuldades no processo de ensino aprendizagem que levam ao fracasso escolar bem como para identificar quais ações podem ser adotadas para
mitigar esse problema pois é lía observa-se que essas ações já implementadas nas escolas eh principalmente nas escolas públicas né mostraram-se suficientes para atingir o objetivo principal que é promover a formação de cidadãos críticos né capazes de transformar o ambiente em que vive e buscar uma melhor qualidade de vida essa ineficiência ela reflete aonde no fracasso escolar que atinge quem né grande parte dos Estudantes que ingressam no sistema de ensino público exatamente Patrício e É nesse contexto que convid damos para essa mesa a nossa ilustre palestrante professora D Lígia de Souza Viegas mas antes eu quero
apresentar um pouco da formação da nossa convidada a professora Lígia possui graduação em psicologia pela Universidade de São Paulo mestrado em psicologia escolar e do desenvolvimento humano pela Universidade de São Paulo e doutorado em psicologia escolar e do desenvolvimento humano pela Universidade de São Paulo ela foi bolsista de pesquisa Fapesp de iniciação científica bem como de mestrado e doutorado é professora adjunta da faculdade de educação da Universidade da Bahia em regime de dedicação é exclusiva onde é professora da graduação e da pós--graduação orientadora de mestrado e doutorado tem experiência na área de psicologia com ase
na psicologia escolar Educacional e e psicologia social atuando principalmente no seguinte tema psicologia escolar Educacional é uma perspectiva crítica da escola pública políticas sociais e medicalização da vida escolar Escolar bem-vinda Professora Lídia É uma honra tê-la aqui conosco o bom e velho o microfone tá desligado [Risadas] Néa máxima o microfone está desligado boa noite gente fiquei Acho que fiquei com vergonha aí da fala de vocês tímida aí fiquei aqui um pouquinho agradecer demais também pelo convite pessoal Santo muito querido Bet Bass que além de parceira de trabalho é uma querida amiga minha porque eu tenho
profundo carinho e amizade então para mim é uma alegria tá com vocês nós nos encontramos no comp né no Congresso de escolar e foi uma alegria né encontrar com vocês uma Oi uma alegria deliciosa né a presença de vocês foi muito revigorante para quem cruzou com vocês no caminho no Congresso então quero agradecer e dizer que óbvio que aceitaria est aqui com vocês que Já criei carinho desde o nosso encontro lá no comp a gente também tem carinho também é recíproco também e a fala é sua a noite é sua fica à vontade Obrigada vou
pedir então para colocar os slides isso eu fiquei nesse desafio né de construir uma fala pro evento para esse curso né de vocês que tá se tornando essas lives tentando pensar na especificidade desse grupo em especial né estudantes de um programa de pós-graduação um mestrado profissional vinculados vinculadas a educação e que tem aí a educação pública educação pública básica como um território importante né pra gente se situar E aí num primeiro momento tinha na no convite eh tinha vindo a proposta de que a gente incluísse na conversa a questão do Ideb eu falei nossa eu
me sinto um pouco insegura porque eu não sou exatamente especialista em estatísticas educacionais em dados educacionais eu fiquei com receio de assumir esse compromisso e aí ampliou-se né para pensar das dificuldades de escolarização a produção do fracasso escolar mas eu fiquei com a provocação do Ideb um pouco em mente e aí eu vou pedir para passar por gentileza pro próximo slide isso eu fiquei um pouco né assim com essa provocação do Ideb na cabeça e pensando numa situação quando eu tava prestando o meu concurso para Ufba que me perguntaram né No Me perguntaram no no
desculpa gente me desconcentrei aqui na coisa dos chat foi mal me perguntaram na defesa do meu Memorial o que que eu pensava do Ideb e na hora me veio a memória que no dia anterior eu tinha visto pela imprensa a notícia de que um satélite sobrevoando Brasília tinha conseguido fazer uma foto noturna de Brasília e que mostrava o quanto Brasília era realmente perfeita arquitetura de Brasília esse avião que foi planejado né então o que os os leitores da fotografia de satélite que tava sobrevoando Brasília disseram foi Brasília é uma cidade perfeitamente planejada e eu lembro
que na época quando eu vi essa notícia o que eu pensei foi pousar lá né e veio muito fortemente à cabeça essa ideia que o Sara mago fala num filme se chama janela da alma em que ele diz que para conhecer as coisas há que dar-lhes a volta toda que não adianta a gente ver só de sobrevoo é preciso a gente pousar e conhecer o chão onde essa esses planejamentos esses números essas Abstrações eh falam né então é a estatística Educacional ela tá vendo a educação lá de cima e quando a gente pousa na escola
é que a gente vai ver como as coisas são Brasília de sobrevoo é perfeitamente planejada mas quando a gente pousa lá inevitavelmente a gente se esbarra com a desigualdade social que tá posta lá como tá posta eh no país inteiro então fiquei pensando em construir uma fala que pudesse pensar a produção de pesquisa no chão da educação porque você são um grupo do mestrado profissional então Como contribuir com a reflexão sobre a pesquisa no chão Educacional sabendo que mesmo quando a gente tá diante de índices que são importantes porque eles são de certa forma um
termômetro do que tá acontecendo que a gente só vai realmente entender o que é o desafio da construção de uma escola bem-sucedida quando a gente pousar no chão da escola e dar a volta completa a volta toda nesse chão eh pode passar por favor então desde as minhas pesquisas de mestrado e de doutorado eu venho entendendo porque eu pesquisei uma política pública eu pesquisei a política que aboliu a reprovação nas escolas que tava sendo implementada na época que para entender a escola pública Não adiantava só eu ver as estatísticas educacionais porque as estatísticas educacionais das
do Estado de São Paulo na época em que a minha pesquisa tava sendo feita dava inveja a países de primeiro mundo as estatísticas eram maravilhosas 100% das crianças estavam passando de ano que que as estatísticas falavam então para entender para conhecer a escola pública era preciso pisar nesse chão ir pro chão da escola mas ao mesmo tempo olhar pro chão da escola sabendo que esse chão não nasceu hoje que ele tem uma história e que essa história vai ser atravessada por um discurso oficial que tenta o tempo todo produzir uma certa realidade diante da realidade
que a gente vive então para conhecer a escola pública eu venho entendendo que tem três eixos que são fundamentais de serem vistos simultaneamente embora eles tenham suas especificidades e a gente tem que olhá-los também nas suas especificidades conhecer a história conhecer o que o curso oficial tá afirmando e conhecer o chão da escola e ao olhar esses três eixos esses três eh elementos que compõem a realidade o passado o discurso oficial e como ele se presentifica no chão da escola tá atento não só aquilo que ele produz de repetição mas também as rupturas que produzem
vida que fazem a vida brotar mesmo quando tudo parece inóspito pode passar por favor então paraa inspiração teórica de toda minha produção como pesquisadora como orientadora de pesquisa eu vou encontrar obviamente a obra da Maria Helena Souza pato Acho que até um pouco por isso eu tô sendo convidada também para est participando dessa atividade com vocês e aí por esse qu code aqui que vocês veem no slide é possível acessar o ambiente virtual Maria Helena Souza pato e nesse ambiente virtual é possível encontrar toda a obra da autora publicação em artigo em Capítulo de livro
os livros dela integralmente em PDF de forma gratuita e há também uma breve biografia intelectual da autora que ajuda a entender alguns dos caminhos né de produção dela que é para mim uma grande referência teórica por ser uma autora brasileira que ajuda gente a pensar Brasil que conhece a história do Brasil a história da Psicologia no Brasil a história da educação no Brasil de um jeito bem eh profundo e desconcertante porque aponta pra gente uma série de fragilidades que fazem parte de um projeto político que tá posto aí desde que o Brasil foi invadido pelos
portugueses e ela é uma pessoa que vai ajudar portanto a gente a construir um pensamento que é um pensamento não AD da nossa própria cultura do nosso próprio povo da nossa própria educação rompendo com o racismo científico europeu que marca a produção da psicologia e da sua influência determinante na educação no Brasil eh desde que ela foi fundada então recomendo né a leitura da obra completa da Maria Elena soua pato e aqui fica garantido o acesso a esse conjunto de forma it tudo aquilo que ela produziu e a gente criou também um Instagram que é
o lições de rebeldia e no lições de rebeldia sempre há partilha de ideias que a Maria Helena foi produzindo ao longo da sua eh trajetória acadêmica sendo que são sempre frases e citações dela seja de vídeos seja de trechos de escritos dela que eu vou colhendo inclusive vocês fazendo a leitura dela e achando algum trecho bacana pode entrar lá no inbox do Instagram e falar ai por que você não faz essa citação que ajuda a alimentar o nosso Instagram lições de rebeldia para compartilhar a obra de Maria Helena Souza pato que é a minha principal
referência teórica na produção de pesquisas e compreensão daquilo que eu pesquiso no campo da educação que é onde eu me situo é o meu território pode passar por favor então tava falando para vocês três eixos né perspectiva histórica o discurso oficial e o chão da escola Vamos começar com a perspectiva histórica entendendo que a história depende também do ponto de vista de onde ela é contada né se a gente conta ela de um lado a gente enxerga uma coisa quando a gente tá do outro lado a gente enxerga outra coisa é o que a escritora
Shima manda disi nos ensina num vídeo bacana para caramba que se chama o perigo da história única em que ela vai problematizar a história do colonizador sobre o povo africano e aqui a gente precisa tensionar a história do colonizador sobre nós brasileiros pode passar por favor então o estudo da história é um estudo que vai não é um estudo apenas assim ah eu gosto de ver o que aconteceu no passado né o estudo da História ele é importante inclusive pra gente projetar futuro e essa é uma uma metáfora da cadeira de balanço que eu coloco
aqui na imagem né é uma metáfora que eu aprendi com o neto berenstein que é um professor eh da da Universidade da Unesp agora não lembro Campos mas eu eu sei que ele é um professor da Unesp e ele usa essa metáfora aqui pra gente jogar o corpo paraa frente numa cadeira de balanço é preciso que a gente Dê um passo para trás Então para que a gente consiga efetivamente propor transformações que possam de fato eh mobilizar transformar eh o chão da escola é preciso que a gente conheça a história dessa escola a história da
nossa educação senão a corre o risco a gente propor alguma coisa que não vai dar certo porque a gente tá ignorando a história desse local para onde a gente tá querendo pensar então o recu para o passado ele envolve uma perspectiva de entender porque que a gente é como a gente é no presente e poder projetar um outro futuro e nesse sentido é preciso que a gente Olhe paraa história de um jeito mais crítico do que a gente geralmente é ensinado nas nossas formações pelo menos na minha formação de maneira geral foi assim e a
Maria Helena pato ela usa um conceito que eu acho que bem descreve né O que a gente tá querendo pensar que é a história como varal Eu acho essa expressão dela uma expressão feliz para descrever esse jeito ruim de contar a história ela diz você estende a linha do tempo como se fosse um varal e pendura Na Linha do Tempo data nome fato data nome fato data nome fato e isso pouco comunica pra gente sobre Quais foram as relações que estavam em jogo no momento em que naquela data aquele nome produziu aquele fato Então ela
fala que contra essa história de varal é preciso que a gente historici a história que a gente conte a história da história e que no nosso caso pensando política educacional pensando pesquisa acadêmica sobre política educacional é preciso que a gente não perca de vista que as nossas pesquisas acadêmicas tanto quanto as políticas educacionais que as nossas pesquisas põe no centro tem engajamento não são neutras é inevitável que a gente vá movido por interesses então é preciso que a gente historici a história e que a gente consiga reconhecer o inevitável engajamento da ciência seja o nosso
como cientista seja o da ciência de maneira mais Ampla na produção de discursos históricos então quando eu fui fazer a minha pesquisa sobre uma certa política educacional eu fui em busca de saber o que já se sabia dos problemas que precisavam ser enfrentados que que já se sabia sobre a reprovação na escola já que a política que eu pesquisei acabou ou com a reprovação na escola o que já se sabe dos problemas que precisam ser enfrentados e o que que já foi feito para superá-los Quais foram as políticas que já foram implementadas para enfrentar esse
problema e por fim Quais são as forças políticas que estão em jogo no debate político e científico então ao fazer o estudo da História a gente vai tá atento a esses elementos que a ciência não é neutra que a política não é neutra que existe uma história de experimentações de políticas que a gente precisa conhecer nos seus acertos e desacertos tentando compreender Quais são as forças que estão em jogo no debate político e científico no contexto da implantação das políticas educacionais pode passar por favor E aí a Maria Helena Souza pato nas suas pesquisas faz
a gente compreender o Brasil a contrapelo Ela traz pra gente um dado que é um dado que não tem como a gente eh não se chocar diante dele no final da primeira república tô falando de menos de 100 anos né No final da primeira república 75% da população brasileira era analfabeta e a gente vai entrar em 1930 sem ter tido ainda um Ministério da Educação o primeiro Ministério da Educação no Brasil data de 1930 e curiosamente o primeiro Ministério da Educação no Brasil que é de 1930 ele era da educação e da saúde pública ao
mesmo tempo e a gente vai ver muito rapidamente eu não vou entrar muito nesse assunto mas não tem como não entrar um pouquinho nele o quanto ser um Ministério da Educação e da Saúde pública ao mesmo tempo marca processos de medicalização da educação então a gente há 100 anos atrás tinha 75% da população brasileira analfabeta e apenas em 1930 que o primeiro Ministério da Educação é criado e ele é criado com uma marca medicalizante já desde a sua origem desde o seu objetivo já que reunia educação e saúde pública uma pasta só e apesar de
ter sido criado Esse Ministério da eh da educação e da saúde pública na década de 30 o que a gente vai ver é que a expansão do sistema educacional desde que ele foi criado ela é lenta então ele é um ministério que promete garantir educação mas a expansão de fato ela é lenta e gradual ao passo que a gente chega na década de 60 e ainda 70% da população entre 5 e 24 4 anos tá fora da escola ou seja a expansão nesses 30 anos foi muito muito muito pouco significativa pro tamanho do problema né
30 anos se passam e de 75% a gente vai para 70% da população na chamada idade escolar que tá fora da escola e aí a gente entra nos anos 80 que é o momento em que o Brasil sai de uma ditadura cívico-militar e nesse processo de saída da ditadura tem toda uma defesa de que um país entre aspas redemocratizado precisava ser um país com a educação também democratizada então era preciso democratizar o ensino num país que não era mais uma ditadura ess Esse era o lema da década de 80 e é na década de 80
que a gente vai viver então o chamado processo de democratização do ensino com uma expansão de vagas que foi realmente significativa a época embora ainda hoje a gente não tenha universalizado a educação no Brasil o que é uma vergonha porque nós estamos em 2024 e ainda hoje não são todas as pessoas na chamada idade escolar que é uma expressão bastante questionável mas vamos pensar n nesse recorte que não não tem acesso à escola né em plenos 2024 então Embora tenha tido a expansão eh do número de vagas na década de 80 ainda assim não foi
na direção da sua universalização da sua democratização de fato e essa ampliação nas vagas ela foi acompanhada de uma queda na qualidade do ensino porque foi feita sem nenhum zelo por parte do nosso eh poder público né basta eu destacar para vocês um elemento que aparece na pesquisa eh de Mestrado de um orientando meu que defendeu agora em setembro Eleomar Lima na pesquisa dele ele faz uma autobiografia ele foi aluno da escola pública eh aqui na cidade de Salvador na década de 80 e ele diz que na escola não tinha cadeira para todo mundo sentar
e eu também fui aluna da escola pública aqui na Bahia na década de 80 e na minha escola que não era a mesma escola dele também não tinha cadeira para todo mundo sentar Então foi uma escola que abriu as portas para todo mundo mas sequer colocou cadeira para todo mundo sentar e ter condições de estudo com dignidade Então essa expansão de vagas que não universalizou veio acompanhada de uma queda na qualidade do ensino e essa queda na qualidade do ensino passa a ser explicada no Brasil a partir de um olhar marcado por preconceitos em relação
aos alunos mais pobres quando eles não estavam na escola a escola era boa depois que eles Entraram na escola a escola piorou por quê Porque eles são piores Então esse era o discurso oficial que se produziu na época para justificar a desigualdade escolar a desigualdade social num país com a história que o nosso país carrega pode passar por favor então quando a gente vai ouvir as explicações pro fracasso escolar o que a gente encontra ainda né ao longo da história é que a gente fica girando em círculo a gente não sai as explicações não saem
do lugar são explicações que giram em círculos né então por isso essas duas imagens aqui para de alguma maneira representar essa ideia né de uma de uma de uma circularidade que não vem produzindo transformação e a primeira coisa que a gente vai encontrar como um elemento que é importante quando a gente faz uma análise da história da educação no Brasil é que existe o predomínio de uma perspectiva Liberal meritocrática racista no bojo da suposta neutralidade da ciência então ao explicar o fracasso escolar A ciência é extremamente racista extremamente meritocrática parte de uma visão de mundo
Liberal Não no sentido de de pode tudo mas no sentido econômico né hoje a gente poderia dizer que é neoliberal né predomínio de uma perspectiva neoliberal meritocrática e racista no bojo de uma ciência que se afirma neutra quando ela não é neutra E aí o que a gente vai ver é que a escola e a sociedade em muitas pesquisas acadêmicas são naturalizadas elas aparecem como se fosse só o local onde a escolarização se dá ou o local onde a socialização se dá ao invés da gente compreender que a escola e a sociedade tem uma dinâmica
de funcionamento que precisa ser considerada na nossa eh compreensão de porque a sociedade é como ela é Ela tem uma dimensão histórica essencial e ao naturalizar eu perder o caráter histórico da escola e da sociedade e tornar a escola e a sociedade naturais eu acabo legitimando um olhar individualizante para desigualdades que não põe em risco a ordem social vigente Por que que a escola fracassa porque os alunos são inferiores eles são inferiores porque eles são negros eles são inferiores porque eles são pobres eles são inferiores porque eles não se esforçaram e ninguém olha profundamente para
como é que a escola vem funcionando numa sociedade extremamente desigual E aí a gente torna a desigualdade social um problema individual uma desigualdade pessoal pode passar por gentileza [Música] então isso tudo óbvio que vocês vão encontrar né com muito mais profundidade analisado no livro a produção do fracasso escolar da Maria Helena Souza pato em que ela vai fazer uma história das explicações para fracasso escolar retomando desde a revolução francesa porque a gente precisa entender Europa para entender Brasil porque a gente é um país colonizado então ela vai ver o que que desse olhar colonizado tem
na produção da nossa ciência da nossa psicologia da nossa educação para explicar o fracasso escolar a partir de critérios que são individualizantes é como se o fracao escolar fosse resultado de pessoas que fracassam na escola e não no sistema escolar como um todo e aí ela vai na análise das explicações que vão sendo produzidas ao longo da história para justificar o fracasso escolar ela vai ver que predomina um olhar que supõe que os pobres não brancos são ignorantes imorais incapazes ou criminosos ou numa síntese eles são inferiores essa inferioridade em algumas teorias vai dizer é
determinada por fatores congênitos em outras vai dizer é determinada por fatores adquiridos Mas elas estão postas lá tá na família ou a família dobra isso por uma questão genética biológica ou a família desdobra isso porque é uma má família em termos de comportamentos sociais ora na psicologia a gente vai encontrar e na educação também explicações que dizem e isso é Irreversível não tem o que fazer ora a gente vai encontrar que é possível curar que é possível fazer alguma coisa que é possível trazer alguma eh transformação a partir de terapêuticas a partir de psicopedagogia a
partir de medicamentos a partir de alguma correção de um desvio porque vai ser visto na chave do desvio exatamente João é bem por aí mesmo então o que a gente vai ver que ao transformar em individual a a gente passa a não reconhecer que existem múltiplas determinações que atravessam a produção do fracasso escolar o fracasso escolar ele é atravessado por determinações históricas como eu tô anunciando já um pouco para vocês no início dessa minha fala ele é atravessado por determinações políticas e a gente tá vendo que a política educacional a política de maneira mais Ampla
atravessam a construção da escola daqui a pouquinho eu vou entrar no discurso oficial e a gente vai ver um pouco mais é atravessado por determinações econômicas numa sociedade desigual capitalista como a que a gente vive e é atravessado por questões sociais numa sociedade também desigual como a gente vive e Olhem só eu tô falando de questões históricas políticas econômicas e sociais Eu ainda nem entrei na escola aí quando a gente entra naquela Unidade Escolar específica tem questões institucionais tem questões pedagógicas tem questões relacionais que atravessam também a construção de um processo de escolarização bem-sucedido então
ao tratar como uma questão da inferioridade dos alunos e suas famílias seja ela reversível ou não eu estou apagando todas essas outras dimensões que compõem de maneira bastante concreta o fracasso escolar o fracasso escolar ele tem dimensões históricas políticas e econômicas sociais institucionais pedagógicas e relacionais e ao compreender portanto que o fracasso escolar é feito de toda essa complexidade a Maria Helena diz Será que nós estamos mesmo diante de dificuldades de aprendizagem ou será que é uma dificuldade de escolarização porque quando eu chamo dificuldade de aprendizagem Eu já escolhi quem tem a dificuldade é o
aluno é o aprendiz Ele tem dificuldade de aprender e quando eu digo dificuldade de escolarização eu amplio o escopo e Considero que podem ser atravessamentos históricos políticos econômicos sociais institucionais pedagógicos e relacionais atravessando a experiência de escolarização e não sendo portanto uma questão de aprendizagem Mas sendo uma questão de escolarização pode passar por favor exato João é isso [Música] mesmo o discurso oficial aí ó meu estojinho de maquiagem né pra gente pegar aí um pouquinho como é que o discurso oficial vai fazendo essas maquiagens né e buscando o tempo todo tá bem na foto mesmo
quando as situações são situações de extrema violência como essas que o João tá partilhando aqui no chat pode passar por [Música] favor o contexto Educacional Então a gente vai ter que olhar né Para pensar o discurso oficial vai ter que olhar para esse discurso oficial reconhecendo que ele se dá num contexto Educacional específico que é o mundo globalizado e E aí quando a gente vai olhar o cenário das escolas públicas sobretudo depois da da redemocratização da chamada redemocratização da escola o que a gente vê É um cenário de um festival de políticas educacionais sendo implementadas
na escola às vezes de maneira desordenada às vezes são várias políticas sendo implementadas ao mesmo tempo fica parecendo aquela aquele cenário que eu coloco aqui que é um cenário rococó né diferentes políticas com o mesmo foco que se contradizem que se repetem e que muitas vezes tem como objetivo quando a gente lê o discurso oficial economizar recursos e não pensar nos aspectos pedagógicos da escola então a gente tem muitas vezes o hábito de escrever nas nossas pesquisas que eh o discurso oficial é lindo mas na na prática ele não acontece e quando a gente diz
isso a gente meio que dá a entender que quem pensou a política acertou e quem tá errando é quem tá no chão da escola só que quando a gente vai ler o discurso oficial de fato é eu digo para vocês assim não passa da quarta página Tô brincando aqui né na na metáfora e o e a questão Econômica começa a aparecer de forma muito intensificada o objetivo da política é economizar recurso é baratear é não gastar dinheiro é ampliar sem sem sem onerar o estado a linguagem Econômica ela Povoa o discurso da política educacional então
a gente vê muitas políticas educacionais sendo implementadas ao mesmo tempo de forma desordenada com um objetivo muito mais econômico do que pedagógico e Muitas delas quase a totalidade delas sem ouvir os os verdadeiros interessados os verdadeiros envolvidos na construção eh do cotidiano então sem ouvir os professores sem ouvir a equipe gestora da escola sem ouvir estudantes sem ouvir famílias é um gestor público que diz como vai ser pensando na economia de recursos e implementando um monte de coisa que mais confunde a nossa compreensão do que ajuda a gente a entender o impacto daquela política no
cotidiano escolar pode passar por favor então quando a gente foi estudar o discurso oficial for ouvir o discurso oficial sobre a política é preciso que a gente Olhe Para ele em três dimensões E isso também é a Maria Elena Souza pato que vai nos ensinar lá no psicologia ideologia a partir da leitura da marielena Chi em que ela vai dizer é preciso que a gente Olhe aquilo que o discurso diz mas é preciso que a gente também Olhe aquilo que o discurso não diz e é preciso que a gente Olhe onde ele se contradiz o
que tá dizendo do discurso Mas o que ele não tá dizendo e onde é que ele entra em contradição quando a gente percebe esses três elementos compondo o discurso oficial a gente vai conseguir perceber Por exemplo essa determinação Econômica de uma forma mais incisiva porque ela vai contradizendo o próprio dizer pedagógico porque não tem como a gente resolver os problemas da nossa educação sem investimento na nossa Educação não é com arranjinho que a coisa vai avançar então é preciso que a gente repare e reparar eu coloco aqui eu gosto desse verbo eu sempre falo dele
eu sempre levo esse verbo para pras minhas apresentações reparar tanto no sentido de ver detidamente aquilo que precisa ser visto como no sentido de fazer a reparação daquilo que precisa ser reparado então ao olhar o discurso oficial que a gente repare e faça as Reparações o que ele diz mas o que ele não diz e onde ele se contradiz pode passar por favor E aí nessa busca do que diz não diz e contradiz nós vamos estar fazendo a análise do discurso oficial a partir do seu caráter ideológico entendendo aqui ideologia numa perspectiv ia materialista histórico
dialética como a xi entende como a Maria Helena vai trazer de forma nuclear na produção dela todas as pesquisas dela ela analisa o caráter ideológico da Ciência da política da psicologia da educação nessa perspectiva de compreender que é um discurso que é feito de espaços vazios que é feito de lacunas que é feito de silêncios E que esses silêncios esses vazios essas lacunas estão ali justamente porque existe um compromisso político com justificar as desigualdades sociais tornando essas desigualdades sociais como se fossem problemas individuais diferenças individuais e apagando suas determinações históricas então a desigualdade social aparece
como diferença individual e aquilo que é determinado historicamente passa a ser visto como sendo determinado individualmente e ao fazer isso o discurso oficial das políticas educacionais apaga as contradições e dá aparência de identidade de homogeneidade de harmonia e de bem comum para evitar que haja qualquer desagregação para evitar que haja qualquer conflito qualquer confronto qualquer enfrentamento com o que tá sendo determinado por quem vem de cima pode passar então dito isso agora a gente pisa no chão da escola né Vimos a dimensão histórica o quanto ela precisa ser compreendida de forma complexa Vimos que a
história se materializa na construção de um discurso oficial que vai propor políticas e se proteger da crítica e agora a gente vai ver um pouquinho como é que a gente olha o chão da escola pode passar por gentileza primeira coisa quem pisa no chão da escola não demora muito é só olhar repara quem é facilmente excluído na escola a escola que é esse funil que para chegar na universidade pública é uma parcela ínfima da população são as pessoas negras Todo mundo odeia Cris gente não tem uma aula uma turma que eu não Ouça todo mundo
odeia a Cris as pessoas negras são mais facilmente excluídas da escola e na escola as pessoas pobres são mais facilmente excluídas da escola na escola as Crianças Pobres trabalhadoras infantis são as que mais estão excluídas da escola crianças lgbtq a mais não são aceitas na escola são pulsas da escola pessoas com deficiência não conseguem permanecer na escola não conseguem acessar a escola e também as professoras que vivem uma onda de política em cima de política educacional que desconhece que desconsidera que desrespeita a sua história e seu fazer e esgota professoras e professores até o limite
da sua capacidade de trabalho e o professor não consegue criar mais não consegue Verê mais a experiência do trabalho como uma coisa boa adoece no trabalho então quando a gente olha o cenário da escola a pública brasileira a gente vê um cenário que é marcado por uma série de exclusões E essas exclusões têm raça essas exclusões têm gênero e sexualidades essas exclusões têm capacidades essas exclusões têm eh caráter econômico Essas exclusões são atravessadas por passa por uma série de elementos que a gente não pode desconsiderar é só a gente reparar direitinho e a gente vai
ver quem tem sido excluído na escola de maneira geral e as estatísticas nem sempre dão conta de fazer a gente alcançar isso pode passar por favor então para conhecer a vida di área escolar a gente vai precisar dar atenção para essas práticas de exclusão para essas práticas de dominação que ainda acontecem no chão da escola mas ao mesmo tempo não esgotar nisso e compreender que a escola é um território complexo a escola ela é atravessada por uma série de forças em confronto e que portanto olhar pra escola dialeticamente ajuda a gente a compreender eh a
escola de forma mais complexa na escola ao mesmo tempo tem dominação e tem resistência e em vários graus e é a mesma pessoa que exerce Dominação e que resiste que é dominada e que resiste é a mesma pessoa então a gente não pode olhar uns resistem e outros são subalternizados não é os mesmos corpos que estão no exercício na luta no esforço para conseguir fazer vida brotar como a Maria Helena pato sempre Frisa a partir da poesia do drumon como as flores que brotam no asfalto que rompem o asfalto que rompem o tédio que rompem
o o ódio rompem o nojo então o papel da dialética vem justamente no sentido de fazer com que a gente perceba a escola não apenas como um local de dominação como as teorias reprodutivistas costumam fazer mas que a gente consiga ver além da dominação também os movimentos de resistência que acontecem em vários graus diz a Maria Helena Souza pato num texto dela que eu amo que se chama mordaças sonoras a psicologia e o silenciamento da expressão que se por um lado a psicologia e a escola participam ativamente do que ela chama de processo de cassação
da palavra do Oprimido impede o Oprimido de falar impede o Oprimido de ter sua fala ouvida caça a palavra do Oprimido por meio das mordaças sonoras por meio de silenciamento por outro lado também a consciência não é nem totalmente lúcida nem totalmente alienada a consciência dividida ela é contraditória E aí é nessa contradição que a gente encontra a potência para rachadura de outras formas de produção de vida no chão da escola Contra esse monolito que tenta sufocar essas criações Então tá atento não só aos movimentos de repetição mas tá também atento aos movimentos que rompem
com essa repetição e criam vida no chão da escola pode passar por [Música] favor diz a Maria Helena eu adoro essa citação da produção do fracasso escolar tá lá no finalzinho do livro a produção do fracasso escolar a rebeldia pulsa no corpo da escola e a contradição é uma constante nos discursos de todos os envolvidos no processo educativo mais que isso sob uma aparente impessoalidade pode se captar a ação constante da subjetividade a burocracia não tem o poder de eliminar o sujeito pode no máximo amordaçar palco simultâneo da subordinação e da insubordinação da voz silenciada
pelas mensagens ideológicas e da voz consciente das arbitrariedades e injustiças lugar de antagonismo enfim a escola existe como lugar de contradições que longe de serem disfunções indesejáveis das relações humanas numa sociedade patrimonialista são a matéria prima da transformação possível do Estado de coisas vigente eu sei Seme levo essa citação da produção do fracasso escolar que eu acho que aqui tá uma chave de compreensão do chão da escola tem opressão mas tem rebeldia a rebeldia pulsa e aquele corpo subordinado também se subordina a voz silenciada também grita e é aí que a gente vai encontrar a
possibilidade de transformação da escola na direção de superar os desafios relacionados às dificuldades de escolarização no cotidiano da escola de superar esses problemas que é o que a Camila perguntou e agora ela registra aqui como um desafio diário sim é diário pode passar por favor por isso gente assim né Eu quero terminar a minha fala e aí a gente Abrir paraa conversa dizendo que eh sem grandes pretensões eu vou com o forró eu não posso mudar o mundo mas eu balanço eu balanço o mundo então que a gente possa nas nossas pesquisas se não mudar
o mundo balançar o mundo com coragem e amor e coragem então eu acho que eu encerro minha fala aqui e aí a gente abre paraa conversa não é isso professora que fala potente é até difícil falar depois de te ouvir mas eu agradeço a sua apresentação sua fala foi muito Ária veio ao encontro dos Desafios que nós vivenciamos na escola eh falo por mim mas acredito que todos concordam que você foi muito feliz na sua fala as falas foram muito pertinentes e realmente provocaram em nós reflexões é claro que essa abordagem ela não se esgota
nessa noite muito pelo contrário nós Sairemos daqui impulsionados a buscar cada vez mais a nos aprofundar nessa discussão que é tão importante nós vamos agora a ao momento de perguntas e comentários sobre a temática eh Parabéns professora realmente concordo com você lía né foi uma fala que nos trouxe grandes reflexões né e reflexões críticas né então para dar início a esse momento professora temos uma pergunta aqui da Rosa Alves Vieira ela pergunta o seguinte como enfrentar os desafios relacionado às dificuldades de escolarização no cotidiano da escola ela faz duas pergunta né E como superar os
discursos excludentes presentes no ambiente escolar Eu acho que um pouquinho eu dialoguei já né com essa fala da da da Camila né mas eu a acho que assim importante a gente entender porque muitas vezes a gente acha assim que é o outro que é o excludente é o outro que eh produz né essas situações e a gente também produz da gente também fazer um exercício que eu acho que é o que determina de forma mais incisiva a construção da Maria Helena Souza pato que é esse exercício de autocrítica né Será que eu não tô também
reproduzindo isso porque é é mais fácil a gente ver no fazer do outro né Eu acho que enfim eh a gente tá sensível ao fato de que nós também podemos eh cair na cilada de olhares estigmatizantes e sem que sem querer né ainda que a gente não queira é a gente pode tá usando essas usando a maquiagem né como você mesmo trouxe aí durante o o o a apresentação L bom nós temos mais uma pergunta professora dade um pedido para que você fale um pouco mais sobre a teoria da carência cultural que é apresentada pela
pato e o seu reflexo no cotidiano escolar Ai que delícia vou agradecer a pergunta Porque daí a gente pode aprofundar um pouco mais né Eu acho assim que no no próprio pós fácil da produção do fracasso escolar que ela que a Maria Elena escreve 25 anos depois então um texto de 2015 ela faz uma uma marcação que ela tinha já deixado Claro desde a produção do livro mas no pós fácil ela deixa mais nítido que a a teoria da carência cultural é o racismo disfarçado né É esse o nome que ela vai dar lá na
produção do fracasso escolar ela coloca preconceito disfarçado e Mas ela tá o tempo todo falando de racismo em 2015 no pós fácil ela vai dizer a teoria da carência cultural é o racismo disfarçado Então ela é desenvolvida nos Estados Unidos década de 60 movimentos negros movimentos sociais nas ruas pedindo reivindicando o direito à escola igualdade escolar como pode uma sociedade democrática não ter a sua escola democratizada e aí diz a Maria Helena Eu acho que ela tá querendo chamar atenção pra gente de uma questão essencial o governo norte-americano faz o segundo maior investimento ela fala
que é o é o maior investimento não bélico eh na produção de pesquisa sobre a carência cultural eu vou pedir licença a Maria Helena de dizer que esse é um um orçamento bélico né a guerra ela não se faz apenas com bombas e armas embora os Estados Unidos seja um país bastante afeito né a esse tipo de guerra com bombas e armas mas é um investimento que ela vai dizer o maior investimento não bélico e eu entendo Como investimento bélico eh na produção de pesquisas que justificassem por que uma parcela da população fracassavam prescindindo do
argumento racista na sua forma biológica porque já não dava mais do ponto de vista histórico naquele momento para afirmação de que havia uma diferença biológica né já tinha passado nazismo na Alemanha enfim né algumas situações que já não dava mais E aí se desenvolve uma série de pesquisas que vão dizer não é na Biologia é na cultura e vai começar a afirmar que a parcela mais pobre da população americana que é composta por pessoas negras e latinoamericanas era inferior não do ponto de vista biológico mas do ponto de vista cultural vinha de uma cultura inferior
não tinha cultura carecia de cultura e que por isso precisava passar por políticas de educação compensatória para ganhar cultura para equivaler na escola e fracassar menos na escola de onde nascem as políticas de pré-escola né assim de educação infantil para preparar essa população que supostamente não teria acesso à cultura em casa com a cultura dentro do ambiente escolar no entanto a própria Maria Elena quando ela vai fazer a pesquisa dela eh nas instituições de educação compensatória nos Estados Unidos ela vai primeiro perceber que a população é uma população negra e latino-americana e isso abre o
olhar dela para a questão do racismo já desde a época em que ela era aderida à teoria da carência cultural né Eh ela percebe Não só que existia Então essa marca racial na pertença das crianças e também Econômica porque eram pobres todos pobres mas ela também vai perceber eh que a proposta eh educacional ali levantada não conseguia atingir os seus objetivos então a promessa não era cumprida mas ela dizia pelo menos eh desativou a bomba porque tinha uma bomba para explodir o movimento social tá para explodir eles prometem não cumprem dizem que não deu para
cumprir porque é uma população que carece de Cultura não vai conseguir acompanhar mas eh apazigua os ânimos nos movimentos sociais eh durante um período Então essa eh teoria da carência cultural ela ainda hoje é muito vigente é muito comum a gente ouvir nas escolas expressões que são vinculadas à teoria da carência cultural em especial a ideia de família desestruturada que nasce da teoria da carência cultural e também um pouquinho da psicanálise né de uma certa M psicanálise que vai dizer ai a família desestruturada e jogar no campo da família a responsabilidade pelo fracasso escolar ao
invés de compreender que a existe uma política educacional que vem sendo construída justamente para fracassar o sucesso da política é é o fracasso dela nossa professora sim que explicação né que profundidade que que que a sua fala traz pro nosso conhecimento nesta noite né com essa pergunta que te impulsionou né trazer essa explicação então assim muito interessante mesmo e aí nós temos uma pergunta agora de Luana né que ela fala assim abordagem né da professora sua abordagem acerca da distinção entre dificuldade de prendizagem e dificuldade de de escolarização despertou nela o interesse Então ela ela
pede se se você pode lja trazer né Poderia aprofundar um pouquinho mais essa diferenciação quais os autores que você poderia recomendar para esse baseamento teórico e a aplicação desses conceitos em investigações acadêmicas ela ela tá com essa ela gostaria muito que você trouxesse isso se você precisar que eu repita eu vou repetir não não não não obrigada Eh vamos lá Luana assim é não é só uma questão de expressão né é importante isso porque as palavras elas traem a gente né então quando a gente usa essa expressão dificuldade de aprendizagem olha só o que que
a gente tá dizendo né a dificuldade é de aprendizagem é de aprender a gente amarra a ade na aprendizagem e quem é que tem que tá no processo de aprendizagem é o aluno Então essa expressão dificuldade de aprendizagem volta pra ideia de dificuldade do Aprendiz ele tem dificuldade ele tem dificuldade de aprender e a a expressão dificuldade de escolarização ela vai reconhecer que existe uma coisa que é a escolarização que não envolve só o aluno envolve um monte de coisa envolve a escola a história da escola o material pedagógico da escola Quem é a professora
relação professor aluno e envolve a política educacional as práticas pedagógicas envolve as políticas públicas envolve a história mais Ampla do bairro onde essa escola tá inserida inserido né o bairro ou a cidade onde essa escola tá inserida o estado onde escol o país no contexto do mundo então quando a gente vai olhando para esses fenômenos na sua abrangência maior a gente deixa de olhar apenas para o aprendiz Pode até ser que tenha alguma coisa do Aprendiz mas se eu escolho essa expressão dificuldade de aprendizagem Eu já disse que é dele já fechei nele e se
eu escolho a expressão dificuldade de escolarização eu abro o olhar para um leque Mais amplo que não exclui ele mas não se esgota nele e em geral eu posso falar com muita tranquilidade em geral quando a gente abre o leque quase não sobra pro aprendiz porque são tantos os outros elementos complexos que atravessam a experiência que quando chega nele já era esperado que ele fracassasse né já havia um projeto para que ele fracassasse então ao usar essa expressão a gente faz esse esse ampliar de olhar né Essa é uma discussão que a Maria Elena fez
lá desde do da produção do fracasso escolar então na produção do fracasso escolar você vai encontrar essa conversa dela tem um texto dela que tá lá no ambiente virtual também depois vocês podiam deixar o aquela aba que tem o QR Code que daí a galera pode eh também eh clicar e abrir lá né mas lá no ambiente virtual também posso falar o endereço Maria helenas pato P site né Maria helenas pato P site vocês entrando lá no ambiente virtual na aba eh artigos né publicação em periódicos isso na publicação em periódicos vocês encontram eh um
texto dela que se chama a criança da escola pública eh deficiente ou mal trabalhada é um texto de 85 eu acho 88 não lembro um texto bem antigo mas que ela já vai trazer um pouquinho essa discussão também e olha só que interessante né quando ela assumiu a disciplina para dar a aula de psicologia lá na na USP no campo da educação o nome da disciplina era psicologia do escolar e problemas de aprendizagem e era isso né olhava para o escolar E aí ela tirou esse do e virou psicologia escolar e problemas de aprendizagem que
ainda é um nome ruim depois avança um pouco mais mas olha só só de tirar o do escolar a gente já tá olhando paraa escola como instituição então é reconhecer que a escola é uma instituição social que essa instituição social se situa dentro de uma sociedade específica e que essa sociedade específica tem suas regras tem seus funcionamentos tem sua história tem suas desigualdades tem suas violências e que isso vai de alguma maneira repercutir no processo de escolarização se eu chamar só de problema de aprendizagem eu vou por tendência a desconsiderar esse complexo e olhar só
pro diz Será que ficou mais explicadinho agora sim te agradeço professora por ter esclarecido isso para nós foi muito bom ouvi-la Infelizmente o nosso tempo ele é limitado porque a vontade que dá é de ficar por aqui de ficar aqui te ouvindo Nós temos muitas pessoas acompanhando a sua fala tivemos muitos comentários elogiando agrade Endo a sua participação agradecendo por ter contribuído para agregar conhecimento por compartilhar conosco tanto conhecimento a Maria inêz Dias de Freitas comentou que a pato a instigou a estudar sobre política da educação o João Ricardo Roque disse que a desigualdade é
fora da região do planejamento igual ao que acontece ao redor do tajmahal ele também diz assim eh falta dizer que estas conotações fisiológicas sobre os alunos faz parte de um projeto excludente dentro do próprio ppe de cada instituição amando das oligarquias o João Ricardo também comentou que recentemente um aluno cotista em uma escola privada suicidou-se pela exclusão social disfarçada de bullying a escola disse que errou em como cotista eh também comentou que na verdade colocou o erro no aluno pois ele suicidou-se por ser cotista a brisa Marcelino comentou que foi excelente essa essa diferenciação entre
a dificuldade de aprendizagem E a escolarização agora né passo a palavra de novo para você professora com com a pena de terminar igual falou tá uma delícia estar aqui nesse momento nesse ambiente de aprendizagem né mas eu passo a palavra para você para que você faça suas considerações finais e fique à vontade para compartilhar suas Produções conosco Ah eu quero só agradecer né a possibilidade de ter estado aqui com vocês nesse momento a gente tem tido aí né algumas trocas beete como eu falei no começo vou falar de novo uma grande querida amiga minha e
para mim é sempre muito bom poder estar junto com vocês construindo coisas junto e pensando junto que venham outras que venham mais ótimo Então pessoal chegamos lei um pato le um pato chegamos ao momento de encerrar a nossa mesa um abraço em nome dos dos meus colegas agradeço profundamente lja toda essa troca né que tivemos aqui nossa foi excelente né Agradeço também pela sua disponibilidade nesse dia né de feriado n sua prontidão e atender o nosso convite então assim nós estamos realmente muito felizes né por este momento riquíssimo riquíssimo que foi e agradeço a presença
de Tod noite né e finalizo a a nossa a nossa live com a uma citação de Maria Helena Souza que diz assim precisamos mais do que nunca insistir na reflexão na crítica na denúncia na coragem de dizer que o rei está nul recuperar a força do pensamento e da expressão que desvelam mentiras camuflagens ilusões e vão além do já dito pato 2005 ficamos por aqui até a próxima oportunidade Eba obrigada um abraço gente