MINHA CRIANÇA TRANS: EU SÓ QUERO QUE MEU FILHO SEJA FELIZ | Histórias de ter.a.pia #314

aí ela falou assim eu posso usar roupa de menino eu falei Pode aí ela pegou e falou assim para mim sabe o que que é mãe eu não queria ser uma menina eu queria ser um menino [Música] que a gente percebeu que a Ana na época era uma criança diferente eu acho que desde que tinha uns três aninhos assim eu sempre falei para o meu marido falava nossa se essa menina aparecer aqui em casa com um namorado Eu vou achar muito estranho porque eu achava que ela ia ser homossexual ela se esforçava muito para brincar

com as outras meninas mas não se encaixava a gente começou a perceber que que foi ficando assim mais quieta muito reativa E aí nós somos viajar nas férias e estávamos voltando de uma praia e a Helena e a marina que são que a irmãzinha mais nova e a Gêmea dela dormiram no carro ela falou assim Ah mãe não quero dormir que roupa que você trouxe para mim para a gente para o centro você trouxe meu uniforme do Corinthians eu falei não não trouxe e aquela minha bermuda mais comprida falei não não trouxe trouxe umas roupas

mais novas né aí ela falou assim sabe o que que é eu não gosto dessas roupas eu queria usar roupa de menino tudo bem eu falei você nunca me falou nada por isso que eu nunca comprei roupa de menino para você falei não tem essa de roupa de menino roupa de menina né aí ela pegou e falou assim para mim sabe o que que é mãe eu não queria ser uma menina eu queria ser um menino aí nessa hora eu e meu marido a gente sempre olhou assim porque é o que eu te falei a

gente tava esperando que fosse homossexual mas transgênero eu nunca imaginei E aí eu falei olha você pode ser o que você quiser eu falei você é criança sou único obrigação é ser feliz nosso posicionamento foi vamos deixar vir Os questionamentos dela né E aí nós voltamos de viagem e aí a gente foi comprar roupa pela primeira vez e aí eu falo que ali eu saí com a minha filha de casa e voltei com meu filho porque eu nunca tinha visto essa criança tão feliz comprando roupa e a primeira roupa que que ele escolheu foi uma

camiseta polo que assim bem de menininho mesmo e ali eu realmente falei não é isso E aí a gente saiu da primeira loja E aí ele falou mãe eu posso me trocar e já usar minhas roupas novas e aí eu saí com com a Ana e voltei com o Felipe para casa ele tava com oito anos e aí a gente percebeu Depois dessa fase aí de mudança de roupa de cortar o cabelo tudo que ele começou a dar uma sondada na gente para saber que nome que a gente gostava até que um dia ele perguntou

se a gente conheceu alguém que tinha trocado o nome e aí eu mostrei o Thammy e mostrei a filha da Tamires que é da ONG que a minha criança trans que a Ágata E aí eu falei ó a Ágata também é criança e mudou o nome e aí ele falou mãe criança também pode então e aí eu falei Pode aí ele falou mãe então é isso que eu sou eu sou transgênero E aí eu lembrei quando eu tava grávida e a gente não sabia se ia ser menino se ia ser menina um primo meu chegou

e falou assim ó eu tenho certeza que veio um Felipinho aí e a gente esqueceu dessa história e aí quando ele falou meu nome vai ser Felipe eu falei meu Luan falou que ia ser o Felipinho sabe então já era uma coisa que era para ser mesmo né E aí nessa época também começou a enxurrada de questionamento e de críticas de todos os lados né A primeira coisa que eu escutei assim quando eu falei ó ele decidiu trocar de nome Ah não Aí já é demais que ah você Tá incentivando tá fazendo a cabeça do

seu filho né para ele ser transgênero como que eu vou fazer virar uma coisa que que ele não é que mãe que quer que um filho seja trans morando no país que mais mata pessoas transgêneras no mundo expectativa de vida de um estrangeiro no Brasil de 35 anos e aí a gente começou a ir atrás da psicóloga né E aí a psicóloga falou para mim falou Mariana ele é muito bem resolvido ele não vai ter problema nenhum com isso mas eu acho que é legal a gente acompanhar para ele saber lidar com as outras pessoas

porque ele vai sofrer preconceito a vida toda e aí a gente foi fazendo essa transição com a família na escola a professora já tinha conversado também muito com ele eu falei olha ele decidiu trocar o nome como que a gente vai fazer E aí a professora já tinha ido atrás de estudar Isso também e no outro dia a escola me pediu para não levar nem ofe nem a Helena que é a irmã dele porque eles queriam conversar com as crianças e deixarem as crianças da vontade para fazer qualquer pergunta e aí as crianças tipo tá

tudo bem e aí a mãe já fica na angústia né porque eu não sabia como que as crianças aí a professora até me mandou mensagem falou Olha foi super tranquilo mas é aquela coisa né como que ele vai ser recebido amanhã na escola e aí eu fui deixar as crianças escolas e entrei com a mais nova na recepção Porque ela tava no meu colo e aí ele passou pela porta de vidro da escola e aí Eu só escutei as crianças e foi tão bonitinho Aquilo me deu assim um Ufa sabe as mães às vezes Falam

assim ai para mim é muito difícil parece que eu perdi a minha filha e tal e aí eu sempre falo gente é difícil para gente quanto pais imagina para eles até essas crianças entenderem até essas crianças descobrirem e até eles terem coragem para verbalizar isso para outra pessoa chegar para o teu pai para sua mãe falar assim olha eu não queria ser uma menina eu queria ser um menino isso precisa ter muita coragem então se é difícil para gente Para eles é mil vezes mais então poder tirar esse peso dele para a gente foi realmente

um alívio Ah quando a gente fala de criança trans a transição infantil ela é só social mesmo né que a transição que o Felipe fez quer cortar o cabelo ou deixar o cabelo você mudar as roupas mudar o nome não tem nada além disso não é permitido nenhum tipo de intervenção cirúrgica em menor de 18 anos então ouvir falar vocês estão mutilando as suas crianças não se faz isso até para tomar o hormônio só com 18 anos e também é uma escolha da pessoa nem todo trans ele quer fazer uma harmonização nem todo trânsito faz

cirurgia de resignação quando as pessoas falam em mutilação o que a gente tem de relato de jovem que se corta que tenta suicídio isso é mutilação né não você apoiar seu filho para ele ter opção de lá na frente Poxa vai fazer uma retirada de mama vai fazer uma cirurgia de resignação que isso seja feito com apoio Com acompanhamento eu acho que independente de qualquer coisa de você aceitar de você não aceitar de religião que fala sua religião eu acho que filho é a criatura que a gente mais ama no mundo então aprender a ouvir

a sua criança a mãe de uma criança transgênero ela sabe então é só ouvir acolher porque se ele não puder ser quem ele é dentro de casa ele vai aprender a ser de outro jeito ele vai ser na rua ele vai acabar saindo cedo de dentro de casa ele vai correr mais riscos Então é só acolher felicidade de mãe a felicidade de filho né não tem jeito esse aqui é meu pequenininho o Felipe meu menino trans eu me sinto muito bem eles sempre me apoiaram na minha decisão [Música]