Olá a todos sejam bem-vindos ao nosso canal, eu sou o Mário dirijo o Templo Espiritual Caboclo Pantera Negra e o Ilé Ifá Ajàgùnmàlè Olóòtọ Aiyé o vídeo de hoje é bastante polêmico porque traz muita interpretação diferente daquela que nós imaginamos sobre a vida religiosa, em especial afro-religiosa, que é a questão do sacrifício de animais, o abate religioso ou imolação religiosa. Espero que aproveitem o vídeo. Gente esse canal se chama, primeira coisa, Tradição Mário Filho, então a nossa conversa sempre é sobre a tradição que não só do povo brasileiro mas da tradição toda que chega até nós, uma tradição no geral.
Primeira coisa eu queria lembrar a todos que eu não trabalho como pai de santo, não trabalho como zelador, a minha função empregatícia não é fazer ẹbọ, trabalho, magia, espantar espírito, tirar coisa ruim dos outros, essa não é minha função, eu sou coronel da Polícia Militar do Estado de São Paulo, me aposentei faz 10 meses eu tenho 4 pós-graduações, 2 mestrados, 1 doutorado e o que eu falo sempre é com viés acadêmico não só da minha experiência como religioso de 43 anos que me dedico a isso, não só como isso, mas quem pesquisa religião e busca falar sobre a religião da forma mais profunda possível, sem invencionices sem criar subterfúgios para conseguir conquistar mais clientes porque isso pouco me importa, bom quando eu trago uma informação para este canal são informações bastante técnicas com base em toda a literatura que existe sobre o assunto, primeira coisa, abate religioso, sacrifício de animais, ou imolação religiosa o Supremo Tribunal Federal no dia vinte e oito de Março de 2019 num julgamento de um parecer que foi feito com base numa apelação que o Ministério Público do Rio Grande do Sul fez em razão de uma lei estadual de 2014 sobre o abate religioso de animais, e lá se interpela o Supremo sobre se essa lei é constitucional ou não, e o Supremo nessa votação nessa data que eu falei no recurso extraordinário 494601 estabeleceu o seguinte: É Constitucional a lei de proteção animal que a fim de resguardar a liberdade religiosa permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africanas, então não cabe mais discussão, acabou, o STF já colocou que é Constitucional a prática Religiosa e as condições são que o animal não sofra que não haja tortura do animal e assim por diante, algo que nós como religiosos afro-brasileiros sabemos decor e salteado. Porque todo o trabalho que é feito em relação ao abate religioso, o animal é tratado com carinho e com respeito mas vamos lá quando eu falo em sacrifício, a palavra sacrifício ela tem duas teorias que se dá origem a essa palavra, sacrifício, então eu posso pensar em "Sacrum Officium" essa é uma das teorias que existem para sacrifício, sacrum = sagrado e aqui o trabalho Então essa é uma teoria da origem do nome sacrifício é uma palavra que vem do latim, por quê? Porque na Roma antiga, na Grécia antiga os sacrifícios eram algo muito comum que era feito, nós vamos pegar por exemplo Platão grande filósofo grego, sacrificava geralmente um galo para o seu espírito que o acompanhava que o nome que é dado em grego "Daemon" então o Daemon particular de Platão recebia sacrifício de um galo então Platão um dos Pais da filosofia grega sacrificava Galo ao espírito que o acompanhava, porque ele falava isso?
Fazia isso? Porque ele dizia que o seu Daemon, esse ser que o acompanhava que o ajudava nas suas conclusões filosóficas, ele tinha participação nas suas teorias filosóficas, porque havia uma comunicação com ele, então desde a Grécia antiga isso já acontecia nós vamos passar depois para os romanos que faziam sacrifícios no Bono que era o local de sacrifício, tinha um sacrifício que era feito na própria casa, para os lares que eram as divindades próprias de cada família e havia alguns locais que eram para sacrifícios da comunidade, então as duas formas já aconteciam, a particular e a pública, enfim continuamos na tradição Judaica existem inúmeras tradições à respeito do sacrifício. Mas voltando aqui a palavra sacrifício então "Sacrum Officium", o trabalho sagrado, algo sagrado a outra forma que eu posso utilizar para entender a palavra sacro ofício e sacrifício e trabalho é Sacrum também a palavra sagrado em latim, Sacrum Facere, a outra palavra então o Sacrum de novo sagrado, e aqui tornar ou fazer, ou seja tornar algo sagrado, tornar algo Santo então é aquilo que eu realizo para tornar aquilo sagrado, então quando eu penso em sacrifício muitos vão falar "Ah, matou um animal"", o sacrifício pode ser do meu dinheiro do meu tempo do meu esforço do meu trabalho então várias coisas eu posso utilizar como sacrifício, não só imolação de um animal como nós vamos ver em diversas tradições em especial bíblica.
Mas se eu for voltar aos demais povos se eu pego os povos da América, os Incas, os Astecas os indígenas brasileiros todos tinham sacrifício, se eu pego os aborígenes da Austrália, Nova Zelândia também, se eu vou pegar Nos Montes Altai do xamãs, dos montes Altai da Europa Oriental até hoje também realizam os sacrifícios, no hinduísmo também, seja da linha Shivaísta ou da Linha Brâmane ou outras linhas também há sacrifício, você vai ver oferecer alimentos, incensos, dinheiro, flores, ervas, enfim a oferenda que é feita é um sacrifício, pode ser comida, pode ser um animal imolado, então o sacrifício é muito mais amplo do que se pensa só em abate do animal, nesse sentido mas quando eu vou falar para nós ocidentais, especialmente sobre o sacrifício, você vai ter pegue a sua Bíblia, você Cristão e leia Levítico inteiro, toda a descrição de sacrifício está lá, feita, seja do holocausto que vem da palavra em hebraico Hola que é quando o fumo, a fumaça das Ofertas queimadas no Altar agradam a Deus, então holocausto é quando se queima a oferenda para Deus, e aí eu vou posso pensar em vários tipos de oferendas que eram feitas que está escrito, cabras, carneiros, bode, pombo, pão, vinho, Isso está em Levítico, um dos livros da Bíblia "Ah, mas bàbá, quando Jesus Cristo veio o sacrifício foi interrompido! ", porquê? Em Mateus, fala Jesus que ele não veio para modificar a lei, Mas para aplicar a lei e fazer com que a lei seja feita, ele fala isso muito claro, Paulo depois que vai falar diferente, mas Jesus fala isso em Mateus e quando você quer criticar com base em alguma coisa, tenha uma base teórica para isso, na Bíblia você vai encontrar os sacrifícios primeiro momento do sacrifício é o sacrifício que é feito pela expiação ou perdão de algum pecado, que você vai ver também o famoso bode expiatório que era levado até o deserto e que era oferecido para os seres do deserto, para que também a comunidade não fosse mais atacada por qualquer coisa ou então para expiar o pecado da comunidade as pessoas vinham e colocavam a mão sobre o animal que seria sacrificado, para que os seus pecados fossem expiados ou então para perdoar algum pecado, geralmente era feito de um carneiro ou uma cabra isso está em Levítico, e se a pessoa não pudesse porque não tinha condições financeiras para fazer isso, ela oferecia farinha Quem está vendo esse vídeo e conhece a tradição afro-brasileira sabe como que se oferece a farinha, que faz parte, está escrito isso em Levítico e também tem aquela chamada oferta pacífica ou por louvor que é feito para agradecer por algo conquistado, algo alcançado, então quando eu tenho alguma coisa que me é feita por meio dos meus pedidos eu agradeço dessa forma e também existe em Levítico, a oferta dos manjares, os manjares seriam os alimentos em especial o pão, que também é oferecido juntamente com as demais ofertas, também tinha a oferta de libação que era feita com vinho, 900 ml aproximadamente de vinho que era oferecido no Tabernáculo ou no Templo para Deus.
E você também que conhece a tradição afro-brasileira sabe que também usamos bebida alcoólica, da mesma forma como também se usa nessa oferenda feita pelo judeu, isso está na Bíblia também havia o sacrifício que não era destinado ao altar, que era por exemplo sacrifício em razão de um crime cometido a pessoa era apenada pelo tribunal judaico a pagar uma multa, e essa multa não era colocada como sacrifício no Altar, mas era entregue aos sacerdotes para que eles pudessem viver desse dinheiro. Então o sacrifício ele é muito mais amplo do que só pensarmos na imolação ou no abate de um animal para aplacar a ira da divindade, na tradição afro-brasileira o sacrifício especialmente é feito não para agradar alguma divindade, mas para que haja o Àṣẹ na nossa vida por isso que o nosso alimento, o alimento que é produzido por meio da imolação é consumido na comunidade, assim como também está em Levítico quando você sacrifica o animal você o divide em quatro partes algumas partes serão queimadas, a gordura a cabeça será queimada em holocausto, e o animal será repartido entre as pessoas, pra que consumam o animal, e consumam no templo, que no ritual afro-brasileiro, ritual afrodiaspórico e também em Ifá, se chama Iyanlé, em que você se senta em frente ao altar do Òrìṣà, do assentamento do Òrìṣà e Você consome aquele alimento em comunidade. Se for muita coisa você distribui esse alimento às pessoas que é uma forma também de alimentar as pessoas, então o sacrifício é para o alimento das pessoas, para que haja comunhão entre as pessoas e a divindade que recebe a oferenda, que recebe o sacrifício e é muito mais amplo, quando você enxerga nas esquinas, nas estradas os animais depositados nesses espaços, quem faz esse ritual realmente não conhece do que está fazendo.
Não tome isso como verdade do culto afro-brasileiro, afrodiaspórico de matriz africana enfim porque o animal sacrificado ele tem que ser consumido ou a sua carne distribuída entre as pessoas. Na tradição Yorùbá, o Ẹbọ que é o sacrifício, ele só alcança pleno resultado por meio do consumo da carne do animal imolado, é o que se fala não só se fala, mas se faz, todo animal sacrificado ele deve e será consumido pela comunidade, seja assim que o sacrifício foi feito com a comunidade e junto com o Òrìṣà, e se for muita coisa, com a distribuição desse alimento para outras pessoas, então tudo isso é comunitário busca-se o fortalecimento da comunidade, o fortalecimento do Àṣẹ da pessoa e da comunidade, o reequilíbrio da força que por algum motivo, alguma ocasião isso foi desequilibrado então é necessário, e sempre na tradição afro-brasileira, para saber o que será feito demanda uma questão principal, que é a divinação, que é por meio da divinação que se saberá o que vai ser oferecido ou não, com exceção dos Ẹbọ, do sacrifício que a pessoa faz de livre vontade como eu falei, como também está na Bíblia, como um sinal de louvor ou de pacificidade, essa ideia que também está inclusa nos rituais afro-brasileiros, afrodiaspóricos, de matriz africana, TradiçãoYorùbá e demais tradições que existem no Brasil. Então quando você for falar em sacrifício, primeira coisa você não pode mais ter uma opinião contrária porque o STF já estabeleceu que é constitucional essa prática religiosa, você pode ser contra, ótimo.
Mas você não pode querer que isso não exista mais porque isso é constitucional, a lei assegura ao praticante isso, como eu falei você pode discordar e você pode ter a sua opinião, você pode achar errado, a lei está aí para ser cumprida, a determinação Legal está aí para ser cumprida mas eu pergunto a você, faça uma reflexão, por qual motivo você não concorda, o que levou você a não concordar "Ah Bàbá, eu tenho dó do bicinho. . .
", mas você não come bife? Você não come a carne do frango que você compra no açougue, no mercado? Você não se alimenta de carne?
"Bàbá, eu sou vegano". Então são menos pessoas, e aí a ideia é porque ela é vegana, é uma outra ideia, diferente. Mas no geral as pessoas não são veganas, elas comem carne, e essa carne ela não dá na árvore eu não vou lá e pego um kg de frango, de peito de frango na árvore, não pego um kg de alcatra na árvore, isso vem de abatedouro, e o animal no abatedouro vocês sabem como que é, ninguém vai tampar o sol com a peneira e dizer que é tudo maravilhoso que o animal não vai sofrer, que ele vem com toda a boa vontade para ser imolado no açougue, mas aí voltando à pergunta inicial Por que que você não aceita?
Porque você tem preconceito. Por causa do racismo, isso é preconceito, você na Páscoa vai comer peixe, em especial o bacalhau e no final do ano Chester e Peru, ocasiões em que tenha festividade que você vai consumir um animal específico, agora o macumbeiro não pode comer galinha, ou o frango que ele se sacrificou para o seu Òrìṣà, para receber o Àṣẹ do Òrìṣà, para ter força na sua vida para ter uma vida melhor, não é para fazer mal pra ninguém não, tira isso da sua cabeça, acha que eu perco tempo em sacrificar um animal pra causar mal em você? Esse é um pensamento mesquinho, um pensamento ridículo que vai de encontro que é contrário à ideia de Jesus, se você é cristão, que pregava o perdão, pregava o amor, a misericórdia a compaixão e a compreensão Mas você quer ter todo direito de acusar qualquer pessoa porque não pratica pela sua cartilha, não é como você acha que deveria ser, o preto não pode fazer nada, porque é preto, preconceito, racismo, racismo religioso que eu falei no outro vídeo É preciso que você compreenda o seu preconceito, o seu racismo, a sua intolerância ao diferente, e aprenda a compreender as diferenças para que você não continue repetindo os mesmos erros que nos fizeram chegar até onde nós chegamos, é necessário o aprendizado, e além do mais é fundamental em diversas tradições que isso aconteça, para o equilíbrio individual e coletivo, para que o Àṣẹ se equilibre, para que a força se equilibre e para que a comunidade esteja também alimentada, não é só a questão de o sacrifício de matar bicho, muitos pensam: "Ah, é matar bicho!
", não é isso, porque na prática religiosa o animal é visto com muito respeito por isso que tem que eu falei várias vezes do Sacrum, do Sagrado ou tornar Sagrado, é um trabalho sagrado e quando eu deposito nas esquinas, na estrada, os animais é porque realmente eu desconheço a minha prática eu não consegui compreender e aprender aquilo que eu faço, aquilo que eu pratico e esse vídeo é para orientar não só os que desconhecem, mas também os que conhecem mas não com profundidade o tema sacrifício, imolação, abate religioso tem um sentido de restabelecer o Àṣẹ, por qualquer problema que tinha havido que desestabilizou alguma coisa ou para que a comunidade tenha uma boa alimentação para que as pessoas tenham o que comer, isso é fundamental na ideia comunitária. Espero que eu esclareci, porque esse vídeo é com base em diversos pedidos para falar sobre esse assunto, esclareceu a todos vocês que me pediram esse vídeo até o próximo!