Presidente da Semana - Ep. 6 - Afonso Pena, morto no cargo, e Nilo Peçanha, o presidente mulato

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Folha de S.Paulo
O sexto episódio do podcast Presidente da Semana se dedica a dois presidentes do Brasil: Afonso Pena...
Video Transcript:
[Música] na última década do século X o futuro presidente do Brasil Nilo Pessanha tinha seus 20 e Poucos anos nascido em Campos no Rio de Janeiro ele tinha estudado direito em São Paulo e no Recife era deputado federal pelo rio e tinha participado da elaboração da primeira Constituição da República ele era uma liderança republicana e abolicionista o Nilo era um jovem político que parecia ter muito pela frente Como de fato teve se você fosse um pai ou uma mãe bem tradicional descendente da alta aristocracia do Império Brasileiro e esse criado sua filha da melhor forma
possível com aulas de alemão francês piano equitação literatura você i adorar casá-la com um belo partido como Nilo Peçanha certo mas a Anita de Castro Belizário de Souza futura Primeira Dama do Brasil teve que fugir de casa para casar com Nilo amigas e parentes de origem nobre pararam de falar com Anita Inclusive a mãe dela filha de um Visconde e de uma Baronesa a explicação estava na origem do cara do lado da mãe ele até que tinha uma ascendência mais high society mas o pai dele tinha sido um pequeno agricultor e depois foi padeiro a
família vivia num sítio humilde num lugar chamado Morro do Coco e o Nilo ajudava o pai na padaria Além disso o Nilo era mulato até 1909 quando o Nilo Pessanha chega ao Palácio do Catete o Brasil nunca tinha tido desde a chegada dos portugueses em 1500 um chefe de estado com uma origem e uma cor de pele tão parecida com a maior parte da população hoje a quem considere o Nilo nosso primeiro e único presidente negro e olha só 100 Anos Antes do Barack Obama o Neil é um personagem interessantíssimo acontece que primeiro ele foi
vice-presidente e para chegar nele e na cor da pele dele eu vou precisar falar do presidente anterior Afonso Pena que cedeu o lugar na cadeira morrendo de pneumonia sobre Afonso Pena e Nilo Pessanha que ocuparam o Mandato que foi de 1906 a 1910 é o Episódio número se do presidente da semana o podcast semanal da folha sobre os presidentes brasileiros eu sou o Rodrigo Vizeu e volto em poucos segundos trabalhadores do Brasil Brasil tem instituições democráticas sólidas criação de uma nova moeda o cruzado não renunciarei um povo que soube impor a sua vontade could qued
as a racial democracy it se você tiver ouvido o primeiro episódio do podcast vai lembrar que eu disse que alguns dos Capítulos contariam a história de mais de um presidente as vezes porque o período de um deles é muito curto ou porque não teve muita coisa acontecendo Eu acho melhor juntar mais gente no caso desse Episódio o Afonso Pena ficou uns 2 anos e meio no cargo e o Nilo Pessanha menos de 1 ano e meio pelo critério do tempo eu deveria falar mais de Quem governou a final mais tempo apesar disso eu decidi falar
mais do nilo pelas questões que envolvem o governo e a pessoa dele mas tem um aspecto da história do Afonso Pena que me parece bem importante de comentar ainda mais nos dias de hoje em que cada vez mais gente tende de a ver figuras públicas ou como Santos ou como demônios e não só no Brasil de um lado Afonso Pena primeiro Mineiro a ser presidente advogou em defesa de escravos e era um defensor da abolição da escravatura inclusive votou a favor da Lei Aurea ele também defendia trocar o trabalho escravo pelo dos Imigrantes para oxigenar
o país e a economia Ele trouxe os primeiros Imigrantes Japoneses ao Brasil e organizou as colônias europeias no sul quando o Afonso foi deputado ele defendeu mudanças na lei para ampliar a mais brasileiros o direito ao voto que era muito restrito no império com esse espírito de mudar as coisas o Afonso Pena quando foi governador de Minas transferiu a capital do Estado de Ouro Preto para BH e quando foi presidente trabalhou muito para modernizar e profissionalizar o exército ele tinha também uma preocupação em proteger a economia do país e o nosso principal produto o café
se eu colocar tudo dessa forma parece que o Afonso Pena foi um B tá sujeito né mas há outros fatos na biografia dele no império o Afonso era monarquista convicto e se recusou a assinar o Manifesto Republicano sob a justificativa de que o povo não tinha educação suficiente para conviver com uma forma de governo na qual fosse chamado a participar com frequência ele era a favor da Abolição sim mas contudo muito muito devagar para não atrapalhar a economia e com indenização paga aos proprietários quando o Afonso foi ministro do interior no império inclusive ele comandou
o monte de outras pastas a gestão dele atuou no aprisionamento de escravos fugidos e em processos contra abolicionistas que ajudavam nas fugas que era como mandava a lei da época sobre a emigração ele apoiava sim mas se negou a receber chineses em Minas quando era governador segundo ele os chineses não eram qualificados o suficiente e a defesa que eu disse que ele fez do café foi de acordo com os interesses dos grandes produtores da da época aprovando o convênio de Taubaté de que eu falei no episódio anterior e usando dinheiro do contribuinte para proteger a
elite cafeicultora ou seja o Afonso Pena me parece um belo exemplo de como na maioria das vezes a política é mais ambígua do que parece a primeira vista seja no passado ou no presente e de que é sempre bom pensar duas vezes antes de se apaixonar ou de odiar políticos ou qualquer figura pública no capítulo anterior eu falei de como o presidente Rodriguez Alves concentrou todas suas energias para modernizar o Rio de Janeiro capital da República É nisso que para mim tá a principal diferença entre o mineiro Afonso e o paulista Rodrigues que fisicamente até
eram meio parecidos com as barbichas os oclinhos e a baixa estatura antes de tomar posse o Afonso fez um inédito giro de TRS meses para conhecer o país que ele ia governar o que não era nem um pouco comum pros presidentes da época Ah e como no peito do presidente também batia um coração olha essa carta que ele escreveu pra mulher dona mariquinhas Quando ele estava no Pará minha adorada mariquinhas passa hoje o teu aniversário e eu me acho separado de ti por distância superior a 850 Léguas Não não é possível onde quer que eu
esteja Qualquer que seja a distância material que nos separe em meu coração toda a minha alma está e estará sempre junto de ti a esposa amiga e declarada A Companheira adorada Que deus me concedeu na sua infinita bondade para fazer a felicidade de minha vida amo-te hoje como no dia em que te recebi junto ao altar Que sacrifício estou fazendo santo Deus longe de ti e dos filhos e fazendo-te também sofrer tu inocente sacrificada pela carreira que adotei perdoa-me perdoa-me perdoa-me querida e adorada esposa atendendo a pureza de minhas intenções ao patriótico intuito que me
inspirou hum Afonso nessa ideia de cuidar dos problemas do país como um todo o presidente se preocupou em construir ferrovias e espalhar fios de telégrafo pelo país também no governo dele o mítico sertanista Cândido Rondon desbravou muito o Brasil aar que falou comig sobre Rod o governo do Afonso Pena Afonso Pena ele vai entrar em 1906 né vai ganhar de fu Barbosa e ele vai ser ah por mais que ele não Era exatamente o sucessor ele vai continuar com a assim chamada política do café com leite né ele vai eu penso Rodrigo Na minha opinião
que ele dá uma ele continua inclusive algumas diretrizes do Rodrigues Alves eu penso aqui na criação de ferrovias ele que vai terminar por interligar Amazônia ao Rio de Janeiro não é que existiu já nesse momento a ligação eh por linha né por linhas de trem da Amazônia Rio de Janeiro a a ligação foi o fio telegráfico né e o papel da expedição Rondon no sentido de junto haviam até caricaturas existiam caricaturas que mostravam a Expedição seguindo junto com Rondon né ou seja como se ele fosse levando o fio Como Se existisse não é Osvaldo Cruz
com a sua campanha contra FB amarela mas o a grande figura desse quilate né no governo Afonso Pena vai ser o Cândido Rondom esse sim que vai entrar vai entrar pelo Brasil a vai vai entrar pelo interior do Brasil né o Afonso Pena teve esse papel maior na interiorização né Por mais que tenha sido eleito por conta da política do café com leite ele teve nas na prática na sua gestão um papel talvez menos regional no sentido de veer só o café né de pensar só no café do que o Rodrigues Alves antes de morrer
o Afonso Pena tava às voltas com a própria sucessão ele queria botar na presidência em 1910 o ministro da Fazenda Davi Campista que tinha feito a vida política em Minas o Afonso achava que os paulistas tinham tido três presidentes seguidos então era justo pra política do café com leite que Minas também tivesse um tricampeonato o presidente era meio intransigente na negociação inclusive ficou célebre uma frase dele sobre a formação do ministério o melhor estilo Luís XIV o estado sou eu na distribuição das pastas não me preocupei com a política pois essa direção me cabe segundo
as boas normas do regime os ministros executarão meu pensamento quem faz a política sou eu só acontece que muito mais gente fazia política o ministro da Guerra Hermes da Fonseca queria ser presidente e já tinha conseguido muitos apoios o mais importante deles de um cara de quem eu já falei o senador Gaúcho Pinheiro Machado que era uma espécie de ACM de Eduardo Cunha daquela época em termos de influência política a situação entre o Afonso Pena e o Hermes da Fonseca foi ficando insustentável numa reunião tensa o ministro pediu demissão para sair candidato existe uma lenda
em torno dessa reunião uma história de que o Marechal Hermes teria até jogado a espada sobre a mesa do presidente que teria ficado muito alterado e que isso teria contribuído para que ele morresse menos de um mês depois essa hisória tudo indica uma cascata e a coisa não esquentou a esse ponto mas acha colou no Marechal bom com Afonso Pena na Cova chegamos ao nosso Nilo Pessanha a chegada daquele vi no poder representou uma nova geração no comando da República Deodoro Floriano e prudente estavam mortos Campus S tinha quase 70 Rodrigues Alves passava de 60
Afonso Pena tinha acabado de morrer no ano em que ia completar 62 o Nilo tinha 41 anos quando virou Presidente para começar ele era um sujeito bem mais descontraído e bem humorado do que os imperados da geração anterior o cara adorava uma articulação política inclusive viajando para fazer campanha pelo país uma coisa meio impensável para aqueles velhos oligarcas tem uma história que é muito boa inclusive quando ele era vice toda vez que ele percebia que estava meio sem poder ele enchu o cabido da varanda da casa dele de caps de Generais aí o pessoal passava
e pensava ih Olha aí o Nilo com alta oficialidade se alguém perguntasse onde estavam os militares donos dos Caps ele dizia que os oficiais tinham esquecido numa visita anterior era batata Nilo ficava desprestigiado os caps ressurgi na varanda sobre essa figura eu conversei com a historiadora Mari del priori autora de vários livros entre eles a série histórias da gente brasileira não ele não é absolutamente um presidente que vai suceder um presidente Ele é um homem que é um grande articulador político Ele é um homem que vive no fervilhou da política dessa república velha fazendo alianças
cooptando eh cooptando gente Aliados por diversos momentos Ele prepara Inclusive a o seu caminho paraa presidência é um homem de muitas alianças ele ele inaugura eh a a a digamos a circulação do político ele sai em em na época não tinha carriata nada disso mas ele sai eh da capital e ele vai paraas cidades do interior eh para fazer discursos para se fazer conhecido né ele inaugura isso que depois vai ser chamado de nilismo né que é essa maneira de fazer política muito perto do Povo ouvindo as pessoas eh fazendo palestras fazendo discursos em praça
pública Então isso é uma característica muito interessante do do Nilo Nilo Procópio Pessanha Gilberto Freire comparou o Nilo Peçanha é um jogador de futebol que se valia da sua Malícia né para ganhar o jogo e e o o giberto f foi um grande entusiasta do do da figura do do Nilo Pessanha né e ele justamente vai encontrar nessa comparação eu acho acho uma boa definição no estilo que lembra um pouco o Rodrigues Alves e sua modernização do rio o Nilo Pessanha quando governou o estado antes de ser vice-presidente fez uma série de investimentos para mudar
a cara de Niterói a cidade era na época capital do Estado já que a cidade do Rio em si era o Distrito Federal virando Presidente ele usa o pouco tempo que tem para continuar ações do Afonso Pena como as expedições do Rondon e a criação do Ministério da Agricultura que estava de acordo com a defesa dos interesses dos produtores de café aí e o Nilo lançou um slogam muito curioso pro seu curto governo paz e amor o que mostra uma certa conexão entre o presidente do início do Século XX e o movimento hip que só
ia surgir várias décadas depois ele é um homem realmente de grande de grandes realizações e ele vai dar isso é muito importante aqui PR os nossos ouvintes uma atenção muito especial à educação profissionalizante por que que eu tô lembrando isso eu tô lembrando isso porque essa é a época em que crianças estão trabalhando nas indústrias brasileiras há uma mão deobra infantil enorme sobretudo na indústria de tecelagem em São Paulo os números são bastante assustadores mais de 12 ou 13% enfim e eh Há também um aumento de crianças de rua daquilo que nós chamamos uma época
de pivete essa palavra francesa designa justamente o pequeno meliante o pequeno infrator e as grandes capitais estavam cheias desse problema social e o Nilo Então passa para a criação de escolas para para para crianças pobres né e de escolas obviamente profissionalizantes que é uma coisa que a Europa nunca abandonou o Brasil agora tá voltando a falar de novo em profissionalização de estudantes e o Nilo vai atacar essa questão de frente Ele é um homem que eh tem uma série de ideias Geniais algumas ele consegue colocar de pé outras não meu Deus quem não lembra do
serviço de proteção aos índios é o Nilo Pessanha que cria e ele manda o o o Cândido Rondon General Cândido Rondon instalar redes telegráficas aí pelo Brasil e fazer contato com as os grupos indígenas as Nações Indígenas sobre a questão da cor da pele do Nilo Peçanha a Mari del priori defende que a trajetória do presidente precisa ser entendida dentro de uma tradição Brasileira de missen nação E que ao contrário do que se pode imaginar hoje a vida de um político mulato na virada do século XIX pro XX Não Era exatamente um inferno mas antes
de entrar nisso amar opina sobre o uso dessa palavra mulato que é considerada politicamente incorreta por alguns grupos hoje em dia até aproveitar para lembrar a o nome da Ieda pessoa que é a maior African cólogo brasileira qu di um especialista em salares africanos e a eda ela vem reclamando quer dizer que quando se fala em Mulato e tudo as pessoas por não conhecerem eh falares africanos eh acham que mulato vem de mula e ela ela explica que não né que dado Justamente a presença árabe na península ibérica eh mula m o u l a
h significa filho de muçulmano com Infiel e por homofonia os portugueses passaram a associar com mula burro mas Originalmente a palavra tá falando de mestiçagem é uma coisa interessantíssima como as pessoas não estudam nada elas falam sem eh todo mundo quer falar em africanidades mas ninguém estuda os falares africanos as pessoas continuam repetindo essa bobagem de que o mula tá associado com com burro etc esquecendo que a a a raiz etimológica da palavra que significa justamente meag né Ele é um mulato né que nós hoje chamaremos de pardo e que faz a sua ascensão no
momento em que Você tem o pensamento racial racialista no Brasil mas também o pensamento antiracista e nada disso para ele vai ser obstáculo muito pelo contrário né ele faz um casamento muito bom eh a a questão da cor para ele nunca se colocou hoje a questão tal como ela se coloca ela é tributária de uma discussão que vem desde os anos 70 e que procura associar da escravidão Marxismo e e condição do negro no Brasil quer dizer ela ela escamoteia esse longo percurso que homens como Nilo Peçanha fizeram e que hoje resultam em quase 50%
da população de p de brasileiros como pardos né Nós somos 48.9 de pardos no Brasil mas e a história do casamento com a Anita não pesou a questão da pele e Como funcionava o racismo daquela época ol primeiro que a o a a população mulata no Brasil chamava-se mulata ou parda tá e a a havia essas duas denominações era maior do que a população de brancos eu tô falando aí do senso de 1870 os pardos eram TR 38.3 da população e os brancos eram 38.1 da população então o Nilo tava absolutamente na maioria da população
ele não era uma pessoa diferente né A ao ao próprio preconceito do casamento eu acho que essa leitura do preconceito racial é uma leitura atual eu acho que vinha da situação talvez eh de pobreza dele porque embora ele fosse filho eh de uma mãe que descendia de uma família importantíssima na política Norte Fluminense e eu lembro que Campos onde o Nilo nasceu não era uma cidade qualquer era uma espécie de última último Torreão último Baluarte da política cafeira do estado eh do Rio de Janeiro o pai dele ele era um padeiro então ele ele era
filho de gente simples ele vai fazer estudos isso é importantíssimo também dizer ele passa pela Faculdade de Direito de São Paulo e ele vai pro pra Faculdade de Direito de Recife então o século XIX é um século onde pardos e mulatos estão em toda parte Isso é uma questão que a a historiografia vem negligenciando mas a pariz ação da sociedade brasileira eh ela não só mobilizou usou a a essas pessoas para que elas tivessem educação elas tivessem mobilidade social nós vamos encontrar eh digamos esses grupos no grande comércio nós vamos encontrar esses grupos na política
né eu lembro aqui o Visconde de Pedra Branca o Barão de Cotegipe lembra o barão de Guaraciaba que foi banqueiro foi um dos maiores proprietários de terras no Vale do Paraíso Paraíba tinha uma casa belíssima a lado A Princesa Isabel em Petrópolis era um homem negro né de Grand grande fortuna casado com uma branca então nós temos aí uma pariza muito acelerada volto a dizer a população com uma maioria de paros Então eu acho que o Nilo Peçanha tava inteiramente à vontade embora a antropologia no final do século XIX tivesse aí muito preocupada hierarquizar raças
né E nós temos aí figuras importantes da nossa intelectualidade como Nina Rodrigues o Paulo Prado o próprio Euclides da Cunha que eram contra mestiçagem das raças o Euclides Embora tenha dito que o nordestino era um forte ele achava que índios e negros eram figuras fracas frágeis né Nós temos racistas como Silvio Romero e o Oliveira Viana mas nós temos também contra racismo temos um antirracismo muito virulento na figura de Juliano Moreira que foi o nosso primeiro psiquiatra negro responsável pelo Hospital dos alienados durante quase 20 anos temos Artur Neiva Roquete Pinto e o inteiro Lobato
que alguns ignaros Alguns ignorantes consideram racista foi um homem que fez uma batalha enorme para provar que o problema do Brasil não era um problema de cor era um problema social era um problema de abandono do Estado né das pessoas mais pobres e é interessante que o próprio Nilo eh que participou eh da Constituição Eh que que se realiza logo depois da da Proclamação eh da República ele participa da assembleia nacional constituinte ele vai votar contra o quê contra as tradições culturais africanas porque nesse momento se começa a perseguir né os rituais religiosos africanos os
Altares e pegis são desmontados a a famosa capoeira também começa a ser perseguida Então realmente eh fala-se em embranquecimento mas eu gostaria de falar em pariza porque já há uma mobilidade social muito grande eh de afrodescendentes mas Maia da população missen né e o Nilo certamente nadava como um peixe na água nessa situação toda Ele é um homem muito bonito né Ele é um homem sempre muito bem arrumado as fotografias dele é um homem realmente eh muito bem posto bom além da forma que ele votou sobre questões afro-brasileiras no Congresso outra pedra no sapato da
biografia do Nilo Pessanha era um suposto uso de maquiagem em fotos para deixá-lo mais claro as acusações que fazem de que o Nilo eh se maquiava para esconder a pele escura nas fotografias é volto a dizê-lo uma acusação injusta e posterior porque na época era muito comum sobretudo se a gente vê as fotografias eh de negros era muito comum não só o clareamento da pele Mas também muitas vezes a tintura do olho era um modismo na época não era só ele que fazia ninguém é dermatologista para saber a cor da pele do Nilo Pessanha mas
o hábito de se emb usar nas fotografias ou com alisamento de cabelo ou com a coloração Azul dos olhos ou com a pele mais Branca era muito comum e isso fica comprovado nas fotografias que foram tirados sobre negros e mulatos e pardos no século X e bom voltando à questão política com a morte do Afonso Pena o Nilo Pessanha abre espaço paraas confabulações do Pinheiro Machado o tal ACM da República Velha de quem eu já falei o presidente também dá aval a candidatura do herm da Fonseca H quem veja o jovem Presidente como um peão
no Tabuleiro do velho Senador mas chega uma hora em que o Nilo deixa de fazer as vontades do Pinheiro e os dois acabam brigando O Reinado do senador só ia começar mesmo no governo seguinte a eleição de 1910 opõe duas pessoas completamente diferentes de um lado o Marechal Hermes da Fonseca sobrinho de Deodoro e focado em reforçar o poder do executivo e do exército seu símbolo era uma vassoura sempre ela com que ele prometia varrer a roubalheira dos civis do outro pela segunda vez tentando vencer pela oposição o jurista Rui Barbosa um raro caso de
político liberal no início do século XX que defendia voto secreto abertura econômica e o império das leis naquele tempo o Rui tava com tudo tinha sido em 1907 O Enviado brasileiro à conferência de paz de Aia de onde voltou com a fama de desempenho genial e com apelido Águia de Aia que é bem famoso embora outra versão é de que na verdade ele falava demais e ninguém aguentava e que o apelido mesmo dele na Europa era Dr verbos com o apoio de São Paulo o baiano Rui lançou a campanha civilista que inaugurou no Brasil o
estilo moderno de fazer campanha com comícios e participação real de ao menos parte da população o negócio empolgou as classes médias urbanas das grandes cidades o acerto entre as oligarquias deu um tilte com parte dos Estados apoiando o civil e parte o militar candidato do governo Marechal Hermes Minas por exemplo ficou rachada uma revista da época publicou um poema sobre esse momento que eu achei em um livro da Isabel Lustosa chamado história de presidente o poema foi publicado na revista o filhote da careta no dia 11 de novembro de 1900 vamos ver como é que
vai minha verve poética Dona República é celsa dama no dia 15 20 anos faz a mocidade seu peito inflama cantando um hino de amor e paz unilo agora dá-lhe Fartura frutas e ferro que vida ideal em breve aguarda se porventura tiver a dita da ditadura da dura espada do Marechal agora mesmo deu-lhe a mania de aos militares dar-se de vez quer dos Soldados a companhia e não espanta que qualquer dia V ter o fundo de um xadrez moça bonita discreta e fina ela um namoro não tem sequer e a gente ao vê-la diz a surdina
tem a sag de uma menina bem educada no SAC care fitas oilo d-lhe Fartura feio destino negro fatal em breve aguarda se porventura sentir o peso da ditadura da dura espada do [Música] Marechal mais que farda e toga importava mesmo quem era o candidato do governo e não teve Frenesi na rua capaz de vencer a política como ela era na República Velha com esquema de governadores e coronéis voto de cabresto e muita fraude com uma contagem oficial de 23 de votos a seu favor a Vitória mais apertada das eleições diretas até então Hermes da Fonseca
se tornou o novo presidente do Brasil com ele se tornaria quase Presidente Senador Pinheiro Machado o Nilo Peçanha caiu fora mas por pouco tempo ele voltou a governar o Rio e foi ministro das relações exteriores do governo Venceslau Braz com o tempo o Nilo foi se transformando em um opositor do sistema viciado de oligarquias que ele mesmo apoiou lá atrás Olha só de de novo como as coisas são ambíguas na política em 1922 ele decidiu tentar voltar ao Catete sem depender da morte de um titular disputou a eleição contra Artur Bernardes e foi a vez
do nilo ser o Rubi Barbosa da vez ele depois e ele vai aprofundar e o as críticas ao ao funcionamento do Regimento do regime federalista então em curso por qu porque ele só beneficiava os grandes Estados São Paulo e Minas Eu lembro que São Paulo nessa época que já tinha dado um pulo eh sensacional em relação ao Rio de Janeiro eh que não só passou por uma crise eh política e econômica porque os Cafezais aqui no Rio de Janeiro tinham caído o preço do do do café tinha caído a mão de obra no rio era
mais cara quando o São Paulo já tinha se industrializado e aproveitava eh enfim a mão de obra eh Imigrante né então o Nilo ele não vai eh realmente abrir mão de tentar fazer política e é só depois da da enfim dessa dessa briga que ele vai fazer né contra a preeminência de São Paulo e Minas eh e e depois da derrota do do do do Artur Bernades que ele vai se afastando definitivamente da política nacional em 1924 2 anos depois de perder a eleição Nilo Pessanha morre ao 56 anos Anita Pessanha que desafiou a sociedade
ao casar com um político mulato de origem pobre ainda ia viver 36 anos após a morte do marido com quem ela compartilhava ideais republicanos e abolicionistas e uma curiosidade o casal chegou a ter como cozinheiro o avor deor de Oliveira o cartola no próximo episódio do presidente da semana eu conto a história do caótico governo do Marechal Hermes da Fonseca eu sou Rodrigo Vizeu e faço a pesquisa produção e roteiro desse podcast quem faz a edição de som é o vor parol e Quem interpretou foi oago am até o próximo episódio do Passado no passado
estão presentes no amor e não envelhece Jamais eu tenho paz e ela tem paz nossas vidas Y
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