[Música] meu nome é Antônio mas o pessoal aqui da vila me chama de Tonho moro em Uma cidadezinha no interior do Paraná cercada de mato rios e claro boas histórias de pescaria desde pequeno fui acostumado com essa vida mais simples longe da agitação da grande pescar sempre foi um hobby que meu pai me ensinou E com o tempo virou quase uma tradição familiar nas noites em que o clima estava calmo eu gostava de pegar meu barco de alumínio e Remar até a lagoa que ficava uns 10 km da minha casa a lagoa conhecida como Lagoa
Negra não tinha esse nome à toa suas águas eram escuras Profundas cercadas de árvores que pareciam esconder Segredos antigos diziam que era Mal Assombrada mas eu nunca dei bola para essas histórias já tinha passado várias noites pescando ali e o único susto que eu levei foi quando um peixe escapou da linha no último segundo naquela noite em particular saí de casa por volta das 7 da noite logo depois do jantar minha mulher reclamou um pouco como sempre fazia dizendo que era perigoso eu ir sozinho e de noite mas eu só ria e dizia que já
estava acostumado coloquei minhas tralhas no carro amarrei o barco na carroceria e fui embora o caminho até a lagoa era tranquilo e a estrada de terra estava seca sem perigo de atolar quando cheguei o lugar estava do jeito que eu gostava silêncio total com a lua cheia iluminando o céu me preparei coloquei o barco na água e remei até o meio da Lagoa onde sempre pegavam os peixes bons o clima estava Ameno eu tinha certeza de que seria uma noite produtiva depois de umas Du horas na lagoa eu já estava relaxado ouvindo o som dos
Grilos não tinha pego nada até então mas isso não me incomodava a pescaria para mim sempre foi mais sobre o momento de paz do que sobre a quantidade de peixes Foi então que de repente a linha da vara ficou pesada do nada senti um puxão forte meu coração acelerou achando que era o peixe grande que eu esperava a noite toda comecei a puxar com cuidado dando o tempo necessário para não perder a linha mas conforme Puxava a sensação foi ficando esquisita não parecia o peso de um peixe lutando para escapar era algo sólido pesado mas
sem resistência com um pouco de esforço vi algo começar a emergir da água fiquei confuso ao perceber que o que eu estava puxando não era um peixe mas sim um saco um saco grande e escuro enrolado com cordas grossas na hora pensei que alguém tinha jogado lixo na lagoa coisa que infelizmente acontece de vez em quando mas quando o saco finalmente subiu à superfície e eu o puxei para dentro do barco senti um cheiro horrível um cheiro podre sufocante que me fez quase vomitar ali mesmo e foi então que algo realmente assustador aconteceu assim que
coloquei o saco no barco ele se mexu no momento em que o saco se mexeu senti um arrepio me afastei instintivamente quase derrubando a vara no processo O Barco Balançou levemente enquanto eu olhava fixamente para aquilo meu primeiro pensamento foi que talvez algum animal tivesse ficado preso ali dentro por mais estranho que fosse poderia ser um peixe grande ou algo assim se debatendo para escapar mas o movimento era diferente era lento como seo Estivesse se arrastando lá dentro e o saco pulsava de uma forma que eu nunca tinha visto antes o cheiro podre ficou ainda
mais forte e a minha cabeça começou a girar com as mãos trêmulas peguei meu canivete que estava no bolso não sabia ao certo o que faria mas a curiosidade e o medo estavam misturados de uma maneira que eu nunca tinha sentido antes eu precisava ver o que tinha ali dentro com cuidado fui cortando a corda que mantinha o saco fechado cada fibra que Eu cortava fazia o meu coração bater mais rápido como se o que quer que estivesse ali dentro estivesse esperando para ser libertado E então quando finalmente abriu uma fresta no saco o que
eu vi fez meu estômago revirar dentro do saco havia restos de algo que à primeira vista pareciam partes de um animal mas quando olhei de novo percebi que não era isso era algo que parecia humano braços pernas uma parte de um rosto mas estava tudo deformado como se tivesse sido jogado na água por dias o horror tomou conta de mim foi então que o saco se mexeu de novo dessa vez com mais força e dessa vez eu vi claramente uma das mãos dentro do saco mesmo toda inchada e decomposta começou a se mover sozinha sem
pensar duas vezes joguei o saco de volta na água com toda a minha força o barulho dele caindo na lagoa ecoou pelo silêncio da noite me afastei para o outro lado do barco tentando recuperar o fôlego o medo era tanto que eu mal conseguia raciocinar o que eu tinha acabado de ver era impossível que aquilo fosse real aquela coisa Seja lá o que fosse afundou lentamente sumindo na escuridão da água mas o medo não foi embora pelo contrário só piorou a sensação de que algo terrível estava acontecendo ao meu redor aumentava E foi aí que
escutei algo que me fez congelar um barulho de algo raspando no fundo do meu barco no meio da escuridão da Lagoa aquele som agudo de algo arranhando o casco do barco começou a ficar mais alto como se viesse debaixo de mim minha mente tentava encontrar uma explicação mas nada fazia sentido segurei firme nos remos e comecei a Remar com toda a força tentando me afastar o mais rápido possível dali remava como nunca antes o coração aiu mas o som não desaparecia parecia que algo estava seguindo o barco arranhando por baixo como se tentasse se agarrar
a ele finalmente depois de minutos que pareceram horas alcancei a margem saltei do barco sem nem olhar para trás joguei todo o equipamento na carroceria do carro amarrei o barco na carroceria e saí dali o mais rápido que pude nunca remei tão rápido e nunca voltei tão depressa para casa assim que cheguei em casa minha mulher percebeu na hora que algo estava errado eu devia estar com a cara pálida o corpo ainda Tremendo e o suores correndo Ela perguntou o que tinha acontecido mas eu não conseguia responder direito as palavras pareciam travadas na minha garganta
a única coisa que consegui dizer foi que algo muito estranho tinha acontecido na lagoa ela insistiu para eu contar tudo e apesar de achar que ela não acreditaria acabei explicando o que tinha visto e ouvido o saco os restos humanos o barulho arranhando o barco não era algo que eu poderia simplesmente ignorar quando terminei ela me olhou com aquela expressão de choque misturado com preocupação Você devia ligar pra polícia Ela disse o que na hora me pareceu a coisa mais sensata a fazer peguei o telefone com as mãos ainda trêmulas e disquei o número da
polícia quando atenderam tentei explicar a situação da forma mais calma possível mas minha voz ainda estava cheia de nervosismo Contei sobre o saco os restos humanos e o movimento estranho que ele fez eles disseram que enviariam uma viatura para investigar a área e coletar mais informações desliguei o telefone com a sensação de alívio temporário mas no fundo sabia que aquilo não ia me dar paz minha mulher me perguntou se eu estava mais tranquilo mas a verdade é que mesmo com a polícia envolvida eu ainda sentia que algo estava errado aquela sensação de que algo me
seguia algo além de uma simples explicação lógica não ia embora no dia seguinte ainda inquieto resolvi voltar até o quintal onde deixo o barco guardado fiquei olhando para ele de longe revivendo na cabeça cada detalhe daquela noite na lagoa decidi então virar o barco para conferir se havia alguma coisa estranha Talvez uma marca que pudesse explicar o que eu ouvi quando virei o barco meu coração gelou o fundo dele estava cheio de marcas profundas como se algo tivesse arranhado o metal com força eram arranhões longos irregulares e a visão deles me fez sentir um calaf
que subiu pela espinha era como se algo tivesse tentado agarrar o barco ou pior como se tivesse tentado agarrar a mim naquele momento percebi que o que aconteceu naquela noite não era apenas minha imaginação depois disso jurei nunca mais voltar à Lagoa Negra o que quer que eu tenha encontrado naquela água eu não queria mais ter contato com aquilo durante dias fiquei em silêncio sem contar a mais ninguém o que tinha acontecido quem acreditaria em uma história dessas mas o mais estranho aconteceu alguns dias depois enquanto estava sentado no quintal de casa refletindo sobre a
pescaria Ouvi bem ao longe um som um som de algo raspando meu coração disparou na hora corri para dentro de casa e fechei todas as portas e janelas até hoje não sei o que era aquilo a única coisa que sei é que desde aquela noite nunca mais voltei a pescar naquela Lagoa e o som de algo raspando continua me perseguindo mesmo longe da água de vez em quando ainda ouço meu nome é Carlos e sempre tive um gosto por aventuras mais solitárias trabalho a semana inteira no comércio da minha cidade mas quando o fim de
semana chega gosto de sumir do mapa a pescaria noturna sempre foi minha válvula de escape é o momento em que eu posso estar sozinho refletir e me conectar com a natureza certa vez Decidi ir até um rio isolado que ficava algumas horas de casa era um lugar que eu já conhecia sem ninguém por perto e perfeito para quem quer sossego cheguei ainda de dia montei Minha barraca e me preparei para uma noite tranquila de pesca O Silêncio do lugar era quase absoluto só quebrado pelo som do vento e do Rio a noite caiu e eu
estava sentado à beira do rio com minha vara de pescar pronta a lua cheia iluminava o céu e o ambiente parecia calmo não havia sinal de pessoas ou animais grandes apenas o som da água corrente e o farfalhar das Árvores estava tudo indo bem Até que em determinado momento comecei a ouvir algo que não pertencia à aquele cenário Pacífico enquanto eu me concentrava na linha de pesca ouvi passos na margem oposta do Rio no começo ignorei pensando que era apenas o som de pequenos animais mas logo Percebi que os passos eram diferentes eram mais pesados
arrastados como se alguém estivesse andando com cautela me olhando de longe aos poucos algo ainda mais estranho começou a acontecer olhei na direção dos Passos e vi diversos pares de olhos brilhando no escuro fixos em mim por alguns instantes fiquei paralisado sem conseguir processar o que estava acontecendo era como se dezenas de criaturas estivessem escondidas ali entre as árvores só me olhando a lanterna estava ao meu lado então a peguei rapidamente e apontei na direção dos olhos no entanto tudo o que consegui ver foi a vegetação densa os olhos sumiam assim que a luz os
tocava Mas eu sabia que eles ainda estavam lá o medo começou a tomar conta de mim e pela primeira vez naquele lugar que eu sempre considerei Seguro me senti vulnerável tentei me acalmar dizendo a mim mesmo que poderia ser apenas algum tipo de animal talvez guaxinins ou algo do tipo mas a verdade é que aquilo não parecia normal eu conhecia bem a fauna da região e os olhos que eu tinha visto não eram de animais comuns algo estava errado continuei com a lanterna na mão iluminando a margem do rio mas os olhos tinham desaparecido no
entanto a sensação de ser observado persistia era como se eu estivesse cercado como se algo estivesse esperando o momento certo para se aproximar decidi que o melhor a fazer era voltar para a barraca e tentar me distrair até o amanhecer arrumei rapidamente as coisas e voltei para o acampamento mas assim que entrei na barraca ouvi os passos de novo Só que desta vez mais próximos peguei um facão que sempre levava comigo só por precaução ouvia barulhos de Galhos se quebrando e folhas sendo amassadas ao redor da barraca como se alguém ou algo estivesse andando em
círculos me cercando de repente os passos pararam e comecei a ouvir um som estranho era algo mais profundo uma respiração pesada quase como um Ronco baixo e contínuo parecia que tinha algo enorme ali fora bem perto da barraca e a cada respiração o som ficava mais alto mais próximo de repente a barraca deu um leve balançar como se algo a tivesse tocado fiquei congelado de medo meu coração disparado tentando não fazer barulho a coisa lá fora começou a arranhar a lona suavemente como se estivesse testando a estrutura explorando fiquei imóvel tentando ouvir melhor os passos
e o barulho de respiração pararam de repente o silêncio voltou mas a tensão no ar só aumentava a noite parecia nunca acabar e a cada segundo eu sentia que algo estava se aproximando o tempo passou lentamente e eu lutei para manter a calma mesmo com aquela presença ao meu redor finalmente o sol começou a aparecer no horizonte a claridade trouxe um alívio como se a presença que eu sentia tivesse desaparecido com o fim da Escuridão saí da barraca e comecei a recolher minhas coisas decidido a ir embora o mais rápido possível Foi então que vi
as pegadas havia dezenas delas ao redor da Minha barraca espalhadas pela margem do rio mas o que me deixou arrepiado foi o tamanho e o formato delas não eram pegadas humanas mas também não eram de animais que eu conhecia eram grandes com dedos longos e afundavam profundamente no solo como se uma criatura pesada tivesse passado a noite me rondando olhei em volta tentando encontrar alguma explicação mas tudo estava quieto e Pacífico à luz do dia as pegadas eram a única evidência de que algo tinha acontecido ali naquela noite ainda sem entender o que tinha visto
ou ouvido joguei minhas coisas no carro e fui embora Endo a mim mesmo que nunca mais voltaria à aquele lugar até hoje não sei o que era talvez tenha sido minha imaginação ou talvez algo realmente estranho me observava naquela noite mas uma coisa é certa depois daquela pescaria nunca mais encarei o isolamento da mesma forma sou pescador desde que me entendo por gente cresci no litoral de Santa Catarina numa pequena Vila onde a vida girava em torno do mar a pesca sempre foi minha forma de ganhar a vida e por mais difícil que fosse sempre
me trouxe uma certa paz um dia decidi dar uma pausa na rotina puxada e me afastar um pouco dos lugares mais frequentados pelos outros pescadores tinha ouvido falar de uma praia deserta um pedaço de terra esquecido sem registros turísticos e quase ninguém falava sobre ela achei que seria o lugar ideal para descansar desligar um pouco a cabeça e quem sabe tirar um cochilo sob o sol ancorei meu barco em um ponto seguro perto da praia uma Enseada cercada por falésias baixas a vista era incrível o tipo de lugar que parecia ter sido entado por anos
desembarquei levei comigo uma garrafa de água e comecei a caminhar pela faixa de areia sentindo o vento frio no rosto e o som das ondas quebrando ao fundo a sensação de isolamento me deu um certo conforto uma pausa bem-vinda depois de dias agitados no mar caminhei por alguns minutos sem pressa apreciando a tranquilidade daquele canto escondido era como se o mundo lá fora não existisse Foi então que enquanto andava perto da beira do mar algo me chamou a atenção havia pegadas na areia o que me deixou intrigado foi que até aquele momento eu não tinha
visto ningém por perto as marcas eram grandes talvez de um homem e seguiam direto em direção ao Mar a princípio pensei que poderia ser de alguém que tinha passado ali antes de mim mas quanto mais eu olhava mais ficava claro que as pegadas eram recentes as marcas estavam frescas como se alguém tivesse acabado de passar a ideia de não estar sozinho me deixou um pouco inquieto mas continuei andando tentando não pensar muito naquilo talvez fosse apenas alguém que tinha vindo ali como eu para relaxar um pouco e já estivesse voltando para o mar mas algo
naquelas pegadas parecia errado continuei caminhando por mais alguns minutos quando uma sensação estranha começou a crescer dentro de mim foi então que ao longe vi uma figura era alguém correndo em direção ao Mar com uma velocidade assustadora a pessoa parecia vestir algo escuro tal vez uma roupa de mergulho ou um trage pesado difícil de distinguir a essa distância no entanto o que mais me chamou a atenção foi o movimento estranho como se a figura flutuasse em vez de correr normalmente minha primeira reação foi acelerar o passo achando que talvez fosse algum banhista ou pescador que
eu não tivesse notado antes mas quanto mais eu me aproximava mais a figura parecia desaparecer nas ondas Cheguei Mais perto mas a figura sumiu completamente dentro do mar sem deixar rastros a única coisa que restava era o silêncio as ondas batiam suavemente na areia como se nada tivesse acontecido e as pegadas que antes estavam tão nítidas agora estavam sendo apagadas pela maré tentei me convencer de que talvez fosse só alguém se divertindo alguém nadando mas algo não fazia sentido a praia estava completamente Deserta Quando cheguei e o jeito que aquela pessoa desapareceu nas ondas era
impossível depois que a figura desapareceu nas ondas Fiquei parado na areia olhando para o mar tentando processar o que tinha acabado de acontecer Meu Coração batia forte no peito e uma sensação de desconforto Começou a tomar conta de mim olhei ao redor mais uma vez esperando encontrar algum sinal de vida mas a praia estava vazia e o silêncio era profundo acho que naquele momento comecei a perceber que algo estava muito errado não era só o fato de ter visto alguém sumir no mar de uma maneira que não fazia sentido era a ausência total de som
de movimento mesmo as Gaivotas que geralmente voavam perto das praias estavam ausentes o som das ondas parecia distante como se eu estivesse em um lugar que não pertencia a este mundo resolvi voltar para o barco sentindo que talvez fosse melhor ir embora dali o quanto antes enquanto caminhava de volta comecei a ouvir um barulho estranho a princípio achei que fosse só o vento soprando entre as falésias mas logo percebi que era algo mais parecia uma espécie de sussurro baixo e contínuo vindo de todas as direções ao mesmo tempo meu instinto me dizia para sair dali
rápido mas algo me fazia olhar para trás foi então que notei ao longe algo que não estava lá antes a mesma figura que havia desaparecido no mar ela estava agora parada na beira da água me observando dessa vez consegui ver mais detalhes era uma silhueta alta e escura mas o rosto o rosto estava encoberto por uma sombra como se não fosse possível enxergar quem ou o que estava ali tentei manter a calma mas o medo começou a me dominar apressei o passo quase corendo de volta para o barco Mas a sensação de que aquais esta
me seguindo só aumenta a cada segundo eu podia sentir olar da fig mim mesmo vê claramente quando barid e ligi o motor Tentando Manter cabeia eu precisava sair o mais Rido possív oor do barco dem alguns segundos para pegar e aqueles segundos pareceram uma eternidade eu olhava constantemente para a praia esperando ver a figura se aproximando a qualquer momento o sussurro que eu ouvira antes continuava no ar agora mais intenso quase como um chamado finalmente o motor ligou e eu manobre o barco para longe da praia à medida que me afastava olhei para Trás uma
última vez e a figura ainda estava lá parada na beira da água me observando mas ao invés de sumir novamente nas ondas ela comeou a caminhar em direção ao Mar Aberto como se estivesse me seguindo acelerei o barco tentando afastar aquela visão perturbadora da minha mente o mar estava calmo mas eu sentia uma pressão no peito uma sensação de que algo ainda estava errado Como se eu não tivesse escapado completamente foi quando no horizonte outro barco se aproximando senti um alívio imediato achando que poderia ser algum outro pescador conforme o barco chegava mais perto percebi
que não era uma embarcação comum era um barco de pesca bem velho e de repente ele parou como se estivesse esperando Fiquei parado sem saber o que fazer até que vi no convés do barco a mesma figura escura e imóvel me observando era como se ela estivesse me caçando esperando por mim não consegui mais ficar ali liguei o motor novamente e segui o mais rápido possível em direção ao Porto Cheguei ao cais sem olhar para trás com a certeza de que nunca mais voltaria para aquela praia esquecida quando finalmente Cheguei ao Porto o sol já
estava alto e o barulho dos Barcos ancorando e da cidade movimentada me trouxe de volta à realidade estava exausto mais pela tensão da caminhada na praia do que pelo esforço da viagem olhei para o mar uma última vez tentando processar tudo o que tinha acontecido mas a visão tranquila das águas não combinava com o que eu sentia por dentro atracando o barco ainda não conseguia tirar da cabeça aquela figura que desapareceu nas ondas tentei pensar em explicações Racionais talvez fosse um pescador que eu não vi antes ou alguém nadando por ali mas as pegadas as
pegadas eram reais e o silêncio estranho daquele lugar deserto algo não estava certo enquanto eu guardava minhas coisas Um Pescador mais velho com quem sempre trocava umas palavras se aproximou ele me viu meio pensativo e perguntou se estava tudo bem relutei um pouco mas acabei contando o que havia acontecido na praia deserta as pegadas a figura correndo em direção ao Mar e sumindo nas ondas ele me ouviu com calma sem interromper o que me deixou um pouco mais à vontade para continuar quando terminei o velho pescador ficou em silêncio por alguns segundos depois suspirou e
falou com um tom sério dizem que aquela praia é um lugar onde os vivos e os Mortos se cruzam um lugar onde o tempo não existe como a gente conhece não devia ter ancorado lá meu amigo Aquilo me deu um arrepio perguntei o que ele sabia sobre o lugar mas ele só Balançou a cabeça lentamente e disse para eu esquecer o que aconteceu se você der atenção essas coisas te perseguem ele falou com um olhar firme melhor deixar para lá não insisti mais aquele aviso parecia vir de alguém que sabia mais do que estava disposto
a contar agradeci guardei minhas coisas e fui embora ainda tentando processar tudo desde aquele dia tenho seguido o conselho do velho pescador desde então evito ancorar em praias desconhecidas aquele Episódio me deixou mais cauteloso de vez em quando quando estou no mar ainda me pego olhando para o horizonte tentando enxergar algo que não deveria estar ali mas nunca mais voltei a ver aquela figura a única coisa que ficou foi o sentimento de que em alguns lugares o mar guarda segredos que talvez seja melhor não descobrir eu sempre gostei de pescaria mas não daquelas que a
gente faz com várias pessoas em volta e fazendo barulho o que eu sempre procurei mesmo era a paz o silêncio e o contato direto com a natureza moro em Uma cidadezinha no interior de São Paulo cercada de rios e lagos escondidos longe do movimento da cidade quando eu precisava de um tempo para mim pegava meu barco velho e seguia para um lago afastado onde ninguém costumava ir era um daqueles lugares que nem todo mundo conhecia H cerca de 2 horas da cidade cercado por matas densas com acesso difícil mas para mim era o paraíso a
água sempre calma refletindo as árvores em volta e o silêncio absoluto só quebrado pelo som dos pássaros e do vento nas folhas numa tarde de sábado depois de uma semana cansativa decidi que era hora de pegar o barco e ir pescar precisava de um momento longe de tudo carreguei uma material de pesca botei o barco na caminhonete e segui viagem O sol estava se pondo Quando cheguei no Lago o cenário Era do jeito que eu gostava completamente deserto desci o barco e remei devagar até oo meio do Lago onde ancorei e joguei a linha na
água a calmaria era tão grande que quase me fez esquecer do mundo lá fora o sol começou a descer e a noite se aproximava pintando o céu com tons de laranja e roxo tudo estava em paz Foi aí que comecei a ouvir um som estranho uma melodia suave como se alguém estivesse cantando ao longe depois de ouvir aquela melodia por mais alguns minutos comecei a ficar inquieto não era possível que o som estivesse vindo de outro lugar além daquela margem ancorei o barco perto de uma parte Mais afastada do Lago onde a vegetação era densa
e quase ninguém ia ali as ar vores eram tão fechadas que mal deixavam a luz da lua passar e a brisa parecia mais pesada quase abafada pelo silêncio da Mata desci do barco e comecei a seguir o som a pé o canto estava mais claro agora mas ainda assim distante como se se movesse pela Mata conforme fui avançando entre as árvores pisando com cuidado no chão úmido e nas folhas caídas percebi que a música parecia vir de algum ponto dentro daquela vegetação a mata Ali era tão densa que mal dava para ver o que tinha
à frente e o ar parecia mais pesado a cada passo caminhei mais alguns metros me guiando pelo som quecia me chamar foi então que em meio à escuridão das ávores meus olhos captaram algo que não fazia o menor sentido um barco ele estava ali no meio da Mata encalhado como se alguém tivesse tentado Navegar por terra era um barco velho de madeira escura com partes quebradas e cobertas de musgo como se estivesse ali há anos o que me deixou arrepiado é que não fazia o menor sentido ele estar naquele lugar a vegetação era tão densa
que era impossível alguém ter arrastado aquilo até ali de propósito me aproximei com cautela tentando entender o que estava acontecendo o barco Parecia ter sido abandonado há muito tempo mas o canto o canto ainda estava lá suave vindo de algum lugar que eu não conseguia identificar o barco Parecia um pedaço perdido de algum lugar que o tempo esqueceu cada vez mais perto o canto continuava Mas não tinha como estar vindo de dentro dele era como se o som estivesse ao meu redor ecoando nas árvores no vento em todo lugar e ao mesmo tempo em lugar
nenhum quando cheguei ao lado do barco olhei por cima da borda meio esperando ver algo dentro Mas estava vazio nenhum sinal de vida nenhum vestígio de quem quer que fosse o dono mas o som ele ainda estava ali aquela melodia suave hipnótica parecia me envolver e por um momento esqueci onde estava fiquei ali parado olhando para o barco como se aquilo tivesse algum tipo de controle sobre mim me forcei a dar alguns passos para trás tentando entender o que estava acontecendo o barco não podia estar ali a mata era densa demais mesmo que alguém tivesse
arrastado ele até ali não faria sentido quem faria isso e por quê o vento soprou de repente e por um instante o canto ficou mais alto como se estivesse mais próximo eu senti um calafrio subir pela espinha algo dentro de mim dizia que eu não devia estar ali que aquele lugar tinha alguma coisa errada olhei em volta sentindo a pressão do Silêncio ao redor E decidi que já era hora de voltar comecei a andar de volta para o barco mas a melodia não parava pelo contrário parecia que estava me seguindo cada vez mais perto mais
insistente eu tentava ignorar mas meus passos aceleravam sem que eu percebesse o som parecia estar dentro da minha cabeça agora se misturando ao som das Folhas sob meus pés e a minha própria respiração ofegante quando finalmente Cheguei ao barco entrei o mais rápido que pude e soltei A Âncora a melodia diminuiu de intensidade Mas eu ainda a ouvia distante como um Eco olhei para trás em direção à mata e mesmo sabendo que não deveria senti que aquela história ainda não tinha acabado antes de sair em busca daquela melodia estranha eu tinha montado uma barraca improvisada
perto da margem do Lago com a intenção de passar a noite por ali já estava escurecendo quando voltei ainda meio atordoado Com tudo o que tinha acontecido a melodia que antes parecia estar por todo lado começou a infra quecer conforme eu me afastava do barco e da Mata densa o caminho de volta foi tranquilo e o som parecia ficar cadavez mais distante como se estivesse perdendo força ainda dava para ouvir mas bem de longe como um sussurro que desaparecia com o vento quando cheguei na Minha barraca a melodia já era quase imperceptível isso me troue
uma sensação de alívio era como se eu tivesse deixado aquilo para trás pelo menos por enquanto Me agachei para preparar algo rápido para comer já que o dia tinha sido longo e perturbador acendi o fogareiro joguei algumas coisas na panela e fiquei ali tentando afastar da mente o que tinha acontecido mais cedo enquanto o cheiro de comida tomava conta do ar olhei para o lago à minha frente a superfície estava calma refletindo a luz fraca das estrelas que começavam a aparecer no céu comi em silêncio a cabeça ainda cheia de perguntas mas o cansaço físico
começou a vencer qualquer inquietação Decidi que a melhor coisa a fazer seria descansar quanto mais eu me concentrava no que estava ao meu redor menos aquela melodia me incomodava parecia que o lago com toda a sua calma e tranquilidade estava me protegendo de algo que eu não entendia entrei na barraca deitei no saco de dormir e fiquei escutando os sons da noite O Vento balançava levemente as árvores e o barulho da água nas margens do Lago era quase hipnótico por um instante Pensei ter ouvido de novo o eco distante daquela melodia mas logo desisti de
prestar atenção a noite passou sem maiores problemas eu dormi profundamente como se o peso do cansaço tivesse me puxado para o sono quando acordei na manhã seguinte o sol já estava nascendo iluminando o lago de um jeito bonito e tranquilo como se nada de estranho tivesse acontecido no dia anterior apesar do que eu tinha visto e ouvido a sensação de normalidade naquela manhã me deu a impressão de que talvez tudo não passasse de um jogo da minha mente quando o sol começou a subir no horizonte trazendo uma luz suave e calorosa eu me sentia mais
confiante para voltar até aquele lugar na mata com a claridade do dia tudo parecia menos assustador e eu queria entender melhor o que era aquele barco que tinha encontrado na noite anterior a melodia havia desaparecido completamente e o lago agora só emitia os sons típicos da natureza Peguei minhas coisas e comecei a caminhar em direção ao ponto onde havia seg som a vegetação ainda era densa mas com o dia Claro parecia muito mais fácil de atravessar ao me aproximar da área onde havia encontrado o barco na noite anterior comecei a perceber algo estranho o barco
que na escuridão da noite estava claramente encalhado entre a vegetação agora não estava mais lá minha mente deu um salto Fiquei parado olhando fixamente para o local ama e o solo ao redor ainda tinham marcas profundas como se algo pesado tivesse estado ali mas o barco tinha simplesmente desaparecido caminhei em volta procurando algum sinal de como Alguém poderia ter tirado um barco daquele tamanho do meio de uma mata tão densa mas não havia nenhuma trilha nenhum indício de que alguém tivesse estado por ali era impossível não havia como alguém ter movido aquilo de lá em
tão pouco tempo e menos ainda sem deixar rastros a mata fechada não permitia que um barco daquele tamanho passasse por ali facilmente mesmo com equipamentos aquilo teria sido um trabalho demorado e árduo e não havia marcas de trilhas recentes eu ainda tentava entender o que estava acontecendo tudo parecia irreal o barco estava lá na noite anterior e agora havia sumido sem deixar vestígios além das marcas no chão senti um gelo na espinha ao pensar que talvez aquilo não fosse algo que eu pudesse explicar de forma lógica decidi que era a hora de voltar para o
acampamento arrumar minhas coisas e sair dali o mais rápido possível enquanto caminhava até meu barco comecei a ouvir novamente a mesma melodia suave que me atraiu na noite anterior dessa vez ela parecia mais distante mas algo no tom era diferente como se estivesse se aproximando devagar parei por um instante tentando localizar de onde vinha o som mas ele parecia cercar tudo à minha volta subi no barco e voltei para a margem onde estava meu acampamento enquanto arrumava minhas coisas para ir embora resolvi dar mais uma olhada para o lago Foi então que eu vi o
mesmo barco que tinha desaparecido da Mata estava agora na água flutuando tranquilamente perto da margem Só que desta vez a havia alguém a bordo uma figura de pé vestida de branco estava parada no meio do barco completamente imóvel era impossível ver o rosto com clareza mas eu podia sentir seus olhos me encarando o vento que estava parado até então Parecia ter começado a soprar levemente fazendo o barco balançar de um lado para o outro a melodia suave começou novamente mas dessa vez parecia vir diretamente da figura no barco ecoando pelo Lago o som era ao
mesmo tempo hipnótico e aterrorizante Como se quisesse me atrair para a água fiquei paralisado por alguns segundos tentando entender o que estava acontecendo o barco que antes estava imóvel começou a se aproximar lentamente da margem sem que ninguém rasse foi nesse momento que o pavor tomou conta de mim resolvi sair dali o mais rápido possível enquanto Me afastava arrisquei um último olhar para trás o barco continuava lá mas agora estava vazio a figura havia desaparecido o som da melodia sumiu de repente como se nunca tivesse existido desde aquele dia nunca mais voltei à aquele Lago
e até hoje não consigo explicar o que vi