hoje eu vou falar hoje do sérgio buarque de holanda para muitos um dos maiores historiadores sociólogos que constituem a formação do pensamento brasileiro é sérgio buarque escreveu 1936 uma das suas principais obras se chama raízes do brasil depois de uma razoável estadia na alemanha negócio de 27 como correspondente jornais aqui em são paulo o sérgio buarque foi para alemanha onde ele teve acesso a obras como de marcos ver se meu walter benjamin adorno entre outros grandes e ilustres intelectuais da primeira metade do século 20 na alemanha ele mesmo chegou a entrevistar thomas mann na alemanha
e quando ele volta ao brasil na semana de 36 lembrando que ele chegou a participar ainda muito jovem da semana de 22 ele tinha 15 6 a 7 horas mais ou menos ele participou dessa geração modernista e de alguma maneira sua obra vai dialogar com essa ideia de buscar uma identidade o brasileiro tem mesmo que oswald de andrade trabalhava dentro por fazia o mário de andrade macunaíma e eis que aparece sérgio buarque com uma interpretação em sair sexta mas de caráter sociológico o estudo das mentalidades como ele mesmo vai dizer e a sua obra vai
destacar talvez um dos conceitos mais interessantes que interessante que nós temos o pensamento sociológico brasileiro que o conceito de homem cordial ele vai dizer que uma das principais marcas do brasileiro é a cordialidade ea que a gente tem que abrir todas as aspas e ressalvas em relação esse conceito porque exatamente sérgio buarque e não entendi a cordialidade como bondade e generosidade é o qualquer outro tipo de relação benéfica cordialidade em latim vem do cordis né que é o coração então agir com coração e agir com afetos e esses afetos no final das contas acabam mais
carão nas relações de conflito e violência da nossa sociedade e a gente pensar a respeito do que que o homem cordial o que é por exemplo a relação entre empregada doméstica e a patroa aqui no brasil eu diria que o brasil é um dos poucos países do mundo em que a empregada doméstica se transforma na amiga íntima da patroa ainda que ela receba um salário miserável e ainda que ela de alguma maneira seja explorada limpando a sujeira da sua patroa é uma relação de intimidade profunda que o sérgio buarque acaba mostrando o que é totalmente
inversa do tipo de racionalidade relações formais que os países que tiveram algum grau de influência protestante acabaram desenvolvendo que era aquilo que o verbo é chamava de ética do trabalho invés da ética no trabalho que desenvolveu aqui no brasil que o sérgio buarque chama de ética da aventura que tem um caráter muito mais espontâneo um caráter é pouco racional em termos de domínio sobre o mundo e de formalização das relações sociais então a gente percebe no final das contas que no brasil as relações afetuosas elas predominam vejam que por exemplo machismo do e ele é
entre aspas cheio de brincadeiras afeto sem final uma relação explícita necessariamente violento poderão que não haja mas muita gente tenta mascarar a violência através dessa forma nós vemos também esse conceito de cordialidade como um verdadeiro ataque ao pensamento do gilberto freyre escreveu em 1933 casagrande sem sal seja três anos antes de raízes do brasil de sérgio buarque essa obra gilberto freyre faz uma verdadeira interpretação nostálgica do que teria sido a escravidão no brasil praticamente demonstrando que a escravidão foi benéfica para o negro e para o processo de formação da nossa sociedade esquecendo-se no final das
contas que a população negra na época colonial vivem e seis ovos em lugares de são luís que eram violentados massacrados punidos e mortos e ainda assim gilberto freyre que uma visão direita lógica e ao mesmo tempo nostálgica do que teria sido a escravidão aqui no país qualquer menção o tio a positiva sobre a escravidão no brasil é uma visão cordial que mascara os conflitos sérgio buarque quis dizer sim que a cordialidade é uma característica lógico que existe aqui no brasil ela fortalece o que se chama de patrimonialismo ou seja a profunda relação íntima que a
gente tem três esfera privada esfera pública o que possibilita a expansão entre outras coisas da corrupção mas não só isso a questão é que tenta se tirar vantagem de toda a situação e ao mesmo tempo buscar o menor esforço e o maior ganho nesses casos todos a cordialidade ela representaria uma relação social hipócrita uma relação de mascaramento das violências uma relação em que os afetos acabam colocando debaixo do tapete todos os nossos conflitos então vejam que é muito comum muitos conhecidos provavelmente de quem agora me escuta usar o seguinte frase bons tempos aqueles da ditadura
não venha falar de corrupção também não quer ser um comentário absolutamente absurdo né se a pessoa não eu vou falar de um corpo só porque havia censura fora o fato de que tem muita gente que até hoje chega dizer aqui da ditadura não tinha violência etc é bom que tinha pessoas eram mortas pessoas que lutavam pelo direito de liberdade de expressão e de outras coisas ou como quem diz que a escravidão no brasil foi mais adocicada quem diz desista gilberto freyre ele disse que no brasil existe uma uma espécie de democracia racial e morrison apareça
com esse conceito exatamente democracia racional obra de gilberto freyre mas se o termo democracia social o gilberto velho e tenta mostrar que no brasil não há racismo por exemplo desculpa assim com a racismo eu abri o que acontece que o nosso racismo é mascarado por relações de afeto estão vira e mexe às vezes a gente ia até encontra pessoas mais idosas fizemos seguinte olha eu conheci um negro de alma branca eu vejo que isso é de uma violência ao mesmo tempo de uma profunda afetuosidade essa cordialidade é uma maneira de mascar a essas relações de
conflito então é isso ocorre não só com a população negra principalmente nas relações patriarcais um bando nas mulheres e felizmente aqui nesse país a gente pode pensar também em outras relações de conflito que nós temos que eu me recordo é que alguns anos atrás no início desse século nós tivemos um plebiscito para decidir se poderia ou não a ver o porte de armas aí a venda dessas e até um certo momento as pesquisas indicavam durante esse processo todo que a campanha do não para não vender mais armas tava ganhando disparado até que a essa campanha
foi parar na tv financiada publicamente e as pessoas que defendiam a vida de armas a campanha que defende essa posição dizer o seguinte olha o brasileiro é cordial paga seus impostos é um cidadão de bem e tem que andar armado e se caso eles usaram ter um cordial sem perceber o que o sérgio buarque talvez sem nunca ter ido pro sérgio buarque quis dizer que significa o quê que temos um paradoxo bom cidadão que anda armado não é isso é pura cordialidade então como que um povo o pacífico consegue ao mesmo tempo ser tão violento
basta a gente pegar os índices de violência contra os negros contra as mulheres até mesmo idosos né de certa maneira então a gente vê que essa ideia de que nós somos um povo pacífico é uma mera fachada sérgio buarque mostra que essa fachada é consolidada por relações de profundo afeto quando na verdade esses afetos mascaram violências que são cotidianas e corriqueiras basta vermos também a forma como a polícia trata a classe média branca brasileira em bairros nobres por exemplo e como trata a população negra e periférica envio mesmo policial que é cumprimenta de repente um
branco na rua ou num bairro nobre é o mesmo que provavelmente venha de uma maneira muito discriminatória parar um negro na rua e de alguma maneira revistá-lo as relações de conflito no brasil não são é profundamente específicas elas passam por essas relações de mascaramento pelo menos um discurso porque a violên e nós ela é absolutamente visível então ser cordial significa agir de uma maneira hipócrita mascarar os conflitos significa uma profunda relação de afeto mas esses afetos muitas vezes acabam como eu falei por esconder os nossos conflitos voltando a ideia do patrimonialismo é importante lembrar que
o sérgio buarque foi o primeiro a usar esse conceito aqui no brasil e depois ele vai influenciar outros grandes pensadores desde florestan fernandes raimundo favor mais o que se entende como patrimonialismo é invasão de interesses privados na esfera pública porém quando a gente fala dessas relações de construção de invasão de interesse público vai ser a privada eu diria que com afetuosidade sua aqui no brasil nós abrimos regra para todo exceção eu que sou professor sempre tem um final de semestre o aluno história e faltas ou falta meio ponto para passar e me disse professor dá
um jeitinho para vir a provar que a gente vê um sujeito de repente estacionado na vaga ali do deficiente só são cinco minutinhos reparem que o uso do diminutivo ajuda e essas relações de afeto é isso que o sérgio barco está mostrando invés de escrever isso da obra até mesmo a relação com o santos é cordial então temos as orações para o são longuinho a quem terá casar põe o santo antônio de ponta-cabeça vejam que parece uma relação profundamente e íntima quase como se o santo fosse um membro da família pode comparar com as religiões
orientais praticamente ninguém gosta de ninguém né então é uma forma muito mais formal ou eu diria até mesmo um certo grau de racionalidade de contemplar a própria fé aqui não necessários afetos o corpo então de alguma maneira voltando essa ideia dos afetos relacionados agora sim a ideia da violência e também do mascaramento dessa violência a gente vê que no brasil a gente acaba encontrando uma exceção para toda a regra e isso cidade uma maneira affettuosi significa que corrupção tem todo lugar do mundo mas com afeto só no brasil né então sempre a gente diz dá
um jeitinho abro uma exceção é perto da mata muitos inspirando no sérgio buarque de holanda tem um texto em que ele vai dizer que por exemplo quando o brasileiro briga com outro geralmente ele disse sabe com quem você tá falando seja seu amigo do fulano ciclano eu tiro todo tipo de vantagem por ter algum tipo de privilégio enquanto que países saxões a inglaterra estados unidos que também tem origem inglesa claro nela formação do seu povo quando o indivíduo brigar com outro disso da mata que se diz quem é você para falar assim comigo ou seja
quem você perante as leis que nos torna a todos iguais para tentar tirar alguma vantagem então tanto da mata com o sérgio buarque que inauguro esse tipo de interpretação ele vai ver que esse tipo de relação afetuoso acaba criando não sou exceção para toda a regra como também permitindo uma corrupção com caráter afetuoso então sérgio buarque por favor nunca defendeu o liberalismo ele nunca disse ser conservador no final da obra dele eu que estudei bastante sérgio buarque meu mestrado ele vai mesmo dizer que o a solucionar o problema do brasil era uma revolução vertical popular
de baixo para cima mas jamais o liberalismo gostou desse vídeo então aproveite porque tem muita coisa boa te esperando aqui inscreva-se e e aí