Hoje, nós vamos falar sobre o diagnóstico diferencial entre o autismo e TAG, o transtorno da ansiedade generalizada, porque outro dia, em uma aula, uma pessoa me perguntou: "Mas então, qual é a diferença? Será que essas duas condições podem ser confundidas em algum momento? " E como nós estamos aqui na nossa série de diagnósticos diferenciais, eu quis trazer esse tema hoje.
Para quem não me conhece, meu nome é Lídia Pereira. Aqui na comunidade, nós falamos sobre vários temas: autismo, altas habilidades e superdotação, e também outras condições que podem tornar o ser humano único, singular e às vezes espectral. Nós não falamos só sobre problemas aqui; aliás, o nosso objetivo é que você use o seu potencial e as suas características a seu favor, a favor do seu desenvolvimento.
Então, por favor, se inscreva no canal, já deixe aí o seu like e vamos ao nosso tema de hoje. Então, começando pelo transtorno da ansiedade generalizada, o principal ponto, a principal característica, é a preocupação. O DSM-5-TR justamente traz, já no critério A, que o primeiro sinal é ansiedade e a preocupação excessiva.
Então, tanto a ansiedade, claro, quanto as preocupações excessivas, descontextualizadas, às vezes desproporcionais, com uma expectativa apreensiva, ocorrem na maioria dos dias e precisam ser observadas por pelo menos seis meses para que o diagnóstico seja aventado. E aí onde nós vemos essa preocupação, né? Essa ansiedade excessiva.
Bom, se é generalizado, nós vamos ver em vários eventos, em vários contextos, em diversas atividades, como em relação ao desempenho escolar. Às vezes, a pessoa tem muita preocupação com a família, com os filhos, com as atividades profissionais. Às vezes, tem esse aspecto perfeccionista que acaba repercutindo em outras áreas e se transforma, ou às vezes acaba se configurando como um transtorno de ansiedade generalizada.
O critério B fala justamente sobre essa dificuldade em controlar, em manejar, em regular as suas próprias emoções. E, mais especificamente, essa preocupação excessiva, desproporcional, descontextualizada. O critério C traz seis características, e dessas seis, a pessoa precisa ter pelo menos três para que o diagnóstico seja fechado.
Essas seis características são: a inquietação ou a sensação de estar com os nervos à flor da pele. O DSM fala, sim, literalmente, e ele usa essa figura de linguagem, né? Estar com os nervos à flor da pele.
Mas, às vezes, a pessoa vai reproduzir, vai descrever como uma tensão muito excessiva. O segundo ponto é a fatigabilidade; então, a pessoa está sempre drenada, cansada, exausta. Faz poucas atividades e já fica drenada, fica muito cansada.
Então, a fadiga é um outro ponto. O terceiro é a dificuldade em se concentrar ou a sensação de ter "branco", ou um "fog" mental, de que tem uma nuvem no cérebro. Vejo só como outras condições podem ser aventadas por causa dessas condições cognitivas.
Então, por isso, a gente precisa saber, precisa compreender o DSM todo, se possível, ou pelo menos investigar, porque outras condições podem causar essa repercussão cognitiva, quase todas, aliás. E aí a pessoa pode considerar, pode fazer a hipótese de que ela tenha autismo ou que tenha TDAH, porque, olha só, falta concentração aqui. É claro que, se a pessoa está sempre preocupada, ela fica com a mente dividida.
A cognição, né? Não consegue se concentrar no presente, na atividade que está fazendo, e pode, sim, perder muito rendimento, tanto acadêmico quanto profissional. O quarto ponto é a irritabilidade.
E aí a pessoa que está preocupada, naturalmente, pode ser mais ríspida; ela pode ter esse aspecto muito perfeccionista, então vai ficar irritada se as coisas não seguem a previsibilidade. Novamente, observem como esse aspecto, né, esse critério pode levar algumas pessoas a considerarem o diagnóstico de autismo, porque ter irritabilidade quando algo é imprevisível, quando existe algo que a pessoa não controla, também pode fazer parte do autismo, né, dos critérios, principalmente do critério B do autismo. Mas aqui a ansiedade é generalizada.
E lembrando que a pessoa pode ter, sim, as duas condições; aliás, mais de 60% das mulheres também têm ansiedade, algum tipo de ansiedade, e o TAG, o transtorno de ansiedade generalizada, é um dos mais frequentes. O quinto fator aqui no critério C é a tensão muscular. Então, a pessoa está sempre rígida, sempre tensa e, às vezes, realmente não consegue relaxar à noite.
Às vezes precisa fazer massagem porque a preocupação traz essa tensão muscular. Às vezes bruxismo; a pessoa quebra a placa que está sendo usada para auxiliar, evitar justamente que tenha algum prejuízo ali na arcada dentária, e a pessoa, de tanta tensão no maxilar, acaba às vezes quebrando, né, esse dispositivo, essa órtese. E o sexto ponto é a perturbação do sono.
Aí, novamente, a dificuldade de conciliar ou de manter o sono, ou ter também uma baixa qualidade, não ter, né, o sono como deveria; acordar muito mal, não ter um sono reparador, ficar muito inquieto à noite. Muitas pessoas falam: "Eu passo a noite inteira trabalhando, tentando corrigir um problema, solucionar as minhas questões", ou seja, passa a noite preocupada e ocupada, né? Muito ocupada durante um momento que deveria ser de relaxamento.
O critério D é que a ansiedade e a preocupação, os sintomas físicos, causam sofrimento. Então, vai falar sobre os prejuízos clinicamente significativos, tanto na área social, como profissional, na familiar também. E o critério E fala que a perturbação não vai ser atribuível a efeitos, por exemplo, fisiológicos de uma substância, como uma droga, um medicamento ou uma condição médica, como o hipertireoidismo, a hipomania também.
Então, nós precisamos observar, né, se esse agito, a preocupação ou se essa tensão não é uma outra questão. Inclusive, é necessário descartar causas físicas em qualquer diagnóstico. Então, o diagnóstico diferencial passa por essa avaliação física também.
E o critério F é que a perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental. E é aqui que nós chegamos. A nessa fase, né, de falar sobre o diagnóstico diferencial entre o transtorno da ansiedade generalizada e o autismo, então aqui nós percebemos que a pessoa tem essa tendência a querer controlar o ambiente dela, controlar as atividades para que ela tenha previsibilidade e, portanto, não se preocupe excessivamente.
Isso é muito compatível com o critério B. Mas e o critério A? Onde está?
Então, esse é um ponto de diferenciação. A pessoa que tem TAG pode ser extremamente articulada, pode ter a percepção social excelente, reciprocidade socioemocional, pode ter a comunicação não verbal muito efetiva, pode saber iniciar, compreender e fazer a manutenção dos relacionamentos. Isso pode estar tudo preservado, mas, às vezes, por causa da ansiedade, a pessoa também pode ter dificuldades sociais, como o próprio DSM cita.
Só que existe precocidade. Será que houve alguma alteração no neurodesenvolvimento? Porque o transtorno do espectro autista é um transtorno do neurodesenvolvimento, portanto, nós esperamos precocidade dos sinais, mesmo que eles não estejam plenamente manifestos.
Existe essa precocidade já no TAG? Não necessariamente. A criança pequenininha pode, sim, ter as suas preocupações, mas geralmente aparece, né, mais tardiamente, por questões mesmo, por situações que fogem ao controle dela, ou, às vezes, situações adversas, experiências, vivências adversas, como negligência, exigência demais no ambiente, e vários fatores podem contribuir.
Mas esses são pontos que nos ajudam a fazer o diagnóstico diferencial. Em alguns casos, às vezes, o médico faz uma intervenção. Por exemplo, quando é o médico, é o psiquiatra, e ele faz a intervenção farmacológica.
A depender da resposta à intervenção, também nós vamos ter mais dados e saber diferenciar com maior precisão. Então, espero que o nosso tema, a nossa conversa aqui tenha sido útil. Deixe, por favor, nos comentários o que você já pensou sobre esse assunto, se você também já teve essa dúvida, se imaginou que TAG e TEA pudessem ser confundidos em algum momento.
Vou amar ler o seu comentário. Curta o vídeo, se inscreva no canal e envie essa matéria, esse conteúdo, para os seus amigos. Grande abraço e até breve!
Tchau, tchau!