No vídeo de hoje você vai descobrir se tem problema trocar o remédio de marca por um remédio genérico. Por que os genéricos são tão mais baratos? Será que eles realmente têm uma qualidade pior?
Todo mês, quando cai o salário, Lucrécio compra um remédio chamado Cozaar para controlar a sua hipertensão. Uma caixa de Cozaar custa em torno de 60 reais na farmácia do bairro. Mas especialmente hoje, a farmácia preferida de Lucrécio está fechada e ele precisou ir em uma que não conhecia.
Lá, o farmacêutico oferece pra Lucrécio uma proposta tentadora: um remédio genérico, que faz o mesmo efeito do Cozaar, conhecido pelo nome de Losartana potássica, custando APENAS 8 reais. Você já ouviu aquele ditado que quando a esmola é demais, o santo desconfia? Comenta aqui embaixo o que você faria no lugar do Lucrécio.
Compraria o genérico para economizar ou ainda compraria o remédio mais caro? Para entender essa diferença de preço e se de fato eles são iguais, precisamos entender como esses e milhares de outros remédios são desenvolvidos. Era 1986, quando cientistas americanos alcançaram um grande marco na medicina: criaram uma molécula que diminuía a contração dos vasos sanguíneos e, com isso, diminuía a pressão do sangue passando lá dentro.
Essa molécula inovadora foi chamada de losartana, que anos mais tarde chegaria no mercado com a marca registrada Cozaar. Mas antes de virar de fato um remédio para hipertensão, ela teve que passar por testes em humanos, os famosos testes clínicos, que eu expliquei com detalhes nesse vídeo aqui. O primeiro passo foi testar a losartana em pessoas saudáveis para avaliar se ela era segura.
Depois, a losartana foi testada em pessoas hipertensas para descobrir se ela seria eficaz contra a doença. Mais de 9 mil pessoas participaram desses testes e foram acompanhadas por até 5 anos. Foi só depois dos testes que foi possível descobrir os efeitos colaterais e a eficácia da losartana contra hipertensão.
Da sua descoberta até a aprovação nos Estados Unidos, demorou quase 10 anos. Foi quando ela entrou no mercado e virou um remédio de referência com o nome de Cozaar. Todo esse processo encarece muito o desenvolvimento de novos medicamentos.
Pode chegar na casa dos bilhões de dólares porque é necessário acompanhar todo mundo durante meses ou anos. E existem muitas incertezas. O medicamento pode não ser eficaz e podem até surgir efeitos colaterais graves imprevistos, o que leva a pesquisa à estaca zero.
Nesse caso, a empresa farmacêutica "perde" o investimento bilionário. E é claro que quem paga pelo custo de desenvolvimento, pelo risco e pela importação de remédios de referência somos eu e você. É por isso que remédios de referência são tão caros.
Mas por que uma empresa concorrente não vai lá no primeiro dia depois do lançamento e copia a fórmula, lançando um remédio muito mais barato no mercado pra quebrar a concorrência? Pode fazer isso? Se isso fosse possível, não haveria nenhum medicamento nas prateleiras, porque sem a garantia de exclusividade comercial, nenhuma empresa farmacêutica sequer iniciaria uma pesquisa.
Seria muito gasto pra pouco retorno. Por isso, existe uma espécie de compensação pela inovação tecnológica, a empresa pode patentear o remédio que ela criou e ganhar até 20 anos de exclusividade comercial. Só depois dos 20 anos é que outros laboratórios podem produzir e vender esse mesmo remédio.
Só que a patente divulga tudo, pessoal: a fórmula, a dose ideal e como o remédio é feito. E além disso, os resultados de segurança e eficácia estão todos publicados. No exato dia em que a patente vencer, é só pegar essas informações para produzir uma cópia idêntica do remédio sem gastar bilhões de dólares com testes em humanos.
É assim que são feitos os remédios genéricos e, justamente por isso, eles são muito mais baratos. Mas, será que o genérico funciona exatamente igual ao remédio de referência? Eles são… confiáveis?
Não basta o remédio genérico imitar a forma de produção do remédio de referência. Ele tem que agir da mesma forma no organismo para ser tão seguro e eficaz quanto ele. Mas fique tranquilo.
Todo remédio genérico passa pelos chamados testes de equivalência. Ele vai ser comparado com o remédio de referência, que é o remédio original. O genérico tem que ter exatamente a mesma composição, forma de uso e até prazo de validade.
Se o remédio de referência é a Novalgina, um frasco conta gotas com 500 miligramas por mL de dipirona sódica, que é o princípio ativo do remédio, o genérico também vai ser vendido em conta gotas com 500 miligramas por mL. Se estiver tudo certo na composição do genérico, ele também é testado em humanos. Um grupo de voluntários toma o genérico e fica em observação fazendo vários exames de sangue.
O tempo que demora para o genérico ser absorvido, a quantidade do princípio ativo no sangue e o tempo que ele demora para ser eliminado do corpo não pode variar mais do que 20% em relação ao remédio de referência. Isso evita de você tomar um remédio genérico que vai ser eliminado tão rápido que não dá tempo de gerar o efeito que deveria. E só depois de ser aprovado por todos esses testes é que o remédio ganha aquela tarja amarela na embalagem, com um G bem grande, e a autorização para ser vendido nas farmácias.
Desse momento em diante, o farmacêutico pode te passar o genérico mesmo que o médico tenha receitado o remédio de referência usando o nome de marca dele. Isso é direito seu, garantido por lei desde 1999. A lei também garante que os genéricos custem pelo menos 35% a menos que o remédio de referência.
Enquanto eles estiverem no mercado vão passar pelo controle de qualidade da Anvisa de tempos em tempos. Muita gente não sabe disso e acha que os genéricos são baratos porque têm qualidade inferior. Mas não tem nada disso.
Inclusive é comum a mesma empresa farmacêutica produzir o remédio de referência e o próprio genérico. É o mesmo produto, só que vendido em embalagens diferentes, então fica ligado. Deixa o seu like aqui no vídeo para essa informação valiosa chegar em quem duvida dos genéricos.
Bom, mas se os genéricos têm a mesma qualidade dos remédios de referência, por que que às vezes eu vou na farmácia e não deixam eu trocar o remédio que o médico colocou na receita? E além disso, por que tanta gente diz que o genérico não tem o mesmo efeito? Será que eles não funcionam para todo mundo?
Bom, eu vou te deixar com a pulga atrás da orelha por enquanto, porque agora eu vou te mostrar que às vezes um produto de marca pode sim ter um baita diferencial. Esse é o caso dos produtos da Insider. Agora você vai gostar, olha só.
Uma das minhas metas de 2023 é fazer caminhada em pelo menos 300 dias do ano. Só que um problema é que na cidade que eu moro chove muito, praticamente umas 2x por semana, o que desanima demais de sair né. Pois é, mas eis que a Insider me manda 2 produtos que casaram perfeitamente pra resolver esse impasse.
O primeiro é o Future Shorts, com tecnologia hidrorrepelente, ou seja, resitente à água. Pessoal, ele é super confortável, é muito difícil de molhar e seca rápido, beleza? E o segundo é o boné Urban Cap, que também tem o mesmo tecido resistente à água, é muito levinho e bem gostoso de usar.
Agora se liga no teste que eu fiz no tecido pra comprovar que eles realmente não molham com facilidade. Vocês viram que funcionou né? A Insider é parceira nossa aqui no Olá, Ciência e quem me acompanha de perto sabe que desde o momento que eu toquei nas roupas que eles me mandaram, eu praticamente só uso Insider todo dia.
Mas é melhor repetir roupa boa e que vai durar do que variar roupa ruim né galera, convenhamos… E pra você começar o ano com pé direito e aproveitar o Future Shorts, o Urban Cap, e toda a gama de opções que a Insider têm pra você, entra no site deles pelo link da descrição, e usa o cupom OLACIENCIA12 na hora da compra pra garantir 12% de desconto. Não use genéricos, nesse caso use Insider. Agora de volta, cabelinho no jeito.
Agora se o seu desejo é tomar um medicamento com a mesma qualidade do de referência, aí sim, você pode buscar um genérico. Mas por que algumas pessoas dizem que eles não estão funcionando da mesma forma? Bom, o problema pode não estar no genérico.
Talvez a pessoa acha que está tomando um remédio com um certo princípio ativo, mas sem saber, ela está tomando um outro tipo de remédio chamado similar. E isso pode ser um problema. Além do remédio de referência e do genérico, existe um outro tipo, o remédio similar.
Você já tinha ouvido falar? Ele não é um remédio criado do zero, é uma cópia de um remédio de referência. Eu sei que pode parecer confuso, porque o remédio genérico também é uma cópia do de referência.
Mas enquanto o genérico é uma cópia idêntica, o remédio similar pode ter algumas diferenças: o de referência às vezes pode ser em gotas e o similar pode ser em cápsula, o de referência pode ter um tipo de conservante e um prazo de validade, o similar pode ter outro… Mas o similar mantém o mesmo princípio ativo, dose e indicação de uso. Agora, uma diferença pros genéricos é que os remédios têm uma marca registrada. Por isso, eles aparecem em propagandas e muitas vezes ficam mais conhecidos até que o próprio remédio de referência.
É o caso do Neosoro, por exemplo, muito usado para descongestionar o nariz. Mas talvez você não saiba que ele é um similar né. Quem passou por todos os testes primeiro, o remédio original, foi o Sorine adulto.
Então o Neoroso é o similar do Sorine. E galera, ser similar não é problema. Não precisa abandonar o Neosoro por isso.
Desde 2014, a Anvisa exige que os remédios similares passem por testes de equivalência para comprovar que são tão seguros e eficazes quanto o remédio de referência. Você pode trocar o remédio de referência pelo similar e vice-versa sem prejudicar seu tratamento. Mas o que pode acontecer é você ter a impressão de que um remédio similar funciona melhor que outro pelo fato dele ser uma cópia modificada.
Por exemplo, pensando em um remédio de referência que vem em um comprimido, o similar pode vir em uma cápsula com líquido dentro. A absorção de líquidos é mais rápida e o tempo que ele demora para fazer efeito seria menor por causa disso. Parece que o similar é melhor, mas é só a absorção que é diferente.
O efeito final é o mesmo. Mas atenção que não é todo remédio que pode ser trocado! O remédio genérico é equivalente ao remédio de referência, assim como o remédio similar é equivalente ao de referência também.
Sendo assim, é natural pensar que o genérico vai ser equivalente ao similar. Mas não é bem assim. Quando a gente fala de ciência e saúde, não basta parecer igual, tem que demonstrar ser equivalente, e hoje não são feitos testes de equivalência entre os genéricos e os similares.
Os efeitos podem ser ligeiramente diferentes quando eles são comparados. É por isso que às vezes você chega com a receita médica de um remédio similar e não pode substituir pelo genérico. Quantas vezes isso já aconteceu com você?
Saber disso vai fazer toda a diferença na hora de comprar os seus remédios e essa informação vale um like nesse vídeo né? Muita gente diz que sente uma piora no efeito quando troca um remédio de marca por um genérico. Mas aí quando vai ver, esse “remédio de marca” era um similar que nem poderia ser substituído por um genérico para começo de conversa.
Se o médico receitou o remédio original, ou seja, o remédio de referência, pode trocar por genérico ou por qualquer remédio similar disponível. Se ele receitou o genérico, ou seja, ele escreveu o nome do princípio ativo, só pode trocar pelo remédio de referência. E se ele receitou um similar, também só pode trocar pelo remédio de referência.
O que não pode fazer é trocar genérico por similar ou o similar X pelo similar Y. Para evitar essa confusão é só mostrar a sua receita para o farmacêutico. É ele vai te dizer se dá para trocar seu remédio por outro.
E agora uma dica valiosa: não troque de fabricante no meio do tratamento. Existe uma pequena margem de erro na produção de qualquer remédio, porque eles são fabricados em locais diferentes. Remédio de uma fábrica X e Y podem ser equivalentes, com 10 mg.
Mas analisando bem, você vai ver que o remédio X tem 10,2 mg e o remédio Y tem 9,8 mg. Para a maioria das pessoas essa diferença nem vai ser percebida, mas algumas pessoas podem sentir essa variação. Principalmente se for um remédio que você teve que ajustar a dose, como antidepressivo e remédio para ansiedade.
Não importa se o remédio é de referência, similar ou genérico. Conversa com o seu médico e com o farmacêutico antes de trocar. E outra dica poderosa é não tomar remédios em excesso, principalmente remédios para dor que estão viciando pessoas, como eu explico nesse vídeo aqui.
Espero que você tenha gostado desse vídeo muito completo sobre remédios genéricos, um grande abraço, se torne membro do canal para me apoiar nesse trabalho e eu te vejo no próximo vídeo. Tchau.