Nem perca seu tempo! No dia 16 de janeiro, vai estrear o pior filme já produzido pela Brasil Paralelo, e eu definitivamente te aconselho a não assisti-lo. Meu nome é Fausto. Eu sou um dos profissionais mais experientes de uma empresa que está em constante ascensão, e você, que está me assistindo agora, é um dos meus clientes em potencial. Você só... Mãe, seu pai tem filhos? Se sim, eles também são potenciais clientes. Você não me conhece ou talvez nem acredite na minha existência, mas eu te conheço muito bem. Estou de olho em você diariamente, te aconselhando
a tomar decisões certas que favorecem o meu negócio. Afinal, as suas decisões influenciam diretamente no meu trabalho, e eu não gosto de perder os meus clientes. Sabe aquela voz que te aconselha a liberar a batida nos seus filhos, a curtir a raiva que te faz brigar no trânsito, e até mesmo aquela mentirinha em casa? É minha. É nesses momentos que eu faço parte da sua vida, onde eu trabalho na oficina do diabo. [Música] [Música] Começa mais uma conversa paralela, o seu podcast da Brasil Paralelo. Mais uma vez, boa noite, meu querido Arthur. Boa noite, Lara
Brenner! Que saudade de você! Toda semana estamos aqui na Brasil. Saudade com certeza! Deixa eu dizer uma coisa para você: diga do nosso programa. Hum, eu acredito, né? Foi um dos nossos primeiros, há mais de 100 programas. Então, você quer que eu lembre? Se você não lembra, como eu lembrarei? Olha, eu vou te falar: você fez uma pós-graduação em estilo, Arthur. Ah, pronto! Você tá... Olha, você tá num nível de elegância, Carolina Romanzini, está de parabéns, tá bom? Ela arrasou! Você está um gato! A mulher faz o homem... A mulher faz o homem, é verdade!
Você não está mais um demônio, Arthur; você está um anjo! Nossa, mas eu gostei da sua puxada assim pro tema de hoje. Então, por ser amizade um pouco... Eu ia até comentar da sua roupa. Jordan Peterson, sabe? Comprei para ir justamente à palestra dele e hoje. Então, já que você puxou o tema, já ganhamos força, falaremos sobre anjos e demônios. Sobre anjos e demônios com uma pessoa que tem um currículo, meus amigos, vocês vão ficar chocados! Rafael de Brito! Veja só: é professor e pregador, casado e pai de dois filhos, graduado em Teologia, mestre em
Teologia Dogmática e Fundamental, mestre em Ciências da Religião pela Pontifícia (muito chique esse nome), Rafael. Vou tentar, tá? Faculdade Teológica dela Sardenha, mestre em Filosofia e Ética, e doutorado. E tem doutorado também em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, é doutor em Filosofia e Ética pela Universidade Pontifícia de Salamanca, pós-graduado em São Tomás de Aquino pela Pontifícia Universidade São Tomás da Aquino, Roma. Idealizador do Instituto de Estudos Online São Rafael, o autor trabalha na evangelização no ensino por meio das redes sociais, realizando toda semana lives oracionais e formativas. Depois de um... Carada um
pouquinho... Ele sabe, ele sabe. Vamos falar sobre anjos e demônios. Bem-vindo, querido! Muito obrigado pela acolhida de vocês. É muito bom estar aqui, viu? Ah, o prazer é nosso! Muito bom, principalmente por um assunto que, mesmo entre aqueles que são cristãos ou são religiosos de alguma forma, acho que ainda é um assunto que traz muito misticismo e muitas dúvidas. Assim, acho que a maioria das pessoas não tem contornos claros sobre isso, inclusive sou cheio de dúvidas. Exatamente, nós fizemos uma pauta enorme, né, Rafael? Acho que fazemos bem de começar pela definição de um dos termos,
né? O que caracteriza um anjo e o que caracteriza um demônio? Como eu posso reconhecer cada um deles? Bom, um anjo é um ser. Nós chamamos de anjo justamente pelo ofício desses seres celestiais, seja os anjos que permaneceram fiéis a Deus. Então, quando nós falamos de anjos, estamos falando de anjos bons. Quando nós falamos de demônios, estamos falando de seres da mesma natureza, de espíritos puros que decaíram, que não obedeceram ao Senhor e, portanto, viraram as costas para o propósito e, ao mesmo tempo, para o Senhor. Então, anjos e demônios, na verdade, são sinônimos de
antagônicos, podemos dizer assim, de seres que escolheram o bem ou o mal. Mas a natureza é a mesma. A natureza é a mesma; nasceram iguais, foram criados iguais e têm a mesma natureza, a mesma natureza angelical, né? Exatamente! Mas o que fez com que eles decaíssem? Prova sim. Bom, primeiro, vamos então pegar a nossa profissão de fé, né? Nós começamos, sobretudo, na noite de Páscoa, quando nós temos que professar. Eu gosto muito da nossa profissão de fé do niceno-constantinopolitano que diz: "Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas
visíveis e invisíveis". É aqui que se encontra a nossa pauta. Deus, ao criar, esse Deus é uno e trino, né? Que é o mistério pelo qual nós cremos e professamos. É o mistério central da nossa fé. O fato de que Deus é amor, é ágape. Totalmente! Esse Deus que é relacionamento o tempo inteiro entre si e que, em um determinado momento, na sua explosão de amor, assim, né? Falando uma linguagem poética, como dizíamos, por exemplo, Nicola Cabasilas, um padre oriental que, explodindo de amor, se nesse amor e cria o exílio, né? Fora de si. A
criação nada mais é do que uma expressão e um desejo constante de um Deus amor que quer comunicar esse amor. E assim Deus, ele cria. Ao criar o cosmo, a realidade da sua própria criação, ele vai dividir isso em duas realidades: a realidade invisível, pela qual os nossos olhos não vêm, e a realidade visível, que é a nossa realidade, o mundo. É esse mundo criado, sensível, pelo qual nós somos e o... Mundo invisível é o mundo celestial, e dentro dessa realidade da criação, Deus, com toda a sua grandeza, na criação, Ele coloca no centro desses
dois mundos, dessas duas realidades, dois seres que carregam em si, podemos dizer assim, características próprias, mas ao mesmo tempo em comum, que é o intelecto, a natureza própria de espiritual e, ao mesmo tempo, a vontade, a liberdade, a deliberalidade e o livre arbítrio. No mundo espiritual, nós chamamos de anjos ou seres celestiais, e no mundo visível somos nós, os seres humanos. Em toda a criação de Deus, a coroação dessa criação claramente sempre será o homem, porque Cristo assumiu a nossa natureza. Mas se nós podemos pensar no nosso futuro, o futuro de cada um de nós,
é conviver com os anjos, e esse foi o desejo de Deus desde o seu início, desde o início da sua criação e da sua vontade. Agora, São Tomás de Aquino nos narra algo interessante, pegando também aquilo que os Padres da Igreja e a própria tradição e a revelação foram nos mostrando. Nesse momento, quando nós vemos a criação desse mundo invisível, alguns teólogos, por exemplo, como Francisco Soares, percebem que no Gênesis, Capítulo 1, quando diz "No princípio, Deus criou o céu e a terra". Aí depois, a frase seguinte vai dizer: "E a terra estava em forma
e vazia". Os antigos medievais e também alguns Padres, como Atanásio e Basílio, entendiam este conceito dizendo assim: "Como pode Deus criar algo perfeito, porque Deus é perfeito, mas logo em seguida vai dizer que a terra estava em forma e vazia e as trevas cobriam o abismo?" É justamente aqui que os teólogos, sobretudo Boaventura e Alberto Magno, identificaram que aconteceu alguma coisa nessa criação. Deus ainda não tinha criado, vamos dizer assim, o mundo visível, mas primeiro é uma ordem. No princípio, Deus criou o céu e a terra, e aí fala desta escuridão. Que escuridão é essa?
Aqui que entra aquilo que é a nossa tradição e também aquilo que São Tomás vai dizer sobre a prova dos anjos, a prova desses seres celestiais. A um determinado momento, Deus, ao criar esses seres que são infinitamente maiores em número do que nós podemos calcular. Por exemplo, São Tomás de Aquino nos diz que o número de anjos é maior do que os seres animados e inanimados que nós conhecemos. Meu Deus! Então nós podemos pensar. Se você faz uma pergunta para um biólogo se uma bactéria é um ser vivo, então você pode pensar que dentro da
nossa boca, de manhã cedo, quando a gente acorda com o “bafo de onça”, a gente brinca. Segundo alguns, dizem que nós temos mais de 50 bilhões de bactérias só na boca. Então, você junta todas as bactérias, todos os seres vivos em todos os reinos, depois você faz mais ou menos uma conta. Depois você pega, por exemplo, um grão de areia, que é um ser inanimado, e tudo aquilo que é... aí dá para mais ou menos ter uma ideia da quantidade de anjos, segundo São Tomás de Aquino. Meu Deus! Que loucura! Eu nunca imaginaria isso! Exato!
Aí depois, quando chegar no anjo da guarda, é mais interessante ainda. Nesse sentido, então São Tomás, ele nos diz dons, e ele também defende essa tese. Eu gosto muito daquela história que a gente já escutou em muitos lugares. Que entre esses anjos existia um a qual São Jerônimo deu o nome de Lúcifer, lembrando aquele mito de Eosforo, que era um Deus que anunciava a Aurora da manhã. E Lúcifer, então, era um querubim, o chefe dos querubins, aquele que era o responsável pela comunhão da Ordem da adoração no céu e que Deus havia dado a ele
a missão de poder guardar a sua criação. Portanto, poderíamos dizer, era um dos anjos mais belos do Senhor. Quando Deus, então, revela aos anjos, em um determinado momento, São Tomás usa uma frase muito forte. Ele fala da conversão dos anjos, e é muito importante a gente entender por que ele diz isso. Porque justamente nós, muitas vezes, pensamos que Deus criou os anjos, né? Se tipo, igual robôzinho, tudo pronto, já começa já foi criado, já cantando "glória, aleluia". Não, não foi assim, porque o amor, ele propõe. O amor te deixa livre para que você possa amá-lo.
Jamais uma pessoa poderia dizer que ela te ama se ela te obriga a amá-la. Isso não é amor, isso é relacionamento abusivo, podemos dizer assim, hoje na psicologia. Então, Deus cria os anjos, cria-os perfeitos, mas os convida a entrar na sua presença, na sua graça, na sua beatitude, na visão beatífica. Mas antes desse processo, essa prova, qual é? Deus revela aos anjos que a segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Verbo, vai se tornar homem, o Mistério da Encarnação. Para Tomás de Aquino e para todos os grandes medievais e também para os anciãos, a queda e
o motivo pelo qual existem demônios hoje é porque eles não aceitaram um Deus feito homem e, logo de tabela, não aceitaram a criação de um ser inferior a eles. Nesse momento, então, ao revelar esta realidade de que eles serviriam e adorariam um Deus feito homem, se levanta então este que a tradição chama de Lúcifer, e o seu próprio nome significa "o portador da luz", aquele que era para ser o portador da luz e que ficou, podemos dizer, mais impressionado com a luz que ele carregava por ser portador do que a própria luz em si mesmo,
que é o próprio Deus. E olhando muito para si, não querendo adorar e servir a um ser inferior a ele, ele grita: "Não servirei!" Eh, acontece aquilo que é a guerra no céu que está narrado no livro do Apocalipse, capítulo 12. O mistério maior, ainda nesse processo todo, e já vai dizer para nós também Dons Escoto, quando ele define o Dogma da Imaculada Conceição, ele vai dizer para nós o seguinte: que, na verdade, sim, eh, Lúcifer e seus demônios caíram por não querer obedecer a Deus, uhum, sobretudo à vontade de Deus, feito homem, mas também
porque não quis servir a uma mulher, pela qual entraria neste mundo eh o Filho de Deus. Então, a causa da queda desses anjos, que nós chamamos de demônios, está vinculada justamente a não ter passado na prova e não ter aceitado a vontade de Deus, mas também justamente por causa da mulher. Nós vamos ver isso no Gênesis, né? Que ele vai tentar Eva diretamente antes de Adão. E a promessa que Deus faz, podemos dizer, poderia dizer de um modo bem simplório que a primeira profecia da Bíblia não é feita por um profeta, mas é o próprio
Deus, quando diz à serpente: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e dela." Ora, Deus é justo, e justiça, segundo São Tomás, aqui não é dar a outro aquilo que lhe compete. Portanto, então, se Satanás queria tirar a dignidade do ser humano, ferindo a mulher, por isso que a mulher é tão atacada desde os primórdios. Então, convém que seja uma mulher a esmagar sua cabeça, que Eva, a nova Eva, Nossa Senhora, descendente de Eva, filha de Eva. Que coisa, né? E aí você tem, então, nesse momento, esses anjos que começam a
debater intelectualmente entre eles, né? Porque nós temos que compreender que essa guerra é uma guerra intelectual claramente, que depois as figuras de linguagem também artísticas, de ver os anjos com asas, com armas, enfim, é para que nos aproximemos um pouco mais dessa realidade simbólica, porque o símbolo nos leva a algo a mais. Era até uma pergunta mais para frente que eu ia te fazer, estereótipo fazer, mas tem um significado, tem uma simbologia muito bonita cada tudo isso daí. Mas você tem o quê? Você tem aquele que se levanta no meio deles, que escrevendo, eh, eu,
eu escrevi uma trilogia dos anjos, né, do livro sobre os santos anjos, e tem, e esse livro específico é um livro Miguel, guardião do lugar secreto, uhum. Ele é um Tratado de, pique, nesse livro você aprende de coisas que nunca... Tratado de quê? Desculpa, miologia. Mologia, hum, um estudo teológico sobre São Miguel, sim, segundo a tradição da Igreja, né? Eh, e o que que, quem é Miguel? Miguel nunca foi um anjo menor, ele sempre foi o maior, ele sempre foi o primeiro, e ele se levanta e faz aquilo que, pelo qual a essência dele já
fala. Ele grita: Quem como Deus! Micael, quem como Deus? Miguel não é um nome; Miguel é um brado de um ser apaixonado que defendeu o amor da sua vida. Ele se levanta e grita: quem como Deus? Miguel é um código de adoração. O nome Miguel você vai encontrá-lo, se você parar para pensar: quem é como Deus? Você vai ver esse código intrínseco em toda a Sagrada Escritura, o primeiro mandamento, onde Deus ordena a exclusividade no relacionamento: "Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo teu coração, com toda tua alma, com todo teu entendimento." Né? O Senhor,
o tempo inteiro, através dos profetas, seja no Antigo ou no Novo Testamento, exigindo eh que você tenha exclusividade no seu relacionamento. Você tem, por exemplo, a mãe de um texto muito bonito que é o cântico de Ana, em Samuel, capítulo 3, depois que Ana fica, tem o seu filho, né, que não podia ter, eh, era estérel, ela declara, em um determinado momento, ela diz assim: "Senhor, quem é como tu lá em cima no céu? E não há outro como tu aqui embaixo na terra." Então, essa pergunta "Quem é como Deus?" está por detrás da busca
do ser humano e dos anjos de buscar aquilo que Aristóteles ensinava para nós, eh, na Ética a Nicômaco, que todo ser tende ao bem, e esse bem, ele não pode ficar simplesmente na arte ou na sua capacidade passageira, mas ao bem supremo, que depois Tomás vai nos ensinar que é o próprio Deus. Portanto, esse "quem como Deus" poderíamos traduzir para quem nos assiste uma declaração de amor: "Eu não tenho mais ninguém nessa vida a não ser você." E aí a gente vê uma, eh, na minha visão, né, eu vejo isso, eh, reverberando na vida de
Pedro, quando, em um determinado momento, Pedro e os discípulos vão embora, e Jesus diz: "Olha, por que estão indo embora, né? Porque ficaram muito, é, muito duras as palavras que ele falava em João, capítulo 6." E Jesus diz: "Se vocês quiserem ir embora, podem ir embora também." Aí Pedro responde: "A quem iremos, Senhor? Uhum, se só tu tens palavras de vida eterna." Portanto, o Miguel é maior por quê? Porque ele é o grande. Ele é o chefe das milícias celestiais, e todos os anjos, desde o Serafim mais poderoso até o anjo da guarda mais humilde,
fazem referência a ele, porque Miguel é aquele que reordenou entre os anjos a vocação pela qual foram chamados a ter a Deus como centro. E, nesse momento da queda, nesse momento da queda e nessa prova, eles entram na presença da Luz de Deus, e os outros caem, que são os seres decaídos. Quantos, em média, assim, em termos proporcionais, a gente consegue isso? Um terço caiu. Eu sempre digo, eu sempre ensino isso. Fica tranquilo na sua guerra que você tem passado, não se apavore com os demônios, porque, para cada demônio que tenta contra a tua vida,
você tem dois. Anjos bons que permaneceram fiéis a Deus! Que legal, há uma continuação dessa questão da queda. Você mencionou Lúcifer como um dos mais bonitos, né? Ou o mais bonito dos anjos. Você menciona Miguel como sendo, e esse é o guardião ali dos anjos, o guardião dos outros anjos, inclusive maiores até do que ele. Eu queria entender: maiores no sentido de mais altos, mas não tem uma questão de hierarquia. É isso que eu queria entrar agora, dessa hierarquia angélica, porque hierarquia celestial... ele não é um serafim, por exemplo, um querubim. Então, pelo menos, bom,
aí já pergunto: entendeu? Porque a gente não escuta falar disso e fala que, inclusive, ele era até menor e tal, mas ele, com muita coragem, falou essas palavras, esse brado e tal, daí ficou conhecido também como Miguel e tal. E como se dá, então, essa hierarquia? Se é que ela existe dessa forma, como é que a gente pode vislumbrar isso? Então, vamos pela hierarquia. Bom, primeiro, a hierarquia celeste foi cunhada, pensada, sistematizada por um padre da Igreja que se escondeu atrás de um pseudônimo, né? Pseudo-Dionísio. Ele, muito humilde, era do Oriente, ali da região do
Monte Atos, alguns dizem, outros dizem da região ali da Capadócia. Enfim, o importante é que era da realidade oriental do século V. Pseudo-Dionísio escreveu uma obra chamada "Hierarquia Celeste". Ele foi o primeiro que sistematizou essa ideia da hierarquia, dessa ordem angélica, porque o céu é uma sociedade, a realidade celestial é uma sociedade perfeita. Portanto, tem as suas ordens, tem toda a sua organização. Não é uma bagunça na casa da mãe Joana, né? Então, não existe comunismo no céu, de jeito nenhum. A hierarquia é parte da estrutura da realidade, inclusive angélica. A gente pode dizer exatamente
que, se você parar para pensar, até entre a Trindade existe, não podemos dizer a nível de natureza, mas existe uma precedência: Pai, Filho, Espírito Santo, né? Então, você tem isso daí. A hierarquia é importante a partir do momento em que é uma ordem, né, de todas as coisas, e você vê a realidade hierárquica em tudo, na lei natural, na lei divina, enfim. Mas Pseudo-Dionísio foi o primeiro que sistematizou, olhando a realidade bíblica, a revelação bíblica. Então ele vai dividir em nove coros angélicos, ele vai chamá-los de hierarquia celeste. E dentro dessa hierarquia geral, tem aquilo
que se chama então das três ordens ou três hierarquias internas. Então, na primeira hierarquia, você tem três coros. Então, nove dividido em três claramente honra a Santíssima Trindade, no pensamento dele. E ele vai dividir entre serafins, querubins, tronos, dominações, virtudes, potestades, principados, arcanjos e anjos. A questão do modo como Pseudo-Dionísio sistematizou esta realidade não é um dogma de fé, mas é uma luz que iluminou. Não é vinculante à fé, o fato de que eles estão ordenados desta maneira. Você vai ter São Gregório Magno que vai chancelar, mas, por exemplo, São Gregório Magno era dez e
não nove, enfim, isso é muito tranquilo. O grande problema de Dionísio ao poder fazer essa hierarquia, ele faz uma pirâmide, e aqui, de alguma forma, fica um pouco engessado, podemos dizer assim. E Tomás de Aquino, ele vai tratar, o Doutor Angélico, ele trata sobre esse assunto da hierarquia celeste. Ele explica à luz daquilo que os padres ensinaram. E Tomás, porque vivia em um tempo em que não podia, por exemplo, se você estuda bem o pensamento angélico de São Tomás, tem algumas vezes que o Santo Tomás deixa assim: "Ó, é isso aqui", tipo assim, "se vira",
entendeu, para vocês teólogos interpretarem, mas eu não vou mexer nisso. Mas tem essa realidade hierárquica... Agora, os serafins, quem são os serafins? Vêm do nome "seraf", que significa abrasados ou aqueles que ardem. Está ligado à visão. A primeira vez que aparece a visão dos serafins você tem em Isaías, capítulo 6, que é o chamado de Isaías. Esses anjos que possuem seis asas. Essas asas têm uma simbologia muito bonita. A ideia de que Isaías diz: "Olha, eu vi esses serafins diante do Trono de Deus, que gritavam: 'Santo, Santo, Santo!' um para os outros". Eles possuíam seis
asas: duas para voar, duas para cobrir o corpo e os pés, e duas para cobrir a face. O que significa as asas dos anjos? Não sei se vocês vão lembrar, mas o Papa João Paulo I escreveu uma encíclica, "Fides et Ratio", onde ele usava um termo medieval de São Boaventura e de São Tomás, que dizia que a fé e a razão são duas asas que nos levam a Deus. Portanto, o fato de que representamos os anjos com asas, existem várias representações nisso, seja pelo fato da capacidade que eles possuem de se elevarem a Deus, porque
esses anjos, eles creram no Senhor. Nesse momento da prova, eles acreditaram e aceitaram a vontade de Deus. Portanto, Tomás diz que eles se converteram a Deus, e a conversão é justamente isso: é você se voltar para Deus. E eles possuem o dom do intelecto, da razão, enfim, de tudo, né? Bom, então essa realidade de se elevar a Deus, os serafins cobrem os pés, cobrem o seu corpo e os pés porque, para o Oriente antigo, os pés são o lugar da autoridade, mas também da intimidade. Por isso que Nossa Senhora esmaga com os pés a serpente;
quando os inimigos de Israel às vezes queriam subjugar um rei, colocavam os pés sobre a cabeça. Enfim, e Jesus lava os pés dos seus discípulos, e Pedro diz: "Não, o Senhor não vai lavar meus..." Pés não é porque Pedro não queria que Jesus lavasse os pés, pelo fato simplesmente de ser o Senhor fazendo um gesto de humildade, porque os pés são também de intimidade. No meu livro, eu trato sobre esse assunto. Por exemplo, quando você pega a volta de Ulisses para casa, Ulisses chega disfarçado de mendigo. E, quando ele está disfarçado, a serva reconhece Ulisses
quando vai lavar os pés dele, ao ver a cicatriz na sua perna. Então, só duas pessoas no Oriente Antigo podiam tocar nos pés de alguém: o escravo ou o esposo/esposa. Porque vamos pensar um pouco mais rudemente: as pessoas não usavam aquilo que nós temos hoje, as indumentárias debaixo. Então, se você fizesse olhar muito no cérebro, você veria coisas que não eram para você ver. Uhum. Então, era muito restrito a isso. Os pés estão ligados à intimidade. Ora, por que que Jesus lava os pés dos discípulos? Sim, é claro que é uma questão de serviço, mas
nosso Senhor tinha dito um momento antes de lavar os pés: "Na casa do meu Pai há muitas moradas. Eu vou e, quando tiver preparada a morada, eu volto." O que que Jesus está falando? Ele está falando de casamento, que era o casamento judaico, que era feito em duas etapas: o noivo fazia a promessa, ia para casa preparar a casa e, depois, voltava para buscar a noiva. É o que o Senhor vai fazer na Parábola. Hum. E por que que Jesus lava os pés? Para demonstrar o serviço, mas também como mestre, como esposo, está lavando os
pés da sua esposa, para que esteja pronta para entrar no quarto de núpcias. Uhum. Então, essa é a realidade. Os serafins cobrem os pés, a sua intimidade. Por quê? Porque a adoração, o modo como adoram, o modo como amam a Deus, é uma realidade pela qual não está na exterioridade, mas na interioridade. E eles cobrem o rosto. Eles cobrem o rosto para não ver a face de Deus, porque existe esse conceito no Antigo Testamento: quem vê Deus morre. Ninguém pode ver o rosto do Senhor. Mas eu costumo dizer, em uma forma poética, que, ora, se
eles adoram a Deus com os rostos cobertos, como assim? Por que as coisas mais lindas nessa vida nós fazemos com os olhos fechados? Seja orando a Deus, seja beijando a pessoa que amamos. Né? Uhum. Ah, é um jeito simbólico de enxergar as coisas. Rafael, deixa eu fazer uma pergunta: quando a gente olha para outras culturas, nós percebemos, mesmo em culturas antes da vinda de Cristo, culturas orientais, culturas de pessoas que nunca tiveram contato com Jesus Cristo, figuras muito parecidas com anjos e demônios. Uhum. A que se deve isso? Eu digo isso porque, por toda sua
explicação, a gente percebe que anjos e demônios são diretamente ligados ao nosso Senhor Jesus Cristo. Tanto é que a queda aconteceu a partir do momento em que eles souberam a queda dos anjos. Né? A partir do momento em que eles souberam que Jesus Cristo viria. Mas por que a gente percebe essa representação em todos os tempos, em todas as culturas? Porque é a percepção natural da religião. O ser humano, que foi criado à imagem e semelhança de Deus, por mais que tenha sido privado da Verdade da Revelação, ainda assim, a sua alma, a sua essência,
busca por aquilo que, de alguma forma, percebe em seu espírito. Então, você tem, desde o início, as primeiras pinturas nas cavernas. Enfim, a ideia de religião natural. Quando você vai ver, já tem uma percepção, por exemplo, nas religiões naturais, até politeístas, dessa ideia de seres intermediários entre a divindade e os seres humanos, protetores. Né? Seja, por exemplo, da natureza, seja de tantas realidades, guias espirituais. Por exemplo, você vai pegar isso já na própria Grécia. Já tem essa ideia. Você encontra isso, por exemplo, no próprio Sócrates, quando fala dos demônios, enfim, essa ideia de seres intermediários
que protegem. Isso sempre foi uma percepção do ser humano. Aí você fala: "Mas por que o ser humano percebe isso?" Percebe, mas por causa do pecado original. Não é claro. Então, o ser humano tem que ser auxiliado pela graça para compreender na sua plenitude. Por isso, então, a revelação de Deus. Mas em todas as culturas, em todas as religiões, você vai ter seres protetores. Quando Israel vai para o cativo na Pérsia e na Babilônia, eles vão ter contato com uma religião que é o zoroastrismo. E, para os zoroastrianos, que foi esse profeta daquele tempo, ele
também sistematiza, de alguma forma, essa realidade de uma luta entre o bem e o mal e de seres alados, que possuíam, como por exemplo, os anunakis. Enfim, tudo mais. E aí você tem essa ideia: quando o judeu chega e vê, por exemplo, um persa ou um babilônio adorando esses seres como protetores da natureza ou representados assim, eles dizem: "Não! A natureza quem criou foi a criação, que vem de Deus. Se existem, então, seres ligados a isso, são seres que não são como vocês estão falando, eles são criaturas como nós." Você vai ver isso, por exemplo,
no Salmo, capítulo 8, quando o salmista diz: "Senhor, quando olho o céu, a lua e as estrelas, de tuas mãos me pergunto: quem é o homem para que dele te lembres?" E ele diz: "E o fizeste é um pouco mais do que deuses." Que deuses são esses? São os deuses pelos quais o autor sagrado está vendo na realidade da Babilônia e da Pérsia. Então, sim, a percepção humana de que seres celestiais invisíveis, espíritos protetores. Existem, sempre foi muito claro no sentido que tinha essa percepção. Mas é com o advento da revelação bíblica, culminando em Jesus
Cristo, que nós vamos ter a plenitude dessa revelação. E, falando em revelação bíblica, na Bíblia, a gente tem o conhecimento de três anjos: Rafael, Gabriel e Miguel. Uhum, todos os anjos têm nome próprio. E por que a gente não tem um conhecimento, então, dos nomes de outros anjos? Por exemplo, os revelados para nós são só esses três: Miguel, Gabriel e Rafael. A Igreja Católica, por causa sobretudo daquilo que você falava no início, sobre sincretismo e de toda essa realidade esotérica que nós temos em relação aos anjos hoje, definiu que era para se invocar nominalmente somente
aqueles que são revelados pela Sagrada Escritura, que são os três arcanjos. São sete, na verdade, né? Os arcanjos não são só três, os outros quatro nós não sabemos o nome. Mente, até antes dessa realidade, vamos colocar aqui, até antes do Concílio de Trento, ainda se invocava esses outros quatro com nomes específicos, que ainda a tradição oriental, de alguma forma, os invoca. Mas nós, do Ocidente, não podemos invocá-los, porque alguns não são de tradição cristã; outros estão ligados, justamente, à Cabalá, ligado também a um pouco mais a essa realidade judaica, que é tradição posta a mística,
então, bem mais perigoso, podemos dizer assim. Tem pessoas que colocam nomes de anjos que não estão invocando anjo, não. Eita! É mais porque demônios têm nomes também, né? Demônios têm nomes, aqueles revelados também na Palavra. Você tem aí Satanás, Diabo, né? Satanás que é o acusador, Diabo é o divisor, tem Bebu, você tem Astarot, você tem Ashmadai, que é Asmodeu, que são Rafael, que combateu contra ele. Mas tem outros nomes também, que a gente sabe que existem. Porém, a questão do nome, seja biblicamente falando, né, o nome é algo muito específico. Se você olhar, por
exemplo, quando Moisés pergunta a Deus qual é o seu nome no capítulo três do seu chamado, se eu vou chegar no Faraó e dizer quem me mandou, eu vou falar quem me mandou, quem que é você, quem é o Senhor. Ele diz: "Olha, eu sou o que sou." Uhum. E se te perguntarem, você fala que eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Você tem Jacó lutando com o anjo, perguntando o nome do anjo, e o anjo falando para ele: "Por que perguntas meu nome?" E aí ele pergunta:
"Qual é o seu?" Ele diz: "Meu nome é Jacó." Então agora, não é mais Jacó, agora é Israel. Por que Deus esconde o nome? Porque ter o nome é ter acesso ao nome, e, por exemplo, na cultura oriental, é você ter poder sobre aquela pessoa. Hum. Por isso que os demônios nunca falam seus nomes, né? E o exorcismo começa querendo saber o nome, é exatamente isso. Ah, caramba! Nossa, muito interessante! Aí você vem Jesus, que muda e dá sentido a tudo isso, eh Yeshua, né? Deus salva. E aí Jesus vai dizer assim: "Ó, tudo que
vocês pedirem a Deus em meu nome, meu Pai vai conceder." Quer dizer, não se podia saber o nome de Deus, mas em Jesus Cristo Ele se revela. Em Jesus Cristo, há um nome acima de todo nome, que todo joelho se dobra no céu, na terra e nos infernos, e toda língua professa que "Jesus é o Senhor." Então, você tem aqui esse nome que tem poder. Por quê? Porque Deus, na segunda pessoa da Santíssima Trindade, deu um nome e demonstra quem Ele é: quem é Deus, aquele que te salva; quem é Deus, aquele que te dá
acesso de volta ao Éden perdido. Uhum. Rafael, eu queria que você falasse para nós um pouco sobre possessão demoníaca. Como que funciona esse processo? Nós é que abrimos a guarda ou nós não temos controle sobre isso? Assim, se um demônio quiser me possuir, ele me possui? Eu não posso fazer nada a respeito disso. Como que funciona a questão da possessão? É muito rara. É algo assim, se você perguntar para um exorcista sobre possessão, você vai descobrir que isso daí é um em um milhão. A maioria ou é obsessão, ou é opressão, ou... vecha, né? Ah,
vamos falar sobre isso então. Mas, então, possessão primeiro. A possessão é aquilo que vem no nosso imaginário, mas sobretudo os filmes que a gente assiste na sessão da tarde, né? É filme de terror. A própria possessão em si está ligada a brechas que o ser humano, em si, e também nós, pela nossa liberdade, demos acesso, porque os espíritos malignos, como os anjos, também não podem ter acesso ao nosso pensamento. Eles não leem os nossos pensamentos, porque só Deus sonda os nossos pensamentos. Mas, em determinadas situações, como aberturas que damos espiritualmente, é possível que, a um
determinado momento, você vai dando tanta abertura, abertura, abertura que esse espírito maligno toma posse do seu corpo, vamos dizer assim. Uhum. Mas, em todos esses casos que acontecem, é tudo por permissão de Deus. Mas ele tem acesso às nossas fraquezas. Eu estou pensando aqui, por exemplo: eu estou pensando, o demônio não tem poder de ler meu pensamento, ok? Mas os meus podres eu falo em voz alta. E eu dou nome para eles, seja numa confissão, seja numa terapia, seja numa conversa para um amigo. O demônio tem acesso a isso ou não? Os demônios, né? Os
demônios e os anjos, eles são muito inteligentes. Eles são infinitamente superiores a nós, né? Portanto, eles conseguem ler... As suas expressões, os seus comportamentos, aquilo que você faz, ele intui. É aquilo que você, por exemplo, vamos dar um exemplo bem claro: pensa na sua mãe. Imagina você, se você não está muito bem, você chega em casa com a sua mãe, e depois de algum tempo, você precisa falar alguma coisa para sua mãe perceber que você não está bem. Se a sua mãe, que vamos dizer assim, tem uma natureza, não decaída, mas é humana, limitada, percebe,
imagina um anjo que consegue ler a sua cara, o que você está fazendo, entendeu? O mesmo demônio, né? Eu lembro de Madre Teresa. Mas aí é claro, não é bem assim, mas Madre Teresa de Calcutá dizia uma coisa muito bonita: ela dizia assim: "Ah, para que o demônio não saiba o que você está vivendo, sempre ande com um sorriso no rosto". Era uma maneira bem simplória da parte dela de dizer que assim o demônio não pegaria ela na tristeza. Uhum, mas ele consegue entender os seus batimentos cardíacos; ele sabe toda a sua história, sobre aquilo
que está acontecendo no seu corpo. Então, me compreende, mas não na plenitude como Deus. Mas até que ponto um demônio consegue nos influenciar? E aí eu também estendo a pergunta para os anjos, já que são o mesmo tipo de criatura. E eu tenho que falar dos outros tipos também. Além da possessão, a feitiçaria... eu tenho que descer ainda da hierarquia que eu estou no Serafim. Ah, ainda falta o resto da hierarquia. Então fica à vontade, Rafael; escolha o que você quer abraçar aí, porque eu não ligo muito para demônio, não. Meu negócio é anjo. Porque
o grande problema hoje, gente, está que nós temos, sim, de forma alguma devemos negar a existência deles; e hoje é uma grande verdade que Satanás e seus demônios não querem que você acredite que eles existem, justamente para que eles possam agir na sua vida e fazer a festa. Mas a motivação pela qual eu sinto, né, nessa parte acadêmica... porque, se você pegar as minhas teses e minhas dissertações, eu sou formado em mistério de Deus, Trindade, soteriologia, teologia grega, bizantina... enfim, por que que eu falo de anjo? Eu falo de anjo porque os anjos são a
minha devoção pessoal e a minha vivência pessoal. Eu chamo Rafael justamente porque o Arcanjo São Rafael me salvou no meu nascimento, né? Eu nasci de cinco meses e 28 dias, em 1983, com 930 gramas. Caramba! Fui batizado no leito de morte; a freira mudou meu nome de Marcos Aurélio para Rafael por causa do Arcanjo. Então, a minha vivência, eu devo a minha vida a eles, né? Então, além de toda a parte sistemática de estudos, quando eu estava muito cansado, às vezes eu falo: "Bom, eu vou estudar sobre os meus irmãos". Então, foi assim, durante mais
de 20 anos, estudando, lendo o que a igreja fala, né? Procuro sempre ficar muito atento para que nós não entremos muito no misticismo, então procuro entender o que a igreja diz. Então, se você for me ver, os meus livros, os meus ensinamentos, eu vou sempre citar autores, doutores da igreja que falaram a esse respeito. Mas eu dizia: eu e a minha missão, eu acredito que é justamente resgatar a angelologia. Hoje em dia, se você fizer um evento sobre demonologia ou sobre cura e libertação, lota. Uhum! Por quê? Porque o ser humano, por causa da queda,
nós sempre paramos no negativo. Uhum, uhum. Ora, por que que eu tenho que dar mais atenção? Nós sabemos mais de demônios do que de anjos hoje na igreja, gente. Você tem tratados e tratados e tratados. Hoje, eu digo na igreja moderna sobre demônios; você vai achar muitos livros sobre isso, poucos sobre os anjos. Por quê? Porque os que permaneceram fiéis... e já dizia que era Lub, né? Uma floresta que cresce faz menos barulho do que uma árvore que cai. Então, você tem essa realidade. Mas voltando aos demônios e o seu anjo da guarda, por exemplo,
que nós dizemos: "Ah, o anjo da guarda é o último da hierarquia celeste." Volta a minha crítica para o seu Dionísio, que é o engessamento. Não, não pode... a hierarquia não é piramidal; ela é circular, porque são filhos em volta da mesa. Quer um exemplo? Veja o que São Gregório Magno fala na homilia 34. Quando ele trata sobre a parábola do Bom Pastor, ele diz assim: "Um pastor tinha 100 ovelhas. Uma ovelha se desgarra da montanha e vai embora." Aí ele diz assim: "A montanha é o céu; as 100 ovelhas, as 99 que ficam, são
os anjos, e a ovelha que se desgarrou é Adão." O pastor desce. Cristo desceu. A Kenosis busca a ovelha caída e traz nos seus ombros. Claro que, então, aqueles também estão trazendo a realidade da cruz que o Senhor carregou nos ombros. Aquela cruz também somos nós. E diz, ele convida os seus amigos e diz: "Alegrem-se comigo, porque encontrei minha ovelha perdida." E aí, em Lucas, diz assim: "E, portanto, haverá mais alegria no céu entre os anjos por um só pecador que se converte do que por 99 justos que não precisam de conversão." Aí São Gregório
faz a pergunta: "Assim, quem não precisa de conversão?" É anjo. Então ele diz: "Os 99 que ficaram são os anjos." Quem se desgarrou foi Adão, e Cristo veio nos salvar para devolver ao mesmo redil, ao mesmo lugar, à nossa casa. Porque Deus sonhou o céu na sua presença: seres que o adorassem: homens e anjos. Por isso, São Tomás disse que o céu é uma sociedade. Perfeita, feita de homens e anjos. Ora, que é? Gregório Magno diz isso. Gregório Magno diz isso para explicar para nós o seguinte: Deus te sonhou no céu com os anjos; por
isso que você, nessa terra, por mais que seja pecador e por causa da queda, tem um anjo da guarda, porque você foi vocacionada a andar com o anjo, a conviver com o anjo o tempo inteiro desde a sua criação. E o anjo da guarda, portanto, é dado a você, a sua filha Maria. A você que tem... acho que você está com alguém aí? Hum, estou com um bebezinho aqui na barriga, mas ainda não sei o sexo. Não tem problema, mas tem um bebê, tem uma vida; já tem um anjo desde a concepção, quando você não
sabia, nem você sabia que estava grávida. Entre a concepção da Maria e desse ser lindo que está sendo gerado no seu ventre, existe um espaço de tempo. Entre o envio que Deus envia o anjo para cuidar... vamos pegar o anjo da guarda, para você entender. Eu falei do Serafim; vamos pegar o anjo da guarda, por exemplo. O anjo da guarda, nós falávamos, é aquela multidão enorme, imensa de anjos que existem. Mas se você procura, numericamente, até então revelado e descoberto pela ciência, quantos seres humanos existem hoje no mundo, são em torno de 8 bilhões aqui
no mundo e que já passaram, segundo alguns, em torno de 120 bilhões de seres humanos nessa terra. Isso não dá quantos por cento daquilo que a gente falou de seres animados e desanimados, é irrisório de números, hum. Ora, todo ser humano, desde a sua concepção, possui um anjo da guarda. Alguns dizem: "Ah, mas o anjo da guarda é dado no batismo". Não, é dado na concepção. Então, um ateu, uma pessoa de outras religiões, um pendente, o ser humano tem um anjo que o guarda, porque a missão do anjo é levá-lo à verdade, levá-lo à fonte
batismal. Bom, o anjo foi escolhido a dedo por Deus. São Bernardo de Claraval diz que o nosso anjo da guarda é um príncipe, general, vencedor de muitas guerras. Deus não escolheria qualquer anjo ou qualquer ser para andar ao lado de sua princesa, do seu príncipe, que somos nós. Isso é muito forte! Então, esse anjo da guarda, São Bernardo diz: "Esteja atento pelo modo como você trata teu anjo". O teu anjo existe antes da criação do mundo visível. Se o universo tem mais de três ou quatro bilhões de anos, o anjo da guarda teu viu a
primeira flor brotar na terra, a primeira estrela ser formada. Então, ele entende tanto que, para Tomás, ele diz que os anjos conhecem toda a realidade natural. Se você perguntar ao anjo: "De onde veio essa água que estou colocando nesse café agora?", ele vai dizer: "Essa água veio da fonte tal, tal, tal, tal, tal". Ele vai entender tudo, porque ele entende sobre a realidade natural. Então, é um ser inteligentíssimo, poderoso, íntimo de Deus. E aí Jesus diz algo poderoso. Jesus fala: "Olha, se nós dizíamos, por exemplo, que o Serafim, que é o primeiro da hierarquia, está
diante de Deus, não pode ver a Deus". Jesus fala assim: "Estejam atentos para não escandalizar esses pequeninos". Porque quem revela a realidade do anjo da guarda é o próprio Cristo. Já não é só a palavra: "Porque os seus anjos contemplam a face do meu pai que está no céu". Hum, olha, mas pera aí: o Serafim não pode e o meu anjo da guarda pode? Pode! Então, o Pseudo-Dionísio quer dizer que na hierarquia celeste o último coro é menor mesmo do que o outro? Não, porque o anjo da guarda tem acesso diretamente a Deus; foi escolhido
diretamente diante do Senhor. E isso entra no momento da concepção e o envio do anjo e a infusão da alma. Existe esse processo que nós não sabemos, é porque nós vivemos o tempo na eternidade, aonde Deus enviou um anjo para poder cuidar de você e do seu filho. Então, nesse momento agora, por exemplo, você está aqui com a gente, mas seu anjo anda com dois anjos da guarda com você. Olha, estou muito protegida! Então, protegida. E aí, o anjo que cantava diante do trono de Deus, louvando e bendizendo a Ele por toda a graça que
Ele é, agora, nesse momento, coloca você, colocava você, o seu anjo da guarda, por exemplo, o anjo da guarda do seu filho, né? O Artur, você começa a fazer parte das composições de músicas, adorações e louvores que o teu anjo faz a Deus, até o ponto em que esse anjo vive um esvaziamento tão grande, porque ele vive em Cristo e Cristo é a sua vida, que, de alguma forma, ele participa no conceito de participação, mesmo de esvaziar-se para ficar neste mundo com você até você chegar no céu. O teu anjo foi dado; ele não voltará
até que você cumpra o seu propósito de chegar diante da presença de Deus. Ou seja, ele vê todos os meus podres, né? Ele está ligado em tudo. Artur, o seu já viu cada coisa, mas ele é único, né? Então, por exemplo, ele não foi um anjo da guarda de uma outra pessoa que há milhões, centenas de anos atrás; é só para você. E qual é o melhor jeito de nós nos relacionarmos com o nosso anjo? É só um detalhezinho, porque a Lara aqui veio a público para o pessoal de casa do chat. Já, aproveitando: você
está gostando desse papo? Já deixa o seu like aí! E eu quero te dizer, Lara, que tudo bem. O meu anjo da guarda viu todos os podres que eu... Ele também viu todas as coisas boas que eu faço. São poucas, mas elas existiram. Ele vai considerar também: te amo! É por isso que ele vai ser só advogado no juízo final. Mas, para você ser um advogado, tem que ser um ótimo advogado. Já falamos aqui que eu te adoro. Já falamos que todo mundo tem um anjo da guarda, né? Mas será que tem alguém que tenha
mais de um anjo da guarda? Por exemplo, sei lá, eu penso no Papa, ou em um sacerdote que tem uma função ali muito mais importante espiritualmente do que eu. Uhum. A gente pode dizer que ele tem mais de um anjo da guarda ou não? Ele também só tem um? A gente pode falar alguma coisa a respeito disso? Vamos lá. O Serafim, eu falei para vocês, os Querubins... Vamos bem, bem rápido! Significa abençoador. São os anjos que Pseudo-Dionísio chama de teólogos de Deus. São os anjos que têm conhecimento e que ensinam, e que são aqueles que
estão na adoração. Depois você tem os santos Tronos, que são os anjos que assistem ao Senhor. Os Serafins estão diante de Deus, os Querubins têm Deus no meio, os santos Tronos têm Deus dentro deles. Os Tronos, para mim, são o modelo maior porque eles são o modelo da inabitação da Santíssima Trindade dentro do coração do homem. Assim, eles são habitados. Então, a primeira hierarquia está ligada ao Trono de Deus. A segunda hierarquia, que são três coros: dominações, virtudes e potestades, está ligada à realidade do governo intermediário entre a realidade de Deus e a realidade do
mundo. Então, você tem os Dominadores, esses anjos que governam. E aí você tem os anjos mais próximos ao mundo visível, que são os Principados, os Arcanjos e os Anjos. Desses aqui, quem são os Principados? Os Principados vêm de "arcai" e estão ligados justamente à mesma realidade, um pouco dos Arcanjos. São os anjos responsáveis por instituições, por países, por missões. Hum... Então, por exemplo, o Brasil tem um Principado específico, como por exemplo em Portugal. O Principado que é escolhido é o anjo da guarda de Portugal que apareceu em Fátima, o Anjo da Paz, né? Os pastorinhos,
que é São Miguel. Então, você tem no Brasil uma antiga tradição que diz que o anjo da guarda do Brasil, o Principado do Brasil, é o Arcanjo São Rafael. E você então tem esses anjos responsáveis para auxiliar os homens no propósito e na vontade de Deus em suas tarefas. (Parênteses) Sobre esses anjos, são só os três cujos nomes nós conhecemos ou não? Os Principados... eu falo: pode haver um país que tenha um anjo que o proteja, mas a gente não sabe quem. Ah, tá! Mas do Brasil a gente sabe. De Portugal também, é porque se
coloca na pauta sobre Portugal, só para mim depois. Não tá? Eh... Você tem algo, por exemplo, os Principados. Então, eles ajudam nas instituições. Então, por exemplo, uma diocese, uma cidade, um país, um continente, têm Principados que coordenam e ajudam os homens. Então, estou aqui nos estúdios da Brasil Paralelo. Pelo trabalho que fazem, tem um Principado responsável para ajudar vocês. Um exemplo: e essa tradição é baseada em quê? Qual é a fonte dessa? Não tá na Bíblia, por exemplo? Sim, está na Bíblia! Sim! Daniel, capítulo 10! Você tem, por exemplo, Daniel que faz 21 dias de
oração e de jejum pedindo a Deus discernimento, e depois de 21 dias, o Arcanjo Gabriel aparece para ele e fala: "Olha, eu estive lutando contra o Príncipe da Pérsia. Ele me resistiu, mas um dos príncipes dos vossos príncipes, Miguel, veio em meu auxílio." Então, você tem essa realidade de príncipes enquanto governo, anjos que governam e regem as nações. Sempre foi muito claro. Desde o início, grandes evangelizadores, como por exemplo, São Bonifácio, que evangelizou a Alemanha, naquela realidade nórdica, rezava muito e pedia muito a intercessão dos Principados daquela região para ajudá-lo na evangelização. Então, os Principados
são anjos que auxiliam no governo. Voltando à sua pergunta: o Papa, um bispo, um sacerdote possui dois anjos da guarda? Não. Ele possui o anjo da guarda pessoal dele. O anjo da guarda é para a nossa santificação pessoal, enquanto peregrinos. Mas, enquanto ofício, o Papa, o bispo, o padre, ele vai ter um outro anjo para ajudá-lo no seu ministério. O Papa, nós sabemos que o anjo que o ajuda no ministério é o guardião da Igreja, que é São Miguel, né? Porque ele é o chefe da Igreja Universal. E vamos supor, de repente, você tem o
apostolado dos Santos Anjos, que é uma instituição, que é uma missão. Tem um Principado que Deus escolheu, que eu não sei quem é o nome, para ajudar também na propagação dos anjos. Você tem a sua empresa, você tem esse trabalho que você faz de comunicador aqui no Brasil Paralelo. Deus instituiu um Principado para te ajudar no seu trabalho. Caramba, que bacana! E isso é baseado nessa passagem bíblica? Nessa passagem bíblica você vai encontrar essa realidade em todos os Padres da Igreja, em São Tomás de Aquino, muito claro na Suma Teológica. Muito tranquilo! Nossa, que bacana!
Agora eu fiquei com uma dúvida, Di. Não sei se a dúvida do pessoal de casa, que é o seguinte: nós somos seres imperfeitos, muito, né? E temos o nosso anjo da guarda ali o tempo todo conosco, porque o objetivo dele, de fato, é nos levar também ao céu. Eh, agora eu fico pensando: por exemplo, Jesus e Maria, que estiveram nesta terra, eles tinham anjo da guarda também? Eles precisavam de anjo da guarda? Bom, a Virgem Maria... Segundo uma tradição oriental antiga, e também pensando na realidade dos Padres da Igreja, Bernard de Claraval diz que o
anjo da guarda da Virgem Maria é São Gabriel, Arcanjo. É interessante que Gabriel, por ser um Arcanjo, seja o anjo da guarda da Virgem, segundo esses autores, justamente por causa da missão dela. Não existe uma criatura, nem entre os anjos, mais perfeita do que a Virgem, né? Portanto, para uma missão tão grande, deveria haver alguém tão grandioso como Gabriel, o segundo anjo mais poderoso do Paraíso, que é o anjo da Justiça. Jesus não teria anjo da guarda porque ele é o Senhor dos Anjos. No conceito de proporção, o Senhor não precisa dos servos para guardá-lo;
é ele quem os guarda, de fato. Cristo é servido pelos anjos, mas jamais guardado por eles, consolado pelos anjos, mas jamais guardado por eles. O que você vai ver em Lucas, por exemplo, na perseguição em Mateus de Herodes, é o anjo do Senhor que aparece a José para levar o menino para o Egito e, enfim, protegê-lo. Essa proteção é em vista do Mistério da Salvação em si, né? Mas não que Cristo tinha um anjo da guarda; não, ele é quem guarda os anjos, na verdade. Hum, excelente! Eu só queria retomar uma pergunta que fiz há
pouco: qual é o melhor jeito de nos relacionarmos com nosso anjo? Porque, olha, eu vou falar pela minha ignorância, na maior parte do tempo eu nem lembro que tenho anjo da guarda; ele deve estar chateado comigo. A melhor forma de você se relacionar com o seu anjo é compreender que os anjos foram criados; eles são pessoas. O conceito de "yon" em L tinha justamente isso, né? Deus deu a eles a capacidade de governar a si mesmos; por isso possuem intelecto e por isso escolheram bem, escolheram por Deus, passaram pela prova. É muito interessante quando olhamos
para o próprio catecismo da Igreja Católica, mas também no Catecismo Romano de São Pio V, que fala sobre essa realidade dos anjos: os anjos bons foram aqueles que escolheram a Deus no tempo da prova e, por terem passado pela prova, podem então nos auxiliar a nós, que somos provados. Ora, se são pessoais, eu tenho que me relacionar com eles como pessoas, entendê-los como pessoas verdadeiras, não abstratas. Então, uma maneira melhor de você se relacionar com o seu anjo da guarda é tratá-lo como uma pessoa real, porque ele está ali. E é pela fé, e a
fé é a garantia dos bens que não se vê. Portanto, a Igreja nos ensina e nos diz sobre essa realidade para que você tenha um relacionamento mais profundo com o seu anjo. Quanto mais íntimo de Jesus você for, mais próximo do seu anjo você será. Hum, quanto mais amor ao seu anjo, à Virgem Maria, quanto mais a sua alma e o seu coração estiverem abertos a esta realidade, você vai conseguir compreender um pouco mais; sua alma vai estar um pouco mais em comunhão com o anjo. Depois, é o hábito. O hábito da pequenez. Eu costumo
dizer que o mistério dos anjos é tão alto, tão alto, tão alto, que só as crianças conseguem compreender. Uhum! Quando falamos de anjo da guarda, sempre lembramos das crianças, né? Uhum. E aí, esse é o grande dilema, às vezes, porque podemos reduzir os nossos anjos somente à questão da infância ou a uma perspectiva infantil, né? Exatamente, só de criança, "anjinho gordinho", tocando harpa, né? E você sabe que, por exemplo, quando olhamos para a arte barroca, que foi uma resposta à realidade da reforma, em algumas realidades da arte barroca, não estou criticando a arte barroca, pelo
amor de Deus; esses dias eu falei um negócio disso e o povo já interpreta tudo errado, né? Uhum. É, mas a internet é assim mesmo. Então, PR, se vocês quiserem que se lasque aí, eh... Você chega numa igreja e vê aqueles anjos que são inspirados em divindades romanas, que eram esses seres puros, pequeninos, bebezinhos, né? E você tem ali aqueles anjinhos... A pergunta que se faz é: “O anjo é assim? Me passa esse bebezinho, assim, para me proteger diante do mal?” E, de fato, se você for olhar, vou pegar um exemplo claro de São Gabriel.
Se você pega Daniel, capítulo 10, e o que Daniel fala do que ele viu em Gabriel, vou ler para vocês e vocês falam para mim se esse anjo é "nenê". Uhum. Daniel, capítulo 10, com licença, diz assim: "Daniel estava 21 dias rezando, pedindo a Deus a graça de uma resposta para suas orações. Ele tem uma visão. A visão dele é essa: no 24º dia do primeiro mês, estando às margens do grande rio, levantei os olhos e vi um homem vestido de linho, com rins cingidos de ouro puro. Seu corpo tinha aparência de crisólito (que é
uma espécie de uma pedra verde), seu aspecto, do seu rosto, era como de um relâmpago, seus olhos como lâmpadas de fogo, seus braços e suas pernas como o fulgor do bronze polido, e o som de suas palavras era como o clamor de uma multidão." E aí Daniel vê, fica em choque, perde as forças, cai desmaiado diante daquilo que está vendo. Então, ô guarda! É isso aí; ele não consegue nem exprimir numa linguagem denotativa, né? Consigo entender até visualizar; fica difícil. Mas também as descrições de... Nossa Senhora, nas aparições todas, são assim; você vê que a
linguagem denotativa não dá conta. Uhum, não dá conta independentemente de quem seja a pessoa que viu. Podem ser os pastorinhos, e eles vão exprimindo uma linguagem mais poética, né? Os pastorinhos, por exemplo, quando contaram sobre a primeira aparição do anjo, disseram que ficaram três dias prostrados. Era tão forte aquela realidade que os deixou prostrados de cansaço e completamente fora de si. Uhum. E aí você pergunta: por que eu não sinto isso todo dia? É porque o teu anjo da guarda é tão humilde, tão humilde, que ele se... Ele, imitando a Cristo, nesse processo de quenos,
ele se esvaziou, de alguma forma, de toda a sua glória e poder para ficar próximo de você, na tua estatura. Uhum. Então, sim, o anjo da guarda está na tua vida, Lara, e ele tem autoridade; ele é um enviado. A palavra "anjo" significa mensageiro enviado. Ora, antes de uma pessoa ser enviada, ela é chamada, certo? Certo. Agora, você imagina, dentro dessa multidão que eu falei para vocês no começo, incontável, no meio deles, Deus fala: "Você se levante! Olha a honra entre todos os seus irmãos. Vem diante do trono de Deus." O Senhor se inclina diante
dele. Naquele momento, tem que estar acontecendo a tua concepção, que aconteceu a concepção dessa criança, da Maria, sua filha. Como é o nome da sua? Joana? Da Joana? O Senhor diz: "Ó, você vai descer lá, você vai cuidar da Lara." Dá indicações, fala o que ele tem que fazer, reveste-o de autoridade e poder sobre a tua vida, para que ele possa te proteger, guardar, iluminar você diante de tudo. E aí a teologia nos ensina algo poderoso: os anjos são tão fortes que, se Deus permitisse a um único demônio ou a um único anjo, ele destruiria
a terra inteira. Caramba! E o teu anjo sobre a sua vida enfrenta o inferno inteiro; ele tem poder sobre qualquer demônio, capeta que aparecer na sua vida, porque ele recebeu de Deus a investidura, o mandato, a investidura. Então, eu realmente... um conselheiro, né? Eu posso me aconselhar com meu anjo. Ele é um conselheiro, ele é um mestre. São Bernardo diz que nosso anjo é mestre e, portanto, ele nos ensina justamente essa realidade não só do céu, mas da vida. Uma coisa que eu queria dizer muito clara: sabe, as pessoas, quando começam a se relacionar com
os anjos, se você se relacionar de verdade, você vai perceber que o anjo vai te fazer ser cada vez mais humano. O anjo não quer que você seja anjo; o anjo quer que você seja aquilo que você foi chamado a ser e seja homem e mulher de verdade. Eu queria entender, ainda dentro desse assunto, a respeito desse poder de influência. O que podemos falar? Porque, quando a gente pensa em demônios, a gente lembra das tentações, e que o demônio está sempre ali, te tentando, assim como é um mesmo tipo de criatura. O que o anjo
pode fazer, assim, de forma, talvez, material? A gente consegue vislumbrar alguma coisa? O que o anjo pode influenciar, se é que ele influencia nas nossas... não nas nossas decisões, porque a nossa decisão é a gente que tem um livre arbítrio para poder agir, mas qual é o poder que o anjo exerce sobre as nossas vidas? O anjo exerce o poder à medida em que você lhe dá essa liberdade de poder exercer. Porque a Igreja nos pede a oração mais antiga; provavelmente, essa oração foi escrita ainda no 10º século por um monge, que é a Oração:
"Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador." Essa oração tem uma teologia, uma profundidade tão linda. Por exemplo, vou falar para vocês: "Santo Anjo do Senhor", primeiro, nós estamos dizendo que ele é santo. Uhum. Então, estou tratando com o santo, com alguém que vê a face de Deus, com alguém que está na beatitude. Ele não é meu, ele é de Deus; ele é do Senhor. Uhum. Então, opa! Eu tenho um anjo da guarda. Eu tenho um anjo da guarda. Eu tenho um anjo da guarda. Por quê? Porque ele é meu? Não, ele não é teu, ele
é de Deus, e Deus concedeu, pela Sua misericórdia e piedade, a graça de ele estar com você. Então, "Santo Anjo do Senhor", aí diz: "Meu zeloso guardador." Zeloso nos mínimos detalhes, em coisas que você nem percebe, em coisas que você não vê, no silêncio, no cotidiano, no anonimato. Por quê? O que salva o mundo é o anonimato. Não é esse nós que estamos aqui agora, aqui no podcast. É hoje, no mundo, a teologia do anonimato. Eu acredito que deve ser voltada de novo e olhar para Nazaré, de novo, que foi ali, Cristo. Né? São José
Maria Escrivá dirá isso: glorificou mais a Deus 30 anos em Nazaré do que 3 anos pregando. Uhum. E você tem, então, essa realidade do anonimato. Então, "zeloso guardador", ele é zeloso nos mínimos detalhes. Se você olhar, se você pudesse hoje perguntar para o seu anjo: "O que eu fiz, sei lá, em 2004, às 16 horas da tarde?" O que ele vai dizer? "Você estava em tal lugar, fez isso, fez isso, fez isso..." Mas o teu anjo, quando ele olha para você, ele não vê só você, ele vê sua mãe, seu pai, sua avó, sua bisavó,
sua tataravó, seus antepassados. Meu DNA inteiro... E, quando ele desceu, ele já encontrou essa galera inteira daqueles seus parentes que já estão no céu, no purgatório. Portanto, veja a capacidade de conhecimento de quem é o teu anjo, até daqueles que foram ao inferno, de todos, né? É muito lindo isso. Muito forte, por exemplo, você. Eu gosto muito de uma interpretação desse padre oriental chamado Nicola Cabasilas, quando ele faz uma análise sobre quando o anjo do Senhor, aparecendo para José, disse: "Não tema, José, filho de Davi, de receber Maria em sua casa." Ele faz a seguinte
pergunta: "Mas o nome do pai de José era Davi?" Não, o nome do pai de José, segundo a genealogia de Mateus, era Jacó. Por que falou que é filho de Davi? É porque quando o anjo do Senhor olha para ele, vê toda a sua descendência até Davi. Então, essa capacidade do anjo de, vamos brincar aqui, né, "puxar a sua capivara" é muito forte essa questão do anjo da guarda. O anjo da guarda pode nos auxiliar nas tentações, nas lutas contra o demônio, contra todos os males, porque as virtudes da fidelidade, da humildade e da prudência
residem nele, né? E você tem, então, meu zelo guardador. Aí diz-se a ti: "Se foi a você que me confiou a piedade divina, se por misericórdia Deus quis que você cuidasse de mim, então, primeiro, eu digo para o anjo quem ele é e o que ele é para Deus, que foi Deus que deu a ele essa missão de me guardar." Então, se foi a ti que me confiou a piedade divina, aí eu digo: "Agora sim, eu te dou liberdade para que você me rega, me guarde, me proteja e me ilumine." São quatro missões. Por que
o anjo pode se comportar como um regente? Ora, é justamente esse regente, não é uma palavra simplesmente ligada ao fato de que ele é príncipe, que ele pode governar. Não. Regente, pelo fato... você, professor de português, pode até me ajudar nisso. Quando a gente pensa, por exemplo, no Brasil, né? Quando José Bonifácio ficou como, de alguma forma, tutor de Dom Pedro. E aí você tem o regente que fica no lugar do rei. Uhum. O anjo é o embaixador e a presença do próprio Deus na nossa vida. Se você pegar em Êxodo capítulo 23, quando Deus
fala para Moisés que Ele vai enviar um anjo, diz assim: "Eis que eu envio um anjo diante de ti para que te conduza ao lugar que eu tenho preparado." Respeita a sua presença, observa a sua voz, escuta, porque ele não vai perdoar os teus pecados se você não escutar. E, aí, diz assim: "Mas se você escutar a sua voz," Deus falando em relação a esse ser, "eu serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus adversários." E o Senhor fala: "Respeita, porque nele está o meu nome." Aí lembra a ideia de nome, dignidade. Então, o
anjo é a presença de Deus. A própria definição do Catecismo da Igreja diz isso: o anjo da guarda. Cultuar os anjos é cultuar a Deus, porque o anjo é o próprio Deus, através de uma criatura que Ele criou, que O habita. Por que ele ilumina? Ele ilumina porque ele tem uma lanterna para iluminar? Não, ele ilumina porque ele é habitado por uma luz inacessível, que é o próprio Deus que está nele. Então, ter um anjo da guarda, Lua, né, reflete a luz. Ah, não, mas não só como reflete, mas é como uma lamparina, vamos colocar
assim, como um lampião que tem a luz dentro. Hum, Deus está nele, porta a própria luz. Ele porta a própria luz. Então, o anjo pode te auxiliar, sim, em todas as suas lutas. A gente pode lembrar, por exemplo, do Padre Pio, né, as lutas que ele teve com o demônio. E, muitas vezes, o anjo da guarda o ajudava, o auxiliava. Eu me lembro de uma história do Padre Pio, uma vez que ele estava tomando uma surra do demônio, que ele conta nos seus escritos. Não, e literalmente apanhando. E aí o anjo da guarda, em pé,
do lado, ele pergunta: "Mas e aí, você não vai fazer nada?" Imagina. "Estou aqui apoiando!" Ficou bravo com o anjo da guarda dele. E aí o anjo disse para ele: "Não, mas porque essa luta era sua." O que o anjo ensina para Padre Pio através dessa realidade? Existem coisas que ele vai te ajudar e existem coisas que vai ser você que vai fazer. Quer um exemplo? Na Bíblia, mesmo no livro de Tobias, quando São Rafael Arcanjo está com Tobias ao caminho, indo em direção à casa de Raguel, e depois ali aconteceria o casamento com Sara.
Lembra, né, que na palavra São Rafael Arcanjo? Que é uma curiosidade: o Arcanjo São Rafael, ele é o chefe dos anjos da guarda. Todos os anjos da guarda fazem referência a ele. Tobias, no capítulo, vai lavar os pés no rio e, aí, um peixe pega o pé dele e arrasta para dentro. Lembra do pé? Pé, autoridade, intimidade. Por que pegou no calcanhar? Porque quer tirar a autoridade que Tobias teria como marido de Sara. Ele já tinha matado sete; queria matar o próximo. Uhum. E ele grita para Rafael. Ele grita: "Azarias, meu irmão," né, que era
o nome disfarçado que São Rafael havia dado. "Me ajuda." Ele diz: "Não, pega pela cabeça e arrasta para a terra." O anjo não auxilia Tobias a tirar o peixe da água. Ele deixa Tobias fazê-lo. Às vezes o anjo não vai fazer aquilo que é seu; na verdade, ele não vai fazer. Ele vai te auxiliar e te orientar como fazer. E aí volta de novo aquilo que eu disse: o anjo quer que você assuma o seu lugar, no lugar que Deus quer que você tome posse da sua vida. Depois, esse anjo, então, ele, como Regente, como
representante de Deus na sua vida, ele ilumina. São Tomás de Aquino fala que nós temos três formas de conversar com nossos anjos, ou que os anjos comunicam conosco por via da iluminação, por via da inspiração e da locução. A locução é muito rara, só acontece mesmo assim em casos muito raríssimos, por permissão de Deus; mas a iluminação acontece sempre, a gente não percebe. Por exemplo, não sei se já aconteceu com você: de repente, vou usar uma cena bem simples, sei lá, entrou numa rua, tá perdido, o GPS ficou muito louco, você não consegue e sente
que não é para você ir ali. A gente chama isso de intuição, né? Você intui que não é para você ir ali e logo começa a seguir essa intuição. Então, isso daqui é uma iluminação; o anjo ilumina você. E uma inspiração: de repente, você tá num trabalho, não consegue desenvolver; de repente, a gente que está na parte acadêmica, talvez, um conceito, talvez, uma ideia... vem um negócio assim na sua cabeça e você pensa: "Nossa, isso é a cara do meu marido!" Não é? Meu marido dorme com um problema e acorda com dez soluções diferentes, eu
nunca vi isso. É o anjo que comunica assim com você. É externo, vem e é diferente do modo como Deus, quando é o Espírito, né, os mestres espirituais ensinam. Muito disso é sobre essa realidade da iluminação, quando é o anjo, né? E também os demônios, por serem dessa natureza, não vão te iluminar; vão te jogar trevas. Então, dúvidas vão colocar uma guerra em você, e pensamentos que não são de Deus. Você tá com aquele pensamento: "Por que eu tô pensando isso? É obsessivo!" Exatamente, obsessivo. Essa comunicação, eu conheço a sensação. Aproveitando também um ensejo: já
o que os anjos podem fazer? Eles podem se materializar? E se sim, existe algum critério para isso? Você fala de materializar no sentido de aparecer em forma humana, vamos dizer assim. Não, às vezes, até em forma angélica mesmo. Igual o anjo que anunciou a Maria. Sim, apareceu. Não, não apareceu. Apareceu, ela viu, né? Ela viu. Podemos dizer assim: sim, é possível. Claro, você tem, por exemplo, na própria palavra de Deus, por exemplo, São Tomás, quando fala do coro das Santas Virtudes. As Santas Virtudes são anjos poderosos, fortes. Eles são os anjos que nos auxiliam na
fraqueza, então, eles são os anjos da Fortaleza; eles têm esse dom de fortalecer os tentados, os provados. Vem disso, de virtudes, nesse sentido. Ele diz: "Olha, as Santas Virtudes são os anjos que têm poder sobre os corpos e, ao mesmo tempo, realizam milagres." Você vai ver a libertação de Pedro da prisão; o anjo faz cair as correntes, abre as portas. E você tem aí o anjo abrindo, mexendo em coisas materiais. E por que o anjo, que é ser puro, que não é imaterial, pode ter poder sobre algo material? É justamente porque, nesse conceito de proporção,
ele é superior à matéria, né? Então, ele pode, sim. Então, teu anjo já deve ter feito muita coisa, como abrir portas, fechar portas, desviar carros que você não viu, aí na sua vida. No meu livro sobre o anjo da guarda, eu tenho testemunho, por exemplo, da Taísa Pelose. Ela é uma artista e conta no livro de uma experiência que viveu. Na época, ela estudava teatro e estava voltando para casa muito tarde. Naquele período, tinha um homem que estava fazendo mal às mulheres, né? Não vou usar os nomes aqui, mas vocês entenderam. Ele estava sendo procurado
pela polícia, então, tinha uma característica: andava com um carro Brasília e ele abordava as mulheres com uma arma. Ela estava voltando da escola, o ônibus circular atrasou, e ela vê esse homem vindo em direção a ela. Ela estava sozinha e falou que gelou, porque tinha certeza de que ia morrer. Naquele dia, o homem parou o carro, baixou o vidro e mandou ela entrar, com uma arma. Naquele momento, ela ficou em choque, não conseguia responder, porque estava em estado de choque. Na hora que ele estava abrindo a porta, ela disse que apareceu um senhor com uma
bengala e começou a bater no capô do carro, dizendo: "Deixa ela em paz, vai embora, deixa ela em paz!" O homem ficou assustado e foi embora. E aquele senhor pegou ela pela mão, atravessou a rua e acompanhou até a frente da casa dela. Tinha um bar aberto, algumas pessoas ali, e ele falou para ela: "Fica tranquila agora, tem gente perto, você não está mais sozinha. Eu vou ficar aqui esperando." E ela foi lá tocar a campainha. Toca a campainha, abre a porta, e ela volta-se para falar tchau para o homem; ele tinha sumido. Eu tenho
muitos relatos em relação a isso, não só da Taísa, mas coisas extraordinárias. Eu, comigo, nunca aconteceu, mas você vê isso na história dos santos. Você tem, por exemplo, São João Bosco, que tinha um cachorro que se chamava Gío, e o São João Bosco dizia que o Gío era o anjo da guarda dele, né? Porque algumas vezes, João Bosco, sozinho, voltando, tinha na época algumas realidades que queriam tirar... A vida de Dom Bosco, o gênio, estava lá na casa e o Grid aparecia atacando os bandidos. O GD aparecia, e São João Bosco dizia que era o
anjo da guarda dele. Então, sim, é possível que o Anjo se manifeste. É uma manifestação. Ele não pode tomar a forma no sentido de assumir uma natureza, porque ele é espírito, mas, para se revelar, pode ser em algumas vezes, raramente, por permissão de Deus. Nós, seres humanos, pela nossa natureza decaída e pela misericórdia de Deus, podemos errar, nos arrepender, aí a gente vai, se confessa, peca de novo, levanta, balança a poeira e continua. Mas os anjos, em sua origem, têm uma natureza infinitamente mais sábia do que a nossa. Um demônio que decaiu, que escolheu fazer
parte desse um terço de revolta contra Deus, pode se arrepender? Não, existe essa possibilidade? Não. Existe mais? Nenhum anjo ou demônio pode voltar atrás na sua escolha. Não porque eles não querem voltar, é porque eles estão, primeiro, fora da realidade do espaço e tempo. Eles já estão numa realidade da eternidade. Portanto, quando escolheram, eles escolheram para sempre. Então, é impossível um demônio, por exemplo, se arrepender. O ódio que ele tem por Deus e por nós é perene, e ele já decidiu o que ele quer. Por que nós podemos ser perdoados? Porque nós ainda estamos em
peregrinação e porque também somos seres, somos aquilo que Aristóteles chama de seres misturados, dotados de matéria e espírito. Portanto, pela realidade do espaço e tempo e pela realidade também de que somos seres limitados e ainda temos a natureza decaída por causa do pecado, é possível nesta vida escolher. Nessa vida, se pode escolher, e na outra não, é por Deus. Os anjos, na vida em que estavam, já estavam numa vida, vamos dizer assim, eterna, que não teria uma outra realidade. Nós temos essa realidade visível que viveremos no mundo invisível. Eles já estavam nessa realidade pela qual
nós somos chamados, nessa peregrinação, a estar, né? Então, não é possível. Mas é interessante porque, mesmo já estando nessa realidade, eles caíram, né? Por que caíram? Caíram. Mas lembremos de novo o ensinamento de São Tomás: eles caem, ou os outros permanecem fiéis porque foram criados diante de Deus, mas ainda não tinham entrado na sua beatitude. Ah, sim, não tinham visto Deus; tinham, e como nós, assim, vamos dizer assim, em véu. Mas ali, essa prova, justamente, eles escolhem: nós queremos a Glória, né? É porque, até porque, se eles tivessem visto, né, eles não... Não dá para
negar. Exato. E eu... Você quer fazer alguma pergunta? Não, eu ia fazer uma pergunta, mas é mais genérica. Do ponto de vista dos anjos, eles conversam entre si? Eles se comunicam? Assim, têm reuniões de anjos? Eles fofocam na cozinha sobre nós? Essa live aqui devem estar maior rolê. Imagina, assim, os anjos. Muitas pessoas me perguntam, sobretudo as mães: eu posso rezar pelo anjo da guarda do meu filho? Essa é uma outra pergunta, inclusive. Você não só pode, como deve. Ao mesmo tempo, lembre-se: os Anjos, Santa Del Garda, de Bigen, doutora da Igreja, diz algo lindo.
E, voltando à Hierarquia Celeste, tá, quantos são? Você lembra? Quantos são? Nove, que você falou. Vezes três? Vezes três. Ah, nove, isso aí! Santa Del Garda, pegando uma antiga tradição de Gregório Magno e dos antigos, diz que não, não são nove, são dez, porque o décimo coro somos nós. Você faz parte. O ser humano é a décima parte que falta, né? Que deve voltar para casa. E ela dizia justamente isso: a partir do momento em que Deus concedeu aos homens a graça de terem um anjo que os proteja, Deus também concedeu essa graça aos anjos
de terem uma família terrestre. Então, na sua casa, vocês são... É você e sua filha? Sim, só eu e minha filha. É, não! Vocês são... Então, são vocês! Moram em dois lá? Uhum. Não, vocês moram em quatro, porque o teu anjo e o anjo da sua filha são membros da sua família. Essa é uma beleza muito forte. Porque, então, assim, uma mãe pode rezar, pode, como deve. Ao mesmo tempo, esse anjo, por exemplo, você que está gerando essa criatura linda aí, o relacionamento de uma mãe com o anjo da guarda dos seus filhos é poderosíssimo,
porque ele é tão íntimo. A relação do anjo da guarda dos seus filhos é uma relação visceral. Uhum. Ele te conhece por dentro. Então, você tem não só uma autoridade, mas uma intimidade muito forte com os anjos dos seus filhos. Então, ah, como que eu... Aí as pessoas falam: como que eu rezo? Não tem uma oração específica para rezar pro anjo da guarda de alguém? Não, converse: "Santo Anjo, olha, estou passando por isso, eu peço sua ajuda, ilumina-me, ajuda-me." Nós temos que tratá-los como pessoas, nós temos que passar da devoção para amizade. Aí, a mesma
coisa com Cristo também, né? Exatamente. Hoje, e a gente já tocou nesse assunto algumas vezes aqui em outras conversas paralelas, nós vemos um culto muito explícito e eu não sei se em outro momento houve tanta clareza de figuras públicas com relação ao satanismo. Uhum. Então, nós vemos, por exemplo, tá, tá, pop, recentemente escrachado, né? Recentemente, até a própria Anitta postou uma foto dela como se estivesse grávida, e aí um ultrassom do bebê que estaria ali dentro era uma caveira, como se fosse assim, grávida do anticristo ou alguma coisa assim. Foi justamente para causar essa polêmica.
A série do Lúcifer, a série do Lúcifer que, aliás, o demônio é maravilhoso ali, né? Lindo, gato, super gente boa, descolado e tal. Não, ele é uma vítima, né? Ele quis ajudar os homens, né? Uma vítima, exatamente. Então, e os shows da Lu, sons, acho que dispensam comentários. Show da Madonna, por exemplo; show do Travis Scott, Travis Scott que faz rituais satânicos literalmente. Assim, segue a risca, né? E é engraçado que as pessoas não veem isso. Um vídeo recente, até do clube de futebol Atlético Paranaense, um vídeo, o vídeo se chama "Rafael"; você não viu
isso? Tá perdendo nada, mas eu vou te contar: o vídeo se chama "O Pacto". E aí você pensa: "Não deve ser uma referência assim, ó, a pessoa esperta capta." Não é; é um vídeo absolutamente explícito de um pacto demoníaco, as duas mãos, até o contrário, inclusive uma coisa bizarra, os dois se dando as mãos e aí o sangue escorrendo pelas mãos. Tipo, um pacto demoníaco mesmo, não tem dúvida; é só você ver o vídeo que você entende, sabe que é um pacto demoníaco. Por que que eu tô falando isso? A impressão que nós temos é
de que o demônio e os demônios têm se sentido muito à vontade, né? O que isso significa dentro da história do cristianismo e como nós podemos nos blindar disso, recorrendo também aos nossos anjos para essa blindagem? É realmente tá muito explícito mesmo, né? A gente tem isso, seja em questão de religião, seja em questão também de uma pseudo liberdade, né? Que na verdade é uma libertinagem no final das contas e da própria decadência e corrupção do ser humano, do conceito próprio da religião. Sim, Satanás está mais ousado mesmo; os demônios estão muito ousados porque nós
demos a eles as chaves, podemos dizer assim, em todas as áreas. Eu vou falar algo que eu admiro muito em vocês e peço para que o Senhor os fortaleça nas lutas que vocês têm diante de tantas realidades políticas e ideológicas, né? E não tem sido fácil sair das lutas de vocês. Mas um exemplo: vou falar uma coisa bem simples, tá? Os caras fazerem aí "sangue e caveira". Isso não me assusta. O que me assusta é o satanismo silencioso, o sacrifício silencioso. Nós temos, por exemplo, hoje a luta da legalização da interrupção voluntária da gravidez, porque
não posso falar muito aqui, pode ser que o YouTube dê problema. Não que você possa falar, pode falar, então essa porcaria aí, isso é o maior sacrifício satânico que existe. Esses dias eu tava vendo, acho que ontem, na verdade, eu vi algumas postagens, alguns vídeos de "tirem o seu terço do meu útero", "tire seu rosário do meu ovário". Eu vi no perfil do Bernardo, isso foi no Bernardo. Ah, que eu também vi, exato. Para mim, isso aqui é o satanismo verdadeiro. É isso aqui, porque o ser humano se levanta pior do que Lúcifer se levantou
diante de Deus, a dizer a ele: "Eu não quero que você dê vida ou que a vida aconteça; eu decido a hora que eu quero e quando eu quero." Veja, o ser humano... Nós falamos de demônios, mas nós podemos ser piores do que os demônios! Eu acho que às vezes o diabo fala assim: "Nossa, esse aí me surpreendeu agora, hein? Esse daí foi melhor que eu!" Porque, como seres criados à imagem e semelhança de Deus, quando nós nos corrompemos e deixamos que o pecado nos leve, a gente fica pior do que eles. Nós somos muito
mais... Enfim, até uma cena do Nefar (desculpa eu te cortar), que o próprio diabo lá bate palma, corporado, né? Um filme, para quem ainda não assistiu e tal. E fica só naquela cena do demônio lá conversando com advogado, lá e tal... O advogado não, ele é médico. Ele é um médico! Isso. E o possuído conversando com o cara lá. E aí ele fala: "Tá, mas e ele pergunta, né? Tá, mas essas coisas aqui de cultura, w, de não sei o que e tal, foi coisa tua também?" Não; isso aí foi coisa dos humanos. Isso aí
eu não nem pensei nisso, mas, pô, estão de parabéns aí! Isso até me surpreendeu; assim, essas crianças trans, esse negócio aí, nem pensei nisso! O negócio dela é mais embaixo. E você vê, por exemplo, a cultura de morte. Você tem o aborto, você tem eutanásia, você tem a cultura de descarte, você tem tudo isso, que, no final das contas, é a ação do mal para destruir a natureza humana, que ele, antes da criação desse mesmo ser humano, já não queria, já odiava. Já odiava, então tudo, tudo resta consequências. Mas a gente tem que ir pra
centralidade, e assim, voltando a essa realidade do aborto, até um corte que vocês podem fazer, que eu acho que vai dar bom. Prepara! Eu sempre digo algo assim: ora, se o anjo da guarda ele é dado desde o início da nossa vida, isso está no catecismo da Igreja, isso é verdade de fé. Nós temos um anjo da guarda desde a nossa concepção. Se o anjo da guarda, esse ser poderoso que foi que desceu do céu para cuidar de você, para quem? Para onde eu tenho que olhar? Qual câmera que eu olho? Lá. Uhum, da sua
vida, ô criatura. Ele te conhece desde a sua concepção. Deus te quis desde a sua concepção. Então, eu digo a você: aqueles que aprovam o aborto, aqueles que querem legalizá-lo, seja de qual instância da sociedade que for, desde do cidadão mais simples ao judiciário, ao raio que o parta, vocês terão que, no dia do juízo final, encarar o anjo da guarda de todas as crianças que foram abortadas, e esse dia vai ser terrível para vocês. É até... Difícil de prosseguir, eu queria só aproveitar o gancho. Você comentou e a gente já vinha falando nesse podcast
que todo mundo tem um anjo da guarda. A gente também tem um demônio que acompanha. Nós temos demônios. É pior do que parece, brincando. É tipo, tem mais, né? Claramente, não. O anjo da guarda, a missão de guardar é uma missão de amor, né? Então, é um anjo para cuidar de você. Existe uma fidelidade nesse trato. O demônio jamais seria fiel, não. O demônio quer detonar você e ele quer bagunça, né? Ele não tem uma ordem. O próprio Jesus já ensinou isso: eles são um reino dividido em si mesmos. Ao mesmo tempo, não existe amor,
harmonia. Vamos dizer assim, o que existe é uma orquestra mal feita para poder destruir você. Agora, claro, os demônios estão por toda parte e o que eles querem é que você não descubra algo poderoso, que Deus é teu pai. Enquanto isso, os fariseus preocupados em rezar, os discípulos vendo... Nossa, imagina aqueles discípulos, né? E pedindo para Jesus: “Jesus, ensina-nos a orar.” Por uma pessoa, pedir para você ensinar a rezar porque essa pessoa, meu Deus do céu, ela tá numa simplicidade, num caminho, início de fé, muito, muito, vamos dizer assim, não só simplória, mas ela está
começando. Ela é neófita. Uhum! Jesus não dá para eles um manual. Jesus ensina algo poderoso que, para o judeu, isso era escandaloso: “Quando vocês forem orar, orem assim: Pai Nosso.” Uhum! Se o católico, se o cristão, compreendesse que, além de ser eterno, todopoderoso, por exemplo, para o Islã, Deus tem 99 títulos, né? É o Clemente, é o Misericordioso, é isso, é aquilo. Mas Deus não é pai no Islã. Para nós, a revelação de Jesus, Jesus vem nos ensinar que Deus é pai e que Ele enviou seu Filho para que pudéssemos ser salvos por Ele. A
partir do momento que você compreende que Deus é teu pai, isso é um poder, um poder assim que, se você compreendesse isso, você não teria medo de demônio, você não teria medo de nada nessa vida. E, por Ele ser teu pai, Ele te deu um ser escolhido a dedo por Ele para cuidar de você, que é teu anjo. Ao mesmo tempo, a consciência dessa filiação que está ligada justamente a ser filhos em Jesus Cristo, porque nós não somos nada senão por Cristo, nos faz ainda mais sermos ligados a Jesus. Então, quanto mais somos incorporados a
Cristo... Eh, esses dias uma pessoa estava fazendo uma pregação e eu me lembro que eu contava essa experiência. Uma pessoa me mandou desesperada uma mensagem no meu direct porque encontrou uma espécie de feitiço, alguma coisa que tinham feito para ela, e ela estava desesperada. E eu disse a ela, eu falei: “Minha filha…” Ela falou assim: “O que que eu faço? Qual oração que eu faço?” Eu falei: “Hoje é sábado, vai à missa amanhã. Ore pela aquela pessoa.” E a pessoa cortou um bode, cortou a cabeça do bode na frente da casa dela. Caramba! Uma coisa
mais pesada! Pô, cara! Eu falei assim: “Na missa não é um bode que é cortado a cabeça. É um cordeiro que se sacrifica por você.” Você acha que recebendo no corpo sangue, alma e divindade, nosso Senhor Jesus Cristo, na Santa Eucaristia, vivendo uma vida sacramental, vai ser menos poderosa do que esse feitiço? Você tem que rir na cara do diabo, nesse sentido, porque se você entender o seu lugar, né? Veja o mistério eucarístico, o mistério da Santa Igreja. Aquilo que nós aprendemos na realidade sacramental da Igreja é o que é Deus o tempo inteiro através
do Seu Filho, através do Mistério da Graça, do Espírito Santo. Deus se dando, se dando, se dando, se dando. É Deus, é o céu; eu sempre digo isso, né? Que é a Santa Missa. A Santa Missa é um evento do futuro no presente. Para quem não sabe, que não tem um pouco de cultura católica nesse sentido, é só para vocês compreenderem a liturgia. A liturgia da Santa Missa, a Santa Liturgia, ela está... Ela é a representação, não somente, mas é a atualização do Mistério Pascal de Cristo. Mas ela também, na liturgia, tem os símbolos da
Jerusalém Celeste. Quando você vai à missa, o padre faz o sinal da cruz. A partir daquele momento que começa a Santa Missa, você está diante da praça de Ouro da Jerusalém Celeste que João viu no Apocalipse. Você está diante do Cordeiro. Portanto, aquilo que nós viveremos lá acontece no domingo. Por isso que as nossas vozes se associam às vozes dos anjos e dos santos. Nós rezamos pelas almas do purgatório. Essa realidade da Igreja cósmica, da comunhão do corpo de Cristo, o tempo inteiro, nós não morremos, ainda não passamos desta vida para outra. Mas como dizia
Carlos Acutis, né? Carlos dizia que a Terra Santa estava na esquina, mas já dizia também São João Maria Vianney: “Se você quer ir ao céu, não precisa morrer. Vai à Santa Missa.” Tenho tudo isso, maravilha! Eu tenho esse banquete em casa e o problema é que a gente fica procurando migalha, preocupado e com muito medo também, né? Já eu já li a respeito, não vou precisar exatamente quem disse isso, mas é como se... Se não me engano é Santo Agostinho, posso estar falando errado, que Satanás é como se fosse um cachorro na coleira. É, Sá
Lola, isso, isso. Então, exatamente, que é como se fosse um cachorro na coleira. Ele tem mais medo de uma pessoa, de uma alma em estado de graça, porque ele não pode fazer nada. Exato! Contra isso! Olha, São Tomás, ele usa um termo muito interessante sobre... O conceito de graça natural e graça santificante. Divina graça incriada. São Tomás diz assim: a graça natural, o que é a graça natural? Por exemplo, a lei natural. Quando você olha para a realidade da natureza em si, toda ordenada, né? As estações do ano, os dias contados, hoje vai fazer noite,
amanhã faz sol, enfim, está tudo ordenado pela graça. Essa é a graça, o auxílio natural à graça de Deus e o universo, e tudo mais. Aí, Tomás diz assim: a graça santificante, a graça incriada, que é o próprio Deus dentro de nós, que nos santifica, que habita nossa vida, é maior do que a graça natural. E, de fato, portanto, o ser humano habitado pela graça de Deus é mais poderoso do que o universo. Se você parar para pensar, porque se a graça natural é grande, a graça santificante, que é o próprio Deus dentro de nós,
que é o autor da criação, é muito maior. Isso é poderoso! Se você tem essa consciência, isso é teologia, gente. Se você tem essa consciência e faz como Santa Teresa d'Ávila, você arranca sua cruz e fala assim: "Olha, se o inferno vier aqui, eu vou até o inferno, eu arrebento com todo mundo!" Isso aqui é o verdadeiro empoderamento, né, Di? O empoderamento, porque o poder não é seu. E aí a gente lembra daquilo que São João Crisóstomo dizia: quando você ora, João Crisóstomo dizia que o ser humano que ora é o ser mais poderoso do
mundo, porque ele não usa suas forças, mas usa as armas e os poderes de Deus. Hum, que maravilha! E, Rafa, a gente já está encaminhando para o nosso final, mas eu anotei aqui que não posso esquecer de perguntar a respeito de Portugal. Você que faltou terminar esse restinho, e eu queria aproveitar também para a gente encerrar, antes da despedida aqui, você comentar um pouquinho a respeito desse estereótipo dos anjos, desse simbolismo, né? Você falou um pouco das asas, mas tem o lance dos demônios também com chifrinhos e o tridente. O que a gente pode trazer
a respeito desse simbolismo? Vamos primeiro falar, acho que de Portugal, para a gente encerrar o A de Portugal, depois a gente finaliza com esse par. Parece que vai ser bem bacana pelos principados. Bom, quando você... essa análise minha aqui não é uma análise unânime, mas ela é uma análise, digamos, podemos dizer assim, que os pensadores, sobretudo os teólogos portugueses, a maioria assim o pensa, e eu sou da linha deles, porque historicamente você vai ter isso concreto. Por exemplo, quando o anjo aparece em Portugal, ele diz o seguinte: quando perguntam o nome dele, ele diz: "Eu
sou o anjo da guarda, o anjo da Paz, o anjo da guarda de Portugal". Ele aparece com a Eucaristia, com o cálice, que ele pegou ali no sacrário de Oré, e oferece, ensina os pastorzinhos a adorar a Deus, ensina os pastorzinhos a louvar a Santíssima Trindade, fala do Imaculado Coração, fala do Imaculado Coração de Maria, do Sagrado Coração de Jesus, que estão atentos às nossas orações, chama os pastorzinhos à oração, à comunhão com Deus. Ok, bom, quando você vai na história de Portugal, e aqui eu estou diante de vocês, né, dá até vergonha, porque vocês
são a autoridade hoje nisso. Mas quando você vai... Não, Brasil, paralelo. Quando você vai... nós fizemos o Brasil Última Cruzada, eu só assisti, achei ótimo! Quando você vai na história de Portugal, nos inícios, desde a época de Dom Afonso Henriques, ainda quando ele estava no norte de Portugal, né, naquele pequeno feudo dele, e para quem não sabe, santo é Santo Dom Afonso Henriques, ele era parente de São Bernardo de Claraval, já começa aí, né, que é o fundador dos templários. E Bernard de Claraval foi um doutor também angélico, falava muito de anjos. Enfim, existe uma
tradição histórica portuguesa que diz que quando Afonso Henriques sente o poder de fazer a reconquista, né, de começar a reconquistar ali contra os mouros, o Miguel aparece a ele. Ele tem uma visão de São Miguel que diz a ele de poder lutar. E até tem várias representações e imagens, vou pedir para depois colocar essa imagem aí para vocês. Vai estar aparecendo na edição, tá? Aparecendo aí para vocês essa imagem. Olha só, você vê Dom Afonso Henriques ajoelhado, você vê a cruz lá em cima e você vê o anjo com um escudo, com uma espada. Esse
escudo que ele tem aí é o símbolo dos cinco selos de Portugal em forma de cruz, representando as cinco chagas de Cristo, mas ao mesmo tempo os cinco castelos principais e fortalezas dos mouros que conquistaram. Então, existe essa tradição que Miguel apareceu para Afonso Henriques. Esses cinco castelos, inclusive, estão na própria bandeira de Portugal. Bandeira essa que representa as cinco chagas e também a própria cruz de Cristo e, ao mesmo tempo, essas fortalezas. E aí você tem logo depois, mais um tempo depois, com o santo condestável, que é Nuno de Santa Maria, ali no século
XV, na luta que teve para a independência de Portugal. E você, quando vai a esse lugar onde aconteceu a Batalha de Aljubarrota, que foi uma batalha que decidiu os destinos de Portugal, tem uma capelinha. E hoje é santo, mas na época o condestável, né, o Nuno de Santa Maria, ele não vai para a guerra, ele fica... ele comanda suas tropas de um QG, não da capela do anjo da guarda do reino. Quando foram se encontrar, então, vestígios arqueológicos, histórias, enfim, encontraram-se esse anjo da guarda do reino em capelas, como está aparecendo, por exemplo, essa capela
de Braga. A própria Capela, aí onde o santo convocava, rezou e foram descobrir que, quando finalmente Afonso Henriques conquistou aquilo que hoje é chamado de Castelo de São Jorge, ali em Lisboa, ele consagra Portugal e pede ao Príncipe dos Anjos Miguel para se tornar o anjo da guarda do reino. Então, a festa do anjo da guarda do reino vai ser uma das primeiras; na verdade, a primeira festa, se eu não me engano, foi São Pio V que instituiu. Não me lembro agora qual Papa, mas é ali na época de entre 1540 e 1580, depois, bem
depois, que permitiu a Portugal celebrar a festa ao anjo da guarda. A característica desse anjo é que ele tem escudo, ele tem espada, ele tem elmo, ele tem armadura; ele é um guerreiro. E na história de Dom Afonso e na história de Nuno, eles eram devotos de São Miguel. Então, o anjo da guarda que aparece em Portugal é São Miguel Arcanjo. E por que é São Miguel? Está por causa dessa história. Mas por que, então, ele aparece vestido de branco, como um menino e um adolescente de 15 anos, com o cálice na mão? Lembrando, então,
voltando de novo à batalha no céu: o que Miguel fez? Miguel reordenou a adoração no céu, a rendição a Deus. Se você quer ter um relacionamento com São Miguel, além de você fazer a quaresma de São Miguel, enfim, vá para o sacrário; você encontra São Miguel ali. São Miguel, o anjo da Eucaristia, é o anjo do Senhor que guarda os tabernáculos e, ao mesmo tempo, guarda a Igreja, que é o tabernáculo maior do próprio Cristo, dos seus sacramentos e de todos nós, que somos sacramentos vivos. Ora, ele ensina algo poderoso. Lembra que eu falava que
era um código de adoração, né? O nome Miguel enseja para os pastorzinhos crer, adorar, esperar e amar. Ele acrescenta uma palavra a mais nas virtudes teologais. As virtudes teologais são fé, esperança e caridade. Essas são as bases dessas virtudes infusas, que vêm do céu justamente para nossa santificação. Nós não podemos ser santos sem a esperança, sem a fé e sem o amor. Então, ele diz: "Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos." Ele acrescentou adoração. Por que a adoração? Porque a adoração, segundo Santo Agostinho, explicava que existem formas de oração; uma delas é a adoração.
E a adoração, segundo Santo Agostinho, "Tivit dayi", nada mais é do que a capacidade de um grande afeto de amor que nós expressamos por quem nós amamos. Adorar a Deus não é somente um rito, mas é um amor de rendição da própria vida, colocando nas mãos de Deus. Então, o que Miguel ensina? O que o anjo da guarda de Portugal ensina? Adorar a Deus. E, ao acrescentar a adoração, ele nos ensina que visitar... E você vai ver isso na vida dos pastorzinhos, que Lúcia e Jacinta querem ficar com Nossa Senhora. Jacinta, sobretudo, quer consolar o
Imaculado Coração de Maria e o Francisco some para ficar cuidando e consolando o Jesus escondido no sacramento que ficava na paróquia de Ourém. Esta verdade de um anjo que ensina sobre adoração é profundamente ligada à realidade de São Miguel. Um exemplo é a primeira aparição... Vamos dizer, a aparição mais conhecida no Brasil é a aparição do Monte Gargano, no ano 395, lá na Itália, onde o Arcanjo aparece na Gruta de São Miguel, a famosa Gruta. O que aconteceu naquela Gruta? Naquela época, ainda estávamos... O Império Romano estava em decadência, de alguma forma. Também você tem
aqui o cristianismo que está tomando conta, mas ainda existe o sincretismo. O que acontecia na Gruta do Gargano, que era o dono dessas terras? Aconteciam os cultos mitraicos, né? Os cultos a Mitra, que era esse Deus do exército romano, onde as pessoas faziam ali também sacrifícios. Enfim, tudo mais. Então, é muito parecido com o tempo de hoje: ia à missa e depois ia cultuar Mitra, né? Fazer os sacrifícios para ele. Então, aquela Gruta, por muitos séculos, era um lugar de culto. Ora, esse homem perde a vaca dele. A vaca entra lá dentro e ele joga
a flecha; a flecha volta. Não sei o que foi, mas daqui a pouco ele vê um ser lá dentro, cheio de luz, que diz: "Ó seguinte, acabou a palhaçada, hein?" Tô dizendo bem, não foi assim que ele falou. "Eu quero que vocês digam ao bispo... Digam ao bispo de aqui que eu quero consagrar esse lugar como culto a Deus." Fala com o bispo. O bispo fica meio assim, de noite ele aparece para o bispo. O bispo vai pedir ao Papa da época a permissão para poder consagrar aquela Gruta. O Papa permite. Quando ele volta, o
anjo fala: "Não precisa mais, eu já consagrei esse lugar." A Basílica do Monte Gargano é a única Basílica, o único lugar de culto católico onde não houve uma consagração do edifício; o próprio Arcanjo consagrou. E, a partir dali, Miguel tem adoração perpétua, vai ter missas, vai ter um culto a Deus. Quer dizer, é a missão que Miguel faz de reordenar o culto verdadeiro a Deus. Por isso que ele é maior. Aí, a gente falava da hierarquia. O Arcanjo... Por que ele é colocado como arcanjo? Ele é arcanjo enquanto ele exerce a função junto a nós,
os seres humanos. E a palavra "arcanjo" significa chefe dos enviados, chefe dos anjos. Mas, diante de Deus, numa tradição muito antiga, até mesmo no próprio Monte Gargano, se você for olhar as linhas de São Miguel, as orações a São Miguel, medievais, e até mesmo ligadas ao culto Micaéco, ele é chamado de... Príncipe dos Serafins, uhum! Ó, que maravilha! É Lara, eu achei maravilhoso essa conversa paralela. Tudo eu quero, inclusive essa última resposta a respeito... Só para o pessoal de casa, a gente não esqueceu não, não depois vão ficar criticando a gente, falando: "Ah, mas ele
não respondeu aquele ponto." Aham, mas antes, né? Para o pessoal já saber como encontrar o Rafael nas redes sociais, como é que a gente encontra você nas redes sociais? Que livros são esses aí que você trouxe na mesa? Já mostrou um pouco as capas bonitas aqui. Mostre, você manda aqui que eu vou mostrando pra câmera enquanto você vai falando a respeito dos livros e depois, um encerramento a gente falando a respeito dos estereótipos dos anjos e dos demônios. Tá, esses são uma trilogia. Qual que é o... Mostre primeiro. O primeiro é "O Segredo dos Anjos".
Esse daí foi o primeiro que eu escrevi, que eu trago uma visão geral falando sobre a realidade de quem são. Depois, o segundo: "O Mistério do Anjo da Guarda: Um Companheiro para Toda a Vida". Esse é um livro só sobre o anjo da guarda, o que a Igreja ensina, o que a Igreja fala, quem é o anjo da guarda, como se relacionar com eles, as perguntas mais assim que a maioria das pessoas fazem para mim. Interessante isso aqui! E pra mim, esse daí é o amor da minha vida, que é "Miguel: Guardião do Lugar Secreto".
Já gostei desse aqui! "Miguel: Guardião do Lugar Secreto" é um tratado justamente de Miologia. Aí você vai ver um Miguel que você nunca viu. Uma curiosidade sobre São Miguel, por exemplo, para a Igreja: São Miguel Arcanjo, como eu dizia, ele nunca foi o menor, sempre foi o maior entre todos os anjos, o chefe entre eles. E isso é importante a gente salientar, que quando ele... Por que que ele derrota o dragão, derrota Lúcifer? Olha, eu derroto alguém se eu sou mais forte do que ele. Uhum... ah, não é porque ele era humilde, mas ele é
humilde e por isso que ele é grande. Porque quanto mais humilde sou, maior ele é em mim. É necessário que ele cresça e eu diminua. Ora, se Cristo cresce e eu me diminuo na humildade, portanto, então a força, a graça é maior em mim. Eh, então esses são os meus três livros. Eu, todos os dias, às 22 horas, eu rezo no meu canal a oração do poderoso terço dos anjos, que é uma oração, um terço, e ali ensino também sobre vários aspectos. Tenho vídeos de opinião sobre a Igreja, não trato só sobre anjos também nas
minhas realidades das redes sociais. Falo também de teologia, falo também sobre dúvidas em relação a isso. E o meu Instagram é Rafael F. de Brita. É só depois seguir lá, vai tá aparecendo na tela. E uma palavrinha final, mas antes, o estereótipo. Então vamos tratar um pouquinho desse assunto e a sua câmera está aqui, se já quiser já falar diretamente com o pessoal de casa, fica à vontade. Professor, bom, os estereótipos dos anjos são maneiras, né? Simbologias para que nós possamos compreender um pouco essa realidade do invisível, né? Nós necessitamos ser seres sensíveis. Então, eh,
por exemplo, vamos pegar Miguel, né? São Miguel. Veja, quando ele aparece no Gargano, ele aparece vestido com uma roupa de general de guerra. E ele... Aonde que isso está fundamentado? No livro de Josué, capítulo 5, quando Josué, às portas de Jericó, ele tem uma missão terrível, ao mesmo tempo uma responsabilidade enorme de conduzir o povo e conquistar a terra prometida. Tá, em choque. O moleque tá em choque, porque tem um exército que tem inchada e facão para lutar contra, sei lá, a maior potência daquele momento. E é muito lindo, porque ali no capítulo, c, a
palavra diz assim: "Estando Josué às portas de Jericó, eis que ele viu um homem de pé diante dele com uma espada desembainhada na mão." E aí você imagina Josué colocando já a mão na bainha dele, né? Com a espada, ele pergunta: "És tu um dos nossos ou dos nossos inimigos?" E então aquele homem responde: "Eu não sou nem teu inimigo e nem dos teus, mas eu sou o chefe dos exércitos do Senhor e acabei de chegar." Naquele momento, Josué se prostra diante dele e diz: "O que que o meu Senhor tem a dizer ao seu
servo?" Ele diz: "Tira a sandália dos pés, porque o lugar em que pisas é santo." O mesmo anjo que aparece na fornalha, na sarça ardente, para Moisés e pede a Moisés tirar a sandália dos pés, fala também com Josué, e depois continua o texto dizendo: "Olha, você vai..." Eh, o Senhor disse então para ele poder usar as trombetas, sete trombetas, enfim. E esse chefe dos exércitos, general, é Miguel, é o príncipe dos príncipes. É por isso então que na cultura judaica e para os judeus Miguel sempre vai ser o guardião do povo eleito e para
nós também hoje, o Novo Israel, guardião da Igreja. Quando ele aparece, ele aparece vestido com roupa de soldado. Aí você pega a palavra, vou explicar através da palavra. O apóstolo Paulo, quando vai falar de batalha espiritual contra demônios, ele fala para nós em Efésios, capítulo 6. Ele diz assim: "Uma sobre nos revestir das armas de Deus." Ele diz assim: "Finalmente, irmãos, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder." Quer dizer, eu sou forte. Paulo sempre vai dizer isso: "Eu sou forte na maneira em que eu tenho a força de Deus, não uso as minhas
armas. Revesti a armadura de Deus para poder resistir às insídias do diabo, pois o nosso combate não é contra o sangue, nem contra a carne." Mas, contra os principados e contra as autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos do mal, aí ele diz: "Portanto, ponde-vos de pé". Primeira coisa: de pé, como prontidão, como alguém que está pronto para obedecer; e cingi os rins com a verdade. Aqui está colocando a realidade: cingi é colocar a espécie de uma cinta para segurar a sua armadura, e que também era onde o suporte da espada.
Cingi os rins com a verdade! A gente acha que às vezes é tipo igual quando a gente assistia Jaspion, assistia, sei lá, Transformers, que você tem que vai juntando a armadura. Não, não é isso! Cavaleiros do Zodíaco! Cavaleiro Zodíaco! Nossa, Cavaleiro Zodíaco era da hora, era muito bom. Quando você... essa armadura espiritual, ela é uma atitude virtuosa, são virtudes. Então, cinja os teus rins com a verdade. Uma pessoa verdadeira que busca a verdade, seja uma pessoa verdadeira. Busque a única solução para tua vida, não seja uma pessoa falsa. Então, é o que Miguel fez: ele
buscou a verdade, ele não ficou escutando aquilo que os outros anjos ou que Lúcifer achavam a respeito de Deus. Ele disse: "Não, eu ficarei e permanecerei aqui!" E revesti-vos da couraça da justiça. A justiça é ser uma pessoa justa. E o próprio Deus, no livro de Isaías, ele também reveste uma armadura. Isaías diz que o Senhor, quando combate, ele se reveste de justiça. Quer dizer, não é só para que eu busque a virtude da justiça, mas ao mesmo tempo que eu tenha a capacidade de ser uma pessoa justa. A justiça enquanto dar ao outro aquilo
que lhe compete. Mas também, na própria oração e adoração com Deus, o que é adoração? É dar-lhe aquilo que é dele, que é a minha própria vida, né? Calçai os pés com zelo para propagar o evangelho. Então, você está vendo um Miguel com tingidos da verdade, você está vendo o Miguel com a couraça da justiça. Por isso que ele também é anjo da justiça, ele luta pela justiça dos justos. Ele tem as sandálias para anunciar o evangelho, porque ele é anjo, "angelos", evangelhos. Quem prega, quem evangeliza, exerce a função de anjo, né? E aí continua
empunhando sempre o escudo da fé. Você vai ter Miguel com escudo, e sempre no escudo de São Miguel tem uma cruz. Por que que Miguel tem a cruz no seu escudo? Porque a arma pela qual Miguel combate os demônios é a cruz do sangue do Cordeiro, que os derrotou, né? E com o qual podeis extinguir os dardos inflamados do maligno. E tomai o capacete da salvação, ter a sua mente protegida, deixando-se ser salvos. E essa salvação em questão de que a sua mente esteja conforme Cristo, conforme a Deus, como dizia Padre Pio, eh, conformando a
sua vida ao sofrimento, à realidade do Senhor. E, portanto, a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. Miguel, quando combate, ele combate na palavra; ele combate falando de quem Deus é. Então, esse estereótipo de um ser guerreiro que aparece numa linguagem de uma cultura que entendia que era um guerreiro maior do que Mitra, que era o deus guerreiro do exército romano, tem uma mensagem muito maior. Miguel está dizendo: seja justo, anuncie o evangelho, busque ser revestido dessa couraça, dessa salvação. E aí, quem segue Miguel, quem segue o anjo, quem vive essa vida angélica,
descobre, no final das contas, toda a realidade da sua teologia e da aceitação desse mistério salvífico de Deus na nossa vida. Bom, Mar BR, maravilha! Sanaram minhas dúvidas sobre anjos e demônios, foi uma baita... Paula, foi uma baita aula, tá doido! Eu acho que o pessoal de casa conseguiu sanar também todas essas dúvidas que eu também tinha e que eu imagino que você também tinha, né? E se há outras ainda, você já sabe onde encontrar o Rafael, como ele bem disse, com certeza. Então, professor, muito boa noite, muito obrigado por estar aqui, esperamos vê-lo mais
vezes aqui. Muito obrigado, Deus abençoe, muitíssimo obrigada, até a próxima! L, Brena, boa noite! Boa noite, meu querido, e boa noite para você também. Até a semana que vem! Ciao, ciao! [Música]