PRECONCEITO LINGUÍSTICO: o que é, como se faz (Marcos Bagno) AULA 4

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Felipe Aragão
Aula 4 - O preconceito contra a linguística e os linguistas BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: ...
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[Música] Oh e vamos agora o último capítulo o preconceito contra a linguística e os linguistas o ensino de língua na escola é a única disciplina em que existe uma disputa entre duas perspectivas distintas dois modos diferentes de encarar o fenômeno da linguagem a doutrina gramatical tradicional surgiram no mundo helenístico no século 3 antes de Cristo EA linguística moderna que se firmou como ciência autônoma no final do século 19 e início do século 20 qualquer pessoa bem informada achar e no mínimo estranho o seu professor de biologia ensinasse a seus alunos que as moscas nascem da
Carne podre ou se um professor de ciências dissesse que a Terra é plana e o sol gira em torno dela ou ainda se o professor de química afirmar-se que a mistura dos quatro elementos água ar terra e fogo pode resultar em Ouro são ideias mais do que ultrapassados e que começaram a ser substituídas por novas concepções mais verossímeis a partir do período da história do conhecimento ocidental conhecido como nascimento da ciência moderna agora ninguém se espanta que quando o professor de língua ensina que os substantivos são palavras que designam seres em geral ou que o
sujeito é o ser do qual se declara alguma coisa ou que o verbo é a palavra que indica ação movimento ou que existe uma voz passiva sintética em português e isso acaba não espantando essas pessoas mas as ações estão em precisa em coerentes quanto a de que as avestruzes interno a cabeça na areia ou que apontar para as estrelas faz nascer verrugas nos dedos e no entanto elas continuam sendo estampadas nos manuais de gramática nos livros didáticos nas apostilas e cobradas em testes exames e provas de vestibular é muito comum pessoal ensino das outras disciplinas
fazer uma abordagem crítica dos saberes do passado mostrando de que maneira a evolução da sociedade da ciência e da tecnologia levou o ser humano abandonar velhas crenças e superstições Mas por que isso não acontece nas aulas de língua os termos e conceitos da gramática tradicional estabelecidos há mais de dois mil e trezentos anos continuam a ser repassado os praticamente impactos de uma geração de alunos para outra como se Desde aquela época remota o acontecido nada na ciência da linguagem a língua acaba não sendo vista como objeto científico os mais importantes cientistas a linguagem como um
creme social cobre são saber de homens que labov não tem lugar na galeria dos grandes pensadores que revolucionaram o nosso modo de encarar o mundo e o que existe nele a gramática tradicional permanece viva e forte porque ao longo da história ela deixou de ser apenas uma tentativa de explicação filosófica para os fenômenos da linguagem humana e foi transformada em mais um dos muitos elementos de dominação de uma parcela da sociedade sobre as demais a linguística moderna ao encarar a língua como objeto passível de ser analisado e interpretado segundo métodos e critérios científicos devolveu a
língua ao seu lugar de fato social abalando as noções antigas que apresentavam a língua com e ideológico na hora O novo assusta o novo subverte as certezas compromete as estruturas de poder e dominação há muito tempo vigentes pelas mesmas razões que levaram a transformação da gramática tradicional no instrumento de dominação e exclusão social é que a atividade dos linguistas brasileiros vêm sofrendo ataques grosseiros por parte de Altos intitulados filósofos que representam na verdade a reação mais conservadora e muitas vezes com a simples claramente fascistas contra qualquer tentativa de democratização do saber e da sociedade porque
todo e qualquer pessoa se acha no direito de dar palpites infundadas e preconceituosos sobre as questões que dizem respeito a língua porque os profissionais de outras áreas conseguem se fazer ouvir mais os linguísticas permanecem não ouvidos ser aqueles linguísticas apesar de se dedicarem aos a língua não falam Será que não se dão conta de seu papel social e político ou mesmo consciente desse papel a outras forças que não nos deixam falar a quem interessa manter calado os estudiosos da linguagem Marcos bagno espera que a discussão feita neste livro nos ajude a encontrar as respostas para
perguntas que são tão inquietantes e nós finalizamos aqui os estudos deste livro Bons estudos a todos e até a próxima Oi e para discutir esse assunto nós estamos aqui especialistas linguiça sou professor Marcos bagno ou pai não se a gente fala para italiano tudo bem O professor tudo bem Sou eu tô no livro chamado preconceito linguístico é gente que bom Seja bem vindo aqui ao Participação Popular eu espero que goste do programa e nós temos Dad squarisi que é jornalista linguiça também né do Correio Braziliense da de você já já passou aqui para os programas
da TV Câmara hoje né Tá gosto mais uma vez aí com a sua participação sempre ilumina o nosso programa A pessoa marca o senhor tá tá para toda essa questão de preconceito linguístico Como que o senhor vê esses exemplos que foram elencados pelo livro por uma vida melhor e como o senhor ver a polêmica que está surgindo em torno desse livro bom a Sinceramente eu acho que essa polêmica se deve exclusivamente a uma certa falta de informação dos meios de comunicação porque isso não é o primeiro livro que trata da e a verdade qualquer livro
didático produzido hoje no Brasil de língua portuguesa disponível no mercado brasileiro vai ter pelo menos um capítulo uma unidade alguma coisa falando sobre esse fenômeno que se chama variação linguística né então nós já sabemos há mais de 100 anos que nenhuma língua é um bloco homogêneo todas as línguas apresentam uma ampla variação e é dever da escola não esconder isso do aluno então a sócio digio polêmica aí porque de repente algum jornalista descobriu este livro especificamente mas tem mais de 20 anos que o programa de livro didático do MEC distribui livro de português que são
avaliados e analisados por uma imensa equipe de especialistas de verdadeiros especialistas né que indica o MEC Quais são os livros adequado então há mais de 20 anos que a gente tem isso isso Começou já nos governos anteriores já ainda na gestão do Professor Paulo Renato como Ministro bom então para quem trabalha com isso não é novidade nenhuma né A novidade foi só para os meios de comunicação eu livro tratando do que é a língua coloquial linguagem coloquial né próximas verde e o Fabrício Que Tem Na verdade uma construção como essa nós pega o peixe os
vivos e saia falado por 99.9 por cento dos brasileiros né muitas pessoas que se dizem cultas que se acham muito letrados quando você grava Fala dessas pessoas você vai ver que a as concordâncias variam tanto quanto varia na linguagem Popular Talvez as pessoas mais instruídas passa um pouco mais de concordância né mas a tendência de fato é aquilo que a gente chama de eliminar as concordâncias redundante É porque também fica um pouco presunçoso né a pessoa falar tão de forma tão culta no ambiente que não pede isso né antes mesmo do nosso programa começar nós
recebemos alguns Alguns e-mails né de espectadores e de ouvinte que quer saber que já souberam desde a semana passada aqui o tema do nosso programa que seria isso então eu vou ler alguns aqui o Marcelo Tinoco que eu não disse de onde é eu imagino que seja de Santa Catarina mandou o e-mail 200 com certeza esses livros deve ser recolhido a vergonha que tenha chegado até escola você aceitar que as pessoas falam errado uma coisa tolerável mas ensinar e incentivar elas a falar é lado é algo inaceitável o Washington que também não deu nem sobrenome
nem de onde é Deus essa obra de deve ser extinta é ridícula a Maria Cleonice Cardoso Olá sou a Maria Antônia estou aqui registrado minha indignação com esse material didático não é à toa que as crianças estão falando errado gírias e com todo tipo de palavrão vão dizer que os faz parte da cultura brasileira acho absurdo isso mas não duvido muito viu que quem aprovou esse material não tem embolsado a propina Com certeza estão teve um valor Digno É uma vergonha é o Mauro César bandeira que é quadrinista ele ele mandou aqui no disso De
onde ela e fala que é que acredito que não existe livro e não tenha erros e temos que saber que existe uma linguagem coloquial e corrente que muda o tempo inteiro e acredito que há muito preconceito linguístico com outras pessoas de outras classes que utilizam outra variação da língua Essa foi a participação do Mauro Bandeira Então por e-mail e nós temos aqui o Luciano Tiago pelo Twitter dizendo que falando tá falando da área de sócio linguística dele a área dele Luciano Valeu pela audiência está acompanhando a gente o rassan marra Jorge que tá sempre aqui
com a gente no Participação Popular tá dizendo que o Marco está dizendo a verdade você aprende isso na faculdade Neide se não tem como essa maneira que o livro diz é a maneira normal desse falar ação Valeu mais uma vez que você tá aqui com a gente viu no Participação Popular Obrigado pela sua participação mais um bocado de gente aqui participando e eu vou perguntar para Dad squarisi então que é jornalista e a gente sabe que um texto de jornalismo tem que ele não pode ser errado mas ele tem que ser coloquial ele não pode
ser aquele texto turu um texto acadêmico é verdade e e você vê então essa essa colocação que foi feita pelo pelo livro didático né exemplo que ele vai esses exemplos que o livro o livro didático deu é do que é a língua informal né e como e como você vê essa polêmica também que tá surgindo torno disso Essa é a você coloquial não é necessariamente dizer nosso pega o peixe os livro ilustrado você falou que ao eu falar uma língua solta uma libra uma língua que todo mundo entenda e e com respeito Quando possível as
concordâncias regências que a expectativa que a sociedade tem de Um Jornalista ou de um professor ou de alguém que vai fazer vai fazer uma prova então está se confundindo aí é a gramática normativa com Sócio linguística Claro que todo mundo todos os níveis tem falares diferentes o verbo ser no nível mais Elementar O imperfeito do verbo ser eu era tu era na 110 ele zera e é uma forma só Então dependendo de quem diz eu era tu era nós era é perfeito porque é a expectativa que se tem do falar dessa pessoa é esse você
aqui neste programa dizer nós era pega a mala né o jornalista escrever nós era realmente ele perde perde o emprego se eu fizer um concurso e escrever nós era nós pega o peixe ou os livros eu vou perder pontos e perder minha vaga mas se você não tiver na beira do rio pescando ali com os companheiros né aí você disse nós era nós pega o peixe aí tem hora então é desrespeitar a concordância tem hora é agora diz o Rafael 2808 aqui pelo Twitter que mandou para gente é cabe Cabe à escola fazer o que
ninguém vai discriminar uma pessoa que diz nós era o nós pega o peixe Claro que não assim como não vai discriminar a pessoa por ser gordas e baixas será será bom demais agora o que eu quero na escola é que a escola ensina e meu filho a dizer que a norma culta é os livros ilustrados e nós pegamos os peixes que a sociedade competitiva e exige que se eu quiser entrar numa boa faculdade se eu quiser conseguir passar num concurso público eu tenho que dominar a norma culta e quem ensina a norma culta é a
escola não é o pescador da beira do rio nem os amigos à mesa do bar e a escola vai tornar essa pergunta é aberto para os dois aqui porque os dois convidados tá de quase e Marcos bagno O a escola não pode ensinar que existe uma forma diferente de se falarem com essa forma coloquial essa linguagem exatamente como esses exemplos foram dados ensina ensina que existe que ela não pode dizer quer dizer que os livros o nosso pesca o peixe se você disser me os livros o nosso pior que o peixe é preconceito linguístico não
é é erro você perde o seu emprego Você se você tiver fazendo concurso Marco Marcos uma corda alguma coisa aí que tá sendo confundida o próprio livro diz que se você ainda determinados ambientes de fé nós pega o peixe os livros você pode sofrer preconceito linguístico o grande problema é que noventa e nove porcento das pessoas que estão discutindo sobre isso jamais viram o livro nem pegaram nele né então ouviu alguém dizer que alguém disse que alguém disse e aí começaram a escrever coisas a reagir sem nada o esse livro tem 105 páginas em apenas
30 linhas os autores discutem e se essa questão da variação linguística enquanto No resto todo ele se dedicam precisamente a ensinar às pessoas as formas prestigiados de falar e de escrever então por exemplo todos esses e-mails que você recebeu a pedra que o livro seja retirado porque o livro Tá ensinando a falar errado essas pessoas estão gostando na profunda ignorância da questão seu livro não ensina a falar errado você não precisa ensinar nenhum Brasileiro a dizer os livros que todos nós brasileiros Falamos assim você precisa ensinar aquele que a pessoa não sabe e essa é
a função da escola então o que esse livro faz é mostrar o que é a realidade linguística para preparar o aluno a se apoderar das formas prestígio então não tem nenhuma polêmica não tem nenhum problema aí entendeu então o preconceito linguístico existe as pessoas são discriminadas por mil razões não é porque é gordo Porque é preto que homossexual porque a mulher meu destino né Porque não fala do jeito que a gente espera Então a nossa sociedade é profundamente para conceitual discriminadora Então o que a a escola faz e esses livros faz e todos os livros
que tem sido aprovados pelo Ministério da Educação fase é justamente isso mostrar que existe discriminação linguística na na sociedade levar a pessoa se conscientiza de que essa e fala fala apesar de ter toda uma lógica linguística vai sofrer preconceito linguístico e favorecer o acesso dessa pessoa as outras formas essas formas prestigiadas a própria mente tá dizendo uma coisa que eu tenho dito tempo inteiro que é o seguinte a nossa grande imprensa até por questões ideológicas ela é profundamente retrógrada quando o assunto é língua né então esse episódio política né esse episódio do língua da do
livro didático deixou bem claro né a total desinformação dos Jornalistas a respeito de questões linguísticas né Cada um assim principalmente sem ter lido o livro escrevendo besteiras atrás de besteiras né então assim foi uma o festival de ignorância explícita né que que apareceu na imprensa brasileira causa de ouvir ouvir agora agora no final do mês de maio quando começou essa por causa da suposta polêmica essa polêmica acaba sendo mais de caráter político até do que limpar tudo e sendo verdade houve ou não houve assim uma uma generalização de defesa da qualidade do ensino é importante
ensinar ensinar bem é importante que o menino sai da escola Alfabetizado e Alfabetizado significa o que significa que ele seja capaz de ler e de escrever um texto um texto na Norma Norma culta o que não significa sofisticado uma significa a falar difícil não significa buscar palavras do século do século 16 mas apenas um texto compreensível com começo-meio-fim e grafado o segundo as normas exigidas pela gramática normativa é esqueci que se perde Ninguém pede que ele sai especialista em linguística nem nada apenas acho que é o que todos os pais e o que que o
pai quer quando um filho para escola que ele aprenda a ler aprender escrever aprenda a fazer a fazer conta que com esse instrumento do condomínio da língua ele é capaz de estudar história geografia ciências e biologia o que quiser tem que ter o domínio da língua já que a gente tocou nesse assunto é você ouviu dizer também é uma conversa que a gente ouve em bastidores aqui nos corredores da câmara até de que essa polêmica toda tem sido inflada exatamente por interesses econômicos de alguns editores de grande mídia alguns proprietários de veículos da grande imprensa
que deixaram de ter contrato com o Ministério da Educação é por causa desses livros e agora resolveram criticar mexendo deixar Inter contrato que Eles teriam essas grandes editoras também São donos de veículos de comunicação seriam teriam poderiam ter contrário com o Ministério da Educação é por causa dessa nova política do ministério de descentralizar a produção A impressão dos livros Eles teriam perdidos perdidos contrato e por isso estariam criticando esse aí mensagem já esqueci antigo não é essa é o professor que escolhe o livro O professor de escolhe o livro e depois ele é é submetida
a uma comissão não é assim uma comissão que avalia avalia o divisão é muito complexa a escolha dos livros didáticos no Brasil é tipo assim mundialmente como modelo porque é um trabalho a gente achando que uma operação de guerra eu posso falar porque eu já Participei de várias vezes várias vezes das equipes que seleciona os livros didáticos de língua portuguesa né então é um equipes de 85 90 C 100 pessoas distribuídas pelo Brasil todo em várias universidades então nós recebemos os livros as editoras que respondem o edital do MEC esses livros chegam para nós totalmente
descaracterizadas então é uma capa branca o livro não pode ter nenhuma indicação de qual é a editora Qual é o autor das pessoas poder é realmente maneira isenta o trabalho muito isso bem feito né então a e é curioso porque aí muitas contradições né então a grupos editoriais que tem revistas que Estão criticando esse livro didático e outros mas que ao mesmo tempo tem coleções aprovadas Nos programas nacionais de livros didáticos né então eu não vou citar aqui uma editora mas que tem uma uma postura bastante esquizofrênico tem uma revista de grande circulação que a
completamente reacionário direto é fascista na as coisas que ela diz a respeito de língua e tem uma outra revista que é voltada para professores que elogiou profundamente esse livro A mesma Editora né Essa que tem o nome de um mês do ano só para escrever aqui fala logo que abriu pode falar é uma coisa da sua opinião é muito estranha né então você tem assim uma revista que é a extrema-direita brasileira que a veja que é uma das coisas mais abomináveis que a gente tem hoje no Brasil e tem a Revista Nova Escola que da
mesma o que publicou um artigo Fantástico sobre esse livro didático tá outras aí uma coisa muito estranha E aí [Música]
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