Olá meu nome é Pablo vilá eu sou crítico de cinema e fundador do site cinema em cena e esse é mais um vídeo da série cenas em detalhes uma série que tem recebido o apoio da casa do saber que é instrumental para que esses vídeos possam Continuar a ser produzidos principalmente nessa frequência que são produzidos porque são vídeos bem mais trabalhosos mas eu vou falar da casa saber um pouco mais paraa frente hoje nós vamos discutir um filme que eu sou apaixonado Aliás não só eu mas eu tenho certeza que boa parte eh de quem
tá vendo eh e é um vídeo que completou um filme que completou 20 anos agora em março de 2024 ele foi lançado nos Estados Unidos em março de de 2004 que é o Brilho Eterno De Uma Mente sem Lembranças O brilho eterno É é um filme curioso analisar um filme como o Brilho Eterno porque normalmente a o o cinema é uma mídia muito mais associada à figura do diretor do que do roteirista justo ou injusto eu discuto isso num dos meus cursos o papel do diretor do roteirista como o peso excessivo ao diretor muitas vezes
desvaloriza o trabalho que é muito importante do roteirista mas não é o objetivo desse vídeo discutir isso agora o fato é que o Charlie koffman que é o roteirista do Brilho Eterno De Uma Mente sem Lembranças é um raro exemplo de um roteirista que ele desenvolveu uma voz tão forte que muitas vezes mesmo quando ele não dirigiu o filme eh O filme é mais referenciado como sendo um filme do Charlie koffman do que do do diretor que nesse caso é o Michel gondre claro que depois e isso comprova como os roteiristas são desvalorizados em Hollywood
Porque mesmo tendo esse nome forte que ele passou a ter ele acabou sentindo tindo necessidade de dirigir os seus próprios roteiros inclusive dirigir uma obra prima sobre um um filme inclusive que é é o meu favorito dele que certamente vai virar um cenas ind detalhes em algum momento que é o CEDU Nova York mas o o o Brilho Eterno é um filme também maravilhoso o o Charlie coffman uma das características dele como criador eh é a a obsessão dele com o tema relacionado à natureza da nossa identidade não só da nossa identidade mas da da
do nosso inconsciente do que determina quem nós somos ou como nós nos enxergamos como os outros nos enxergam eh e entre outras coisas uma coisa determinante paraa formação da nossa identidade e de quem nós somos são as nossas memórias as nossas experiências e e ele é um ele é um roteirista tão autoral que mesmo quando ele adapta um outro o trabalho de uma outra pessoa ele acaba imprimindo a sua a sua voz a sua identidade né tanto quero ser de movite que aí é um é um roteiro original mas depois quando ele adaptou eu estou
eh pensando em acabar com tudo eh ou quando ele adaptou adaptação eh são são são são são projetos que ele ah ajustou à sua a sua visão confissões realmente perigosa e claro os filmes que são conceitos originais como cinad Nova York an normaliza que também é outra Maravilha e esse Brilho Eterno De Uma Mente sem Lembranças ele fica um pouco no meio-termo porque embora o roteiro eh não tenha não seja adaptado de uma de um outra mídia de um livro que seja a ideia original Não partiu do Charlie kofman Na verdade ele partiu de um
cara chamado Pierre bismu que era um amigo do Michel gondry e um dia falou com o Michel gondry assim que tinha te doend imagina que interessado se um dia a gente recebesse um cartão avisando que a gente tinha sido apagado da lembrança das de uma outra pessoa e esse foi um conceito que intrigou o Michel gondry e com quem ele fez o natureza quase humana O Charlie koffman é o roteirista o Michel gondry dirigiu e o o gondre apresentou essa ideia pro Charlie cofman falou será que você desenvolve um roteiro e o Charlie koffman desenvolveu
o roteiro a partir daí o roteiro é só do Charlie koffman o argumento é cond dividido com esse Pierre bismu e com Michel gondre mas o roteiro é do Charlie koffman e tem toda a voz do Charlie koffman uma outra uma outra um outro tema digamos assim recorrente na filmografia do Charlie koffman é uma visão pessimista em relação ao amor né eu lembro que até na época quando eu escrevi sobre o Brilho Eterno eu comecei a crítica citando frases sobre amor dos filmes anteriores do do do Charlie koffman e sempre uma visão muito pessimista e
aqui eu não sei embora nós vamos chegar lá em relação ao é pessimista é otimista nós vamos chegar lá na discussão só um um breve resumo o filme ele gira em torno de um de um cara chamado Joel barish que quando o filme começa ele tá despertando e de repente se vocês ouvirem o o miadinho da Polônia ignorem tá isso é algo que tá na mente de vocês faz parte dessa identidade de vocês é o vigato de repente isso não não tem nada a ver com o que tá acontecendo aqui mas ele acorda e ele
em vez de trabalhar ele sente um impulso muito grande de ir para uma uma praia e lá ele conhece a clementine que é personagem da Kate Winslet e e inicialmente há uma eles não se dão tão bem assim porque ela é muito e e eu vou falar sobre a personalidade deles ela é muito expansiva muito extrovertida e ele o contrário Mas eles acabam se se envolvendo E aí o filme faz uma elipse e a gente vai ver eles em um outro momento os os dois personagens e agora a gente vai perceber que o personagem do
Jan Carry que é esse Joey berish ele tá destruído o relacionamento deles acabou Ele tá se sentindo muito mal com aquilo e inclusive é interessante porque os créditos iniciais do filme só começam depois dessa longa introdução ele o filme tem tipo 18 minutos de duração quando os créditos aparecem e e ele descobre que ela o apagou da memória um procedimento feito uma empresa chamada lacuna né muito bem muito apropriado o nome e é ela apagou todas as lembranças relacionadas a ele ela apagou da memória e ele resolve fazer o mesmo como uma espécie de de
de não só de de retribuição mas também para poder lidar com o sofrimento que ele tá que ele tá sentindo mas no meio do processo ele se arrepende e ele tenta impedir que as lembranças sejam apagadas só que ele tá inconsciente e o processo tá acontecendo Essa é a base do do brilho eterno de uma mente sem lembrança uma coisa interessante é em relação por exemplo a escalação do Jin Carry G kck é um ator muito mais conhecido pelo seu pelo pelas suas composições e e eh expansivas composições muito marcadas pela expressividade física facial por
por por ser até né overacting ele até brinca com isso num dos bloopers lá dos erros de gravação digamos do O Mentiroso que alguém chama ele de de overa actor e é uma escalação interessante porque o Joel barish o personagem que ele interpreta nesse filme é o oposto do que passou a ser associado a um personagem do J Jim Carry pelo menos até então até o momento que esse o filme foi rodado e é curioso porque a Kate Winslet como a clementine ela acaba assumindo várias das características que nós normalmente atribuirmos a um personagem do
Jim Carry nesse sentido essa esse contraste entre os dois personagens é fundamental de um ponto de vista dramático e é muito bem expressada da composição física dos personagens através do figurino por exemplo eh quando a gente pega por exemplo nessa cena inicial essa sequência inicial em que eles se encontram é muito significativo muito simbólico o fato dele tá usando por exemplo gorro e ela não né É quase como se ele tivesse se protegendo evitando ser visto e e ela ela não ela inclusive com cabelo muito colorido eu vou falar sobre o cabelo dela daqui a
pouco mudando de cor e ao longo da da vida ela sempre muda o cabelo e esse contraste dele com gorro é ela sem o as cores da roupa dele escuras e ela o contrário um laranja eh gritante a postura do do Jan Carry no filme né ele ele principalmente no começo quando ele conhece ele evita olhar diretamente para ela ele desvia o olhar constantemente ele fala baixo ele é tímido a própria narração do filme que é feita por ele em vários momentos eh é uma narração em um tom melancólico então é um personagem introspectivo é
um personagem melancólico é um personagem que que enfim e e ela o contrário ela fala alto ela ela movimenta ela busca conversar com quem ela não conhece né eh e e e é uma atriz também fantástica Porque mesmo que a clementine seja essa personagem expansiva Alegre em boa parte do tempo dei impressão de ser alegre embora a gente perceba né graças ao Talento da Kate Winslet momentos em que não é tão assim tem um momento por exemplo que acho lindíssimo que ela fala pro personagem do elij Woods eh V ela chama ele pra praia El
ele fala vamos e ela fala assim Nossa tô tão animada e é maravilhoso porque ela fala eu tô tão animada Mas você vê no olhar dela que ela tá triste para car caramba é é é preciso uma atriz de uma sensibilidade um talento imenso para para para evocar esse tipo de de contradição e ao mesmo tempo ela insiste em dizer e e e é um outro momento muito feliz o roteiro do Charlie koffman em que ela coloca para ele eu não sou um conceito né Essa essa ideia muito comum em filmes principalmente comédias românticas enfim
ou romance não pode não ser comédia em que você tem personagens que são eh tem uma personalidade atípica Eu não eu acho que na época Ainda não havia sido cunhado o termo pixi pixi Dream Girl ou pixi enfim esse temo pix parece você ser personagem eu não sei se tinha sido cunhado na época mas é é um tipo de personagem tão tão tão recorrente que surgiu um termo para defini-las né que essa personagem que ela é que ela é Ela tem uma uma personalidade muito atípica eh cheia de de de enfim Manias próprias e e
muito alegre Vivaz e que ela existe para corrigir ou para consertar ou para salvar o protagonista que é triste é deprimido e tal e ela diz em certo momento eu não sou um um conceito e eh e isso é muito bacana porque e e e mais nas mãos de uma atriz menos competente era muito possível que ela virasse essa esse conceito e não é uma outra forma de diferenciar os personagens inclusive pode vir direção de arte quando a gente vê a casa da clementine é um lugar amontoado de coisa com muito cheio de coisas coloridas
e a casa dele mas sem sem tantos elementos principalmente no começo do filme Sem tantos elementos espalhados pelo cenário com com cores menos bem menos colorida bem menos Alegre eh E e essa diferença ela é fundamental pra dinâmica como a gente vai ver deixa eu só interromper um pouquinho a discussão sobre o Brilho Eterno De momento sem Lembranças para falar da casa do saber que apoia os vídeos da série cenas em detalhes que eu sempre digo são vídeos que são bem complicados de fazer porque envolvem a pesquisa rever o filme eh escrever o roteiro do
filmar editar enfim e para fazer com a frequência com que nós temos feito esses vídeos séries cenas em detalhes o apoio da casa do saber é fundamental e outra coisa que eu acho bacana não é só que a casa do Saber permite que a gente faça esses vídeos é que sinceramente tenho orgulho de ter uma parceria com a casa do saber e aliás que em breve também vão ter cursos meus lá uma coisa que eu acho bacana de dessa parceria com cas saber é que qualquer tema que eu buscar em cursos que tenham a ver
com a discussão do vídeo que nós estamos fazendo eu vou encontrar por exemplo um vídeo que eu quero uma uma aula um curso que eu quero recomendar especificamente dentro dessa discussão do Brilho Eterno de aumento em lembrança é um curso chamado o inconsciente de Freud às reformulações da neurociência do Daniel Omar perz e o que é bacana é que você se matriculando na casa do saber você tem acesso não só a esse curso mas a todos os cursos presentes na plataforma e usando o cupons cenas em detalhes Você ainda ganha 10% de desconto na matrícula
na inscrição e vale a pena para caramba e falando dessa diferenciação e e da composição dos personagens é obviamente o cabelo dela é muito importante como eu falei ela muda o cabelo várias vezes ao longo do filme Tem uma função prática para isso que é a possibilidade da gente diferenciar os momentos que nós estamos vendo porque o o o brilho atno de aento sem Lembranças assim como por exemplo o Amnesia do Cristopher Nola Ele conta uma história que vai voltando no tempo né a a a porque as memórias dele vão sendo apagad elas vão sendo
apagadas em ordem reversa as mais recentes primeiro e depois vai voltando no tempo eh então para a mudança na cor do cabelo dela é muito importante para manter o espectador situado em que momento Nós estamos vendo Ok cumpre essa função mas a escolha das cores específicas do cabelo não é essa escolha não é aleatória quando você pega por exemplo o fato de que eh no no quando ele se conhece no começo do filme Ela tá usando é um cabelo azul com misturado com um pouco de verde em que ela ela inclusive chama essa cor depois
a gente vê de blue ruin né de ruína azul que é um momento em que ela está realmente em ruínas porque obviamente eu tô contando que você que tá vendo esse vídeo já viu o filme Se não viu pare e vai ver o filme depois volte porque que nós vamos descobrir ao longo do filme é que aquele aquela sequência Inicial não representa o início do relacionamento deles vem depois do final eles estão se conhecendo de novo Eh depois que eles tiveram as suas memórias apagadas então depois que ela teve o seu fim do relacionamento com
com o protagonista eh terminada e a ponta ela ter que apagar as memórias ela adota esse cabelo azul né ess ruína azul e simboliza Aquele momento que ela tá de tristeza profunda ao mesmo tempo em que existe um tom de verde Por que que esse tom de verde é importante porque quando a gente vai voltando no tempo a gente fica quando ela conheceu ele de fato pela primeira vez o cabelo dela era Verde eh e aí o verde com todo o seu simbolismo de esperança ou ou uma coisa de de de natureza eh né de
uma coisa que pode nascer dali eh algo fértil então é bacana porque ela tá usando cabelo verde no começo quando eles conheceram realmente pela primeira vez e no final mesmo que ela esteja usando esse azul né da ruína que aquele relacionamento Chegou há uma pincelada de verde ali por quê Porque eles estão tentando começar de novo como a gente vai ver no no final do filme e no no no no meio-termo primeiro ela vai usar um cabelo aí eu tô falando em ordem cronológica correta tá não na ordem que a gente vê no filme um
cabelo de um de um vermelho intenso muito Vivo que é quando o relacionamento dele está digamos assim no auge eles estão muito bem com outra parte ionados e entusiasmados e a medida que vai desgastando o relacionamento a cor do cabelo dela o vermelho vai perdendo a intensidade eh então quer dizer tem tem tem todo um um um significado as cores não são cores aleatórias E como eu falei é um filme que ele ele é contado em ordem cronológica inversa né As Memórias porque na verdade o filme tem duas linhas temporais o filme é o mesmo
tempo ele se passa ao longo de do anos ele se passa ao longo de uma noite porque dentro da mente do Joel Berry a medida que a memória dele vai sendo apagada nós vamos recapitulando o relacionamento dele que durou 2 anos mas quando a gente tá do do externamente a gente tá vendo o processo do apagamento da memória dura uma noite e claro depois vai ter esse encontro deles que a gente vê na sequência inicial do filme Então são duas linhas temporais diversas e como eu falei As Memórias mais recentes vão sendo apagadas primeiro isso
cria um efeito muito interessante que é o fato de que à medida que as que que o filme vai passando e o e o o relacionamento deles na no filme vai a gente vai testemunhando o começo ele vai ficando mais leve vai ficando mais bonito vai ficando mais mais a gente entende o amor que surge ali Porque as primeiras memórias que são apagadas e que a gente vê no filme são as piores que é o fim do relacionamento né Então na verdade na prática e essa estrutura é muito curiosa a primeira memória deles juntos é
a última que nós vamos ver no filme né então é uma escolha muito feliz justamente por permitir esse retrocesso tanto que é importante porque que as primeiras memórias apagadas são as piores vai lá até que um momento tem uma memória boa e ele fala opa não tem coisa boa nesse relacionamento eu não quero que você vai embora e aí começa realmente o drama principal do filme que é o fato dele não querer perder as boas memórias e claro e dentro dessa lógica boa parte do filme se passa na mente do protagonista então é é é
uma é um ponto de vista muito subjetivo em que a gente tá vendo o tempo todo e a visão dele o o a maneira como ele se lemb das coisas agora antes disso o filme já tem um grau de subjetividade que eu acho muito bonito e no sentido de nos colocar próximos do do sentimento do do protagonista e até de oferecer digamos assim pequenas pistas o filme não ultrapasse né quando você revê o filme sabendo da ordem cronológica que no começo já tinha você percebe quando o filme começa com o barulho da van deles se
fechando a distância eles irem embora então enfim o filme é muito honesto e dentro disso nessa sequência Inicial quando ele vai até a praia e ele vê uma casa é é muito Sutil isso mas tá lá no desenho de som do filme A gente tá vendo o vento ele tá na praia um espaço aberto um dia frio mas a gente consegue ouvir muito Sutilmente ecos da voz da clementine Por quê ele não tá se lembrando daquilo porque a memória dele foi apagada Mas aquela casa foi um representou um um momento importante do relacionamento dos dois
então é quase como se o filme de um lado estivesse nos dizendo né a importância e a existência daquela mulher na vida dele mas ao mesmo tempo quase demonstrando também olha não foi totalmente apagado tem um Eco ali e tanto tem um Eco que os dois são movidos aí pra praia no mesmo dia eles acabam se reencontrando né no dia seguinte o que ele apaga a memória ele sente um impulso de para aquela praia para encontrá-la de novo então quer dizer foi apagado mas tá ali né aquele Eco dela que não que não desaparece completamente
e e vai surgir ali mas é claro que depois aí sim nós realmente mergulhamos na subjetividade dele e e e completamente de uma maneira é muito intensa e isso é refletido por exemplo eh e eu adoro isso a maneira como Michel gondre constrói eh e Indica pro espectador visualmente e e e através do som eh a maneira como as memórias vão sendo apagadas porque como eu falei As Memórias mais recentes vão desaparecendo Então claro uma das memórias mais recentes dele é o momento que ele foi lá na lacuna pedir para pagarem a o o a
a clementine da memória dele então tem uma cena e nesse momento eu acho que ainda não tá tão evidente que nós já estamos dentro da mente dele e ele fala né que ele vai pagar e o personagem do Tom wilkinson que é o criador da tecnologia lá ele fala então você quer apagar a senhorita clementine fala sobre o nome dela que eu esqueci e aí logo depois o som começa a desaparecer por quê Porque já fica indicado ali que eles estão perseguindo todas as memórias relacionadas diretamente a ela para apagar então isso vai acontecer várias
vezes ao longo do filme né Essa distorção no som que às vezes soa como uma microfonia às vezes soa como uma distorção mesmo e provocada na pós-produção para indicar o apagamento de memória específica sempre que o nome dela tá relacionado por exemplo uma das outras coisas que acontece logo no começo quando ele descobre que ela apagou na memória ela via um bilhete que que a empresa mandou PR os amigos dela para dizer ó não menciona ele porque nós apagamos ele da memória e aí logo que ele olha pro bilhete o nome dela desaparece eh então
o filme A bem antes dele deix escancarar e do próprio jo eu perceber que ele tá na já tá na própria eh mente ele já tá sendo a memória dele tá sendo apagada enquanto ele dorme o filme já dá essas pequenas indicações por exemplo outro exemplo o ele fala o personagem do Tom wilkon fala olha eu quero que você volte em casa busque tudo que tiver relacionado a ela coloque na sacola e traga para cá nós vamos usar isso tanto para mapear sua memória e depois a gente vai destruir isso para você não chegar em
casa e ver um monte de objeto relacionado a uma pessoa que você não conhece e aí quando ele tá em casa e ele tá buscando os objetos rasgando o álbum a foto dela do álbum pegando desenhos e tal tem vários momentos em que a fotografia assume uma característica que depois nós vamos dizer que tá associado diretamente à subjetividade dele da memória dele que é quando parece que o único foco de luz sobre ele é digamos um um refletor que tá na própria câmera sabe quando você tem uma câmera e aí ela a própria câmera tem
um um um um um ref né um foco de luz acoplado a ela vários momentos no film isso acontece né como se tivesse é isso um círculo de luz em torno dele que inclusive o cerca por escuridão é um negócio muito angustiante o filme vai assumindo características de pesadelo em certo momento mas já nessa sequência em que ele tá buscando as coisas no apartamento esse esquema de luz já é utilizado mesmo que a gente ainda não saiba que ele está na subjetividade né dentro da própria mente então de novo o filme é muito honesto com
relação a sua estratégia narrativa uma outra coisa interessante é a maneira como o filme retrata uma característica muito maleável da da da da mente e das memórias porque o que começa a acontecer você é primeiro As Memórias elas não são totalmente objetivas né a gente As Memórias mudam na nossa mente depois de um tempo eh não são totalmente confiáveis segundo ele começa a projetar elementos de não só de imaginação digamos assim mas à medida que ele tenta escondê-la ele vai tentando misturar a memória de um momento da vida dele com a memória de outro E
além disso enquanto ele tá dormindo ele consegue ouvir o que tá sendo conversado em volta dele ele vai absorvendo algumas informações e que também vão entrando na mente dele por exemplo tem momento que ele tá num corredor breve de novo escuro né vai se refletor apontar diretamente para ele e para clementine e o personagem do Mike ruffalo aparece rapidamente no corredor ele não tá em nenhuma memória dele naquela específica assim embora ali naquele momento a gente vê que é uma memória da da lacuna mas eh essa essa presença do mar rle olhando para ele com
ela aquilo não aconteceu daquele M então é uma projeção ou por exemplo quando é muito bacana isso O filme é muito inteligente visualmente né ele antes de ter apagado a memória ele foi até a livraria que ela trabalha e e ela já não reconhecia porque ela já tinha pagado a memória só que ele não sabia disso ele fica e ele vê que ela tá com um outro namorado só que ele não vê o rosto e nós também não vemos o rosto desse outro namorado depois nós vamos descobrir que é o Patrick que é o personagem
do eliger Wood de uma maneira absurdamente antiética ele se apaixonou por ela enquanto apagavam a memória ele também trabalha na lacuna e ele foi atrás dela inclusive usa coisas do do Joel depois né as lembranças que ele entregou para ela pra lacuna para manipular a a clementine Mas enfim o fato é que o o o o Joel não vê o rosto do do Petri e é muito bacana porque aí mais tarde quando ele tá tentando ver quem que é aquele cara que ele desconfia que é o cara que tá que ele ouviu a voz dele
e aí na na própri M ele tenta virar o cara para olhar para ele inclusive até muito angustiante o efeito que eles colocam ele não consegue ver o rosto por que que ele não consegue ver o rosto porque ele nunca viu aquele rosto não tá na memória dele então é uma estratégia também muito inteligente para nos mostrar o tempo inteiro como o nosso ponto de vista está irremediavelmente preso ao personagem do do Jim Carry tem um outro momento que ele vai ver sim o rosto do elij Wood porque ele tem uma lembrança dele que ele
tá é muito rápido isso é muito Sutil ele tá no momento que ele tá conversando com o personagem do Tom wilkson antes de fazer o procedimento o um barulho ele ouve um barulho e aí a gente vê que o Elide é UD a gente não vê ele direito Mas deixou derrubar alguma coisa ali porque provavelmente ele ouviu o que ele estava falando da clementine que ele tá apaixonado né enfim e aí ele deixa derrubar e mais tarde esse momento vai ser incorporado na na na na na lembrança do do do personagem do Jim Carry e
a gente vai ver aquele de novo ele derrubando alguma coisa só que quando olha pr pra gente a gente vê o elad Hud os olhos dele estão invertidos Então é quase como se houvesse uma deturpação daquela memória provocada não só pela confusão mental que ele tá sentindo mas até pela pela pela visão negativa que ele passou a desenvolver por aquele personagem né então assim e é essa maleabilidade das memórias cria uma uma uma série de possibilidades visuais imensas e o Michel vai explorá-las ao máximo não só o roteiro que eu vou falar daqui a pouco
sobre a exploração dos conceitos mas o Michel gondre visualmente ele explora isso ao máximo como ele vai explorar isso por exemplo através da geografia sem sentido tem um momento por exemplo o personagem do Jim Carry vai atrás da da clementine personagem da Kate Winslet ele desce do carro Paraí atrás dela ele anda atrás dela e chega no carro de novo porque a geografia mental não faz sentido principalmente não só porque a nossa mente ela é de novo muito maleável Eh mas porque ele tá no no momento em que tá tudo sendo apagado Então existe uma
confusão ali que se reflete no espaço do filme Além disso vai ficando cada vez mais escura como eu falei o filme El vai assumindo características de um pesadelo é angustiante né não e isso é bacana porque reflete não só tuudo tá sendo apagado né enfim então a escuridão mas a própria angústia do personagem não permitir eh tentar impedir que aquilo aconteça eh e alguns algumas distorções por exemplo nesse momento da rua em outros o flir né um efeito de flir assim girando de uma maneira que não é não é natural não é fisicamente não faz
sentido né o flir ele vira para acompanhá-lo por quê Porque de novo a lógica dali não não faz sentido uma outra maneira de ilustrar as coisas né Essa falta e as coisas sendo apagadas como eu falei não só o efeito sonoro né que indica quando tá sendo apagado mas às vezes em certo momento por exemplo falta de sincronia né passa a ha uma falta de sincronia entre por exemplo a o que a citon whisler tá dizendo a clementine tá dizendo E o que a gente tá ouvindo então vai se vai havendo uma dissociação desses elementos
na na memória dele é muito rico isso porque é um conceito muito complexo muito complicado né você o filme ele se passa na mente de uma pessoa cujas memórias estão sendo apagadas ele quer manter aquelas memórias e e o Michel gri encontra várias maneiras diferentes de retratar tudo isso acontecendo por exemplo eles estão em certo momento numa feira e eles começam a conversar e a ter uma briga e a memória inicialmente ela transcorre de uma maneira digamos assim naturalista né ó a memória dele até que a gente percebe que no fundo os figurantes deixaram de
ter rosto por quê dois motivos primeiro a memória tá sendo apagada segundo ele não prestou atenção e não vai lembrar do rosto todo mundo tá ali então a gente percebe né é muito de repente os figurantes deixam de ter rosto né isso depois vai vai se espalhar à medida que a memória dele vai indo embora é o personagem do Tom wilkinson por exemplo vai aparecer sem rosto eh uma outra uma outra outro detalhe que ele usa para mostrar esse apagamento graduado da Memória também é eu acho bacana né Essas várias formas ele ele lembra de
uma cena de um momento dele com a clementine na cama ela conversando ela deitada né tentando enfim conversar com ele e ela tá com uma caneca que tem a foto dela E aí de repente a cena a gente vai corta para um para um outro momento pra visão externa né dos técnicos trabalhando nele e quando volta pra memória dele a caneca já não tem mais a foto a foto dela já foi apagada ali então assim alguns elementos são mais sutis outros elementos são mais são mais eh enfim são menos sutis quando por exemplo ele tá
numa na livraria com ela conversando e de repente presta atenção os títulos a a a osos elementos da capa das Capas dos livros no R dele começam a desaparecer os livros começam a ficar em branco eh e os os elementos vão desaparecendo de repente vão vão vão vão sumindo né as pratileiras Enfim então são várias estratégias diferentes e lembrando inclusive que não é falando do ponto de vista do chol cofa não é Não é a primeira vez em que ele faz uma viagem Tão Maluca dentro do inconsciente de alguém né tem uma cena de perseguição
no Kero ser joh alcovit que de um ponto de vista espacial geográfic é uma é uma loucura aquele filme foi dirigido pelo Spike Jones que também dirigiria o adaptação eh mas essa loucura dessa viagem dentro do inconsciente também tem uma sequência interessante lá no quero ser de homoc covit esse apagamento também às vezes acontece de uma maneira até mais chocante às vezes mais extrema no momento que ele tá indo logo antes desse momento que eu falei que ele desce o carro e vai atrás dela mas ele ainda tá dentro do carro e a gente corta
para ela rapidamente Se você prestar atenção uma das pernas dela tá já desapareceu ela tá andando mas uma das pernas não existe mais então você vê claramente que o Michel gondry Ele se divertiu com esse processo né de brincar onde é que a gente pode incluir esses esses apagamentos graduais da da na lembrança dele e funciona funciona muito bem além dessa fluidez de novo pelo fato do filme Se passar boa parte da da narrativa dentro da mente de alguém permite uma fluidez espacial imensa o momento por exemplo que ele tá na cama ele tá ele
se lembra do momento embaraçoso da Juventude da adolescência e e ela tá com ele na cama no quarto que seria dele né lembrança dele da adolescência Mas de repente a luz muda e eles já estão na praia então essa coisa aliás meio eu ia falar meio mas não é meio muito onírica também que o Brilho Eterno tem eh e e isso é bacana porque a gente percebe que através dessa dessa dessa fluidez de um espaço fundindo com outros eh não só retrata a maneira como a mente funciona muitas vezes o fato de de estar acontecendo
um momento que ele tá tentando você pegar as memórias mas o fato dele tá não só tentando pegar a memória mas tentando escondê-la dentro de outras memórias um outro momento muito bonito quando ele tá tentando eh eh escondê-la em outras outras outros tempos né que ela sugere que ele faça isso eles estão sentados sofá e ele começa a lembrar do momento da Infância e começa a chover dentro da sala porque na memória dele da infância chovia Então dentro daquela memória que ele tá naquele momento antes de voltar para uma memória mais antiga começa a chover
dentro da sala e aí ele levanta e entra debaixo de uma mesa e se você presta atenção a superfície da mesa não é de uma mesa comum é é como se fossem as telhas é feito do material das telhas de uma coberta na qual ele entra em outro momento da memória de novo começa a haver uma sobreposição de memórias então a aquela telha daquela coberta daquele momento traz para cá e passa a ser a superfície da mesa sobre a qual eh sobre a qual ele tá se escondendo eh é fascinante quando você começa a perceber
esses detalhes e aliás nessa mesma sequência né que ele volta a infância digamos assim eh uma outra coisa que o o Michel gondre faz é é de tentar usar sempre efeitos práticos então eh ele volta à infância o personagem do Jim Carry então ele se vê como criança então o o que que o Michel gondre faz em vez de diminuí-lo digitalmente ele usa a perspectiva forçada similar a que o o Peter Jackson usou no seor dos Anéis para criar o efeito dos hobbits menores do que enfim do que as outras pessoas então aquilo ali não
é quando vocês forem vê aquela cena que você vê a a a Kate Winslet né o tamanho de uma pessoa de uma mulher normal e o personagem do car pequenininho aquilo ali não é um efeito é um compósito não é um efeito digital nem nada aquilo ali eles Foi filmar é um efeito na câmera é um efeito de perspectiva forçada da maneira como os cenários são construídos para salient tá um distanciamento que na verdade para disfarçar um distanciamento que a gente não vai perceber porque na verdade para criar aquele efeito ele tá muito mais longe
da câmera do que ela mas os móveis os cenários são construídos para disfarçar esse distanciamento o f tem uma profundidade de Campo absoluta então não tem nada fora de foco a gente perde a noção da distância em relação à câmera e isso é muito bacana porque não só funciona de um ponto de vista visual é legal porque é um efeito prático mas aí aí vem o mérito do roteiro do do char koffman como ele tá se lembrando de uma uma memória da infância quando ele era uma criança é começa as emoções começam a se misturar
então ele ao mesmo tempo que ele tá falando com ela porque ele tá preocupado com aquilo ele fala eu tô sentindo um desejo imenso de de de de minha mãe me pegar no colo eu quero que minha mãe me pegue no colo e ele chora porque é isso é é é as memórias elas não são simplesmente de acontecimento são de sentimentos então quando ele se lembra de um momento específico da infância ele resgata não só o incidente em si mas a reação emocional que ele teve aquele incidente e isso é incorporado digamos assim entre aspas
no Avatar dele que tá Misturando que tá fugindo de uma memória a outra é muito bacana isso e e e essa exploração do conceito e do filme e não só essa exploração dessa desse sentimento né voltou a ser criança e a a emoção mas por exemplo a ideia que é muito bacana assim onde é que eu vou esconder essa essa lembrança que eu não quero que seja apagada e eu quero tenho que esconder Em outro momento Qual que é o momento de uma lembrança muito oculta que eu vou ter muito difícil de encontrar um momento
de Humilhação a gente tenta reprimir né os os momentos mais embaraçosos então de um ponto de vista de de de Psicologia pura psicologia enfim é muito intuitivo e é muito interessante eh quer dizer eu não sou psicólogo não sou professor professor muito menos profissional de de saúde mental mas de um ponto de vista intuitivo faz todo sentido né eu vou tentar esconder uma memória que eu não quero que seja encontrada junto com outra memória que eu faço questão de reprimir porque ela é muito embaraçosa isso é muito bacana eu já falei isso várias vezes em
terços em vídeos eh quando você tem um um um um roteirista ou realizadores que eles desenvolvem criam um conceito que é um conceito interessante e eles exploram esse conceito até o seu limite eles não ficam só na superfície Então vou dar um exemplo que eu gosto muito em certo momento por exemplo o personagem do Tom wilkson explica o personagem do jun k falou assim é o os dias que precedem o dia dos namorados o movimento aqui aumenta faz todo sentido né é um detalhezinho bobo mas é um detalhe que confere verossimilhança aquele conceito as pessoas
vão querer apagar as lembranças românticas que doem E é claro que vai chegando no dia dos namorados Provavelmente o fluxo de clientes interessados é que ele vai aumentar é uma ideia é uma ideia que o o char koffman coloca no filme como é que eu falei confere verossimilhança ou por exemplo quando o personagem do J Carry tá na sala de espera e a pessoa do lado dele tá com de levar as lembranças que ela quer ser relacionadas ao que ela quer que se apague é uma senhora com um monte de objetos relacionados a um cãozinho
então a gente percebe assim e e ali não é um caso Romântico Ela perdeu um cachorrinho ela não tá conseguindo superar aquela perda é que apagar o cachorro da memória eh Então não fica de novo explorar o conceito ao máximo né não é só isso para pagar paixões frustradas pagar qualquer tipo de lembrança dolorosa e esse esse cuidado com esses detalhes se reflete também na construção dos personagens de novo é um momento Sutil mas tem um momento por exemplo que o personagem do elija Wood ele tá conversando com a clementine que ela liga para ele
ela tá sofrendo ela não sabe direito que ela tá sofrendo ela sabe que tá angustiada E ele fala com o personagem do Mark ruffalo que é o chefe dele ali naquele naquele procedimento assim eu eu posso ir lá conversar com ela e ele usa uma expressão que é The Old Lady sei lá está atormentado ou le seria o equivalente em português quando você viê um cara fal chamando a esposa ou a namorada de A Patroa E por que que isso é interessante porque isso é típico principalmente eh eh de um personagem como o o o
do elij Wood é um cara que ele não tem ele não tem experiência com relacion ao contrário ele é um fracassado em relacionamento é um cara digamos ele seria um protótipo de um incel eh que se aproveitou de uma vulnerabilidade de uma cliente numa incrível fal de ética primeiro roubou calcinha dela e depois Aproveitou a vulnerabilidade para entrar na vida dela E aí ind usando as lembranças do ex-namorado dela para manipulá-la e mas é aquilo ele é um cara que ele ele tanto que ele fala eu tô namorando porque um negócio para ele não é
normal estar namorando e aí essa coisa de querer mostrar a superioridade como aquilo para ele a patroa ele tá namorando com ela há uma semana T chamando de a patroa não que se tivesse namorando H 10 meses justificasse mas é um detalhe de uma de que que torna aquele personagem de novo mais verossímil mais mais mais complexo e mais ele remete a tipos Que nós conhecemos é natural que aquele cara fale aquilo não é estranho que aquele cara de repente se refira ela a patrona aliás todos os personagens não só são performances maravilhosas mas tem
esses toques aem Dan por exemplo é a maneira como fica claro desde desde o início assim essa Fascinação essa paixão que ela tem pelo pelo personagem do Tom wilkinson e ela tentando né impressioná-lo E ao mesmo tempo extremamente vulnerável e aí quando a gente descobre né que na verdade ele teve um caso com ela e e e meio que ele fala que foi de comum acordo mas a gente vê que ela não queria né apagar a memória a gente percebe o tanto que é desigual a relação do ponto de vista de de poder né Ele
é casado tem filhos e e é muito mais experiente ele né ela sofre e não tem muito que fazer não seu enfim e a gente vê isso na construção dela ou personal do Mark ruffel com com e o Mark ruffle Ele sempre teve essa característica né de ele projeta uma sinceridade uma uma uma honestidade tão grande porque quando ele disz para ela no fal Olha eu não sabia que a sua memória tinha sido apagada a gente acredita nele a gente acredita nele é é é isso a gente quer confiar nele e e ele essa esse
esse esse essa paixão esse interesse que ele tem por ela levando ele a ser espontâneo a gente percebe que não é uma coisa normal para aquele personagem ser espontâneo dançar de cueca por exemplo dançar em cima da cama do cara que ele tá pagando a gente vê que aquilo ali para ele é um é um negócio assim ele quer né ser mostrar para ela não eu tô aqui olha eu sou interessante também eh e o personagem do Tom wilkson que transmite uma autoridade né dentro da como criador daquela tecnologia que quando ele chega e começa
a gente fica tranquilo tranquilo assim né a gente sabe que ele vai dar conta mas ao mesmo tempo a gente fica ansioso porque a gente sabe que ele vai dar conta e vai apagar a memória que a gente não que o protagonista não quer que apague mas ele projeta uma uma segurança total até o momento que a gente vê o lado patético daquele personagem e ele permite que a gente enxergue aquele lado patético sem que isso sacrifica o resto que ele construiu até então só de um ponto de vista de performance O filme é extremamente
sólido inclusive com os personagens menores ainda o David Cross e a Jane Adams fazendo os amigos do do Jim Carry né do Joey barish enfim o filme ele é todo muito bem construído até em certos de ponto de vista estrutural eh quando ele planta certos recursos narrativos para usar depois um outro exemplo acho muito bacana tem uma cena em que a gente vê o Jan Carry e a Kate Winslet eles estão num caminhonete vendo um um filme que tá sendo projetado numa tela de driin Eles não estão no driveing eles estão vendo meio ali né
do lado de fora do espaço da eles não tê o som e eles ficam dublando os personagens que estão na tela é engraçado é uma cena divertida e que mostra né como eles eles se dão bem e tal mas ao mesmo tempo funciona como uma espécie de preparação para momento que vai acontecer logo depois eh enfim Alguns alguns minutos depois em que ele vai se ver como criança e vai ver a personagem da kit Wi como criança inclusive usando uma roupa de cauboi que a gente vai ver rapidamente numa foto dela da Infância no momento
que ele tira no álbum então tem essa essa coisa interna Mas em vez da gente ouvir quando eles as duas crianças estão conversando em vez da gente ouvir a voz das Crianças a gente ouve a voz do Jan Carry da Kate wiland então é muito similar ao que eles tinham acabado de fazer em relação ao drive in só que em vez de dublar a voz dos atores na tela em vez eles dublarem a voz dos personagens numa projeção no Drive in eles estão entre aspas dublan na voz dos personagens na projeção interna do do do
protagonista estruturalmente é muito elegante isso é muito elegante de um ponto de vista de fotografia também é uma construção muito elegante por exemplo o fato deles usarem recorrentemente uma profundidade de Campo muito reduzida por quê Porque é o o é é como se é isso As Memórias estão sendo apagadas a a visão dele daquela das memórias o que tá acontecendo tá se reduzindo e a gente tá muito preso à subjetividade do personagem então cumpre duas funções primeiro que nos prende a visão do personagem de um ponto de vista de identificação é perfeito e segundo que
reflete o fato que o mundo dele em termos de memória tá se encolhendo então a profund de Campo fica cada vez mais mais reduzida tem um momento que é tão reduzido que é um momento que ele tá debaixo de uma coberta que é um momento lindo acho que é um dos primeiros momentos em que ele se dá conta assim opa não quero que apague a memória em que ele tá sobre coberta com ela eles estão conversando primeiro a gente viê o personag do Jin Car e depois a gente o personado daqu Twins e ela tá
fora de foco Ele tá em Foco ela tá fora de foco porque é isso ela tá se perdendo e aí ela diz uma coisa que é uma coisa que resgata nele um sentimento muito forte aí ela entra em Foco não na câmera a gente corta para ele mas quando volta para para ela ela já tá em Foco ele bota a mão sobre o rosto dela e é uma profundidade de Campo tão reduzida que eu eu até chamei o Luca para ver para ele me ajudar porque eu tava com a impressão que era um split de
opter era um foco dividido porque era muito assim é isso uma questão de milímetros já sair de foco de tão de tão de novo de minuta de minuto que tá ficando a a o alcance da da da memória dele é de novo é elegante um ponto de vista visual é uma maneira eficaz de comunicar uma ideia que é muito complexa aliás nessa mesma sequência em que ela lembra de uma coisa da infância que ela se achava feia e aí a gente viê uma boneca e a boneca tá com um rosto um pouco deformado E aí
o rosto da boneca se se corrige se conserta eh de novo é um conceito simples mas que comunica perfeitamente o que o que o que ela tá dizendo naquele momento eh Assim como as a a imagem que é provavelmente a imagem mais conhecida do filme e que é um momento objetivo não é o momento da memória dele é no na na sequência inicial do filme quando a gente tá vendo ele se conhecendo de novo que é a cena em que eles estão deitados no gelo é um plano plongê né apontando diretamente de cima para baixo
eles estão deitados no gelo do lado um do outro virou até o poer do filme e é uma imagem que é como de novo é objetiva porque aquilo ali nós não estamos na memória dele mas o Michel gondry ele compreende muito bem a o o peso da da de como simbolizar elementos importantes sem que ele precise ser ostensivo porque naquele momento o gelo tá rachado de um ponto de vista puramente estética é muito elegante a gente vê uma série de rachaduras e eles estão dentro da parte direita da tela eh dentro de um de um
espaço criado para uma rachadura os dois juntos é elegante esteticamente a maneira como a rachadura de um lado se equilibra com eles do outro ótimo segunda função e eu sempre falo um bom diretor se ele consegue cumprir várias funções ao MMO tempo Veja uma só ele vai fazer isso então esteticamente faz sentido segundo Eles estão no mesmo espaço juntos então mostra a proximidade deles né Essa divisão que é criada pela rachadura no gelo cria uma caixinha digamos assim e eles estão dentro juntos dessa na mesmo espaço da caixinha a proximidade deles que tá surgindo mas
simbolicamente faz sentido porque eles não sabem disso mas eles estão construindo uma relação em cima de um terreno rachado que é o passado deles que já deu errado então a rachadura a até lembra quando a gente falou da na chegada aliás engraçado pensei na chegada agora na chegada eu falo como o filme joga com a nossa percepção de linearidade como se a gente viê uma coisa depois vê outra a gente entende que essa veio depois dessa para enganar a gente o brilha até faz a mesma coisa no início do filme né a gente vê uma
coisa e depois a gente vê outra a gente deduz que essa coisa que nós vimos Depois ela vem depois e na verdade ela veio antes então ele é uma julgada similar e de novo em relação a a a a a a chegada essa aliás essa essa esse simbolismo eh a esse essa rachadura em enfim que a gente vê à esquerda eh lembrou da chegada também porque quando a gente enxerga o tempo eu lembro que eu discuti isso no vídeo da chegada que a gente abstratamente a gente enxerga o tempo né o passado está à nossa
esquerda e o futuro à nossa direita então é meio assim né o passado deles está esquerda da tela né a rachadura é o passado deles com todos aqueles problemas e eles estão aqui à direita tentando construir um novo um novo futuro e mais tarde inclusive quando mais tarde ou mais cedo né quando a gente vai ver a memória deles quando eles conhecerem pela primeira vez que eles também se deitam na n Neve não tem rachadura nenhuma eles estão deitados na Neve ali não tem nada não tem nenhum tipo de situação por quê Porque eles estão
começando realmente do zero não tem um passado com o qual eles têm que lidar é muito lindo isso é muito lindo assim como eu também acho muito bonito e e e e contraintuitivo quando eles estão no trem logo no início do filme Eles estão conversando e é uma conversa que é atrapalhada porque ela ela é expansiva Ele é tímido ela quer estabelecer um contato ele ele ele ainda não tá muito interessado naquilo mesmo porque ela às vezes diz umas coisas que ele fica meio assustado e tem uma música né a trilha acompanhando e em vez
do do em vez do do Lógico que seria essa Trilha ou ela está acompanhando a conversa to sobre a conversa inteira ou nos momentos de silêncio a trilha se destacar o Michel conr faz o contrário quando eles conversam a gente ouve a trilha quando eles param de falar a trilha some então isso ressalta inclusive pro espectador o a dificuldade daquela comunicação está refletido na trilha e ao mesmo tempo né O Michel gondrin é um diretor muito inventivo eu falei por exemplo agora há pouco sobre o como ele criou o efeito da cozinha perspectiva forçada e
tal tem um outro um outro momento no filme que ele faz com efeito na câmera que é caramba não só é muito complicado do ponto de vista de execução mas exige do Jim Carry uma um controle técnico sobre a interpretação imenso que é quando ele vai conversar com o personagem do Tom wilkinson e é um longo plano começa no corredor do do que seria a lacuna eles entram na sala dele e aí ele tá com com com um gorro e ele com com uma expressão né ansiosa aí a câmera se desloca e com esse foco
reduzido né Esse perdão esse ponto de luz reduzido formando um um círculo de luz neles e o resto escuro vira pro Tom wilkson o Tom wilkson Fala alguma coisa aí a a câmera move mais um pouco a gente vê que o Jin Carry tá na frente dele já sem o gorro e a gente vê que é uma memória ele tá se vendo a própria memória aí a câmera volta pro Tom Wilson volta pro Jim Carry E ele fala aluma coisa volta t y pro pro pra versão antiga e aquilo ali não tem nenhum corte o
que acontecia Ali era toda vez que a câmera se movimentava o J Cary mudava de figurino colocava o gord tirava o casaco botava o gord colocava o casaco e ah assumia a outra postura então ele tá interpretando ali o personagem em dois momentos diferentes com dois sentimentos diferentes sem corte rapidamente mudando de um pro outro né e os olhos dele inclusive marejam em certo momento é uma é de novo é uma eu não entendo a academia tem um problema com Jin Carry a kit Winslet foi indicada ao Oscar por esse filme merecidamente ele não foi
e para mim é é é é é é enfim inexplicável aliás se eu não me engano o filme também não foi indicado melhor filme ganhou o roteiro eu acho que foi a última vez se eu não me engano foi a última vez na história do Oscar até hoje pel enfim até quando acontecer de novo em que um filme ganhou um Oscar de melhor roteiro sem nem ter sido indicado o melhor filme agora como não se indica Brilho Eterno realmente sem lembrança melhor filme enfim mas e o Jin Carry como eu falei um controle técnico Fantástico
um efeito alcançado na na câmera sem necessidade de pós-produção E como eu eu falei de um ponto de vista de de estudo de personagem ou de uma análise digamos assim mais psicanalítica digamos eh dos personagens E aí de novo faço questão de dizer estô falando como Lego mas de um ponto de vista intuitivo é muito bacana Como por exemplo o porque na verdade sempre Nós estamos vendo a a a Kate Winslet no filme que ela não tá com o cabelo azul Aquilo é uma projeção do do do personagem do Jim Carry ele tá lembrando e
aí tá deturpando de acordo com as suas memórias mas é muito bacana porque à medida que no filme ela nas lembranças dele ela vai falando várias coisas com ele e na verdade é ele falando consigo mesmo e de um de novo de um ponto de vista de de psicológico é muito fascinante que ele que é um cara que ele tem dificuldade de falar sobre si mesmo ela reclama disso em certo momento que ele nunca fala dele mesmo que ele não expõe o que ele tá sentindo ele use a projeção dela para falar por ele usando
né o a a a a figura dela para expressar coisas que ele não consegue expressar né ele ele joga para essa projeção da clementine na memória dele a obrigação de expressar o que ele não consegue expressar como Joe barish eh é bacana né é bonito isso e claro é é bonito também tocante à medida que o filme vai avançando e nós vamos regredindo nas memórias dele perceber como as memórias vão ficando mais doces vão ficando mais belas né porque quando a gente vê logo no no início do processo que lembra de uma das últimas brigas
que eles tiveram a gente vê que é uma relação Já se tornou completamente tóxica né ele diz coisas horríveis para ela ele é o nosso protagonista a gente viu ele sofrendo a gente quer gostar dele mas ele diz coisas que são horríveis para ela e é uma relação que já tá completamente enfim tem que acabar mesmo tá destruída e mas a gente vai quando a gente vai voltando a gente vai percebendo né O que é tudo que eles construíram Por que é tão difícil para eles se se divorciara daquela daquela relação porque a A base
foi muito bonita né mas são coisas que acontecem o filme tá bem são coisas que surgem O que por exemplo no início é uma idiossincrasia no início de um relacionamento é uma idiossincrasia que você acha charmosa Depois de alguns anos pode se tornar insuportável né não quer dizer que vai se tornar mas ele fala por exemplo em certo momento da do casaco laranja queela veste que ele gostava e depois ele fala depois um tempo eu passei achar horrível é é é isso né e é por isso que a O Retorno o tempo é bonito Porque
a gente vai voltando no tempo e percebendo eh o momento em que o que o irritava ainda era algo que o encantava né ainda não tinha assumido por exemplo a a espontaneidade dela era algo que encantava depois passou a ser um problema porque ela é espontânea demais e ele não é ela pintar o cabelo é charmoso é bonito e tá depois de um tempo não isso é uma fraqueza de então enfim de personalidade e eh e aí o filme ele faz uma uma uma ele apresenta uma uma proposta até filosófico existencial interessante que é sobre
e a gente pode até botar isso também no na chegada né sobre uma questão determinista eh duas pessoas sendo quem são com as suas personalidades características elas vão estar sempre condenadas a repetir o mesmo tipo de relacionamento apaga a memória começa do Zero eles descobrem Mas eles decidem fica o filme sugere por isso que eu falei que o filme ao mesmo tempo é pessimista porque é um relacionamento que se torna muito feio mas ao mesmo tempo é otimista porque eles decidem fica subentendido que eles decidem tentar de novo mesmo sabendo que eles já passaram a
achar Talvez seja até uma vantagem né eles já sabem o que que eles vão achar no futuro então eles podem se preparar para aquilo mas enfim eh mas eles estão condenados a repetir aquilo na versão original eu li uma versão eu vou até linkar para vocês tem uma uma versão original do roteiro e é bacana isso a gente ler porque a gente percebe o tanto que a a visão do do roteirista vai mudando mas numa versão original do roteiro por exemplo eh que inclusive começa focado na personag da que tem dança no futuro uma visão
inclusive muito mais futurista mesmo aqui no nesse filme não nesse filme é uma coisa que não tem nada de futurista até aquela tecnologia mas o filme em si aparentemente se passa em 2004 no no roteiro original não você via coisas que eram futuristas e tal e aí no final do filme A gente a gente vê a ficha da clement chega uma velinha para poder apagar a memória e é a clementine E aí a gente vê na ficha dela que ela já tem um histórico de apagar a memória 15 ou 16 vezes que ela pagou a
memória todas as vezes relacionadas a ele Eh aí é pessimista no Afinal originário é pessimista quer dizer aquele ramento vai começar a acabar começar a acabar começar a acabar sempre do mesmo jeito porque eles estão condenados à aquilo então é é interessante isso né de um ponto de vista mesmo de de de extrapolação de né Será que é possível né você corrigir um caminho de de um relacionamento que é que vai enfrentar obstáculos em função do contraste da personalidade das pessoas envolvidas E aí vem uma outra questão se eles apagam a memória eles não aprendem
se você não aprende como é que você amadurece sem você amadurecer não só aquele mas todos os relacionamentos são condenados ao ao fracasso de um modo de outro n então assim você para evitar um um um sofrimento momentâneo porque passa passa às vezes demora muito às vezes é não passa completamente Mas aquela aquela coisa aguda daquele sofrimento eh passa ou às vezes não não posso dizer isso enfim mas é É um sofrimento que naquele momento é muito intenso para se livrar daquele momento naquele momento daquele sofrimento você se condena a não amadurecer não crescer Não
Se permitir ter outros relacionamentos no futuro que se beneficiem das experiências que você teve com aquele é um tema que o filme propõe ostensivamente não mas é fácil extrapolar A partir dessa beleza de roteiro e desse filme lindo que o Michel gondre dirigiu que é o Brilho Eterno De mentas e lembranças é isso não se esqueçam de curtir compartilhar e comentar isso é muito importante não esqueça não permitam que a lacuna impeça vocês fazerem isso grande abraço bons filmes