A origem do CARNAVAL é CRISTÃ? | Prof. Raphael Tonon - Cortes Lente Católica (CARNAVAL 2025)

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POUCOS SABEM DISSO: será que a origem do Carnaval é cristã? Entenda com o Prof. Raphael Tonon! Porq...
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Quando nós olhamos para o carnaval hoje, a que um carnaval nos remete, a gente lembra muito desses desfiles de escola de samba. A gente se lembra também desses trios que ficam pelas ruas das cidades do Nordeste do Brasil, que são comuns. Lembramos do Rio de Janeiro, que é uma referência do carnaval, e de São Paulo, que é outra referência.
Então, nós lembramos desta festividade que, para nós brasileiros, é algo que vemos desde a nossa infância. É uma imagem que já faz parte do imaginário de cada um de nós brasileiros. Só que também sabemos que o carnaval é uma época de excessos, uma época em que aumentam as ocorrências policiais, aumentam as ocorrências médicas.
O SAMU, o corpo de bombeiros acabam atendendo diversas ocorrências nesse tempo. É um tempo de excessos na bebida, na depravação, na libertinagem. Mas também, para quem vive a fé, é um tempo de recolhimento, de oração, de retiro, de reparação.
Então, são estas imagens que vêm à nossa cabeça. Mas vamos pensar um pouquinho na origem do carnaval. Esse nosso carnaval moderno, se a gente tentar voltar à origem mais remota do carnaval, é muito difícil achar um consenso.
Por exemplo, vários historiadores, quando vão falar da história do carnaval, cada um puxa para um lado. Uns dizem que surgiu na Alemanha, entre os germânicos; outros falam que não, que foi entre os gauleses, na região da França; outros vão dizer que isso é herança romana; outros ainda vão dizer que os gregos já tinham um festival assim; e outros ainda vão dizer que os persas tinham um festival anterior ao dos gregos. Bom, o que é fato é que os povos antigos, já antes do cristianismo, possuíam festividades mais ou menos nessa época, com objetivos mais ou menos parecidos.
E, então, quando nós olhamos para as festividades dos gregos, dos romanos e dos germânicos, a festividade do carnaval tinha algo em comum nas várias localidades. É lógico que essa festividade não se chamava carnaval em cada lugar, em cada povo, em cada país. Eram festividades que aconteciam entre fevereiro e março e que tinham um objetivo mais ou menos comum: qual era o objetivo?
Celebrar o fim do inverno. Então, era como que um ritual de passagem. O inverno começa a se tornar mais intenso no hemisfério norte a partir de novembro e vai se dissipando, chegando ao fim em fevereiro.
E, acabado o inverno lá na Europa, vem o quê? A primavera. Então, vem a florada, o renascimento, o germinar das plantas.
Então, era um ritual de passagem. Esses povos antigos faziam uma comemoração, geralmente eram festivais, danças. Era um tempo de muita comida, um tempo de excessos na bebida e também um tempo de inversão de papéis.
Isso é interessante, né? Se a gente pegar os vários povos que celebravam o carnaval, essa ideia de inversão de papéis está presente em várias culturas. O que seria essa inversão de papéis?
No tempo do carnaval, as pessoas, ou desses festivais que não chamavam carnaval ainda, se fantasiavam, se caracterizavam daquilo que elas não eram. Então, em algumas culturas, as pessoas se fantasiavam como bichos, como animais, vestindo peles e colocando máscaras que imitavam um ou outro animal. Ou ainda, havia a inversão de papéis mesmo: os pobres se vestiam de nobres, os nobres se vestiam de pobres, e era uma época de zombaria.
Então, geralmente, aqueles que eram da classe dominante, os reis, os nobres, os generais, podiam ser zombados livremente nessa época. Assim, essa festividade foi se desenvolvendo em Roma. Em Roma, desenvolveu-se uma festividade chamada Saturnália e outra chamada Bacanal.
A Saturnália tinha um caráter mais comemorativo e a Bacanal um caráter mais ritualístico, muito ligado aos rituais de fertilidade. Acreditava-se que a melhor maneira de cultuar o Deus Baco, uma divindade pagã, era justamente através de práticas de orgias sexuais, num desregramento terrível. Muito bem, esses eram festivais da antiguidade pagã.
Eles acreditavam que essas festas expulsavam o inverno porque associavam o inverno a um período em que diversos espíritos dominavam o mundo, impedindo o florescimento das plantas e a semeadura. Esses espíritos precisavam ser expulsos e eram expulsos com vinho, com festa, com zombarias, com jocosidade, brincadeiras desse tipo, brincadeiras que ressaltavam algum defeito das autoridades, inverter papéis. Era muito comum um homem se vestindo de mulher, uma mulher se vestindo de homem, pessoas se fantasiando de animais.
Essas eram as características desse tempo. Depois, com o advento do cristianismo e a chegada da igreja, o que ela fez? Em todos os lugares onde a igreja chegou, onde o evangelho chegou, a igreja começou a cristianizar os costumes.
Essa festividade pagã, que já existia, continuou existindo com a vinda do cristianismo, mas pouco a pouco a igreja foi dando um sentido cristão e católico a essa festividade, como sendo uma festividade que antecedia o período da quaresma. Por exemplo, em alguns lugares da Europa, eles já começavam a fazer essa preparação para a festa da Páscoa seis semanas antes. Então, contavam seis semanas antes e esse seria o período de preparação para a Páscoa.
E esse período de preparação para a Páscoa era um período de maior penitência, silêncio, práticas de piedade, sermões, leitura, estudo. Essa era a ideia que começava a se desenvolver no interior da igreja. Porém, nas suas várias dioceses, nas várias igrejas particulares da Europa, não foi uma coisa uniforme, mas a igreja cristianizou essa festividade.
Então, alguns historiadores, ao olharem para a origem do carnaval, entendem que há. . .
Aí, um cruzamento das antigas festas pagãs e do festival cristianizado, né? Sobretudo depois do Édito de Milão, em 303, quando o Imperador Constantino transformou o cristianismo, né, numa religião livre. O Édito de Milão deu liberdade de culto à Igreja Católica; não haveria mais perseguição por conta da fé católica.
Então, a partir daí, essa organização do calendário a partir da Páscoa, depois de outras festividades, o Natal etc. e tal, foi partindo da Igreja e sendo absorvido pelo Estado, pelo próprio governo do Império Romano. Então, é justamente nesse contexto que a festa do carnaval vai se fixar.
Alguns historiadores falam que até o nome carnaval eles entendem que venha disso. Aqui, tem muita divergência, viu? O nome carnaval, cada um vai explicar uma origem diferente, mas a mais aceita é a de que a palavra carnaval venha de dois termos latinos, que é o termo "carne levare".
Então, seria a questão de levar a carne, retirar a carne, ou seja, vamos fazer um festival para comer carne, porque depois vem um tempo de penitência onde não devemos consumir carne. Num primeiro momento, era um festival onde se comia carne, se celebrava, fazia festa, cantavam, dançavam, isso os católicos. Então, o carnaval chegou a ter um sentido, em algum momento da história, um sentido católico, mas depois esse sentido se perdeu, por haver inicialmente um sentido pagão das festas pagãs.
A Igreja cristianizou, deu um novo sentido, um sentido cristão, mas isso não durou muito. Pouco tempo depois de a Igreja atribuir um sentido cristão, práticas pagãs começaram a se misturar de novo com a celebração do carnaval. E aí vai começar o combate da Igreja a essa festividade, percebendo que era uma grande oportunidade de excessos.
Então, aquilo que num primeiro momento a Igreja aprovou, quis, desejou, num segundo momento ela vai combater. E aí, a gente vai ver um pouquinho por. Então, o que acontece?
A ideia era essa, pelo menos de início: vamos fazer um festival, nós vamos comer, vamos beber, vamos rir, dançar e, depois, penitência. E aí, em muitas localidades europeias, como que o pessoal entendia a penitência era de uma maneira bem diferente da que nós vemos hoje. Nós fazemos abstinência de carne, hoje em dia, na disciplina atual da Igreja, na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, mas em algumas localidades os bispos locais instituíram que, acabado o carnaval, as pessoas deveriam permanecer 40 dias sem comer carne.
Então, de fato, era o carne levare, levar a carne embora; não se comia carne nesse período. Depois, a Igreja abrandou esse costume e aí a Igreja entendeu que a abstinência de carne deveria ser guardada na Quarta-feira de Cinzas e nas sextas-feiras, porque sexta-feira já é dia de abstinência de carne mesmo. Então, em todas as sextas-feiras da Quaresma já não se comia carne, mais na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, que era a sexta-feira.
Então, eram os dias que não se comia carne. Então, já abrandou um pouco essa questão do consumo da carne. Então, houve esse sentido até de uma festividade que preparava ali o período quaresmal, que é um período de penitência, de recolhimento, de oração, de olhar para os próprios pecados, de tentar corrigir os próprios pecados, de oferecer a Deus uma penitência, de ficar mais em silêncio.
Enfim, as pessoas entendiam isso. Agora, a grande questão é que com o passar do tempo aquelas práticas pagãs, aquelas superstições, começaram a voltar para dentro desse festival. Então, por exemplo, no século VI ou VII, se não me falha a memória, São Cesário de Arles, na França, ele vai se queixar dizendo que na França existiam católicos que celebravam carnaval como uma festividade para espantar os maus espíritos do inverno.
E aí, puxa a vida, né? São Cesário de Arles vai dizer: "os católicos que pensam assim estão se comportando como pagãos". Então, celebram esse tipo de festival para que não haja esse tipo de confusão.
São Gregório Magno, Papa no século VI, vai dizer a mesma coisa. Ele falou: "olha, esses festivais estão reproduzindo aquilo que acontecia antigamente nas saturnálias", ou seja, católicos batizados estão caindo nos excessos da bebida, da comida, e até mesmo em práticas sexuais absurdas já naquela época. Século VI.
E aí, São Gregório Magno começa a protestar e, na cidade de Roma, ele chega, em um determinado momento, a proibir a celebração do carnaval do modo como era celebrado até então. Então, ele chega a fazer isso porque a coisa começou a perder o seu sentido, que era um sentido de preparação, uma festividade antes de um tempo de recolhimento e de penitência. E aí, com o passar dos anos, na Idade Média, principalmente, o carnaval foi tomando muitas faces, muitos rostos, dependendo da região da Europa.
E aí, por exemplo, nós vamos ver alguns santos que começaram a protestar, principalmente, contra os excessos. Por exemplo, Santo Isidoro de Sevilha comenta a respeito dos excessos dos homens vestidos de mulher nos carnavais. Isso em Sevilha, na época de Santo Isidoro.
Nós estamos falando aqui do início da Idade Média e já haviam excessos demais nessas coisas. Então, eram homens que perdiam o senso do ridículo, pais de família vestidos de mulher, que se embriagavam, né, que se agarravam ali pelo meio da rua em brincadeiras absurdas, depois envergonhando a própria família. Santo Isidoro vai protestar contra isso.
Ele diz: "esses homens têm família, têm filhos, e depois como que eles ensinarão aos seus filhos como se comportar, o que fazer? ". Ele falou: "não, nós temos que acabar com isso".
Então, a Igreja começa a tentar limitar estas festividades, sempre tentando ou reconduzir a festividade ao seu objetivo original, ou quando não era possível, querendo exterminar mesmo a festa. Querendo substituir, inclusive a festa, por outra, né? Então, por exemplo, na Idade Média, a partir do século XI, em muitas cidades, onde o carnaval antigo era uma festa em que todos comiam, bebiam, se alegravam e dançavam, era uma coisa até saudável.
De repente, esse modelo de festividade se alterou. Ele se alterou e passou a ser uma época de dar vazão a todas as paixões, a beber, a comer, aos excessos no sexo. E aí começa o problema: a Igreja, olhando para isso, começa a ver o perigo em que as pessoas que assim viviam colocavam a salvação da própria alma.
E aí, então, a Igreja vai começar a tentar tirar o foco do carnaval e a jogar esse foco em outras festividades. Na Espanha, esse foco vai recair sobre as festividades da Semana Santa. Isso vai ser típico da Espanha.
Por exemplo, na França e na Bélgica, esse enfoque festivo vai recair sobre a festividade de Corpus Christi. Então, a Igreja foi tentando reorientar a coisa, mas acontece que, no correr dos anos, a festa adquiriu o caráter que nós conhecemos hoje, que é um caráter não só de inversão de papéis, mas é um caráter de dar vazão, sem freio algum, aos próprios defeitos e pecados. É um tempo, portanto, de muitas ofensas a nosso Senhor.
Santa Verônica Julianna é uma santa que viveu, né, séculos atrás. Já na época dela, Jesus, numa certa ocasião, aparecendo a ela, convidou-a a reparar os pecados que eram cometidos naqueles dias de carnaval. Jesus veio convidar a sua confidente, Santa Verônica Julianna, para que ela viesse reparar os pecados daqueles que cometiam excesso.
Santo Afonso de Ligório, século XVII, dizia: "Agora é a época em que nosso Senhor é açoitado de novo. " E por que ele dizia isso? Porque a época em que muitos batizados, muitos crismados, que têm a dignidade de filhos de Deus, se rebaixam à condição de animais, bebendo, ficando caídos por aí, dando do seu próprio corpo para o usufruto de outros que não são cônjuges.
Então, é uma época de muitos adultérios, muitas traições, muitos olhares de cobiça sobre o marido e a mulher do outro. É a época em que nosso Senhor é açoitado, cuspido e batido novamente. Novamente, por quê?
Porque os batizados, que são filhos de Deus, que têm a dignidade de serem imagem e semelhança de Deus, se rebaixam a uma condição animalesca. Agora, pensem em vocês. Santo Afonso está falando lá do século XVII, né?
Que eu tenho certeza que, por pior que fosse a situação do carnaval do século XVI, certamente ela não chegava nem perto daquilo que nós temos como carnaval hoje em dia, pelo menos aqui no Brasil. Pelo menos o que nós vemos por aqui. Então, nós conseguimos descer ainda mais baixo do que aquilo que já era advertido pelos santos há séculos.
Nós estamos numa situação muito pior, de uma impureza muito pior.
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