Quer dizer, se de semana passada eu já não tinha piada para começar, né, por causa do que falei no vídeo passado (vai estar aqui, você clica). Hoje piorou porque a independência do Banco Central. Quer dizer, gente, é empurrar o Brasil agora pro buraco.
Bom, como você já deve ter visto, em algum local desta tela, o tema do vídeo de hoje é a saudosa, graciosa, tomara que volta a estar na moda e que a gente se engaje dela: "Luta de Classes". Já quero deixar aqui salientado, delimitado que é muito difícil, gente, fazer essa discussão num vídeo só. Aqui, no canal, a gente produziu um sobre consciência de classe (também tá aparecendo aqui).
Eu vou produzir, aqui, uma espécie de caricatura, tá? Com o propósito didático e agitador pra gente sair daqui pondo fogo em banco. Incendeie carros, apedreje ônibus.
. . oops!
Lá na FFLCH, da onde eu vim. . .
acho que vocês perceberam pelo look. . .
a gente brinca dos três porquinhos, né? Então, todas as matérias: Filosofia, Geografia, História, Letras, têm três porquinhos que fundamentam ali a coisa mesmo do departamento, né? E na Sociologia, a gente brinca que esse tripé, né, os três porquinhos são o Weber, o Durkheim e o Seu Carlinho, né?
Só coloquei esse no diminutivo, porque os outros dois, menina, dá em cada análise problemática da realidade. E o Seu Carlinho, ele é responsável por uma série de contribuições, assim, sem preço para história. Seja da Filosofia, seja mesmo para concepção de história.
Ele é um ponto de inflexão na história do planeta. E quando a gente tá falando sobre intelectualidade, ainda maior. Então, é muito difícil a gente falar, por exemplo, sobre ideologia, sem ajuda do Seu Carlinho, sobre capitalismo, alienação, revolução, mas, hoje, e também para teoria crítica e também para teoria do conflito, a gente vai se valer dessa ideia do Seu Carlinho de classe.
Ele vai trabalhar conceitos de classe ao longo de toda a sua vida e obra. Dos seus textos mais jornalísticos, aqui eu tô deixando, porque a Expressão Popular me deu de presente. Obrigada, Expressão Popular!
É, essa é a primeira vez na história do país, que a gente tem uma publicação, na íntegra, dos textos jornalisticos do Seu Carlinho e do Seu Enguinho. Aqui, eu tenho os textos da Nova Renana, é o jornal que eles coordenaram juntos, escreveram juntos, fizeram as publicações. E, aqui nas produções mais jornalísticas do Seu Carlinho, ele fala sobre classes, no plural, e chega a mencionar mais de duas classes.
Mas, na sua produção teórica. . .
Arthur pega aqui pra tia. Obrigada. Na sua produção teórica, né, quando ele tá escrevendo, né, a Teoria Marxiana, quando ele tá dando corpo à produção do materialismo histórico dialético, ele fala sobre essas duas grandes classes, que a gente pode quebrar em classes menores para analisar, mas essas duas grandes classes, que desde que o mundo é mundo.
. . É, na verdade não, né?
Esse é o grande pulo do gato. Já vou falar disso. Mas, desde que a gente tá, aqui, pensando a progressão da história, progressão, nas palavras do Marx, "da luta de classes", né, que é o que moveria a história adiante.
Pensando que "a violência é a parteira dessa história", também nas palavras do Seu Carlinho. Essas duas grandes classes, que têm interesses antagônicos. Antagônicos, pois são estruturais.
Vou me aprofundar. Mas, a gente poderia, por exemplo, no "18 Brumário", de Luís Bonaparte, o Seu Carlinho fala do lumpemproletariado, né? Então, ele divide o proletariado em outras classes.
Ali, no Manifesto do Partido Comunista, o Manifesto Comunista, o Seu Carlinho fala sobre, dá a entender de uma pequena burguesia, né? Mas essas duas grandes classes antagônicas seriam o proletariado e a burguesia, termos que o Seu Carlinho empresta do francês, quando ele tá lá acompanhando a luta de classes na França, quando ele tá lá instrumentalizando as pessoas, pensando, lutando, militando e esses termos vêm do francês "prolétariat" e "bourgeoisie". Então, esses dois termos emprestados, dão nome a essas duas classes.
Basicamente, a distinção entre elas é a relação que elas estabelecem e que veem estabelecidas nas suas vidas com os meios e os modos de produção e circulação de mercadorias. Em miúdos, o proletariado, é essa classe que não detém a propriedade do meio de produção. Meio de produção é coisa que a gente usa pra fazer coisa, né?
Então, a fábrica, a fazenda, a empresa, etc. Como o proletariado não detém a posse, né, do meio de produção, essa é a relação que ele estabelece. O que ele pode fazer para permanecer vivo é se vender.
Ai, aliás, gente, Margaret Thatcher. Esse nojo de mulher, ali no auge, né, neoliberal do Reino Unido, ela disse "o escravo se vende uma vez, o proletariado se vende a vida toda". Ela é um anjo!
Acho assim, né, que deveríamos voltar com ela. Apesar de que, comparada com o Bolsonaro, né, a gente capaz de preferir até chuchu. Não tô falando de você não, viu Alckmin.
Obrigada, Rochele, pode tirar. Voltando. O proletariado, o que que ele pode fazer?
Ele pode vender sua mãozinha de obra, sua juventude, seu talento, piririri. E ele vende pra que alguém use a sua mão de obra, sua energia, sua juventude pra fazer mais valor, mais valia, para extrair do trabalho um trabalho morto que vai virar capital. Essa é a burguesia.
A gente tem uma classe que trabalha e produz. e uma classe que parasita quem trabalha e produz. Uma classe que detém o meio de produção, então, é dona das coisas que produzem coisas e, por deter, pode não trabalhar, pode ter o seu trabalho via chupinhar o trabalho, sugar, vampirizar o trabalho do outro.
Quando eu tô falando que os interesses das duas grandes classes, né, são antagônicos e isso é estrutural, eu tô me referindo a forma com a qual as sociedades são organizadas. Aqui, na sociedade capitalista, que é essa sob a qual a gente vive, os interesses são antagônicos porque, pra manter suas taxas de lucro. .
. e a gente fala muito disso aqui no canal, né? O nosso tempo é um tempo de ofensiva burguesa sobre a classe trabalhadora.
A gente tá vendo o Estado ser desmontado, a gente tá vendo o bem-estar social, a democracia, tudo isso ruir. E tudo isso rui em detrimento de uma classe e privilegiando a outra. A gente tá acompanhando, enquanto estamos vivas e vivos, uma luta de classes.
E, no entanto, existe um véu ideológico que nem sempre torna isso claro. Nem sempre fica óbvio pra gente, que tá desesperado tentando pagar conta, pagar aluguel, sobreviver, comer, dormir, nem sempre fica claro para gente de que esse processo, que a gente chama de "vida", de "exploração", de "sofrimento", é o processo que lááá no século 19, o Seu Carlinho tá olhando e teorizando, né, e percebendo o funcionamento dessas sociedades, um processo de superexploração das mãos de obra e de manutenção das taxas de lucro dessa classe. Comecei o raciocínio e não o conclui, fui abrindo parênteses, né, pois sou professora de Literatura.
Vocês sabem, moçadinha, que quando eu digo que os interesses são antagônicos e isso é estrutural é porque, para que o proletariado tenha seus interesses atendidos, ele deveria receber o valor que o seu trabalho produz. No entanto, se o proletariado recebe o valor que ele produz, o que que o burguês safado vai chupinhar? Nada!
É, basicamente, sem o proletariado, sem alguém que trabalhe na fábrica, o burguês não tem o que fazer, né? Ele não tem de onde extrair mais valor. Então, essa classe, que vive de sugar vampirescamente essa outra classe, precisa dessa outra para sobreviver.
Por isso que o proletariado é gigantesco e a burguesia é meia dúzia de gato pingado, né? Mas eu sempre gosto de imaginar que eu estou dando essa explicação pra um povo alienígena que pergunta "E por que que o proletariado não come a burguesia se eles são a maioria? " E eu falo "Também não sei, moçada!
Precisava descobrir! " Mas, assim, não tô dando ideia, não. O que eu tô dizendo de interesses antagônicos é que a extração de mais valia DE-PEN-DE de salários de miséria, de salários de morte, de exército de reserva.
Já falei disso aqui no canal, num dos vídeos. Vai aparecer aqui em cima. Pra que esteja tudo bem para burguesia, precisa estar tudo mal pro proletariado.
É uma gangorra, é assim que funciona. Então, tô explicando pra vocês que esses interesses distintos, essa oposição, a luta de classes não é ontológica, mas é estrutural. Não tem a ver com "Ah, eu sou um proletariadozinho, então.
. . ", "Ah, eu sou um burguesinho, então.
. . " Não tem a ver com, no funcionamento dessa sociedade, que a gente poderia estar falando de patrícios e plebeus, de senhores e escravos, de suseranos e vassalos, a gente poderia estar falando do coitadinho que.
. . nem suserano e vassalo.
Do coitadinho que trabalha no feudo e do senhor feudal. É, cada uma dessas sociedades apresenta uma estrutura de luta de classes. Nesse vídeo, a gente vai tentar pensar quais são os lampejos, os exemplos que a gente tem para entender a nossa luta de classes de agora.
Todos os vídeos da Tia Rita é luta de classe, né? Eu venho aqui e falo "Oi, tudo bem com você? Papapá papapá papapá.
Autora aqui, autora aqui, autora aqui. Leia isso, leia aquilo, leia aquilo. Luta de classes.
Um beijinho. Tchau" Mas esse, em específico, eu vou tentar dar exemplos para gente entender do que tá falando. Então, o Seu Carlinhos e o tio Engles vão olhar para a realidade, vão perceber, né, que o funcionamento desse histórico das sociedades, ele se dá via conflito material, né?
Tá vendo materialismo histórico e dialético. Dialético porque vem do Hegel também. E aí, essa percepção de que as sociedades estão se movendo nessa estrutura espiralada, que tem interesses conflitantes que vão levando a sociedade para algum lugar, é a estrutura que a gente deve ter em mente quando faz as análises dos nossos tempos, dos nossos percursos e dos rumos para onde a gente tá indo.
E esse modelo de sociedade dividida em classe, né, que o Seu Carlinhos, inclusive, vai chamar da pré-história da humanidade. A história da humanidade só vai começar quando formos todos humanos, né? Quando não tiver mais essa distinção de você trabalha até morrer e morre todo fodido, né, e depende da benesse de um Estado que só existe pra beneficiar a classe burguesa e você, lindo, bonitão, burguês safado, explora os outros come caviar e morre quando quiser, né?
Rainha Elizabeth, essa vai vai longe. E é importante que a gente entenda que, dentro desse sistema que cria essas classes, o trabalho delas NUNCA pode ser cooperativo, né? Elas não estão trabalhando juntas em prol de um mesmo ideal.
Elas estão trabalhando sempre de forma antagônica. O que tá havendo é sempre um embate de interesses, como eu expliquei mais atrás, o interesse de manter altas taxas de lucros e o interesse de sobreviver, de receber o valor justo pelo seu trabalho, né? O interesse de viver com dignidade, com igualdade.
É por isso que a gente está desse lado aqui da história e não desse lado de lá, né? Mas prossigo. Nesse modelo combativo, essa classe que é minoria, essa classe que explora ela pre-ci-sa instaurar consigo meios de co-er-ção.
Por exemplo, um desses meios é a existência deste Estado burguês, que é um Estado que controla a violência, né, o uso da violência física, que decide quem morre, quem não morre, quem toma enquadro da PM, quem não toma. O Estado tem esse poder coercitivo físico. Mas a burguesia também depende de um outro poder coercitivo.
Pra esse outro poder, para análise desse outro, a gente agradece, por exemplo, muito ao Gramsci, esse teórico marxista italiano que desenvolveu a teoria da hegemonia cultural, né, desse sistema que o seu Carlinho chamava de ideologia, que é a manipulação das ideias que explicam uma sociedade. A hegemonia cultural (e a gente já falou, aqui no canal, naquele vídeo "Ideologia") é o que permite que algumas pessoas falem "Ah, mas sem o burguês safado, sem a fábrica, não tem trabalho". Não, meu anjo.
Se a fábrica pertencesse a todos os trabalhadores, continuaria tendo trabalho. O que não teria é exploração. O que não teria é alguém tomando parte do que você produz e pegando para ela.
O que não teria é você ser demitido, enfim. Todas essas realidades que a gente conhece são deflagrações de uma realidade que separa em classes e que tem as forças não igualadas, né? Afinal de contas, eu tô falando sobre dois dos maiores poderes coercitivos dessa classe nojenta de cá.
No nosso tempo, a gente tá vendo luta de classes a torto e a direita. Nosso último vídeo é sobre uma série de Reformas que vão acabar com a vida do trabalhador. Nosso último vídeo é sobre uma PEC de Teto de Gasto que nunca é teto de gasto para salvar a empresa bilionária, para perdoar dívida, pra não taxar dividendos lucro, para não taxar patrimônio, para não taxar herança.
Não. Nunca pra isso! É teto sempre para investir na galera pobre que precisa de investimento.
Então, vamos a alguns exemplos, além dos que eu tenho no vídeo passado, sobre em que ponto está a nossa luta de classes, né? E como parece que, do Feudalismo para cá, a gente andou muito pouco. Aliás, tô deixando, aqui na descrição do vídeo, um capítulo do Perry Anderson falando sobre o modelo de produção, né, como era essa relação de produção e de trabalho no Feudalismo.
Então, imaginem vocês. Estamos na época feudal. Temos, aqui, um senhor feudal que detém toda a possibilidade de trabalho de uma região.
Ele é um senhor feudal, tá? Não é o Jeff Bezos, não. Esse senhor feudal, ele decide o quanto e como você vai trabalhar e o quanto vai ficar com você.
Ele decide porque existe o exército de reservas, se você não tiver contente, ele contrata outra pessoa. E aí, no Feudalismo, não tem nada a ver com os tempos de hoje, ele detém também os instrumentos de trabalho. Então, se você quiser trabalhar e aí você vai precisar, não sei, de uniforme, de inchada, de pá, você vê.
. . enfim.
De motinho para entregar comida, da mochila pra entregar comida. Você vai pagar pra utilizar os instrumentos que você usa para trabalhar pro cara. Esse é o Feudalismo.
Não tem nada a ver com os tempos e agora, tá? Outro exemplo que eu acho que deixa muito claro em que pé estamos, é compra de férias, né? Então, pensa cá comigo.
Você é lá um exploradinho, uma exploradinha, trabalha lá na fabriquinha, lojinha, você escolhe. E aí, teu patrãozinho burguês safado, ele fala para você o seguinte: "Angelas, vou comprar vossas férias-vos". E o que significa alguém comprar as suas férias?
Significa, meu anjo, minha anja, o valor que você produz é tão maior do que seu salário que mais compensa ele pagar pra você trabalhar durante as férias do que te dar as férias, porque te dar as férias é ficar sem o funcionário. Isso numa época, gente, porque eu nasci nos anos 90, né? Isso numa época que tinha uma coisa chamada carteira assinada, CLT.
. . agora acabou.
Agora é todo mundo PJ, não tem essa de férias, né? Acabou. E aí eu te pergunto, a qual classe interessa que acabe as férias?
As férias que deveriam ser o funcionário tem o direito de se ausentar, de parar de trabalhar, de falar "Chega dessa merda! Vou curtir meus filhos, minhas esposa, meus namorado". Né?
Acabou. Não tem mais isso. Menina, escuta, eu esqueci de dar um exemplo.
Na verdade dois, né? quando eu tava gravando esse vídeo. E, agora, de modo que já me desmontei inteira, Rochele fez essa montagem.
Ó, que bonita! Dessa foto e aí minha boquinha vai ficar mexendo aqui só pra eu contar para vocês outros dois exemplos que deixam clara a luta de classe e o uso do aparato repressor do Estado por meio da burguesia, né? Essa classe nojenta.
Então, o primeiro deles é quando a gente pensa no seguinte: feriado. Gente, se tiver, por exemplo, um feriado, mesmo que fa-cul-ta-ti-vo, né? Quem escolhe se o empregado vai trabalhar ou não é o patrão, né?
E ele tá resguardado por lei, né? A lei de feriado facultativo, fala que o patrão escolhe se o empregado vai ou não trabalhar. Com a condição que, se ele trabalhar, ele recebe o dobro, né?
Pena que agora não tem mais Ministério do Trabalho, a Justiça do Trabalho está sendo desmontada e a CLT, como já disse antes, vai virar lenda, né? Então, vai virar tudo um acordão patrão-empregado e o acordo é "você trabalha e eu não te demito". Olha que lindo.
O segundo exemplo, moçadinha, é a coisa mesmo do home office, né? Essa coisa de (inclusive já fizemos um vídeo aqui, vai aparecer na tela) Essa coisa de você trabalhar de casa. E fica a questão, agora que você tá trabalhando de casa, o que que acontece com seu vale transporte, com seu vale-alimentação.
Quem paga sua conta acrescida de luz, de internet? E tem mais. Nesse cenário doido do home office, de trabalhar de casa, a gente vê uma ofensiva da classe burguesa sobre a classe trabalhadora numa situação como, por exemplo, "ai, eu preciso que você tenha um computador pipipi pra trabalhar".
E o funcionário fala "Ah, eu não tenho. Meu computadorzinho é bem qualquer coisa". E aí, com o desemprego em alta, a burguesia fala "Ah, que pena, né?
Então, vou contratar outro. Já que tem tanta gente querendo emprego". Mais uma vez, a gente tem essa essa volta nefasta de fazer com que o trabalhador PAGUE pra trabalhar, PAGUE pelos seus instrumentos de trabalho, PAGUE pelas ferramentas, PAGUE pela conta de luz, de internet.
Então, essa nova realidade de trabalhar de casa, que tá sendo vendida pra gente como liberdade é, na verdade, exploração de classe. Existe luta de classe aqui também. E à medida que esses nossos, né, tempos modernos que a contemporaneidade tá caminhando e a gente tá vendo a ofensiva burguesa sobre a classe trabalhadora que não consegue se organizar, que não consegue propor greves gerais, paralisações gerais porque os sindicatos têm se enfraquecido, porque as uniões têm se enfraquecido, porque a educação têm se enfraquecido, porque a consciência de classe.
. . esse que eu tô falando são as nossas armas.
As armas da crítica e a crítica das armas. Mas esse é assunto prum outro vídeo. Então, isso que eu tô falando, aqui, são as nossas possibilidades de igualar a luta e de vencê-la.
É fazer com que a classe que é minoria, mas que detém os aparatos de repressão, perca controle tanto dos meios de produção quanto dos aparatos de repressão. Então, a nossa possibilidade de enfrentamento é tomar as ruas, é paralisar tudo, é fazer com que não haja mais produção, é fazer com que não haja mais circulação, é fazer com que não haja mais possibilidade de uso das redes. Os infoproletariados, os nossos irmãos que trabalham com tecnologia, se eles decidirem hackear todos os sistemas, transferir toda a grana.
. . a greve dessa galera que eu queria ver.
Só que o sistema não dá ponto sem nó. Então, o sistema faz com que quem tá um pouco melhor ou tem mais possibilidades de instaurar possibilidades de revolução seja cooptado por um salário um pouquinho mais alto. Então, não sei.
A gente pode pegar um grande intelectual a serviço do capital. A gente pode pegar um professor universitário que falou "ah, fo**-se, eu vou aqui mesmo dar minhas aula. " A gente pode pegar uma pessoa que entende muito do funcionamento do Direito, do funcionamento do trabalho e essas pessoas, elas recebem um salarinho mais alto, quase como que na tentativa de falar para elas "Olha, apaziguei-vos, né?
Vamos fazer aliança de classe. Você tá mais do nosso lado do que do lado. .
" E é mentira, né? A gente sempre tem que fazer o exercício pra entender em que lado da corda a gente tá. De pensar, se eu passasse, agora, dois anos fudida, assim, que acabou meu salário.
. . fodida, fodida, quebrei a perna, vou precisar tomar remédio caro.
. . fodida.
Em dois anos, eu tô mais perto da pessoa em situação de rua ou do Bill Gates? Da pessoa em situação de rua ou do Rodrigo Maia? E aí, quando você faz essa análise, né, a gente podia falar do Senador coca-cola também.
Mas quando você faz essa análise, você percebe aonde, na luta de classe, você tem que se posicionar. Enfim, é impossível falar sobre sobre luta de classe sem tocar também em consciência de classe. Como último exemplo e também para dar uma dica de leitura.
Eu vou trazer, aqui, o Philip K. Dick. Ai, menina, será que conto do trelelê?
Não, não vou contar também porque deve ter criança assistindo e envolve leite condensado. Mais de 15 milhões. Então, vou pular.
O Philip K. Dick, ele é um autor norte-americano de ficção científica, importantíssimo: "O homem do Castelo alto", "Será que os andróides sonham com ovelhas elétricas? " Estou traduzindo de cabeça.
Não sei nem se nenhum nome é esse. E tem esse livro, em específico, chamado "O homem duplo", que eu recomendo assim altissimamente que vocês leiam. É uma distopia, né?
É esse, essa realidade disfuncional, onde perdemos a esperança, está indo tudo buraco abaixo. . .
pra gente que mora no Brasil é uma limonada. Mas é uma grande distopia. Olha, olha só a grande distopia que o Philip K.
Dick produziu. É uma sociedade na qual os homens que operam a lei, né, os homens que são o poder coercitivo do Poder Executivo, os "policiais", os **messanha, os meganha, os coxinha, eles cometem todo tipo de crime e atrocidade, né? Dá tiro nas costas de criança na escola, entra na comunidade atirando de metralhadora, passa com helicóptero soltando bomba.
Então, eles fazem todo tipo de atrocidade e eles são julgados por eles mesmos. Olha que loucura de ficção científica, né? Então, por exemplo, lembra do caso do carinha do exército que voou com 39 Kg de pasta base.
. . Engraçado que não existe 9.
Ninguém voa com 39. A gente voa com 40, 45. Mas enfim.
Que foi capturado com 39 Kg de pasta base de coca. . .
pergunta como que tá a investigação e pergunta quem tá investigando. E pergunta porque que não é a justiça comum? Não!
São eles mesmos. É uma justiça militar que investiga crimes militares. Então, tô indicando "O homem duplo", do Philip K.
Dick, pra gente perceber que essa grande ficção científica é só um modo de operação, dentro da sociedade capitalista, do poder coercitivo, né? Quem opera a barbárie da classe dominante, quem opera a barbárie burguesa é protegido pelo Estado burguês. Esqueci de indicar antes, mas agora que o vídeo tá terminando, vou indicar também do Ricardo Antunes (vou deixar tudo na descrição) "O Privilégio da servidão", né?
Que é uma análise monstruosa de o que que significa essa precarização do trabalho. E esse regime, que eu comparo com o Feudalismo, porque parece o Feudalismo, né? Se as coisas continuarem desse jeito, se a luta de classes não se inverte, se a classe trabalhadora não volta a ofensiva contra a burguesia, a gente caminha para uma plutocracia onde os muito ricos vão decidir quem vive, quem morre, quem come, quem passa fome, quem trabalha e quem se vira, né?
Vão decidir, na verdade, eles já tão decidindo. E é por isso que a gente fala que o nosso tempo é um tempo de ofensiva burguesa sobre a classe trabalhadora. Mas se a gente se organizar e se a gente se levantar, a gente é a maioria.
Não tô dando ideia, tá? Um beijinho. Até semana que vem.
Tcha-aau!