[Música] bem-vindos ao nosso canal YouTube nesse Falando nisso de hoje com a pergunta de férias né Ronaldo Pantoja dunker Que tal você indicar 10 livros mais importantes para a sua formação como ser humano Seria uma honra conhecer você da melhor forma possível através dos seus livros favoritos pergunta muito simpática e que eu vou responder em em duas sequências porque enquanto ser humano Eu acho que eu devo muito as leituras Filosofia de história de literatura mas também as leituras sobre psicanálise so antropologia eh enfim as leituras mais mais técnicas vamos dizer assim então vamos fazer dois
falando nisso um sobre a parte mais assim literária e um sobre a parte mais psicanalítica então eu H penso que foi decisiva assim na minha formação eh um ou dois professores de literatura eh que tinham um domínio muito amplo muito bom eh do Romantismo né então ã Memórias Póstumas de paraas cubas eh junto com enfim o sentido de obra que aparecia ali né eu lembro que eu li a mão e a luva eh e outros trabalhos né Eh da fase romântica do Machado e depois li outros textos como Dom Casmurro e essa ideia de que
um um autor ele ia se movendo dentro das suas questões dentro do seu da sua produção ela ela foi sintetizada para mim nessa ideia né magistral do Machado de ter um narrador morto né do ponto de vista assim eh de uma vida que se for e que é uma vida que medita sobre si a partir desse ponto de vista né do que do que poderia ter sido mas que jamais será então o emplastro né do brascubas os seus capítulos inesquecíveis sobre a mariposa eh Juvenal juvens não lembro direito a a passagem que ele fala do
do escravo né ah a relação dele com o pai muita coisa que eh ficou entrou eu li quando era assim eh primeiro colegial né Assim começo de eh de vida adolescente também na esteira de olha os livros trazem coisas assim muito interessantes eu li o Jorge Amado e tal mas engraçado Que olhando para trás eh aquilo fica um pouco como uma uma parte de um interesse genérico pela literatura Jorge Amado e Agata criste ali 70 livros da crist adorava a romance policial e tal mas para minha formação olha para trás esse pequeno trabalho do José
J Veiga Sombra dos Reis barbudos né é um dos poucos surrealistas brasileiros né A História de Um Conto de uma cidade onde começam a aparecer muros né e a fábrica vai construindo Muros e os muros vão destruindo as relações e daí aparecem os abutres e e é uma grande metáfora né Eh da nossa sociedade depois fui escrever sobre Muros e que me levou assimu gosto pelas distopias utopias né do Metrópolis Blade Runner depois várias coisas desse desse livro eh que me que me fizeram assim me aproximar do surrealismo né era uma estética que eu que
eu gostava muito e que tá lá Nassim na juventude também na juventude eu eh Li e assim acompanhei muitas aulas muitas discussões né sobre esse esse trabalho que faz parte né Eu já escrevi um pouco sobre isso do que eu chamei de a revolução espiritual dos anos 80 né onde a gente Lia a revista planeta onde a gente acompanhava Raul Seixas e Paulo eh eh antes da fase Eh vamos dizer assim Brida eh Paulo Coelho né e e que e que tava na nossa na nossa mina assim pirâmides cristais radiestesia tudo que fosse assim assim
de outros mundos mas especialmente esse trabalho do gurf encontro com homens notáveis né é uma biografia de um sujeito que perambula assim pelo norte da África pela Ásia menor e que vai Contando os encontros né e a e a e a relação que ele tem com a com o universo vamos diz assim mágico transcendental né nos limites da da ciência né nos limites inclusive da própria teologia né teologia oriental não consegui achar aparentemente minha filha eh retirou um livro aqui da nossa da nossa biblioteca né mas eu não consegui achar um trabalho que eu li
junto com esse e que me foi muito inspirador que ainda mais assim a Oriente eh ainda que é a autobiografia de um yog contemporâneo né para mahan Yogananda né um que narrava também a história de alguém que nasce na Índia tem toda uma relação ali de discipulado eh lembro de cominar a relação com com a respiração a respiração a relação com a natureza ah relação com a com alimentação a relação consigo né quer dizer esse esse processo de transformação pelo qual as pessoas passam nesse caso aí ligado a a ao hinduísmo né A Experiência oriental
que ele traz para o acidente a história de alguém que que vem de lá e funda uma uma uma associação né ligada a meditação e a tomada de consciência nos Estados Unidos os anos 30 talvez 40 tô tô mencionando isso de de cabeça né é uma um um trabalho dessa largura assim que me acompanhou e me transformou eh introduzindo assim uma uma dimensão ã de aproximação com as religiões eh menos ligado assim à à crença institucional e mais ligado a uma espécie de filosofia né do do que que essas pessoas que tinham uma uma relação
né com a com o transcendente eh de ao mesmo tempo de de crítica de desafio e de de abertura né Eh para outros mundos para outras épocas para outros corpos né e as viagens astrais né isso tudo fazia parte fez parte muito densamente da minha formação e dali fui pra o o bag vad guita pra própria e Bíblia para O Corão e comecei a teve uma fase assim que zoar né o o o livro da cabala né E tem uma fase em que me interessava muito por por por religião comparativa né que dizer que que
que que um diz que o outro diz também o que que no que que eles diferem e foi foi uma fase atravessada também pro pro Grande Impacto desse trabalho que é um que é um clássico de adolescentes né Eh do JD sellinger né o apanhador no campo de senteio A História de um jovem assim eh com o qual eu me identificava bastante né um o um um um garoto que tava deslocado eh sendo assim ser viciado pelos outros incompreendido pelos pais né pela escola era aquela bullying de de toda sorte e que encontrava na na
assim no devaneio e na na inquietação filosófica uma espécie de consolo né é um livro que impacta porque não termina muito bem eh mas também assim ã porque ele ele eh inquieta né a uma certa consciência juvenil eh do que que é o que que é o futuro eh O que que a gente tá fazendo aqui mas aí numa versão mais terrena mesmo eu lembro que eu li esse trabalho junto com um trabalho eh que me impactou muito porque começou a ativar assim uma reflexão sobre minha condição assim descendente de alemães né que é um
um um livro chamado nada de novo no Fronte eu não achei aqui Eric baria remarca né é um Depois virou filme mais recentemente mas a época é história de de um um grupo de soldados na Primeira Guerra Mundial e de como a guerra é uma coisa realmente muito louca e e como a gente se engaja assim em em convicções e crenças ideológicas como está atravessado por bons e maus encontros pela força da amizade Isso é muito muito poante naquele naquele livro né E pelo fato de que assim como no eh pador do campo de senteo
as coisas não terminam bem né É É aquilo que depois o Walter Benjamin vai comentar é aquela guerra que e não deixa uma boa história a guerra eh da morte à distância das trincheiras a desumanização dos tanques né e tudo isso né Eh bem bem eh entranhado nas nas minhas lembranças familiares né e nas histórias de família meu meu bisavô materno lutou pela Alemanha na Primeira Guerra Mundial e na fronteira com a França e a gente tem fotos então ele trabalhava medindo né o a distância com o teodolito para pra artilharia ah atacar né Eh
e ele trouxe da Primeira Guerra uma uma máscara antigás né e e e do Natal ele saía pela rua vestida a máscara de gás né Parecia um um Sandman eh e as pessoas na rua então achava aquilo eh fabuloso né E tinha todas as histórias da da primeira guerra com na parte da minha mãe né e da Segunda Guerra parte do meu pai então literatura de guerra e e o que o apanhador no campo do senteio representou para mim Eh foram uma outra abertura aí que me formou bastante né Aí eu encontrei a Cris né
minha futura esposa e na faculdade né Eu tava no segundo ela tava no primeiro e a gente foi encontrei ela numa eh era um encontro de política estudantil né n um erep em Piracicaba a gente começa a namorar e ela me dá um livro que muda a minha vida não sei se era porque vinha junto com com a pessoa né mas é o livro da Clarissa inspector uma aprendizagem O Livro dos Prazeres né Eh que tem uma um entremeio com a paixão segundo GH né a história do Lor e da Ulisses e e e e
para mim é um trabalho assim que abriu eh a ideia de que olha Olha a linguagem Pode ser outra coisa né e o jeito de falar o jeito de de dizer o jeito de pensar pode eh enfim adquirir né dimensões que são extraordinárias né ainda que banais ainda que profundamente assim cotidianas ainda que eh ligadas né a sem nenhum transcendentalismo Mas é uma espécie de de força da imanência né dos corpos das paixões do do do do pequeno do miúdo e nessa linha então ainda já na faculdade mas delirando com com clariss inspector de um
lado e daí eu encontrei uma outra pegada que veio com o Nelson Rodrigues é ele mesmo eu sei que não está muito popular hoje em dia mas a pergunta é sobre sobre minha minha formação né eu fui então construído como como um homem eh no sentido assim mais mais clássico né e modelo 66 ané de fabricação 65 e e e o Nelson Rodrigues é é realmente uma lição eh sobre a Sexualidade sobre o amor sobre e sobre ciúmes e sobre assim a complexidade da vida relacional vamos dizer dos adultos né de da de como isso
é trágico de como isso eh a gente não tem essas supostas pré pré-fabricadas elas são todas muito ruins né E o Nelson Rodriguez Então fez a minha cabeça junto com a Clarice né quer dizer uma levando a gente para aquela delicadeza da tulipa que se você toca ela ela ela desmancha e o outro paraa brutalidade né do beijo no asfalto né da das paixões suprimidas das eh infidelidades e eh promiscuidades eh dentro das famílias né Don Nelson comecei a procurar em volta né Então aí veio um pouco de cafca mas veio um livro pelo qual
fiquei conhecido na faculdade porque eu andava com ele embaixo do braço e eu fazia espe de proselitismo com ele que é filosofia na alcova do Marquez sad né se não me engano é é é é é aquele livro que a isso a mãe prescreverá sua leitura para a filha né é um livro de sacanagem é um livro de sacanagem filosófica então tem a a a Dom manc a madame de Santa anjo que que Então as voltas com uma espécie de experimento sexual né que é entre Justina e Juliette uma é a virtuosa virgem a outra
é a lava luxuriosa e elas representam no fundo duas atitudes diante da natureza da moralidade da ética do desejo tudo isso posto né numa chave assim altamente filosófica né E essa Capítulo inesquecível franceses mais um esforço se queri ser republicanos né Ou seja é foi uma entrada né na no universo da transgressão começou com o Nelson foi filosofia n alcova com o marqus de sad Eh que que que um foi uma das p da filosofia né Depois esse livro eu decidi que a psicologia não bastava e era preciso fazer filosofia e fazer bom eh daí
veio niet daí veio issoa filosofia marteladas que Aliás não tem que ver com o martelo dar na cabeça dos os outros hein gente é o martelo do médico aquele do do reflexo né que você bate no joelho o joelho faz assim não vamos não vamos atacar o velho bigodudo Mas enfim tudo quanto é klosovski e literatura assim bukovsky Timothy lir lir eh todas essas essas tranqueiras Entraram na na sequência de filosofia noalc aí quando eu tava um pouco mais adiantado na na faculdade eu li um trabalho que me marcou muito eh porque era história da
medicina mas história da medicina contada por um por um ã Na verdade é um professor acho que Harvard o y eh mas é um romance né chamado o físico Noah Gordon eh que é um trabalho que assim conta história de uma do menino né um menino eh órfão que entra na charrete na na na na na carroça de um cirurgião barbeiro e daí ele vai da Inglaterra até Bagdad né cruzando e aprendendo medicina e a ideia de que a medicina cura pelas palavras tinha uma relação com malabarismos com charlatanismo com você assim poder ajudar as
pessoas eh tanto assim lancet eh amarrando uma uma uma fratura quanto alegrando a alma ou dando conselhos sei lá enfim fazia-se de tudo e esse livro aqui ele me inspirou realmente no numa série de trabalhos eh sobre história eu não vou dizer da Medicina mas da da relação da Medicina com a psicanálise eh da psicopatologia eh a ideia depois de cura né que bom e um conceito filosófico a a ideia de que de que a a psicoterapia é uma espécie de viagem mas também um teatro mas também uma uma guerra né uma espécie de conflito
administrado tudo isso tá nesse nesse trabalho que é um trabalho né de de eh de literatura né a epopeia de um médico medieval muita gente diz assim Ah não os psicólogos né quando quando entrei na psicologia tinha uma coisa terrível inadmissível né que tava tava passando mas era assim psicologia curso espera marido né curso espera marido quer dizer aquela profissão que não é muito e tal que a pessoa tá ali estudando os negócios enquanto não casa né Eh e também aqueles que não eram suficientemente inteligentes para fazerem Medicina né então então você não faz engenharia
civil você faz arquitetura você não faz medicina você faz psicologia uma espécie de medicina de segunda segunda linha né de segunda categoria E e acho que Issa isso prejudicou muito as nossas relações assim filosóficas epistemológicas né de de entendimento da aproximação que que existe sim entre entre a a a psicologia e as curas pela pela palavra e a história da Medicina né que andaram bem juntas maior parte do tempo depois claro se separaram e tem epistemologias diferentes mas eu gosto muito né desse tema e isso ficou a partir de uma leitura de um livro meio
assim um romance né um bestseller como vocês podem ver e o último texto que E aí já né doutorado um pouco mais frente mas um texto que é um texto eh biográfico n vocês estão vendo aqui várias várias autobiografias né eh mas eh também é um texto eh técnico né porque a autobiografia de um ã doente dos nervos né do Daniel Paul schreber né que é interpretada lida comentada pelo Freud eh no seu texto famoso né observações psicanalíticas sobre um caso de e a paranoides e e também pelo lac seminário TR também questão preliminar só
que tem a história do cara né da versão dele né como é que ele como é que ele inventava uma nova língua né um alemão eh a o de eufemismo grun né e e que e que Como disse o o Freud né No seu comentário era o melhor livro de introdução à psicologia as melhores intuições psic lógicas da sua época não estavam nos tratados não estavam nos volumes lá de psicopatologia mas estava na autobiografia do schreber quer dizer e essa essa ideia de que a psicopatologia ela deve muito à literatura de que ela Ela depende
de um de um gênero discursivo de que de que as autobiografias elas são assim incontornáveis pra gente eh Isso tudo foi me me me me comprovado vamos dizer assim na experiência da Leitura eu tive que ler para acho que era o doutorado tive que ler linha linha esse trabalho e fiquei noites assim em sones com com a com a com a com a viagem né do desse grande sofredor que é o Daniel Paul schreber Então tá aí gente 10 livros de literatura biográficos alguns meio teológicos que me formaram Então pessoal Aproveitando né esse esse vídeo
uma uma lembrança né pessoal que segue o canal já há mais tempo sabe disso mas quem tá tendo o primeiro encontro agora todos os livros que a gente menciona eles têm um acesso né Eh as edições e etc postos na aba do canal então se você quiser adquiri-lo ou conhecer um pouco mais sobre eles basta clicar aí nos links que o bully coloca na aba do canal e e daí confere lá essas e edições para mais fragmentos autobiográficos literários formativos clique aqui Noon movebo Afinal é o Rio né é o rio da nossa formação é
o rio que vai passando e a gente nunca entra duas vezes nele Como dizia o Heráclito justamente porque os livros mudam as pessoas e as pessoas mudam os mundos Beijo abraço perd de mão [Música] s [Música]