[Aplausos] meu nome é Antônio e eu moro em uma pequena cidade do interior de São Paulo sempre trabalhei como jardineiro fazendo pequenos serviços para a prefeitura e alguns Jardins particulares na região A vida aqui é simples todo mundo se conhece e o ritmo é mais tranquilo há alguns meses a empresa que cuidava da Jardinagem do cemitério local parou de prestar serviços e como a cidade é pequena a administração do cemitério Acabou me procurando para cuidar do lugar no começo fiquei com um pouco de receio quem gosta de cemitério né aquela sensação estranha no ar o
silêncio o tipo de lugar que a gente prefere evitar mas o pagamento era bom e eu sabia que não seria fácil encontrar alguém disposto a fazer o serviço Afinal quem se oferece para cuidar de túmulos e sepulturas no meu primeiro dia não vou mentir estava bem desconfortável fui lá logo de manhã com minhas ferramentas e o chapéu velho na cabeça Cheguei no portão do cemitério e parei por um momento o lugar estava quieto com as lápides se estendendo por toda a parte era um local antigo com sepulturas que já tinham décadas o mato estava tomando
conta de algumas áreas e eu precisava cortar o excesso de grama e ajeitar as plantas ao redor apesar da apreensão Inicial comecei a trabalhar eu me concentrei nas tarefas cortar grama podar algumas plantas fazer o básico e aos poucos comecei a perceber que o cemitério embora fosse um lugar diferente não era tão assustador assim era apenas um pedaço de terra com algumas e árvores como qualquer outro Jardim que eu já havia cuidado o silêncio era pesado mas eu já estava acostumado com isso em muitos dos lugares onde trabalhei não era nada demais no fim das
contas no primeiro dia nada de estranho aconteceu fiz o trabalho até o fim da tarde e quando terminei fui embora naquela hora eu até pensei não é tão ruim assim de fato não era só era um lugar mais tranquilo mais silencioso do que eu estava acostumado no fundo eu sabia que tinha que fazer o trabalho e pagar as contas então continuei nos primeiros dias as coisas foram seguindo como eu esperava ia até o cemitério a cada semana ou 15 dias cortava a grama podava as plantas e ajeitava tudo ao redor dos túmulos o trabalho era
tranquilo e a sensação de receio que eu tinha no início foi desaparecendo a aos poucos o cemitério não era diferente de qualquer outro lugar de trabalho eu já tinha lidado com Jardins em lugares silenciosos e afastados então o ambiente do cemitério não me incomodava mais mas em um dia enquanto fazia a limpeza entre as sepulturas algo estranho aconteceu eu estava podando algumas plantas perto de uma área Mais afastada do cemitério quando percebi uma movimentação pelo Canto do olho rapidamente mas não vi nada de imediato achei que fosse um animal ou uma outra pessoa mas quando
olhei com mais atenção percebi que não havia ninguém ali Fiquei parado olhando para as lápides à minha volta o silêncio era profundo mas algo não estava certo a sensação de que algo estava se movendo entre os túmulos me incomodava como se uma presença estivesse ali observando eu tentei me concentrar no trabalho mas era difícil não notar que quando eu olhava para um lado parecia que havia algo se movendo entre as pedras não era vento não era o movimento das Árvores eram como sombras mas por mais que tentasse focar nelas elas desapareciam antes que eu pudesse
entender o que era Decidi ir até o final do cemitério onde as árvores ficavam mais próximas e quando passei por uma das sepulturas mais antigas novamente vi algo se mover entre as lápides dessa vez não hesitei fui em direção ao movimento mas ao me aproximar tudo ficou quieto não havia nada olhei em volta o ambiente estava calmo como sempre não havia ninguém além de mim não sabia o que estava acontecendo mas a sensação de que algo ou alguém estava ali se escondendo entre as lápides não desaparecia parei por um momento e respirei fundo deve ser
coisa da minha cabeça pensei eu estava começando a me sentir estranho talvez fosse o cansaço ou a Quietude do lugar mas ainda assim não conseguia afastar a sensação de que havia algo ou alguém por ali e aquele sentimento de desconforto não ia embora o desconforto que senti naquela manhã aumentou à medida que o tempo passava eu não sabia o que estava acontecendo mas algo me dizia que não era só a impressão minha a sensação de que havia algo estranho no ar parecia cada vez mais real e o que eu vi naquela manhã me fez tomar
uma decisão que eu nunca pensei que tomaria eu estava a caminho de uma outra área do cemitério quando ao passar por uma lápide antiga via a sombra novamente mais nítida do que nunca dessa vez ela parecia mais próxima se movendo de um túmulo para outro como se estivesse se escondendo entre as pedras não pensei duas vezes decidi seguir essa figura curioso e ao mesmo tempo desconfortável com o que estava acontecendo a sombra se movia rápido e parecia se dispersar entre os túmulos mas eu continuava seguindo a sensação de que alguém me observava não saía da
minha mente e o silêncio ao redor só aumentava atenção depois de alguns minutos ela se aproximou de uma lápide velha na extremidade Mais afastada do cemitério e foi ali que tudo aconteceu quando cheguei perto vi uma inscrição na pedra estava escuro e a luz do dia começava a desaparecer mas eu conseguia distinguir as palavas você não deveria estar aqui Fiquei parado por alguns segundos olando a inscrição Minha mente tenta entender o que aquilo significava Mas a sensação de que havia algo de muito errado ali me paralisava senti o ar mais frio e pesado ao redor
mas quando Olhei novamente para a lápide a inscrição havia desaparecido a pedra estava Lisa sem nenhum sinal de que tivesse alguma marca não havia nada ali eu fiquei olhando para ela atônito tentando entender o que estava acontecendo a sensação de angústia tomou conta de mim e eu não conseguia mais ficar ali não queria mais saber o que aquilo significava o cemitério que até aquele momento parecia a ser apenas um lugar de trabalho agora Parecia um lugar de mistério e medo sem pensar duas vezes Peguei minhas ferramentas e comecei a andar rapidamente em direção à saída
quando finalmente passei pelo portão senti uma sensação de alívio misturada com medo eu não queria mais voltar ali aquela experiência aquela sensação me deixaram com um malestar profundo eu nunca mais seria capaz de olhar para aquele cemitério da mesma maneira no dia seguinte a administração me ligou para perguntar se eu voltaria ao cemitério eu simplesmente recusei nunca mais voltei lá aquele lugar com suas sombras e aquela inscrição ficou gravado na minha mente e eu sabia que não queria saber o que mais ele poderia esconder meu nome é Fabiano e essa história aconteceu quando eu tinha
uns 13 anos Mas até hoje eu lembro de cada detalhe era uma sexta-feir e eu estava com minha mãe visitando o túmulo de um parente no cemitério que ficava um pouco perto da minhaa acompanhá-la nitas a cemitério sempre foi algo tranquilo apesar de ser um lugar com o qual muita gente tem receio para mim era só mais uma parte do dia até aquele momento Fui lá apenas para dar apoio à minha mãe que como sempre ficava um tempo em silêncio fazendo suas orações e refletindo sobre o passado eu ficava por perto olhando as lápides e
tentando não pensar demais sobre o lugar mas naquela tarde algo me chamou a atenção ao passar por um dos corredores do cemitério Entrei em uma parte e reparei em um túmulo que parecia estranho ele estava aberto a tampa do túmulo estava deslocada como se alguém tivesse mexido ali recentemente não havia ninguém por perto o que me deixou com uma sensação estranha o cemitério estava silencioso e aquele túmulo não parecia ser de alguém que tivesse sido enterrado recentemente não fazia sentido Fiquei parado olhando para o túmulo sem saber o que fazer a curiosidade começou a me
consumir Mas eu sabia que não deveria me aproximar mais resolvi voltar para onde minha estava mas não conseguia parar de pensar no túmulo aberto o que será que aconteceu ali pensei o lugar parecia calmo mas algo naquilo tudo me deixava inquieto quando voltei para a minha mãe tentei esconder a sensação de desconforto Mas sabia que aquele túmulo estava me chamando eu não sabia porqu mas algo me dizia que precisava voltar lá e olhar aquele túmulo sem ninguém por perto no dia seguinte eu não conseguia tirar o que vi no cemitério da minha cabeça o túmulo
aberto continuava me intrigando e ao encontrar com meus amigos Felipe e Bruno não pude deixar de contar o que havia acontecido eles ficaram surpresos mas a curiosidade logo os dominou e como eu queriam voltar lá para ver o que tinha realmente acontecido Era um sábado ensolarado um dia perfeito para uma visita ao cemitério pensei no fundo uma parte de mim sabia que aquilo não era uma boa ideia mas não consegui resistir com a ideia fixa de voltar lá e sabendo que meus amigos estavam tão curiosos quanto eu fui até minha mãe e pedi permissão para
sair ela disse que era para tomar cuidado e que deveria voltar antes que escurecesse chegamos ao cemitério no meio da tarde o lugar estava tranquilo mais vazio do que o normal a luz suave do Sol refletia nas lápides criando um ambiente mais calmo mas a sensação de algo estranho ainda estava no ar fui direto para onde o túmulo aberto estava quando chegamos vi que estava exatamente como eu lembrava era a mesma cena do dia anterior mas agora com mais detalhes que me faziam sentir que algo não estava certo ficamos em silêncio por um momento observando
o túmulo Bruno sempre o mais ousado foi o primeiro a falar vamos ver o que tem lá dentro não é disse ele com um sorriso nervoso eu sabia que a curiosidade de todos estava aumentando Eu mesmo não conseguia tirar a ideia da cabeça Felipe por outro lado parecia mais cauteloso Ele olhou para o túmulo e depois para mim isso não me cheira bem será que não invadindo que não devero [Música] aproximou do túmulo e começou a mexer na tampa apesar das hesitações de Felipe eu fiquei observando sem saber o que fazer em questão de segundos
a tampa do caixão foi afastada e Ele olhou para dentro foi nesse momento que no exato instante em que ele tocou o caixão ouvimos um estrondo ensurdecedor uma trovoada que parecia vinda de dentro do Cemitério o som foi tão forte que parecia um trovão e a Terra ao D parecia tremer o susto foi tão grande que eu não consegui pensar em mais nada no mesmo momento Bruno caiu sem emitir um som sequer Ele simplesmente desabou no chão e Ficou ali imóvel Felipe e eu ficamos paralisados por um momento o medo tomando conta de nós Eu
queria gritar queria chamar Bruno mas o pânico me fez congelar por instinto começamos a correr para fora do cemitério sem olhar para trás eu sabia que não podíamos ficar ali não sabia o que estava acontecendo mas sentia que não era seguro ao sairmos pelo portão do cemitério olhei para trás e não via o Bruno mas não tínhamos coragem de voltar para verificar o medo de algo pior acontecer era maior quando finalmente saímos do cemitério paramos do lado de fora tentando recuperar o fôlego e tentar entender o que havia acabado de acontecer ficamos esperando o Bruno
por algum tempo mas nenhum sinal dele não queríamos entrar de novo no cemitério Nós dois estávamos com medo Felipe me olhou e disse acho que a gente precisa chamar os pais dele não podemos deixar assim eu concordei rapidamente sentíamos que Bruno precisava de ajuda mas não conseguíamos entender o que havia acontecido com ele ficamos em silêncio enquanto corríamos em direção à casa de Bruno que ficava poucos quarteirões do Cemitério o que aquela trovoada tinha a ver com o que vimos porque Bruno tinha caído assim sem reação chegamos àa de Bruno e rapidamente explicamos situação para
os pais dele eles est visivelmente preocupados com o que dissemos mas quando falamos que ele estava desacordado no cité a preocupação dele se intensificou eles não hesitaram e decidiram ir até o cemitério com a gente acompanhados pelos pais de Bruno Voltamos ao cemitério mas ao chegarmos o ambiente estava tranquilo nada parecia fora do lugar mas algo naqueles túmulos naqueles caminhos silenciosos me dizia que o que tinha acontecido não era algo que fosse facilmente explicado quando chegamos ao cemitério a visão de Bruno ainda caído no chão me fez gelar por dentro ele estava exatamente onde o
havíamos deixado imóvel e parecia ainda estar desacordado seus pais ao verem a cena correram até ele e foi nesse momento que percebi o quanto a situação estava mais grave do que eu imaginava eles o pegaram nos braços e sem perder tempo o levaram até o carro para levá-lo ao Hospital Felipe e eu ficamos ali olhando sem saber o que fazer eu estava tão abalado que só consegui pensar em como Bruno tinha ido de estar bem brincando para aquilo o que exatamente aconteceu o que foi aquela trovoada era como se o mundo tivesse virado de cabeça
para baixo e nós dois sem entender ficamos parados aguardando depois de algum tempo Felipe e eu decidimos ir para nossas casas fomos em silêncio ambos aguardando notícias de Bruno mas também tomados por uma estranha sensação de impotência Quando cheguei em tentei me distrair mas a imagem de Bruno caído não saía da minha cabeça eu precisava de respostas mas não sabia nem por onde começar foi quando mais tarde naquela noite recebi a pior notícia possível Bruno havia falecido o hospital confirmou que ele não resistiu e sofreu um ataque cardíaco não havia explicação para o que aconteceu
ele era jovem saudável e não mostrava nenhum sinal de problemas de saúde a notícia foi um choque absoluto eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo a sensação de culpa começou a me consumir a notícia da morte de Bruno me deixou em um estado de choque que eu não conseguia entender como isso pode acontecer ele estava bem estava com a gente apenas algumas horas antes e agora agora ele se foi e a última vez que o vi ele estava caído sem reação no chão do cemitério o impacto foi imenso eu não conseguia parar de me
perguntar foi minha culpa os pensamentos se misturavam e a culpa começou a me consumir Eu sabia que Bruno tinha ficado tão curioso quanto eu sobre o túmulo aberto quando ele tocou o caixão foi quando o som da trovoada aconteceu mas será que foi por causa disso O que se passava na minha cabeça eu não sabia mais o que pensar não podia deixar de me culpar por ter insistido em voltar ao cemitério por não ter par quando ele começou a hesitar se eu tivesse ficado com ele se eu tivesse percebido algum sinal talvez nada disso tivesse
acontecido eu tentei me acalmar tentei pensar que não havia nada que eu pudesse ter feito de diferente mas a sensação de culpa não passava não me sentia bem com o que aconteceu Felipe também estava em silêncio ele estava tão chocado quanto eu passamos os dias seguintes tentando lidar com o luto Mas a sensação de que havia Algo mais algo além da morte de Bruno não me deixou eu sei que algumas coisas não têm explicação Não importa quantas vezes eu tente tentar entender o que aconteceu o fato é que Bruno se foi até hoje quando fecho
os olhos para dormir tudo o que me resta é a culpa a culpa por não ter feito nada para impedir que aquilo acontecesse e por não ter percebido que naquele dia algo já estava nos esperando no cemitério meu nome é Pedro e desde pequeno sempre Ouvi as histórias que meu avô João me contava sobre sua Juventude em São Paulo ele morava em um dos bairros mais movimentados perto de um cemitério antigo mas sempre falava com nostalgia sobre os tempos em que morava na cidade o que mais me impressionava era o jeito como ele falava de
um caminho que cortava pelo cemitério à noite quando as ruas da cidade ficavam agitadas ele atravessava o cemitério para escapar do barulho incessante da cidade ele costumava dizer que o cemitério era um refúgio de calma no meio da agitação Urbana para ele o local era como uma pausa no ritmo Frenético da cidade quando o trânsito e o barulho da ruas se tornavam insuportáveis ele pegava aquele caminho mais rápido e atravessava entre os túmulos sempre cercado pelo silêncio não que ele gostasse de estar ali mas era o jeito mais rápido de chegar em casa eu ainda
criança achava estranho alguém querer cortar caminho por um cemitério mas meu avô sempre dizia que as histórias mais bizarras aconteciam ali e ele tinha suas razões para fazer esse percurso ele contava isso com um tom leve rindo das aventuras que vivia Mas eu sempre percebia nos seus olhos que aquelas caminhadas à noite pelo cemitério eram mais do que simples trajetos foi uma dessas noites voltando de uma visita a um amigo que ele teve um encontro que até hoje ele não consegue esquecer aquela história ficou marcada na sua memória como se tivesse acontecido ontem eu que
ouvi tantas vezes sabia que ele jamais esqueceria o que aconteceu naquela noite naquela noite meu avô estava voltando para casa depois de uma visita a um amigo como de costume ele cortou o caminho pelo cemitério já acostumado com as trilhas e túmulos do lugar o céu estava nublado e a única iluminação vinha da Luz fraca da lua ao contrário de outros dias aquela noite estava Estranha como se o cemitério estivesse mais quieto do que o normal enquanto caminhava algo fez meu avô parar por um momento ele sentiu uma leve inquietação como se estivesse sendo observado
a princípio tentou ignorar seguindo em frente mas logo ao olhar para o fim do caminho percebeu uma figura ao longe no início Pensou que fosse algum morador da cidade alguém atravessando o cemitério também mas à medida que a figura se aproximava ele começou a Perceber alo estava errado a pessoa parecia se mover de maneira Estranha como se estivesse flutuando ou deslocando-se com uma lentidão desconcertante ele parou por um momento e se virou para observar melhor a figura parecia estar se aproximando de forma natural mas havia algo que não se encaixava não parecia ser uma pessoa
qualquer mas sim algo que não deveria estar ali no começo ele tentou achando que era só sua imaginação ou talvez alguém em uma roupa escura mas à medida que a figura se aproximava ele não conseguia mais negar algo estava errado a figura começou a caminhar na mesma direção que ele e foi quando ele sentiu uma tensão crescente como se estivesse sendo seguido sem querer parecer desconfortável começou a acelerar o passo mas a figura fez o mesmo o Sem pressa parecia acompanhá-lo com o mesmo ritmo sem nunca ultrapassá-lo à medida que a distância diminuía entre eles
ele parou por um momento Tentando ganhar coragem para se virar e encarar a figura ansioso para quebrar o silêncio e tentando manter a calma disse com a voz um pouco trêmula ainda bem que o senhor me alcançou tenho um pouco de medo de andar sozinho por aqui ele tentou soar descontraído mas o nervosismo era Evidente em seu Tom mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa a figura se aproximou o suficiente para falar uma voz baixa arrastada e quase sem vida disse eu também tinha medo de andar sozinho por aqui quando era vivo meu avô
ficou surpreso com a resposta da figura quando era Vivo Ele pensou o vulto não parecia ameaçador mas a simples ideia de alguém morto falando com ele o deixou desconcertado ele ainda tentava entender o que estava acontecendo quando a figura sem mais palavras começou a desaparecer lentamente não foi um grande gesto nem uma aparição dramática a figura se desvaneceu como fumaça sumindo da vista dele o cemitério Voltou ao seu silêncio usual sem mais sinais de qualquer presença ele ficou parado por um momento tentando processar o que tinha acabado de acontecer o vulto já não estava mais
ali e ele não sabia o que fazer com aquilo apenas se virou e começou a caminhar em direção à saída não senti medo mas não podia negar que aquilo havia sido estranho demais quando saiu do cemitério meu avô se sentiu aliviado por finalmente estar fora daquele lugar não comentou mais sobre o acontecido apenas seguiu para casa como se fosse mais um dia comum mas essa hisória para mim sempre dizia que apesar de nunca ter encontrado mais nada por lá algo naquela noite nunca o deixou realmente tranquilo meu nome é Marcos e há algumas semanas eu
fui visitar o cemitério para prestar uma homenagem ao meu tio que faleceu H alguns meses o cemitério onde ele está enterrado fica em um bairro tranquilo da cidade E como sempre o local tem aquele silêncio característico com poucas pessoas circulando naquela manhã o clima estava pesado o céu nublado como se a cidade estivesse em pausa fui até o túmulo do meu tio dei uma olhada nas flores que eu tinha colocado dias antes e fiquei um tempo em silêncio lembrando dos bons momentos que passamos juntos eu gosto de ir ao cemitério é um lugar que me
traz um certo tipo de P Onde consigo refletir sobre a vida fiquei ali por um tempo mas algo estranho aconteceu Depois que terminei a visita quando comecei a sair vi uma menina próxima ao portão do cemitério ela deveria ter uns 15 anos vestia uma roupa simples Parecia um pouco deslocada no meio daquele ambiente Eu estranhei porque não era comum ver jovens por ali especialmente tão sozinhos ela me chamou e apesar de me aproximei Oi posso falar com você ela perguntou de uma forma que me parecia bem inocente quase como se estivesse perdida claro o que
aconteceu está sozinha por aqui perguntei achando estranho alguém tão jovem estar ali em plena manhã ela me olhou com um sorriso tímido e disse eu preciso de um favor você pode me ajudar a princípio achei que fosse alguma crianç pera questionar mais ela já me pediu Olha se você me ajudar eu também te ajudo a resolver todos os seus problemas você me ajuda eu não entendi muito bem o que ela queria dizer com isso mas para não parecer Rude acabei concordando Claro filha pode falar o que você quer a menina com a voz Suave respondeu
me ajuda a fechar esse túmulo que está aberto por favor ele foi aberto por alguém e eu não consigo fechar sozinha nesse momento eu fiquei surpreso quem foi que abriu o túmulo perguntei tentando entender a situação a menina com uma expressão séria respondeu alguém abriu para roubar por favor me ajuda eu só quero que fique fechado sem saber o que fazer aceitei o pedido e segui com ela até o túmulo foi quando tudo começou a mudar eu não sabia bem o que pensar era estranho mas a voz dela parecia tão sincera tão Calma que eu
não consegui simplesmente ignorar quando ela me pediu para ajudá-la a fechar o túmulo eu achei um pouco esquisito mas não parecia haver nada demais Afinal o túmulo estava aberto e ninguém mais parecia estar por ali a menina me guiou até uma área Mais afastada do cemitério onde o túmulo estava de fato aberto o solo estava remexido como se alguém tivesse Cavado ali recentemente não havia ninguém à vista fiquei olhando para o túmulo por um momento tentando entender o que tinha acontecido perguntei à menina se ela sabia quem tinha aberto mas Ela simplesmente olhou para baixo
como se estivesse triste e disse apenas Eles roubaram o que queriam e deixaram o túmulo assim eu não consigo fazer sozinha me ajude decidi então dar uma olhada melhor o túmulo estava em péssimas condições como se alguém tivesse forçado a tampa para abrir isso me deixou um pouco desconfortável mas como a menina parecia tão preocupada comecei a ajudar tentando empurrar a tampa de volta para o lugar nós dois nos concentramos em empurrar a tampa e depois de alguns minutos de esforço conseguimos fechar o túmulo eu olhei para ela esperando algum tipo de agradecimento ou reação
mas ela estava quieta olhando para o túmulo com uma expressão que eu não consegui decifrar ela então levantou os olhos e disse muito obrigada você não sabe como isso significa para mim Eu já pedi para várias pessoas me ajudarem mas ninguém teve coragem todos ficaram com medo ela sorriu mas o sorriso Parecia um pouco triste eu ainda não entendia bem o que estava acontecendo mas me sentia aliviado por ter conseguido ajudar mesmo que de forma estranha fico feliz que pude ajudar respondi tentando não demonstrar o quanto a situação me incomodava mas algo me dizia que
havia mais naquela história do que eu estava vendo ela parecia em paz mas havia algo em seus olhos que não combinava com uma simples criança perdida aquilo tudo ainda me parecia estranho mas eu estava aliviado por ter cumprido o que ela me pediu Agora posso descansar em paz ela disse olhando para o túmulo fechado muito obrigada por me ajudar eu sei que você não entendeu nada mas de alguma forma você me ajudou a resolver uma parte da minha dor eu apenas acenei com a cabeça sem saber exatamente o que dizer não conseguia entender completamente as
palavras dela mas sentia que aquilo era algo importante para ela por um momento o silêncio tomou conta do cemitério e a sensação de paz ao redor foi quase tangível ela então se virou para mim sorrindo de novo e disse algo que até hoje me faz pensar Você tem que ter medo só dos vivos porque os mortos só querem descanso aquelas palavras me deixaram desconcertado eu ainda não sabia se o que estava acontecendo Ali era real ou se eu estava começando a imaginar coisas mas não podia negar que aquela menina parecia estar realmente aliviada e o
fato de ela me agradecer de uma forma tão sincera me fez pensar que talvez eu tivesse ajudado de alguma forma vai ainda hoje a sua recompensa por ajudar alguém a descansar ela acrescentou antes de se virar para ir embora eu assisti enquanto ela começava a caminhar pelo cemitério Mas de repente quando olhei para trás ela desapareceu não era uma despedida comum ela simplesmente sumiu como se tivesse evaporado no ar o mais estranho é que por um instante o cheiro de perfume que ela exalava ainda ficou no ar mas rapidamente desapareceu também fiquei parado por um
tempo sem saber o que pensar mas nada parecia fazer sentido eu estava começando a me sentir estranho como se o que eu tivesse acabado de viver fosse uma daquelas experiências impossíveis de explicar sem mais para fazer comecei a caminhar em direção à saída do cemitério mas ao sair percebi que tinha esquecido algo as chaves da minha casa ao voltar para o túmulo Encontrei as chaves no chão perto da lápide Que nós tínhamos fechado eu agachei para pegá-las mas antes que as pegasse algo chamou minha atenção quando olhei para a lápide algo me fez parar eu
vi uma foto uma foto de uma jovem mulher sorrindo suavemente e com um nome gravado abaixo dela Natália eu congelei era a mesma menina que eu tinha acabado de aud o choque foi instantâneo como a foto dela apareceu ali eu tinha certeza de que não havia visto aquela imagem antes e a sensação de que algo estava completamente errado tomou conta de mim a menina não tinha me falado seu nome mas lá estava ela estampada na lápide como se já tivesse sido enterrada ali por anos meu corpo estava paralisado de medo e meu cérebro não conseguia
processar o que via Eu sabia que inexplicável estava acontecendo eu olhei ao redor mas o cemitério parecia ainda mais vazio mais calmo do que nunca tudo estava estranho e não conseguia mais entender nada foi então que em um impulso corri para a saída eu não queria ficar ali mais um segundo eu só queria me acalmar Então decidi parar em um barzinho que ficava ali perto do outro lado da rua sentado à mesa pedi um café Não sabia mais o que pensar só só queria algo que me fizesse sentir mais normal novamente quando terminei meu café
o bar estava mais vazio e eu estava começando a me sentir um pouco mais calmo mas antes que eu pudesse sair uma mulher entrou ela parecia estranha com um olhar firme e uma postura Calma eu nunca a tinha visto antes e ela se aproximou de mim olha mandaram dar esse pacote para você disse ela sem mais explicações eu olhei para ela sem saber o que fazer quem mandou Perguntei mas ela apenas sorriu levemente não sei ela respondeu só disseram para entregar ela me entregou o pacote e antes que eu pudesse questionar mais ela virou as
costas e saiu do bar eu tentei segui-la mas quando cheguei à porta ela já havia desaparecido na rua como se tivesse sumido no ar fiquei ali por um tempo olhando para o pacote em minhas mãos me perguntando se aquilo fazia algum sem saber o que fazer abri o pacote dentro havia uma quantia considerável de dinheiro uns R 10.000 eu fiquei completamente surpreso a primeira reação foi de incredulidade mas depois de algum tempo comecei a entender aquilo de alguma forma era a resposta para meus problemas financeiros que haviam se arrastado por meses de repente tudo parecia
estar se encaixando contei para ninguém sobre o que aconteceu no cemitério nem sobre o pacote porque sabia que ninguém acreditaria mas naquele momento eu sabia que minha vida estava mudando as coisas começaram a melhorar o dinheiro me ajudou a colocar as Finanças em ordem e a partir daquele dia comecei a perceber que minha sorte Parecia ter mudado eu sempre encontrava algo sempre surgiam oportunidades de ganhar um pouco mais eu nunca soube ao certo que aconteceu naquele cemitério mas hoje olhando para trás sinto que de alguma forma aquela experiência e aquela menina me ajudaram ela me
deu uma chance de mudar minha vida e desde então tudo tem dado certo para mim meu nome é Letícia e sou uma pessoa bastante reservada mais ligada à rotina do que à vida social no entanto uma vez por mês me permito a visita ao cemitério para mim é um momento de reflexão e de lembrança do meu avô um homem que sempre foi uma presença constante em minha vida até seu falecimento há alguns anos ele sempre me dizia que a vida era um grande mistério e que nós deveríamos sempre procurar os momentos de paz em meio
ao caos naquela manhã o céu estava claro e as árvores ao redor do cemitério balançavam suave emente com a brisa eu caminhava lentamente já familiarizada com o caminho até o túmulo do meu avô situado em uma área tranquila do cemitério os túmulos antigos e as lápides de pedras gastas por gerações passadas me davam uma sensação estranha de serenidade cada visita era uma maneira de honrar a memória dele e refletir sobre o quanto minha vida havia mudado desde sua partida o cemitério não era o lugar mais agradável mas para mim era um lugar de conexão com
o passado eu gostava de parar diante da lápide do meu avô fazer uma oração e por alguns minutos ficar em silêncio dessa vez contudo uma sensação de inquietação começou a se formar em meu peito uma sensação que não sou capaz de explicar até hoje tudo estava calmo demais como se algo estivesse aguardando fiquei ali por alguns instantes observando o nome gravado na pedra fria lembrando dos bons momentos até que algo me fez olhar ao redor como se algum ruído tivesse me distraído mas por mais que tentasse identificar a origem do som o cemitério parecia tranquilo
demais eu tentei me concentrar novamente mas não conseguia evitar a sensação de que havia algo ou alguém me olhando ainda ao lado da lápide do meu avô comecei a sentir que algo estava estranho não sabia exatamente o que era mas o ambiente ao meu redor parecia diferente mais pesado o cemitério estava silencioso demais e algo parecia não estar certo eu tentei me concentrar nos bons momentos com meu avô mas algo me incomodava levantei-me e decidi caminhar um pouco afastando-me do túmulo quando passei entre as sepulturas percebi que o silêncio era mais intenso do que o
normal olhei ao redor mas não vi nada que explicasse a sensação tudo parecia estar imóvel sem nenhum movimento o cemitério que normalmente trazia uma sensação de paz agora me dava uma impressão desconfortável de repente senti uma estranha sensação de que havia algo mais ali não era medo mas uma sensação de que não estava sozinha olhei rapidamente para os lados mas não havia ninguém por perto a sensação de conforto Aumentou e percebi que meu corpo estava tenso como se estivesse esperando por algo decidi andar um pouco mais tentando afastar aquele sentimento mas à medida que eu
caminhava percebi que o ambiente ao meu redor parecia estar mudando Ainda tentando racionalizar o que estava acontecendo senti um calafrio na espinha algo estava fora do lugar eu não sabia o que exatamente mas a sensação de que havia algo mais ali era forte demais para ser ignorada passei por mais algumas sepulturas mas o ambiente ao meu redor parecia mudar eu já não estava mais tão tranquila como antes algo não estava certo não conseguia mais afastar a sensação de que havia algo ou alguém ali mesmo que eu não conseguisse ver ao olhar para um túmulo mais
distante vi algo que me fez parar imediatamente algo na minha frente entre as lápides se movia não era um ser humano mas algo que eu não consegui identificar com clareza apenas uma sombra que parecia se deslocar de um túmulo para outro fiquei paralisada por um momento sem saber o que fazer olhei para os lados tentando encontrar uma explicação racional mas o cemitério estava vazio a sensação de que algo estava ali ficou ainda mais forte fiquei tentando entender se estava imaginando tudo aquilo mas a presença parecia real demais respirei fundo e comecei a andar na direção
da saída tentando me acalmar o mais rápido que pude tentei deixar o local mas quanto mais eu caminhava mais eu sentia que algo não estava certo o cemitério Parecia ter ficado maior e o silêncio agora parecia opressor como se o lugar estivesse tentando me prender ali foi quando ao olhar para baixo senti algo me segurando pelos pés não havia nada visível mas os meus pés pareciam estar grudados no chão a sensação foi tão forte e repentina que quase perdi o equilíbrio eu tentei me soltar mas parecia que o solo estava me Segurando como se quisesse
me manter ali meu coração disparou e eu forcei minhas pernas a se moverem começando a caminhar mais rápido concentrei-me em dar um passo após o outro até finalmente conseguir sair da Sens de pressão mas o medo ainda não havia desaparecido eu estava começando a perceber que algo naquele lugar não era normal mas não sabia o que poderia ser eu sabia que precisava sair daquele cemitério o mais rápido possível cada passo que eu dava em direção à saída parecia mais difícil como se o lugar estivesse me prendendo de repente senti novamente aquela pressão nos meus pés
mas dessa vez era diferente não era uma sensação vaga era algo real olhei para baixo e para meu horror vi uma mão uma mão pálida e esquelética segurando firmemente meu pé a mão parecia surgir do chão com os dedos longos e finos como se o próprio chão estivesse tentando me puxar para dentro o choque foi instantâneo meu corpo ficou rígido e por um momento fiquei sem saber como reagir tentei dar um passo à frente mas a Mão me Segura com força meu coração disparou e um medo profo tomou conta de mim a sensação de estar
sendo puada para baixo para alg eso e desconhecido era insuportvel eu quase cai mas todas ashas for consegui puar minha per para frente o medo me deu foras que eu não sabia que tinha em um impulso Arranquei o pé da mão que ainda tentava me puxar e sem olhar para trás comecei a correr eu não me importava mais com o que estava acontecendo com o que eu estava deixando para trás eu só sabia que precisava sair dali corri sem parar sentindo o cemitério se afastar rapidamente a cada passo a cada respiração ofegante a sensação de
ser seguida não me deixou mas eu não ousava olhar para trás cada segundo parecia uma eternidade e eu só pensava em alcançar a saída Finalmente quando vi o portão do cit minha frente consegui alcançar a liberdade saí para a rua e ao olhar para trás vi o portão do cemitério como se algo ou alguém tivesse se afastado ainda tremendo parei na calçada respirando com dificuldade o cemitério ficou para trás mas a sensação de que algo estava ali tentando me prender não me deixava em paz eu sabia que de alguma forma aquela experiência me mudaria para
sempre eu nunca voltei ao cemitério não porque não quisesse mas porque sabia que não poderia enfrentar o que aquele lugar parecia esconder e até hoje sempre que passo por um cemitério sinto uma estranha sensação de inquietação como se algo estivesse me observando de longe