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Quais foram os principais acontecimentos da política externa brasileira ao longo da história? Nas comemorações do bicentenário da independência do Brasil em 2022, faremos um resumão da política externa brasileira ao longo desses 200 anos. Então bora lá!
Logo após a independência, o governo imperial buscou o reconhecimento internacional do novo Estado. Os primeiros países que reconheceram a independência brasileira foram a Argentina, os Estados Unidos e o Império do Benim, seguidos de Portugal, Reino Unido e França. Atendendo às exigências para obter esse reconhecimento, o Império fez concessões comerciais e políticas às potências e assinou com o Reino Unido uma convenção para abolir o tráfico de escravos.
Na região sul, a disputa com o governo de Buenos Aires pela soberania sobre a Banda Oriental levou à Guerra da Cisplatina. O tratado de paz reconheceu a criação do Uruguai como um país independente, como um algodão entre dois cristais, que pôs fim a esses atritos bilaterais. Mas as relações entre o Brasil e seus vizinhos ainda atravessaram outros momentos de divergências no século XIX.
Em 1851, o Império, o Uruguai e as províncias argentinas de Entre Ríos e Corrientes firmaram uma aliança e venceram as forças de Rosas na Argentina e de Oribe no Uruguai. Na década seguinte, a Tríplice Aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai derrotou as tropas de Solano López na Guerra do Paraguai. A passagem do Império à República provocou mudanças na política externa brasileira, com a busca de maior aproximação política e comercial aos Estados Unidos.
Na chancelaria do Barão do Rio Branco, já no início do século XX, o Brasil identificou os Estados Unidos como um parceiro estratégico para consolidar o poder brasileiro e defender a integridade territorial do país. Graças ao pragmatismo e à habilidade negociadora do Barão, o Brasil resolveu questões fronteiriças pendentes com seus vizinhos de maneira diplomática. Em 1917, sob pressão de potências estrangeiras e da opinião pública nacional, o governo brasileiro rompeu a neutralidade e reconheceu o estado de guerra com o Império Alemão.
A participação na Primeira Guerra Mundial rendeu ao Brasil prestígio e um lugar na Conferência de Paz de Paris, que aprovou o Tratado de Versalhes e o Pacto da Liga das Nações, a organização antecessora da ONU. Mas, em protesto pela admissão da Alemanha, o Brasil saiu da Liga em 1926. No governo Vargas, o Brasil buscou, inicialmente, ampliar o comércio com a Alemanha e com os Estados Unidos.
Mas, após o ataque japonês à base norte-americana de Pearl Harbor, o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Eixo e entrou na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados, com o envio da Força Expedicionária Brasileira. O governo Vargas obteve dos Estados Unidos o apoio para a construção da usina siderúrgica de Volta Redonda e o reaparelhamento das forças armadas brasileiras. Depois do conflito, apesar da busca, pelo governo Dutra, do apoio norte-americano ao desenvolvimento nacional, as prioridades dos Estados Unidos estavam voltadas à reconstrução europeia e à contenção da União Soviética na Guerra Fria, e o Brasil não recebeu o almejado financiamento norte-americano.
No início dos anos 60, a atuação externa dos governos de Jânio Quadros e João Goulart foi caracterizada pela Política Externa Independente, a PEI, que pregava o universalismo, o pragmatismo e a autonomia decisória, para ampliar as relações políticas e o comércio exterior brasileiro. O Brasil restabeleceu relações diplomáticas com a União Soviética, que haviam sido rompidas no governo Dutra, e passou a promover o comércio com países do leste europeu. No início do regime militar, o governo Castello Branco adotou uma postura de alinhamento com os Estados Unidos na Guerra Fria: rompeu relações com Cuba e apoiou uma intervenção anticomunista na República Dominicana.
Mas, a partir de Costa e Silva, a diplomacia brasileira resgatou o universalismo e a independência da PEI. O Brasil se recusou a assinar o Tratado sobre a Não Proliferação de Armas Nucleares, e a delegação brasileira na ONU defendeu uma nova ordem econômica internacional, atenta aos interesses e às necessidades dos países em desenvolvimento. Após a redemocratização, a política externa brasileira resgatou pendências internacionais em matéria de direitos humanos, meio ambiente e não proliferação nuclear.
O Brasil aderiu a importantes tratados internacionais nesses temas e se comprometeu, na conferência Rio-92, com a promoção do desenvolvimento sustentável. A reaproximação entre o Brasil e a Argentina, que avançaram na superação de rivalidades e na construção de um projeto comum de integração ao longo dos anos 80, levou, em 91, à constituição do MERCOSUL, juntamente com Paraguai e Uruguai. Daí em diante, a integração sul-americana passou a ocupar um lugar destacado na agenda de prioridades do Brasil, tanto no campo econômico quanto no político.
A partir dos anos 2000, as relações com outros países em desenvolvimento passaram a ser prioridades para a diplomacia nacional. O Brasil ampliou suas iniciativas de cooperação técnica, engajou-se em debates sobre temas de alcance global e participou da criação de grupos como o IBAS, o BRICS e o G4, que busca reformar o Conselho de Segurança da ONU. Na agenda de paz e segurança, o Brasil comandou a missão de paz da ONU no Haiti, e, como membro do Conselho de Segurança entre 2022 e 2023, a diplomacia brasileira tem defendido a prevenção de conflitos, a manutenção da paz e a promoção dos direitos humanos.
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