TikTok. O famoso “app das dancinhas”, dos memes e dos vídeos curtos virou um fenômeno global, além de se tornar a marca que mais cresce em valor no mundo no início de 2022. Cada dia mais conectadas, as gerações mais novas passam cada vez mais tempo na frente das telas, principalmente dos smartphones — e são influenciadas desde muito cedo, por praticamente qualquer pessoa.
Ao contrário do que aconteceu com a gente, com os nossos pais e avós, que aspirávamos a carreiras como médicos, empresários, professores e artistas, mais de 85% dos jovens afirmam sonhar em se tornar influenciadores digitais, segundo pesquisa da Morning Consult. Embora estejamos vivendo em plena Era da Informação, onde o acesso à informação e ao conhecimento têm avançado de maneira sem precedentes, os mais jovens estão passando mais tempo nas redes sociais do que deveriam — e quase sempre envolvidos com atividades que têm pouco ou nada a agregar pra suas vidas. Tanto que esse novo passatempo tem preocupado alguns cientistas: estudos apontam que, pela primeira vez, estamos diante de uma geração com um QI mais baixo que a geração anterior: até mesmo países com alto índice de desenvolvimento, como a Noruega, a Finlândia e a Dinamarca, essa tendência vem sendo registrada.
É bem provável que você já tenha ouvido esse discurso de que as gerações mais novas não têm futuro. Ele não é novidade e nós mesmos fomos vítimas dele, assim como nossos pais e avós. Mas tudo o que vem acontecendo nos últimos anos tem alterado drasticamente a forma como jovens estão se desenvolvendo, o que nos leva a pensar se, pela primeira vez, esse discurso não pode ser verdade — e se nós estamos, de fato, diante de uma geração perdida.
Não é de hoje que os mais velhos acham que a geração mais nova é uma geração perdida. Foi assim nos anos 20, com as moças que usavam saias curtas, fumavam e bebiam em público, e ouviam Jazz. As melindrosas, como eram conhecidas, despertavam olhares de reprovação por onde passavam, especialmente pelos mais velhos.
O mesmo aconteceu com os hippies nos anos 60: o movimento formado por jovens de diversas idades e classes sociais, que nasceram no contexto pós-guerra, estava longe de ser visto com bons olhos pelos mais conservadores. A gente chama isso de conflito de gerações e, pra ser sincero, ele não é nenhuma novidade: um curioso estudo revelou que nós, adultos, tendemos a julgar de modo mais severo as crianças e os jovens, principalmente nas áreas em que mais nos destacamos. Todo esse julgamento é, de certa forma, injusto, já que nós nem sempre lembramos de levar em consideração como nós mesmos éramos nessa fase.
Mas fato é que as novas gerações estão apresentando resultados inesperados nos testes de inteligência — e eles não são nada bons. E agora o Rafael Scapella vai te falar mais sobre isso. Um estudo feito pelo neurocientista francês, Michel Desmurget, do Instituto Nacional de Saúde da França, explica que os nativos digitais, as crianças que já nasceram na Era da Informação, são os primeiros a terem um QI inferior ao de seus pais.
Esse fenômeno parece ir na contramão do chamado “Efeito Flynn”, termo criado pelo psicólogo americano James Flynn, que propôs que a média do QI de uma população aumentava gradualmente, de geração em geração. E embora o QI não seja o único indicativo ou quantitativo de inteligência, estudos demonstram que a nossa capacidade de manter a atenção de fato vem diminuindo na Era Digital. Uma pesquisa feita pela Microsoft revelou que o tempo de atenção dos seres humanos está mais curto que de um peixinho dourado: apenas 8 segundos, contra 9 do peixe.
Os participantes dessa pesquisa ainda revelaram usar dispositivos eletrônicos além da média, e disseram sentir dificuldade pra manter o foco em tarefas que demandavam atenção prolongada. O uso excessivo de telas, pra a maioria dessas pessoas, começa muito cedo. Dados levantados em 2019 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil revelaram que mais de 80% da população entre 9 e 17 anos faz uso da internet, e a maioria usa o smartphone como principal meio de acesso.
Os dispositivos móveis se tornaram a principal forma de entretenimento dos mais jovens, muito embora eles não tenham sido pensados especialmente pra isso. Hoje, só no Brasil, mais de 50% dos jovens usam a internet como principal forma de lazer. Mas nem sempre foi assim: Segundo o site bebê.
com, que lista 8 brincadeiras de crianças muitas vezes feitas ao ar livre tipo amarelinha e esconde-esconde, criam laços afetivos com a família e amigos desde cedo, que é de fundamental importância pra socialização desde o começo da infância. Essas atividades tinham um impacto positivo no desenvolvimento da criança, estimulando a imaginação e a criatividade, diferente do conteúdo das telas, que deixa as crianças inertes. A psicóloga Renata Hugentobler fala mais sobre isso Então esse uso excessivo das telas ta diretamente ligado com a diminuição da capacidade cognitiva intelectual das crianças.
E isso acontece porque quando a criança ta conectada, ela não precisa desenvolver o raciocínio lógico, tudo já vem pronto, é um estímulo imediato, é super estimulação visual que acaba distraindo a criança. E quando a criança é distraída, é liberado um neurotransmissor chamado dopamina, que é o neurotransmissor do prazer e do bem estar. Até aquelas atividades feitas dentro de casa, como jogos de tabuleiro e as horas e horas na frente do videogame, obrigavam a usar a inteligência na hora de brincar, seja solucionando problemas ou criando um espírito de competitividade.
Hoje esses estímulos dão lugar a um loop infinito de consumo de conteúdos que exige zero concentração, raciocínio lógico ou interação social. Com o crescimento das cidades e o aumento da violência nos centros urbanos, muitos pais preferem que seus filhos brinquem na segurança de seus quartos ou na sala de estar, o que acaba deixando a própria criança sem escolha, e fazendo com que ela não veja outra forma de distração, a não ser no celular. É assim que plataformas como o TikTok acabam ganhando uma dimensão muito maior do que deveriam na vida das crianças — e a razão pela qual é tão fácil ver elas viciadas nesse tipo de conteúdo está na forma como o algoritmo desse aplicativo foi desenvolvido.
Muito embora isso não se restrinja só ao TikTok, já que Facebook, Twitter e Instagram também foram desenhados pra viciar, nenhuma dessas outras plataformas conseguiu cumprir tão bem essa função quanto a plataforma chinesa, que surgiu em 2018, após a compra do aplicativo musical. ly — rede social de compartilhamento de vídeos curtos — pela empresa chinesa de tecnologia ByteDance. A ByteDance decidiu expandir globalmente sob uma marca diferente, chamando-a de TikTok, onde os usuários postam uma variedade de vídeos como brincadeiras, acrobacias, truques, piadas, dança e entretenimento com duração de 15 segundos a dez minutos.
Essencialmente é uma plataforma para quem não sabe que tipo de conteúdo criar. E eu vou ser bem sincero, eu baixei o aplicativo em 2020 pra poder entender como ele funcionava na prática e eu achei muito bom, e quem me conhece sabe que eu não sou muito chegado em redes sociais. Até que eu comecei a perceber por que ele era bom, e não tinha nada a ver com o conteúdo, mas sim algo muito mais sinistro, o vício.
O que torna o TikTok altamente viciante é o fato dele utilizar tecnologia com Machine Learning — ou aprendizado de máquina em português — combinando dados e informações pra que o software aprenda as preferências do usuário e ofereça o conteúdo com a maior probabilidade de chamar atenção. Dessa forma, o usuário sempre tem no seu feed um vídeo rápido e de seu interesse, combinado ao formato de rolagem infinita, tática que faz com que pessoas fiquem horas seguidas no aplicativo sem ao menos perceber. E não é preciso muito tempo pra que o TikTok aprenda as suas preferências: em poucos minutos, você assiste alguns vídeos, descartando os que não gosta e assistindo até o final os que mais chamaram a sua atenção, possibilitando que o algoritmo detecte o seu padrão de comportamento.
Ou seja, ele entende o que você gosta e usa isso para te manter mais tempo dentro do aplicativo, e isso é usado também na hora que você decide sair do TikTok. No Android, quando você aperta para sair do aplicativo, ele atualiza a página rapidamente para um outro vídeo recomendado pra você, e para de fato sair do aplicativo é necessário apertar mais uma vez. Quando eu estava no TikTok e decidia sair dele, acabei sendo vítima desse sistema, mas eu tinha consciência que estava sendo manipulado.
Nesse contexto, as crianças estão muito mais suscetíveis a um sistema como esse: feito pra viciar. Como o cérebro recebe altas doses de dopamina quando estamos assistindo algo que gostamos, isso pode, literalmente, levar ao vício — e ao contrário de nós, adultos, que já temos o cérebro totalmente desenvolvido, as crianças ainda não não têm recursos suficientes pra saber a hora de parar — e é aí que mora o problema. Mas mesmo as redes sociais sendo desenhadas pra viciar, não faz sentido atribuir a elas a culpa de tudo.
Mesmo com o enorme leque de opções de entretenimento que a internet nos oferece, a maioria das pessoas tende a optar pelo que é fácil, mesmo que isso não seja saudável — ou sequer relevante. Então podemos dizer que as crianças estão viciadas na sensação de prazer e bem estar que as telas proporcionam. Cabe a nós adultos a responsabilidade de ofertar outras alternativas pra que agente consiga estimular as crianças nas áreas como: linguagem, habilidades motoras, habilidades socioemocionais, pra que as crianças se sintam confortáveis na presença de adultos e outras crianças, e consigam ter uma perspectiva maior de futuro, e consequentemente um aumento nesse nível de Q.
I As famosas dancinhas que viralizam no TikTok, por exemplo, são parte de uma nova categoria de entretenimento superficial que não acrescenta nada à vida de ninguém, muito menos das crianças e dos adolescentes, que muitas vezes podem até serem expostas a uma espécie de “sensualidade exagerada”, digamos assim. Além do mais, esse frenesi de informações aleatórias tende a gerar uma desordem no nosso cérebro. De acordo com a neurocientista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natalia Mota, isso ocorre porque nosso cérebro não consegue registrar toda a enxurrada de informação que nós recebemos diariamente, e dependendo da maneira com que estimulamos nossa memória, a verdade é que todos esses impulsos podem ser nocivos, desencadeando altas cargas de estresse.
Ainda que muita gente já tenha ouvido falar dos danos à saúde causados pelo uso excessivo das redes sociais, um estudo feito pela Kaspersky — agência especialista em segurança virtual — apontou que no Brasil, mais de 90% da população adulta fica 3 horas ou mais na internet em seus smartphones e 85% dos filhos dessas pessoas ultrapassam a média dos pais. Os pais, que também não largam o celular, acabam naturalizando esse comportamento e influenciando os filhos a fazerem o mesmo. Além dos problemas de falta de foco, atenção e socialização, a permanência prolongada nas redes sociais também pode causar problemas emocionais e transtornos psicológicos.
A depressão e ansiedade são os mais comuns, e cada vez mais o assunto vem sendo amplamente debatido na mídia, de modo que agências como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) passou a ter suas próprias recomendações de tempo e idade pra exposição às telas. Mas onde foi que a gente errou? O conceito de “modernidade líquida”, criado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, descreve muito bem a realidade dos mais jovens que, certamente, têm outra visão de mundo, afinal, na perspectiva deles, tudo é muito mais rápido — e mais fácil.
No mundo deles, tudo é passageiro e superficial, o que muitas vezes se reflete no vazio que enfrentam na vida real. A ausência de interação social e o entretenimento disperso fazem com que parte dessa nova forma de “crescer online”, dispense grandes reflexões. Os nativos digitais têm o mundo aos seus pés e ao mesmo tempo lhes faltam muita coisa.
Mesmo com todas essas facilidades, a geração mais nova parece não ter interesse em utilizar essas ferramentas e todo o potencial que elas tem a oferecer. Um exemplo disso é que em plena Era da Informação, se lê cada vez menos: um estudo feito pela Universidade de Colúmbia constatou que a maioria das pessoas lê apenas o título das notícias, sem ao menos abrir o texto pra saber do que se trata. Isso significa que o nosso foco está tão disperso, que temos dificuldade de mergulhar a fundo em algo, mesmo que seja do nosso interesse.
Contribui também o fato de que os sites de notícias cobram mensalidade, eles estão no direito de fazer isso e não são de longe os culpados. Saber que esses jovens possivelmente terão mais dificuldades do que nós pra pensar, se relacionar ou simplesmente se sentir felizes, mesmo tendo crescido na época mais desenvolvida que se tem notícia, deveria ser assustador. Se você prefere passar várias horas do seu dia na companhia do melhor que o Mark Zuckerberg tem a te oferecer, então por favor, não reclame.
O uso excessivo de redes sociais não nos permite solucionar problemas, aprender coisas novas ou evoluir, especialmente quando, na prática, a gente sequer consegue prestar atenção em tudo. Isso se provou na prática pra mim, ainda no tempo da faculdade. Estar dentro de uma sala de aula pode ser chato, por isso alguns de nós não prestam atenção na aula até às vésperas de um teste, que é quando a gente precisa sentar e estudar.
É nessa hora que a gente corre pra internet pra aprender o que não aprendeu na hora da aula. Por várias vezes, antes do teste, eu me peguei estudando as matérias pela internet e achando que o problema era o professor, quando na verdade era eu que não prestava atenção em nada — e foi aí que a ficha caiu. Minha cabeça tava voltada para qualquer outra coisa, menos pra integral, derivada e Regra de Simpson.
Só que como antes do teste eu precisava aprender, eu focava toda a minha atenção pra internet e, finalmente, aprendia o assunto. Na aula, depois do teste, eu passei a prestar atenção no professor e percebi que os métodos eram ótimos, os assuntos não eram lá tão difíceis, e eu que era o idiota que não prestava atenção quando deveria. Num mundo onde o sonho de mais de 80% dos jovens é se tornar influencer, a gente precisa pensar seriamente sobre o papel que nós, adultos, temos nisso tudo — pra evitar que as crianças e os adolescentes só entendam como funciona a vida real quando estiverem nas vésperas de se tornarem adultos.
E ai, o que você acha dessa geração? Me responde aqui nos comentários e já manda esse vídeo pra aquele seu amigo ou amiga que já não consegue mais viver sem um celular na mão. Pra descobrir como você pode criar um negócio contando histórias aqui na internet, confere uma aula grátis no primeiro link da descrição aqui em baixo.
Agora, pra descobrir como os Vapes se tornaram o novo cigarro e estão viciando crianças em nicotina, confere esse vídeo aqui na tela. Então aperta nele ai que eu te vejo lá em alguns segundos. Por esse video é isso, um grande abraço e até mais.