A Nova Geração de Idiotas? | Part. @RafaelScapella​

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Em uma era onde toda informação ta na palma da mão, os jovens preferem passar o dia olhando dancinha...
Video Transcript:
TikTok. O famoso “app das dancinhas”, dos memes  e dos vídeos curtos virou um fenômeno global, além de se tornar a marca que mais cresce  em valor no mundo no início de 2022. Cada dia mais conectadas, as gerações mais novas  passam cada vez mais tempo na frente das telas, principalmente dos smartphones — e  são influenciadas desde muito cedo, por praticamente qualquer pessoa.
Ao contrário do que aconteceu com a gente, com os nossos pais e avós, que aspirávamos a  carreiras como médicos, empresários, professores e artistas, mais de 85% dos jovens afirmam  sonhar em se tornar influenciadores digitais, segundo pesquisa da Morning Consult. Embora estejamos vivendo em plena Era da Informação, onde o acesso à informação  e ao conhecimento têm avançado de maneira sem precedentes, os mais jovens estão passando  mais tempo nas redes sociais do que deveriam — e quase sempre envolvidos com atividades que  têm pouco ou nada a agregar pra suas vidas. Tanto que esse novo passatempo tem preocupado  alguns cientistas: estudos apontam que, pela primeira vez, estamos diante de uma geração  com um QI mais baixo que a geração anterior: até mesmo países com alto índice de desenvolvimento,  como a Noruega, a Finlândia e a Dinamarca, essa tendência vem sendo registrada.
É bem provável que você já tenha ouvido esse discurso de que as gerações mais novas não  têm futuro. Ele não é novidade e nós mesmos fomos vítimas dele, assim como nossos pais e avós. Mas tudo o que vem acontecendo nos últimos anos tem alterado drasticamente a forma  como jovens estão se desenvolvendo, o que nos leva a pensar se, pela primeira vez, esse discurso não pode ser verdade — e se nós  estamos, de fato, diante de uma geração perdida.
Não é de hoje que os mais velhos acham que a  geração mais nova é uma geração perdida. Foi assim nos anos 20, com as moças que usavam  saias curtas, fumavam e bebiam em público, e ouviam Jazz. As melindrosas, como eram  conhecidas, despertavam olhares de reprovação por onde passavam, especialmente pelos mais velhos.
O mesmo aconteceu com os hippies nos anos 60: o movimento formado por jovens de  diversas idades e classes sociais, que nasceram no contexto pós-guerra, estava longe de  ser visto com bons olhos pelos mais conservadores. A gente chama isso de conflito de gerações e,  pra ser sincero, ele não é nenhuma novidade: um curioso estudo revelou que nós, adultos,  tendemos a julgar de modo mais severo as crianças e os jovens, principalmente  nas áreas em que mais nos destacamos. Todo esse julgamento é, de certa forma,  injusto, já que nós nem sempre lembramos de levar em consideração como nós mesmos éramos  nessa fase.
Mas fato é que as novas gerações estão apresentando resultados inesperados nos testes de  inteligência — e eles não são nada bons. E agora o Rafael Scapella vai te falar mais sobre isso.  Um estudo feito pelo neurocientista francês, Michel Desmurget, do Instituto Nacional de Saúde  da França, explica que os nativos digitais, as crianças que já nasceram na Era da  Informação, são os primeiros a terem um QI inferior ao de seus pais.
Esse fenômeno  parece ir na contramão do chamado “Efeito Flynn”, termo criado pelo psicólogo americano James Flynn,  que propôs que a média do QI de uma população aumentava gradualmente, de geração em geração. E embora o QI não seja o único indicativo ou quantitativo de inteligência, estudos demonstram  que a nossa capacidade de manter a atenção de fato vem diminuindo na Era Digital. Uma pesquisa feita  pela Microsoft revelou que o tempo de atenção dos seres humanos está mais curto que de um peixinho  dourado: apenas 8 segundos, contra 9 do peixe.
Os participantes dessa pesquisa ainda revelaram  usar dispositivos eletrônicos além da média, e disseram sentir dificuldade pra manter o foco  em tarefas que demandavam atenção prolongada. O uso excessivo de telas, pra a maioria dessas  pessoas, começa muito cedo. Dados levantados em 2019 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil  revelaram que mais de 80% da população entre 9 e 17 anos faz uso da internet, e a maioria usa  o smartphone como principal meio de acesso.
Os dispositivos móveis se tornaram a principal  forma de entretenimento dos mais jovens, muito embora eles não tenham sido  pensados especialmente pra isso. Hoje, só no Brasil, mais de 50% dos jovens usam  a internet como principal forma de lazer. Mas nem sempre foi assim: Segundo o  site bebê.
com, que lista 8 brincadeiras de crianças muitas vezes feitas ao ar  livre tipo amarelinha e esconde-esconde, criam laços afetivos com a família e amigos  desde cedo, que é de fundamental importância pra socialização desde o começo da infância. Essas atividades tinham um impacto positivo no desenvolvimento da criança, estimulando a  imaginação e a criatividade, diferente do conteúdo das telas, que deixa as crianças inertes. A psicóloga Renata Hugentobler fala mais sobre isso Então esse uso excessivo das telas ta diretamente ligado com a diminuição da  capacidade cognitiva intelectual das crianças.
E isso acontece porque quando a criança  ta conectada, ela não precisa desenvolver o raciocínio lógico, tudo já vem pronto, é um  estímulo imediato, é super estimulação visual que acaba distraindo a criança. E quando a criança é distraída, é liberado um neurotransmissor chamado dopamina,  que é o neurotransmissor do prazer e do bem estar. Até aquelas atividades feitas dentro de  casa, como jogos de tabuleiro e as horas e horas na frente do videogame, obrigavam  a usar a inteligência na hora de brincar, seja solucionando problemas ou criando  um espírito de competitividade.
Hoje esses estímulos dão lugar a um loop infinito de  consumo de conteúdos que exige zero concentração, raciocínio lógico ou interação social. Com o crescimento das cidades e o aumento da violência nos centros urbanos, muitos pais  preferem que seus filhos brinquem na segurança de seus quartos ou na sala de estar, o que  acaba deixando a própria criança sem escolha, e fazendo com que ela não veja outra  forma de distração, a não ser no celular. É assim que plataformas como o TikTok acabam  ganhando uma dimensão muito maior do que deveriam na vida das crianças — e a razão  pela qual é tão fácil ver elas viciadas nesse tipo de conteúdo está na forma como o  algoritmo desse aplicativo foi desenvolvido.
Muito embora isso não se restrinja só ao TikTok,  já que Facebook, Twitter e Instagram também foram desenhados pra viciar, nenhuma dessas outras  plataformas conseguiu cumprir tão bem essa função quanto a plataforma chinesa, que surgiu em 2018,  após a compra do aplicativo musical. ly — rede social de compartilhamento de vídeos curtos —  pela empresa chinesa de tecnologia ByteDance. A ByteDance decidiu expandir globalmente sob  uma marca diferente, chamando-a de TikTok, onde os usuários postam uma variedade de vídeos  como brincadeiras, acrobacias, truques, piadas, dança e entretenimento com duração de 15 segundos  a dez minutos.
Essencialmente é uma plataforma para quem não sabe que tipo de conteúdo criar. E eu vou ser bem sincero, eu baixei o aplicativo em 2020 pra poder entender como ele funcionava  na prática e eu achei muito bom, e quem me conhece sabe que eu não sou muito chegado em redes  sociais. Até que eu comecei a perceber por que ele era bom, e não tinha nada a ver com o conteúdo,  mas sim algo muito mais sinistro, o vício.
O que torna o TikTok altamente viciante é o fato  dele utilizar tecnologia com Machine Learning — ou aprendizado de máquina em português — combinando  dados e informações pra que o software aprenda as preferências do usuário e ofereça o conteúdo  com a maior probabilidade de chamar atenção. Dessa forma, o usuário sempre tem no seu  feed um vídeo rápido e de seu interesse, combinado ao formato de rolagem infinita,  tática que faz com que pessoas fiquem horas seguidas no aplicativo sem ao menos perceber. E não é preciso muito tempo pra que o TikTok aprenda as suas preferências: em poucos minutos,  você assiste alguns vídeos, descartando os que não gosta e assistindo até o final os que mais  chamaram a sua atenção, possibilitando que o algoritmo detecte o seu padrão de comportamento.
Ou seja, ele entende o que você gosta e usa isso para te manter mais tempo dentro do  aplicativo, e isso é usado também na hora que você decide sair do TikTok. No Android,  quando você aperta para sair do aplicativo, ele atualiza a página rapidamente para um outro  vídeo recomendado pra você, e para de fato sair do aplicativo é necessário apertar mais uma vez.  Quando eu estava no TikTok e decidia sair dele, acabei sendo vítima desse sistema, mas eu  tinha consciência que estava sendo manipulado.
Nesse contexto, as crianças estão muito  mais suscetíveis a um sistema como esse: feito pra viciar. Como o cérebro recebe altas  doses de dopamina quando estamos assistindo algo que gostamos, isso pode, literalmente,  levar ao vício — e ao contrário de nós, adultos, que já temos o cérebro totalmente  desenvolvido, as crianças ainda não não têm recursos suficientes pra saber a hora  de parar — e é aí que mora o problema. Mas mesmo as redes sociais  sendo desenhadas pra viciar, não faz sentido atribuir a elas a culpa de  tudo.
Mesmo com o enorme leque de opções de entretenimento que a internet nos  oferece, a maioria das pessoas tende a optar pelo que é fácil, mesmo que isso  não seja saudável — ou sequer relevante. Então podemos dizer que as crianças  estão viciadas na sensação de prazer e bem estar que as telas proporcionam. Cabe a nós adultos a responsabilidade de ofertar outras alternativas pra que agente  consiga estimular as crianças nas áreas como: linguagem, habilidades motoras,  habilidades socioemocionais, pra que as crianças se sintam confortáveis  na presença de adultos e outras crianças, e consigam ter uma perspectiva maior de futuro,  e consequentemente um aumento nesse nível de Q.
I As famosas dancinhas que viralizam  no TikTok, por exemplo, são parte de uma nova categoria de entretenimento  superficial que não acrescenta nada à vida de ninguém, muito menos das crianças e  dos adolescentes, que muitas vezes podem até serem expostas a uma espécie de “sensualidade  exagerada”, digamos assim. Além do mais, esse frenesi de informações aleatórias  tende a gerar uma desordem no nosso cérebro. De acordo com a neurocientista da Universidade  Federal do Rio Grande do Norte, Natalia Mota, isso ocorre porque nosso cérebro não consegue  registrar toda a enxurrada de informação que nós recebemos diariamente, e dependendo da  maneira com que estimulamos nossa memória, a verdade é que todos esses impulsos podem ser  nocivos, desencadeando altas cargas de estresse.
Ainda que muita gente já tenha ouvido  falar dos danos à saúde causados pelo uso excessivo das redes sociais, um estudo feito  pela Kaspersky — agência especialista em segurança virtual — apontou que no Brasil, mais de 90%  da população adulta fica 3 horas ou mais na internet em seus smartphones e 85% dos filhos  dessas pessoas ultrapassam a média dos pais. Os pais, que também não largam o celular, acabam  naturalizando esse comportamento e influenciando os filhos a fazerem o mesmo. Além dos problemas de falta de foco, atenção e socialização, a permanência prolongada  nas redes sociais também pode causar problemas emocionais e transtornos psicológicos.
A depressão e ansiedade são os mais comuns, e cada vez mais o assunto vem  sendo amplamente debatido na mídia, de modo que agências como a Sociedade Brasileira  de Pediatria (SBP) passou a ter suas próprias recomendações de tempo e idade pra exposição  às telas. Mas onde foi que a gente errou? O conceito de “modernidade líquida”, criado pelo  sociólogo polonês Zygmunt Bauman, descreve muito bem a realidade dos mais jovens que, certamente,  têm outra visão de mundo, afinal, na perspectiva deles, tudo é muito mais rápido — e mais fácil.
No mundo deles, tudo é passageiro e superficial, o que muitas vezes se reflete no vazio  que enfrentam na vida real. A ausência de interação social e o entretenimento disperso  fazem com que parte dessa nova forma de “crescer online”, dispense grandes reflexões. Os nativos digitais têm o mundo aos seus pés e ao mesmo tempo lhes faltam muita  coisa.
Mesmo com todas essas facilidades, a geração mais nova parece não ter  interesse em utilizar essas ferramentas e todo o potencial que elas tem a oferecer. Um exemplo disso é que em plena Era da Informação, se lê cada vez menos: um estudo feito pela  Universidade de Colúmbia constatou que a maioria das pessoas lê apenas o título das notícias,  sem ao menos abrir o texto pra saber do que se trata. Isso significa que o nosso foco está tão  disperso, que temos dificuldade de mergulhar a fundo em algo, mesmo que seja do nosso interesse. 
Contribui também o fato de que os sites de notícias cobram mensalidade, eles estão no direito  de fazer isso e não são de longe os culpados. Saber que esses jovens possivelmente terão  mais dificuldades do que nós pra pensar, se relacionar ou simplesmente se sentir felizes,  mesmo tendo crescido na época mais desenvolvida que se tem notícia, deveria ser assustador. Se você prefere passar várias horas do seu dia na companhia do melhor que o Mark Zuckerberg tem  a te oferecer, então por favor, não reclame.
O uso excessivo de redes sociais não nos permite  solucionar problemas, aprender coisas novas ou evoluir, especialmente quando, na prática, a  gente sequer consegue prestar atenção em tudo. Isso se provou na prática pra mim, ainda no tempo  da faculdade. Estar dentro de uma sala de aula pode ser chato, por isso alguns de nós não prestam  atenção na aula até às vésperas de um teste, que é quando a gente precisa sentar e estudar. 
É nessa hora que a gente corre pra internet pra aprender o que não aprendeu na hora da aula. Por várias vezes, antes do teste, eu me peguei estudando as matérias pela internet e  achando que o problema era o professor, quando na verdade era eu que não prestava  atenção em nada — e foi aí que a ficha caiu. Minha cabeça tava voltada para qualquer  outra coisa, menos pra integral, derivada e Regra de Simpson.
Só que como  antes do teste eu precisava aprender, eu focava toda a minha atenção pra  internet e, finalmente, aprendia o assunto. Na aula, depois do teste, eu passei a  prestar atenção no professor e percebi que os métodos eram ótimos, os assuntos  não eram lá tão difíceis, e eu que era o idiota que não prestava atenção quando deveria. Num mundo onde o sonho de mais de 80% dos jovens é se tornar influencer, a gente precisa  pensar seriamente sobre o papel que nós, adultos, temos nisso tudo — pra evitar que as  crianças e os adolescentes só entendam como funciona a vida real quando estiverem  nas vésperas de se tornarem adultos.
E ai, o que você acha dessa geração? Me  responde aqui nos comentários e já manda esse vídeo pra aquele seu amigo ou amiga que já  não consegue mais viver sem um celular na mão. Pra descobrir como você pode criar um  negócio contando histórias aqui na internet, confere uma aula grátis no primeiro  link da descrição aqui em baixo.
Agora, pra descobrir como os  Vapes se tornaram o novo cigarro e estão viciando crianças em nicotina,  confere esse vídeo aqui na tela. Então aperta nele ai que eu  te vejo lá em alguns segundos. Por esse video é isso, um  grande abraço e até mais.
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