Estamos em 1656 e a noite cai sobre uma aldeia perto de Nápoles. Do horizonte, surge uma silhueta assustadora. Trata-se de um homem usando um estranho traje: chapéu, luvas e botas, além de um enorme sobretudo.
Mas o que realmente chama a atenção é sua máscara, com olhos de vidro e um bico semelhante ao de um pássaro. O forasteiro atende pelo nome de Giovanni. Sua chegada provoca terror entre os aldeões.
Giovanni é um médico da peste. Se ele está na aldeia, é sinal de que a peste bubônica já está deixando um rastro de mortes na região. Ao contrário do que muitos acreditam, médicos com essas máscaras não existiam durante a Peste Negra A famosa epidemia de peste bubônica que devastou a Europa no século 14.
Essa figura sombria se popularizou a partir do século 17 sendo vista quando novas epidemias da peste apareciam na Europa Em 1656, casos de peste começam a se espalhar pelo Reino de Nápoles. Giovanni, um estudante dando seus primeiros passos na carreira médica, é contratado pelas autoridades para cuidar dos doentes nas aldeias da região. Mas esta tarefa não é nada fácil.
Como qualquer médico da sua época Giovanni é muito prejudicado pela falta de conhecimento científico sobre a peste. As pessoas do século 17 não imaginam que dividem o planeta com seres microscópicos, ocultos aos olhos humanos. Entre eles, está a bactéria Yersinia Pestis, que vive na pulga dos ratos e é a grande responsável pela peste bubônica.
Em suas andanças por uma Europa com condições precárias de higiene, Giovanni vê ratos o tempo todo, sem desconfiar que esses animais ajudam a espalhar a doença que ele tenta combater. Aliás, a falta de conhecimento sobre a causa e a transmissão da peste nos leva à famosa máscara usada por Giovanni. Na época, acreditava-se que a doença era transmitida pelos gases de corpos em decomposição.
Assim, a função da máscara, com flores e ervas armazenadas na parte interna do bico, era filtrar o ar contaminado. Então não é de se espantar que os métodos de Giovanni para combater a doença são uma mistura de superstições populares e práticas sem comprovação científica. Um exemplo é a Teoria dos Humores que surgiu na Grécia Antiga.
Essa ideia prega que a saúde está ligada ao equilíbrio de quatro fluidos corporais. Giovanni acredita nisso e recomenda a sangria aos seus pacientes. Usando uma pequena faca afiada, ele corta a veia de seus pacientes para drenar sangue de seus corpos.
Ele acredita que, assim, os fluidos voltarão a ficar em equilíbrio, melhorando a saúde dos pacientes. Giovanni também precisa lidar com um dos principais sintomas da peste bubônica, justamente aquele que dá nome à doença: os bubões, que são inchaços nos linfonodos, normalmente nas regiões das axilas, pescoço e virilha. Em alguns pacientes, ele aplica sanguessugas, animais que se alimentam de sangue, para drenar o bubão Em outros, usa figos e cebolas cozidas para que o inchaço amoleça e possa ser cortado.
Mas, em casos mais graves, Giovanni amarra um sapo vivo sobre o bubão para que o animal absorva o líquido do inchaço até explodir. Aí, ele repete o procedimento até os inchaços sumirem. .
. Ou os sapos acabarem. … Ou a pessoa morrer.
Diferente de muitos médicos oportunistas que andam pela Europa tentando vender curas milagrosas, Giovanni realmente se importa com seus pacientes. O problema é que sanguessugas, sapos e todos os tratamentos que ele aprendeu parecem não surtir efeito algum contra a Peste. Entre 1656 e 1658, a epidemia causa a morte de 1,2 milhão de pessoas no Reino de Nápoles.
Contudo, Giovanni não desiste e no final do dia parte para outra aldeia, mesmo sabendo que, muitas vezes, poderá apenas fazer autópsias e contabilizar as vítimas de uma das doenças mais mortais da história. Gostou desse novo formato? Então clique aqui do lado para ver nosso último vídeo que mostra como era a vida de um trabalhador da grande pirâmide E se você quer aprender a fazer animações iguais a essa Clique no link na descrição e conheça a MELIES A faculdade número 1 de animação e artes digitais da america latina.
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