Você está no Kinobox! [Introdução] ♪ Olá pessoal para quem não me conhece, muito prazer, eu sou Vitor. Seja bem-vindo a academia Kinobox.
A Dani ontem falou sobre o “Roteiro de Documentário, se você não assistiu, eu vou deixar o Card aqui do lado para você poder ir lá assistir. A aula de hoje é sobre “Formatação de roteiro” [Aula 7 – Formatação de Roteiro] Como a Dani também já falou em alguma outra aula, audiovisual é uma coisa que pode ser muito caro, se a gente vai falar de grandes produções de sets, da Netflix ou de filmes de longa-metragem, a gente está falando de uma equipe de 30, 40, 60 ou 100 pessoas. Então é muito importante que algumas coisas sejam padronizadas para a gente correr menos risco de gastar dinheiro à toa e a gente facilitar o processo de produção.
Dessas padronizações é uma coisa muito importante a formatação do roteiro, a formatação é tão importante que às vezes você manda o seu roteiro para um concurso de roteiros, por exemplo, se ele não estiver formatado na forma correta ele automaticamente desclassificado. No meio da produção audiovisual as pessoas já se acostumaram a ler o roteiro com determinado formato porque impõem um certo ritmo e tem algumas especificidades. Se não tiver nesse formato é muito difícil da gente entender certas coisas.
Primeira característica, pela formatação padrão cada página de roteiro vai equivaler a um minuto de filme. Então se você chega a um roteiro de 90 páginas, eu vou entender que ele é um longa-metragem de mais ou menos 90 minutos, uma hora e meia. Se eu peço para você fazer um roteiro de um curta-metragem de 8 a 12 minutos, por exemplo, e você me chega com roteiro de 20 páginas, eu vou te falar querido você está um pouquinho equivocado, esse roteiro aqui não vai dar um filme de 8 a 12 minutos.
A gente vai lá e revisa e tira algumas coisas. Isso é a primeira coisa legal do roteiro padronizado e formatado, a gente consegue ter uma noção do tamanho do filme final a partir do texto do roteiro. O roteiro é basicamente escrito com três componentes, [cabeçalho, rubricas / ação, diálogos] que são: cabeçalho, rubricas ou ação e os diálogos, Já já a gente vai falar um pouquinho mais sobre cada um deles.
Já para deixar claro também que, quando a gente escreve um roteiro, a primeira versão que a gente escreve dele se chama primeiro tratamento, aí depois a gente faz alguma revisão, ajusta algumas coisinhas e a gente tem um segundo tratamento, talvez um terceiro tratamento, quantos tratamentos foram necessários até chegar na versão final do roteiro. Cada tratamento é como se fosse você lapidando ele um pouquinho melhor. Às vezes você escreveu um primeiro tratamento e o conflito não fica bem montado, ou talvez um personagem tá um pouco destoante, aí você escreve um primeiro tratamento, manda para produção, manda para direção e você ouve comentário: “Ah tá meio assim, tá meio assado”, aí você vai lá e faz um segundo, talvez um terceiro tratamento.
Pode ser o caso também de entrar em outros roteiristas para colaborarem ou para fazer outras versões outros tratamentos do seu roteiro. A gente não vai usar o Word para escrever o roteiro, porque ele tem umas padronizações de fonte de espaçamento muito específicos, então é muito mais fácil você usar um programa específico para escrever o seu roteiro. Os principais são: “Final Drft, StoryTouch e o Celtx” O Celtx você consegue fazer inclusive online, você não precisa nem baixar o aplicativo, já vai lá escrevendo e ele já vai salvando na nuvem, depois é só salvar com PDF.
Então, se puder já vai dando uma olhadinha nos programas, vai começando a se familiarizar para na hora que você for escrever o seu roteiro, isso não seja um empecilho para você. Vamos começar então com os componentes do roteiro, Em primeiro lugar o cabeçalho. [>>>Cabeçalho] A primeira coisa o cabeçalho tem que ter uma numeração, é importante para você saber o número de cenas que vai ter no filme.
Quando você tiver conversando com alguém da equipe ou com algum ator, você vai falar cena 7, aí você já rapidamente sabe qual cena olhar, para poder ensaiar ou para poder fazer alguma avaliação. Então importante, numeração das cenas, o cabeçalho é onde vai ter principalmente o local e o momento do dia que a cena acontece. Vamos dá uma olhadinha no “Celtx”, que é um dos programas que eu falei, para gente ver como é que fica a escrita do cabeçalho.
Essa aqui é uma página vazia, assim que você entra no Celtx depois vai estar assim, você vem aqui em cima escolhe “Scene Heading” (Command+1), significa cabeçalho. Você vai preencher aqui então com as informações. Interior Casa do Lago noite [1 INT.
CASA DO LAGO – NOITE] O que que é importante no cabeçalho ter? Primeiro, se é interna ou externa. Você vai colocar “INT ou EXT” para dizer se a cena acontece dentro de algum lugar fechado ou se ela acontece em algum lugar aberto, num parque, numa praia ou numa praça.
Então você coloca “INT ou EXT”, ponto, espaço e o local onde a cena acontece. Aqui no caso “Casa do Lago”, tracinho, momento do dia, DIA ou NOITE ou TARDE. Dessa cena você passa para uma outra cena que agora é numa outra locação, em um outro momento.
Você abre um novo cabeçalho e vai colocar lá: “EXT. JARDIM SUSPENSO – DIA”, você vai descrever a ação que acontece naquele local, naquele momento. O que que acontece, por que que isso tudo é importante?
Quando o pessoal da produção pega o roteiro ou a direção e vai dar uma olhada rápida para ver se o filme vai ser caro, ou se é complicado, ou se é fácil de fazer. Primeira coisa é olhar os cabeçalhos. Quantas cenas internas têm, quantas cenas externas têm o filme, O filme é mais de dia ou o filme é mais à noite.
Porque, por exemplo, se a gente filma muito mais externa, as externas têm mais elementos que são difíceis de controlar, tem mais barulho, tem mais coisas de vento, de chuva, de sol ou de nuvem. Então quando é externa é mais difícil e é mais caro. Então, a princípio, as grandes produções preferem cenas mais internas, que são mais baratas e mais fáceis de produzir, mesma coisa também dia e noite, se for uma externa a noite é mais fácil de produzir, porque você coloca a iluminação que você quer e fica tudo tranquilo.
Se for durante o dia numa externa vai depender do sol, vai depender se vai ter nuvem cobrindo o sol ou não. Ou se fica nuvem entrando e saindo na frente do sol, sua diária acabou. Porque você não consegue gravar assim, nessa opção do momento do dia, dia ou noite, você pode colocar, por exemplo, amanhecer, você pode colocar pôr do sol.
Se for alguma cena que precise muito que seja nesses horários, porque esses momentos, principalmente o nascer do sol e o pôr do sol, eles acontecem muito rápido. Então, você prepara todo uma equipe um cenário para filmar, você vai ter de 15 ou 20 minutos para fazer um take e rezar para que tudo dê certo, porque se errar meu amor. .
. Só no dia seguinte ou numa outra oportunidade, porque ele não dá para afirmar dois ou três takes nesses momentos de amanhecer e entardecer. Então vamos dar preferência para sempre colocar dia ou noite, simplesmente.
“Ah! Vitor e se eu estou numa cena que se passa na sala de uma mansão E depois eu vou para o banheiro dessa mansão. É tudo mansão né, eu preciso abrir um novo cabeçalho?
” Precisa sim, como é que você vai fazer, vamos pegar um exemplo. [INT. MANSÃO RIBALTA – SALA – NOITE] Então, se tiver uma outra cena nessa mesma mansão, na cozinha, você vai colocar o que?
Interior, mansão ribalta, tracinho, cozinha, tracinho, noite, tracinho, dia. Mas, é importante que você especifique o local, o cabeçalho é o seguinte: mudou de momento do dia ou mudou de local, novo cabeçalho. Sempre assim mesmo que seja dentro de um mesmo um ambiente, por exemplo, eu tô aqui no meu quarto e aí eu tenho a primeira cena que é de manhã, no filme a próxima cena era no mesmo quarto, só que à noite.
Você vai abrir um novo cabeçalho porque é um outro momento, mesmo sendo a mesma locação. Cabeçalho é isso, não tem grande de mistérios, interna ou externa, local onde acontece a cena, momento do dia, simples assim. Vamos então agora para a rubrica ou ação, mas antes disso vou deixar aqui no card as aulas da nossa oficina, serão 35 aulas um total publicado diariamente aqui no nosso canal.
[>>>Rubrica / Ação] Depois de escrever o cabeçalho, você vai partir para a ação então. É onde a gente vai ter os acontecimentos da cena, o que é importante ter na ação, Se é um ambiente novo que a cena está apresentando, Ou se é um personagem novo que está chegando agora no filme, é importante a gente fazer uma mini descrição daquele ambiente e daquele personagem. Vamos pegar aqui uma cena, por exemplo, [INT.
APARTAMENTO DE MARGARIDO – SALA – NOITE] [Em uma sala ampla e elegante, com móveis requintados e decoração planejada, MARGARIDO assiste televisão enquanto olha as redes socias no celular] [Margarido é indígena, 35 anos, cabelo raspado, tatuagem no pescoço, usa brincos chamativos. Alguém BATE NA PORTA. MARGARIDO se assusta e vai em direção à porta.
] Então a gente tem aqui nessa ação uma pequena descrição do ambiente, que a gente está apresentando agora nessa cena e uma descrição do personagem. Tente fazer uma descrição mínima possível, para que o leitor entenda atmosfera do ambiente e um pouco da personalidade do personagem. Mas, não se preocupa de fazer uma descrição muito minuciosa, é importante a gente deixar espaço para que outras pessoas da equipe contribuam para a construção da história.
É importante a gente colocar sempre o nome do personagem em caixa alta e quando tiver algum som marcante na cena também colocar em caixa alta, para quando a equipe estiver lendo o seu roteiro ela identificar isso aqui é importante, é importante a gente lembrar disso. A descrição, se tiver alguma coisa que é muito importante, por exemplo, um colar que tem algum pingente que vai ser usado em alguma cena no filme. Ai sim você vai escrever o pingente como é que ele é qual o tamanho do Colar, porque isso vai ser usado narrativamente, se não tiver uma função narrativa se não vai ser um elemento que vai ser utilizado durante a história, deixa o espaço para que outras pessoas da equipe contribuam para a construção do filme.
Importante, se o nome do personagem é MARGARIDO, sempre vai ser MARGARIDO, MARGARIDO e MARGARIDO, mesmo que a e os personagens o chamem de Margot, mas ainda assim você vai escolher um nome para esse personagem, que é o nome oficial MARGARIDO e você vai usar MARGARIDO o tempo todo no roteiro, tanto nas ações quanto nos diálogos. No título do Diálogo, quem tá dando a fala. Eu já falei isso uma vez, mas é importante relembrar no roteiro, a gente só escreve aquilo que é filmável, não adianta, não faz sentido colocar sentimentos e pensamentos nas ações das descrições da cena.
Então, se ele está ansioso, você o coloca se balançando, você o coloca fazendo alguma ação que de sensação da ansiedade. Escrever na ação MARGARIDO está ansioso [. .
. ] Como eu filmo isso? Então, você descreva a cena que vai parecer para o espectador que ele está ansioso.
Uma coisa muito importante que muitas pessoas fazem, colocar posicionamento de câmera, não vamos fazer isso. Quem vai definir o posicionamento de câmera é a direção e a fotografia, você como roteirista não tem nada a ver com posicionamento de câmera, se você quer dar ênfase em alguma coisa, por exemplo, você escreveria no roteiro: close no personagem. Então quer dizer que você quer mostrar alguma coisa próxima do rosto, não é?
Então fala o que que você quer mostrar, o personagem chora ou então a bochecha do personagem faz movimentos involuntários, para tentar passar alguma ansiedade algum nervosismo. Mas, escreva o que você quer mostrar, não aponta a câmera para nenhum lugar pois não é esse o seu trabalho, beleza? Então, a gente vai eliminar algumas palavras do nosso vocabulário na hora de escrever o roteiro, por exemplo, “câmera revela, câmera mostra, vemos”.
Isso, você não precisa colocar no roteiro, vai direto para o que está acontecendo na cena porque a gente tá vendo. O principal de ação principal da rubrica é isso. Vamos partir agora então para os diálogos.
Mas, só lembrando aqui se você não é aluno da nossa oficina e quer aprender mais sobre a produção audiovisual, deixa aqui nos comentários o que que você gostaria de aprender, que a gente pode produzir conteúdo extra aqui para o canal. [>>>Rubrica / Ação] O diálogo começa pelo personagem, quem está falando esse diálogo. Quando você tiver no Celtx escrevendo o seu roteiro, a primeira coisa é ir lá e alterar que ela chave para “Character”, que significa personagem.
[Character - Command+3] Você vai escrever MARGARIDO, por exemplo, depois você vai colocar “Dialogue”, que significa diálogo que é o que o personagem está falando. [Dialogue – Command+4) Então, nesse exemplo aqui da cena, MARGARIDO diz: “quem é? ” Se você quiser, você pode aproveitar esse momento também para dar alguma indicação do tom desse diálogo do personagem.
Por exemplo, imagina que o MARGARIDO tenha que falar isso sussurrando. “Quem é? ” Então, você pode colocar um parêntese lá nas opções do Celtx, “parenthetical”.
[Parenthetical – Command+5] Você coloca lá e vai escrever entre parênteses essa indicação, sussurrando. [(sussurrando)] É importante lembrar gente que não é só diálogo de uma pessoa com outra que vai entrar nos diálogos do seu personagem. Se o personagem está falando sozinho, por exemplo, imagina que é um professor em casa gravando uma vídeo aula com seus alunos, se ele vai falar alguma coisa, mesmo que não seja um diálogo, você precisa colocar lá PROFESSOR e colocar todo o texto que vai ser falado.
Pode ser uma fala, pode ser um grito, pode ser uma reclamação, tudo que sai de som da boca dos atores tem que estar colocado. Até mesmo para que o pessoal da equipe de som saiba, por exemplo, que na cena tal ele vai ter que microfonar o ator porque ele vai chorar, ou porque ele vai gritar, ou porque ele vai sussurrar alguma coisa. Então, é importante que seja marcado pelo diálogo no nosso roteiro.
Têm duas características que a gente precisa deixar marcado na hora de fazer o diálogo, quando é off-screen, que significa fora da tela e quando é voz over, que significa narração ou fora de cena. Vamos pegar um exemplo aqui [3 INT. MANSÃO RIBALTA – SALA – DIA] Cena três, interior, mansão ribalta, sala, dia.
[MARGARIDO está escondido dentro do armário. ELAINE procura por ele em todos os cantos, com os olhos vendados. ] [MARGARIDO (O.
S. )] “Off screen”, então não significa que o MARGARIDO não está aparecendo na tela, a gente vai tá vendo a sala vazia e a gente vai ouvir a voz dele na cena, mas fora da tela. MARGARIDO (O.
S. ): Eu não to na sala! !
Procura no quarto! ] [ELAINE tapa a boca para não deixar o som da sua risada sair] Imagina que isso é um filme de romance, a gente tá começando a conhecer esses personagens. Se o filme tem um narrador, por exemplo, a gente pode ter momento agora de explicar o início do relacionamento deles.
O narrador vem para dar uma deixa. [NARRADOR (V. O): “Elaine se apaixonou por Margarido no primeiro dia que se conheceram.
O humor do rapaz conseguia proeza de arrancar sorrisos sincero do rosto da menina, sempre tão séria e profissional. ”] Então, se a gente tem um personagem que tá na cena, mas não tá aparecendo aqui na tela, é “off-screen” ou “O. S”.
Se a gente tem a voz de um personagem que não está na cena, mas que entra no filme, isso é um “Voice Over”, pode ser o narrador ou pode ser uma pessoa no telefone, se eu tô falando com a minha avó aqui por telefone e ela não tá na cena, mas o áudio dela aparece no filme, isso é “Voice Over”. E essas são as principais observações sobre diálogo, agora o que você vai fazer? Você vai escrever uma cena, pega uma cena dessa cabeça, cria do nada ou pega uma cena de um episódio que você vivenciou e escreve uma ceninha de uma página ou de duas páginas.
Cabeçalho, ação, diálogo. Lembrando de fazer uma descrição mínima do ambiente e fazer uma descrição mínima dos personagens. Bota a mão na Massa, a gente só aprende de fato quando a gente coloca o nosso aprendizado teórico em prática.
Então partiu escrever cena. Uma dica boa, também, para você aprender a escrever e ler muito roteiro, tem um site que se chama “roteirodecinema. com.
br”, lá tem um monte de roteiros para você poder baixar, longa-metragem, séries e curta-metragem. Vai lá baixa os roteiros e lê, ler muito roteiro é a primeira atividade para você se acostumar com a formatação do roteiro e a escrita desta linguagem. Bom, por hoje é só isso pessoal e amanhã a Dani vai falar um pouco sobre como criar histórias viáveis de produção.
Você pode ter muitos dinheiros para produzir um filme ou você pode ter apenas e seus amigos e um celular para filmar o seu curta. Então, como que você pensa na sua história desde o início sabendo quais são os recursos disponíveis que você vai ter para executar o filme. Não perde porque essa aula é muito interessante.
Esse vídeo faz parte da primeira oficina Kinobox de cinema, as aulas teóricas ficam liberadas aqui no nosso canal no YouTube, mas as atividades práticas são exclusivas para uma turma fechada de 60 pessoas, ao final da oficina os alunos vão produzir diversos curtas-metragens que você vai poder conferir aqui também no nosso canal. Se você quiser ser avisado sobre nossa próxima turma, deixe seu contato no formulário que tá aqui na descrição desse vídeo. A oficina Kinobox de cinema é realizada com o fomento do Governo Federal, do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de cultura e Economia Criativa, através da Lei Aldir Blanc.
Boa noite e até a próxima aula!