[Música] Ele, Guilherme, fazia suas rondas todas as madrugadas por uma das estradas mais movimentadas da cidade. O movimento à noite era escasso; apenas alguns carros cruzavam a rodovia de tempos em tempos. Mas isso não diminuía sua atenção.
Ele gostava do silêncio que a madrugada trazia, da calma que o envolvia enquanto dirigia o carro da polícia. Sob a luz fraca dos postes, eram 3 da manhã quando ele avistou uma mulher caminhando sozinha pela calçada. Aquela cena despertou sua curiosidade; não era comum ver pedestres àquela hora, ainda mais uma mulher sozinha.
Diminuiu a velocidade do carro e se aproximou dela. Quando os faróis iluminaram a figura dela, ele percebeu que a mulher parecia tranquila, mas mesmo assim decidiu abordá-la. Ele parou o carro próximo à calçada e desceu, fazendo questão de não parecer ameaçador.
— Boa noite — disse ele, com a voz calma, mas firme. A mulher olhou para ele com uma expressão serena. — Boa noite — respondeu ela, com um sorriso leve.
— Está tudo bem com você? — Guilherme perguntou, tentando ser gentil. Ela assentiu.
— Sim, estou indo para o trabalho. Guilherme franziu a testa, intrigado. À essa hora?
Ela apenas balançou a cabeça afirmativamente, como se fosse a coisa mais comum do mundo. — Bom, então tenha cuidado, tá? — ele disse, ainda não completamente convencido de que tudo estava bem, mas respeitando o espaço dela.
— Obrigada — respondeu a mulher, antes de seguir seu caminho. Guilherme voltou ao carro, ainda com a imagem daquela figura caminhando solitária pelas ruas desertas gravada em sua mente. Na noite seguinte, à mesma hora, Guilherme avistou a mesma mulher caminhando no mesmo trecho da estrada.
Ele desacelerou de novo, pensando no quanto era estranho ver alguém andando ali tão tarde. De novo, ele murmurou para si mesmo. Ela parecia seguir exatamente o mesmo caminho, no mesmo horário.
Isso continuou por vários dias, todas as noites, às 3 da manhã, ela passava por ali, caminhando a passos firmes, sempre com aquele semblante sereno, como se a longa jornada fosse parte de sua rotina. Guilherme começou a ficar curioso. O que a faria caminhar tanto a essa hora?
Para onde ela estava indo? O que a motivava? Certa noite, depois de vê-la passar pela terceira vez naquela semana, ele pegou um mapa da região em sua mesa e começou a estudar a estrada que a mulher seguia.
Olhando com mais atenção, ele percebeu algo que o surpreendeu: o local mais próximo com alguma civilização, de onde ela poderia estar vindo ou para onde poderia estar indo, ficava a cerca de 20 km de distância. — Meu Deus, ela anda tudo isso! — Guilherme disse em voz alta, surpreso.
Na madrugada seguinte, intrigado e determinado a entender o que estava acontecendo, Guilherme decidiu segui-la discretamente. Ele esperou 4 horas depois que ela passou por ele, antes de pegar o carro e seguir o caminho que ela fazia a pé. Conforme avançava pela estrada, começou a se questionar se ainda a encontraria.
“Será que ela já chegou? ” pensava. Foi então que, ao se aproximar do final da rodovia, ele a avistou novamente.
Lá estava a mulher, ainda caminhando. O rosto dela mostrava sinais de cansaço; seu tênis estava visivelmente desgastado, mas sua postura era determinada. Ela não parecia disposta a parar.
Guilherme considerou abordá-la novamente, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, viu a mulher entrando em um hospital próximo. — Será que ela trabalha aqui ou está visitando alguém? — ele se perguntou, observando a mulher desaparecer pelas portas automáticas do hospital.
Mais tarde, no final de seu turno, Guilherme mencionou o que havia visto para seu colega que assumia seu posto. Ele contou sobre a mulher que caminhava sozinha de madrugada, sempre no mesmo horário. Para sua surpresa, seu colega confirmou que também a havia visto, mas com uma diferença.
— Ela passa por aqui na volta também, por volta das 6 da tarde — disse o amigo, franzindo a testa. Guilherme ficou chocado. — Ela vai e volta a pé?
— Sim — o colega respondeu, ainda mais intrigado. Na madrugada seguinte, Guilherme decidiu que precisava saber mais. Quando viu a mulher se aproximando novamente, ele desceu do carro e foi em direção a ela com uma abordagem mais direta, desta vez.
— Oi de novo — ele disse, tentando soar amigável. A mulher parou e o encarou com o mesmo sorriso sereno de antes. — Oi.
Guilherme hesitou por um momento, mas finalmente disse: — Você anda muito, não é? 20 km até o hospital e mais 20 na volta. Não quero uma carona.
A mulher sorriu, mas dessa vez, havia uma leve tristeza em seus olhos. — Eu prefiro caminhar. Obrigada pela oferta, mas eu preciso disso.
— Precisa caminhar tudo isso? — Guilherme perguntou, sem esconder sua surpresa. Ela assentiu, ainda com aquele sorriso discreto.
— Sim, preciso. Guilherme sentiu que havia algo mais na resposta dela, algo que ele não conseguia compreender completamente, mas não quis pressioná-la. Ainda assim, a ideia de vê-la fazendo aquele percurso toda madrugada sozinha o preocupava.
— Bom, se mudar de ideia, estarei por aqui todas as noites — disse ele, tentando soar prestativo. Ela agradeceu mais uma vez, educadamente, e continuou seu caminho. Guilherme ficou parado, observando-a se afastar, até que sua silhueta desaparecesse na escuridão da estrada.
Ele voltou para o carro, com mais perguntas do que respostas. O que a fazia recusar uma carona quando claramente estava exausta? E por que ela precisava tanto daquela caminhada?
Ele se pegou pensando em tudo o que sabia sobre ela: uma mulher jovem, caminhando longas distâncias sozinha, todas as noites, sempre com o mesmo semblante e recusando qualquer ajuda. Ela era um mistério que ele ainda não tinha conseguido desvendar, mas que, de alguma forma, o atraía cada vez mais. Naquela madrugada, enquanto terminava sua ronda, Guilherme não conseguia tirar da cabeça a imagem da mulher e suas palavras: “eu preciso disso”.
Guilherme, em sua casa, procurava por algum calçado da sua ex-mulher. Os dois haviam terminado recentemente, após uma discussão calorosa que culminou em lágrimas de ambos os lados. Michele havia saído da casa de Guilherme, dizendo.
. . "Que nunca mais voltaria.
" E desde então, ela não retornou. Levou várias roupas com ela, deixando para trás apenas o que quase não usava. Entre os itens deixados, havia um tênis novo, praticamente intacto.
Guilherme segurou o tênis por um momento, sentindo uma pontada de tristeza; ele ainda sentia saudades de Michelle, da presença dela na casa, dos momentos bons que tiveram antes do relacionamento se desgastar. Mas ele sabia que não adiantava ficar remoendo o passado. Com um suspiro, ele guardou o tênis no porta-malas do carro da polícia, já decidido sobre o que faria com ele.
Ele iria começar sua ronda. Já fazia algumas semanas que ele observava Sofia, a jovem mulher que caminhava longas distâncias todas as noites, passando sempre por ele às 3 da manhã. Ela sempre usava o mesmo par de tênis desgastados, visivelmente velhos e maltratados pela caminhada diária.
Guilherme não queria ser intrometido na vida dela, mas depois de dias a observando caminhar sob diferentes condições climáticas, não pôde deixar de pensar que ela realmente precisava de um calçado novo. Ele decidiu oferecer o tênis de Michelle naquela noite. Como de costume, ele esperou.
Quando o relógio do carro da polícia marcou 3 da manhã, Sofia apareceu no horizonte, caminhando com a mesma determinação de sempre. Guilherme saiu do carro e acenou para ela, chamando-a: "Sofia! " Ele sorriu, tentando ser casual.
Ela parou com uma expressão de surpresa. Mesmo no pouco tempo que se conheciam, Sofia já havia se acostumado com os breves cumprimentos e a troca de algumas palavras, mas nunca esperou que ele quisesse conversar mais. "Oi, Guilherme," ela sorriu de volta, ainda que de forma tímida.
"Tá tudo bem? " "Sim, eu queria falar com você sobre uma coisa. " Ele olhou para o tênis que segurava.
"Eu sei que pode parecer estranho, mas minha ex-mulher deixou alguns calçados aqui quando foi embora, e tem esse par que ela quase não usou. Pensei que talvez você pudesse precisar. " Sofia olhou para o tênis que ele segurava, surpresa.
Ela não parecia acostumada a esse tipo de gesto. Seus olhos se voltaram brevemente para os próprios pés, onde os tênis velhos e desgastados mal protegiam seus pés das pedras e da poeira do caminho. Ela abriu um sorriso genuíno, visivelmente tocada pela oferta.
" nossa, eu realmente preciso de um tênis novo, mas não achei que alguém fosse perceber isso. " Ela olhou de volta para Guilherme, com um brilho agradecido nos olhos. "Obrigada, de verdade.
" "Não tem problema nenhum," ele respondeu com um sorriso gentil. "Você faz essa caminhada todo dia, e sei que não deve ser fácil. Se isso puder ajudar um pouco.
. . " Ela pegou os tênis, avaliando-os com cuidado, e tirou os próprios tênis velhos, jogando-os na lixeira mais próxima.
Guilherme observou em silêncio enquanto ela calçava os novos, percebendo os calos visíveis nos pés dela, sentindo uma leve dor de empatia ao ver o quanto aqueles calos dolorosos eram o resultado de tanto esforço. Depois de calçar os novos tênis, Sofia sorriu ainda mais. "Estes são perfeitos!
Muito obrigada, Guilherme, você não faz ideia de como isso vai me ajudar! " "Fico feliz que tenha gostado," disse ele, com uma expressão satisfeita. "Aliás, acho que a gente nunca foi devidamente apresentados.
Eu sou Guilherme. " Ela riu, achando engraçado o fato de só agora estarem se apresentando formalmente. "É verdade, eu sou Sofia.
Prazer. " O sorriso de Sofia fez Guilherme sentir que o pequeno gesto valeu a pena. Ele sentiu uma satisfação por ter ajudado, mesmo que de maneira tão simples.
"Bom, Sofia, cuide-se, tá? E qualquer coisa, eu tô por aqui. " "Pode deixar," ela sorriu de volta, antes de se despedir e seguir seu caminho.
As semanas passaram e agora fazia parte da rotina de Guilherme cumprimentar Sofia em sua caminhada diária. Eles trocavam algumas palavras a cada encontro, breves em questões pessoais. Guilherme, embora curioso sobre os motivos por trás daquela longa caminhada, nunca quis ser intrometido.
Ele respeitava o espaço de Sofia, e ela parecia agradecer essa consideração silenciosa. No entanto, em uma dessas madrugadas, algo diferente aconteceu. Uma forte tempestade assolava a cidade.
A chuva pesada batia violentamente contra o carro de polícia. Pensou que naquela noite, Sofia provavelmente não apareceria. Ele permaneceu dentro do carro, observando as rajadas de vento sacudirem as árvores, enquanto o som dos trovões reverberava ao longe.
Mas, para sua surpresa, às 3 da manhã em ponto, Sofia apareceu. Ela caminhava como sempre, mas dessa vez estava completamente molhada, sem guarda-chuva ou qualquer proteção contra o temporal. Guilherme ficou espantado com a determinação dela em continuar sua rotina, mesmo debaixo daquela chuva torrencial.
"Não pode ser! " ele murmurou, incrédulo. Ele desligou o motor do carro e rapidamente abriu a porta, saindo para chamá-la.
"Sofia! " gritou ele, correndo em direção a ela sob a forte chuva. Ela parou ao ouvi-lo, visivelmente surpresa, com as roupas encharcadas e o cabelo colado ao rosto.
O sorriso que normalmente trazia estava substituído por uma expressão de cansaço e desconforto. "Guilherme! O que você está fazendo aí fora?
Está chovendo muito! " ela gritou de volta, mal se fazendo ouvir no meio da tempestade. "Eu que deveria perguntar isso para você," ele respondeu, ofegante ao se aproximar.
"Você vai acabar pegando uma pneumonia! Entra no carro, eu te dou uma carona. Hoje não tem como continuar assim.
" Sofia hesitou por um momento, olhando ao redor como se tentasse decidir o que fazer. Ela não costumava aceitar caronas, mas a chuva estava forte demais, e ela estava visivelmente exausta. Depois de um longo suspiro, ela cedeu.
"Tá bom, só hoje. " Sofia entrou no carro, suas roupas ainda pingando da chuva, mas ela já sentia confiança. Guilherme ligou o aquecedor e começou a dirigir pela estrada molhada.
O silêncio no carro era confortável, mas Guilherme sentia uma inquietação dentro de si. Havia algo sobre Sofia que o intrigava, algo que ele precisava entender. Ele olhou para ela de relance e, depois de um tempo.
. . não conseguiu evitar perguntar: "Posso te fazer uma pergunta?
" Guilherme falou, a voz baixa, claramente audível no ambiente fechado do carro. Sofia virou o rosto para ele, sem deixar de sorrir, apesar de estar exausta. "Claro, pode perguntar.
" Ele hesitou por um momento, escolhendo as palavras com cuidado. "Por que você se esforça tanto, caminhando todos esses quilômetros dia após dia? Eu fico pensando, não deve ser fácil.
" Sofia suspirou, mas sua expressão não mudou; ela parecia preparada para responder, como se já tivesse explicado isso para si mesma muitas vezes. "Não é um motivo mirabolante, Guilherme. Eu simplesmente preciso trabalhar.
" Guilherme assentiu, mas ficou em silêncio, esperando que ela continuasse. "Eu trabalho como zeladora no hospital," Sofia explicou calmamente. "Tenho um filho de cinco anos.
Deixo ele com minha mãe quando saio para o trabalho. Moramos os três juntos. " A revelação surpreendeu Guilherme; ele não fazia ideia.
"Um filho? " ele perguntou, tentando imaginar a vida de Sofia com um filho pequeno. "Sim," ela respondeu.
"Há um bom tempo, estávamos todos desempregados, eu, minha mãe, e passamos muita fome. Era desesperador. Mandava currículos para todo lado, mas ninguém que quiser.
" Ele olhou de lado, curioso. "E então eles te contrataram? " Sofia riu, um som amargo que parecia conter uma mistura de alívio e frustração.
"Sim, mas não foi tão simples assim. O hospital dá preferência para quem mora perto da região. Eu menti na entrevista; disse que morava perto, quando, na verdade, moro a 20 km de distância.
" Ele franziu a testa, mas não a julgou. Ele entendia o desespero que as pessoas sentiam quando precisavam colocar comida na mesa. "E foi assim que você conseguiu o emprego?
" "Sim, foi assim," confirmou ela. "Mas como eu menti, agora tenho que sustentar essa mentira. Não tem ônibus no horário que eu preciso sair para o trabalho, então o único jeito é ir a pé.
" "Meu Deus," murmurou Guilherme, sentindo-se ainda mais impressionado com a força de Sofia. Ela olhou para ele com um olhar de resignação. "Mas eu não reclamo.
Caminhando, economizo o dinheiro do transporte. Isso significa que sobra mais para comprar comida para o meu filho e minha mãe. No final das contas, vale a pena.
" O silêncio que se seguiu foi pesado, carregado de sentimentos e reflexões que Guilherme não sabia como expressar. Ele olhou para a frente, o som da chuva preenchendo o carro, entrecortado pelo ruído suave do motor. Ele sabia que as palavras certas provavelmente não existiam, então ficou calado por um momento.
"Eu. . .
eu não sei o que dizer, Sofia," ele finalmente admitiu, sua voz baixa e sincera. Sofia sorriu de leve. "Você não precisa dizer nada, Guilherme.
Sua carona já ajudou muito, mas eu sei que você não pode fazer isso sempre. Não quero que tenha problemas no trabalho por minha causa. " Ele balançou a cabeça, tranquilizando-a.
"Isso não vai me prejudicar. Não se preocupe com isso. " Enquanto dirigiam, Sofia notou uma foto no painel do carro da polícia; era uma foto de uma mulher sorridente, curiosa, mas sem querer ser invasiva.
"Quem é ela? " Guilherme seguiu o olhar de Sofia até a foto e respirou fundo antes de responder. "Essa é minha ex-esposa.
" "Vocês ainda parecem próximos," Sofia comentou suavemente, analisando o tom melancólico na voz dele. Ele soltou um leve riso amargo. "Sim, eu ainda amo mais do que qualquer coisa.
" Sofia o encarou, percebendo a dor silenciosa que ele carregava. "Se você ainda ama tanto assim, por que vocês se separaram? " Guilherme apertou o volante com mais força, as lembranças dolorosas ressurgindo.
Ele não tinha falado sobre isso com muitas pessoas, mas por algum motivo se sentiu à vontade para desabafar com Sofia. "Ela estava grávida," começou ele, a voz baixa e cheia de emoção. "De dois meses.
Nós estávamos tão felizes, sabe? Já estávamos planejando como seria a nossa vida com o bebê, mas ela perdeu o bebê. " Sofia ficou em silêncio, respeitando o momento dele, sentindo a dor nas palavras que ele falava.
"Isso destruiu a gente, nós dois. Ela ficou arrasada, e, para ser sincero, eu também. Mas, em vez de nos unirmos, começamos a brigar por qualquer coisa: ciúmes, dinheiro, responsabilidades.
Parecia que tudo o que a gente tinha construído estava desmoronando. " "Sinto muito," Sofia disse suavemente, percebendo quão profundo era o sofrimento de Guilherme. "Um dia, nós brigamos feio," continuou ele, sem olhar para ela, focado na estrada à frente.
"Eu disse coisas que nunca devia ter dito. Ela também. No final, ela saiu de casa e disse que nunca mais voltaria.
E desde então ela nunca voltou. " Sofia assentiu lentamente, sentindo a dor de Guilherme como se fosse sua própria. "Você ainda ama ela?
" "Sim," ele disse, a voz carregada de tristeza. "Quando isso aconteceu? " Sofia perguntou, quebrando o silêncio que se formava entre eles.
"Um pouco mais de um ano atrás," ele respondeu, "desde então eu só trabalho e tento dar o melhor para o meu filho. " "E imagino que seja difícil, certo? " "Sim," ele confessou, "mas eu faço o que posso.
" "Obrigado por compartilhar isso comigo, Guilherme," Sofia disse, olhando-o com carinho. "Eu agradeço," ele respondeu, sentindo-se um pouco mais leve após desabafar. "Eu espero que você consiga seguir em frente.
" Guilherme sorriu tristemente. "Obrigado, Sofia. Eu espero o mesmo para você.
Se precisar de qualquer coisa, eu estou por aqui. " Ela assentiu, abrindo a porta do carro. "Até mais, Guilherme.
Cuide-se. " "Você também, Sofia. " Semanas se passaram, e Sofia estava satisfeita com os tênis que Guilherme lhe dera.
Eles haviam aliviado o desgaste de suas longas caminhadas, tornando seus dias menos cansativos. Toda vez que passava por Guilherme durante suas rondas noturnas, o cumprimentava com um sorriso e uma palavra rápida. Uma amizade silenciosa, porém sólida, havia se formado entre eles.
Uma tarde, enquanto limpava os corredores do hospital, Sofia observava os pacientes sentados na sala de espera para a ginecologia. O dia estava relativamente tranquilo, e ela aproveitava para focar em sua tarefa, até que seus olhos pararam em uma mulher sentada com a cabeça baixa e uma expressão abatida. Algo nela parecia muito familiar.
Sofia franziu o senho, tentando lembrar de onde conhecia aquela mulher. De repente, a lembrança surgiu como um lampejo: era Michele, a ex-esposa de Guilherme. O coração de Sofia acelerou.
"Por que Michele estaria ali? " A tería levado ao hospital. Sofia, sempre discreta, continuou limpando os arredores, aproximando-se o suficiente para observar sem chamar muita atenção.
Mich parecia triste, alheia ao mundo ao redor, como se estivesse perdida em pensamentos. Após alguns minutos, a recepcionista chamou seu nome e Michele desapareceu pela porta do consultório. Vinte minutos depois, Mich saiu, ainda com o semblante carregado, e seguiu para o corredor.
Sofia, ainda intrigada, retomou seu trabalho, limpando metodicamente o chão. "Será que está tudo bem com ela? " pensou Sofia.
Mas o que mais a surpreendeu foi ver Michelle entrar em outra sala de espera, desta vez a do setor de Oncologia. O coração de Sofia apertou. Oncologia.
Ela sentiu uma pontada de tristeza. "Será que Michelle está doente? Será que tem câncer?
" Sofia se pegou pensando, preocupada. Ela não queria se envolver nos assuntos pessoais de Guilherme e Michelle, mas a situação parecia séria demais para simplesmente ignorar. Se Michelle estava enfrentando uma doença tão grave, Guilherme merecia saber e talvez pudesse ajudar de alguma forma.
Sofia passou o restante do turno imersa nesses pensamentos, tentando decidir o que fazer. No dia seguinte, já decidida a falar com Guilherme, Sofia passou pelo lugar de costume às 3 da madrugada. Estranhamente, ele não estava lá; outro policial estava em seu lugar, o que a deixou um pouco apreensiva.
"Talvez fosse apenas um dia de folga," pensou ela. Mas conforme os dias passaram, Guilherme não apareceu. Sofia começou a se preocupar.
Na noite seguinte, depois de mais uma ausência de Guilherme, ela finalmente decidiu se aproximar do policial que ocupava seu posto. "Com licença," disse ela. Quando se aproximava do carro de polícia, o policial abaixou a janela e a olhou com uma expressão curiosa.
"Boa noite, posso te ajudar? " ele perguntou, educado. "Sim.
Na verdade, estou procurando o Guilherme. Ele costuma estar aqui nesse horário, mas não o vejo há dias. Você sabe onde ele está?
" Sofia perguntou, tentando soar casual, embora a preocupação em sua voz fosse evidente. O policial assentiu à inquietação dela. "Ah, sim.
O Guilherme foi internado. " Sofia arregalou os olhos, o choque evidente em sua expressão. "Internado?
O que aconteceu? " "Houve uma perseguição há alguns dias atrás. Ele foi ferido durante o confronto," explicou o policial, mantendo um tom calmo.
"Foi atingido na cabeça, mas, felizmente, os médicos dizem que ele está bem. Ele foi internado mais por precaução, por causa da gravidade da área atingida. " Sofia mal conseguia acreditar no que ouvia.
Na cabeça, ela repetiu, alarmada: "Sim, mas como eu disse, ele está bem. Foi só por segurança," assegurou o policial, percebendo o alívio tímido no rosto de Sofia. Ainda assim, a preocupação dela não desapareceu por completo.
"Você sabe em qual hospital ele está? " O policial fez um breve gesto em direção ao prédio onde Sofia trabalhava. A surpresa tomou conta de Sofia.
No mesmo hospital! Ela nunca ouvira durante o expediente, mas o hospital era grande e ela trabalhava principalmente em áreas específicas. "Obrigada," disse ela, tentando processar a informação.
"Vou tentar encontrá-lo. " "Claro, não tem problema," respondeu o policial, gentil. "Ele ficaria feliz em te ver, tenho certeza.
Ele fala bastante de você. " Sofia assentiu e se despediu, voltando para casa com os pensamentos. Ela precisava ver Guilherme e verificar se ele estava realmente bem.
Além disso, havia a questão de Michelle, algo que também não podia mais ignorar. Na tarde seguinte, assim que terminou seu turno, Sofia decidiu que era hora de encontrar Guilherme. Ela caminhou pelos corredores do hospital, com o coração pesado, buscando a ala de recuperação de traumas.
Depois de perguntar na recepção, foi direcionada para o quarto dele. Quando chegou à porta, hesitou por um momento antes de bater suavemente. A voz familiar de Guilherme respondeu do outro lado: "Pode entrar.
" Sofia abriu a porta lentamente e viu Guilherme deitado na cama, com uma faixa ao redor da cabeça e uma expressão um pouco abatida, mas aliviado por vê-la. "Sofia! O que você está fazendo aqui?
" Ela entrou, sorrindo timidamente. "Soube do que aconteceu, fiquei preocupada. Queria ver como você está.
" Guilherme sorriu, visivelmente tocado pela preocupação dela. "Estou bem. De verdade.
Foi um susto, mas nada grave. " Sofia olhou para ele, aliviada, mas ainda inquieta com o que precisava dizer. Sentou-se na cadeira ao lado da cama, respirando fundo.
"Estou feliz que você esteja bem, mas tem outra coisa que eu preciso te contar. " Ele a encarou com a testa franzida, percebendo a seriedade na voz dela. "O que foi?
" "Eu vi a Michelle," começou ela, hesitante. "Aqui no hospital. Ela estava na sala de espera do ginecologista, mas depois eu a vi na Oncologia.
" Guilherme ficou em silêncio por um momento, absorvendo o que acabara de ouvir. Olhar dele mudou de curiosidade para preocupação. "Na Oncologia?
" Sofia assentiu, sentindo o peso da informação. "Eu. .
. eu acho que ela pode estar doente. Guilherme, não sei os detalhes, mas achei que você devia saber.
" O silêncio que se seguiu foi pesado, e Guilherme olhou para o teto, processando tudo. "Eu não fazia ideia. " Sofia segurou a mão dele suavemente.
"Sei que isso é algo complicado, mas achei que você deveria saber. Ela pode precisar de ajuda. " Guilherme fechou os olhos por um instante, respirando fundo.
"Obrigado por me contar, Sofia. " Guilherme tentou inúmeras vezes contatar Michele, mas suas mensagens seguiam sem resposta. Cada vez mais preocupado, ele se via impotente diante do silêncio dela.
Sofia, por sua vez, manteve-se atenta, observando diretamente no hospital, esperando o momento em que Michelle voltasse a aparecer. Depois de alguns dias, Michelle finalmente retornou. Sofia a avistou na mesma sala de espera de antes, parecendo tão abatida quanto da última vez.
Sofia, ainda incerta de como se aproximar, respirou fundo, decidindo que precisava falar com ela. Aproximou-se lentamente, tentando não parecer invasiva. "Com licença," começou Sofia, sentindo o nervosismo subir por sua espinha.
Mich ergueu o olhar, surpresa. "Você é a. .
. Mich, esposa do Guilherme? " Mich franziu o cenho por um momento.
Confusa, antes de assentir: "Sim, sou. " Quer dizer, "fui," respondeu com um tom amargo, claramente curiosa sobre quem era. Auler, que a aborda, sorriu suavemente.
"Eu sou amiga do Guilherme. Só te conheço por foto. Ele fala muito de você.
" Michelle pareceu surpresa. "Ele fala de mim? Achei que ele só falaria mal," disse, esboçando um sorriso triste.
"Na verdade, ele fala só coisas boas," Sofia respondeu sinceramente. "Ele ainda te admira muito. " O rosto de Michelle relaxou, e ela deixou escapar um leve sorriso cheio de melancolia.
"Não imaginava. A gente se magoou tanto que bem. .
. pensei que ele me odiasse. " Sofia balançou a cabeça.
"Não, de jeito nenhum. Ele ainda se preocupa com você. " A conversa fluía com naturalidade, e Sofia, agora mais à vontade, apontou para os próprios pés, onde usava os tênis que antes pertenciam a Michelle.
"Esses tênis eram seus, né? Guilherme me deu porque eu estava precisando de um par. Caminho muito todos os dias, e ele notou que eu não tinha dinheiro para comprar um novo.
" Michelle olhou para os tênis e sorriu com um ar nostálgico. "É, eles ficaram bonitos em você. Eu quase nem os usava.
" Sofia agradeceu, sem saber ao certo como continuar. Mas então as palavras escaparam antes que pudesse pensar: "Ele ainda te ama, Mich. " O impacto daquelas palavras foi.
. . Mich olhou para Sofia com os olhos marejados, surpresa e emocionada.
"Eu. . .
eu não sei," começou ela, a voz embargada. "Nós nos magoamos muito, Sofia. Muito.
Não sei se tem volta. " Sofia, embora relutante em se intrometer, sentiu que precisava dizer algo. "Às vezes, só conversar pode fazer toda a diferença.
" "Ele está aqui no hospital, na ala de traumas. " O rosto de Michelle ficou pálido, e seus olhos arregalaram de susto. "O que?
Guilherme está aqui? O que aconteceu? " Sofia rapidamente a tranquilizou: "Ele está bem.
Só bateu a cabeça durante uma perseguição. Está internado por precaução, mas não foi nada grave. " Michelle, sem perder mais tempo, se levantou apressadamente e, com o coração acelerado, correu pelos corredores do hospital em direção à ala de traumas.
Sofia a seguiu a uma certa distância, percebendo o quanto aquela situação era delicada para ambas. Ao chegar na porta do quarto, Michelle parou por um momento, respirando fundo, antes de abrir a porta e entrar. Guilherme, deitado na cama, olhou para ela, surpreso, sem acreditar no que via.
"Michelle," ele disse, a voz suave, cheia de surpresa e emoção. "Você está bem? " Ela perguntou com urgência, sua voz tremendo, enquanto olhava, as lágrimas já ameaçando cair.
Guilherme sorriu, embora visivelmente tocado pela presença dela. "Estou sim. Foi só um susto.
Bati a cabeça, mas não foi nada grave. " Sem conseguir conter a emoção, Michelle correu até ele e o abraçou, apertando-o com força, como se temesse que ele fosse escapar novamente. Mesmo sentindo um leve desconforto pela dor no local do ferimento, Guilherme a abraçou de volta, sentindo a familiaridade e o conforto do toque dela, algo que ele não sentia há tanto tempo.
"Eu estava tão preocupada," ela sussurrou, as lágrimas finalmente escorrendo pelo rosto. "Está tudo bem, Michelle," ele respondeu suavemente, acariciando seus cabelos. "De verdade, eu estou bem.
" Ela se afastou um pouco, apenas o suficiente para olhar nos olhos dele, mas ainda sem soltá-lo completamente. Guilherme, agora com a expressão mais séria, olhou fundo nos olhos dela e perguntou, com um tom mais baixo e preocupado: "Mas e você? Está realmente doente?
" Michelle mordeu o lábio, sentindo a pressão da pergunta. Ela baixou o olhar por um momento, tentando conter o choro. "Eu.
. . eu ainda não sei.
" Guilherme disse a voz trêmula. "Estou esperando o resultado dos exames. Vou receber o diagnóstico hoje, mas estou com tanto medo.
" Guilherme, sem hesitar, a puxou novamente para perto, envolvendo-a em um abraço mais firme. "Eu estou aqui," ele sussurrou. "Não importa o que aconteça, estou com você.
" Michelle chorou em silêncio no ombro dele, enquanto ele acariciava suas costas, oferecendo o único consolo que podia naquele momento de incerteza. O silêncio entre os dois era reconfortante, uma pausa necessária depois de tanto tempo de mágoas e separação. Por alguns minutos, eles permaneceram assim, sem dizer mais nada, apenas compartilhando o momento, sentindo que, apesar de todas as feridas, ainda havia algo entre eles, algo que o tempo e as brigas não haviam conseguido destruir completamente.
Finalmente, Michelle se afastou um pouco, enxugando as lágrimas e tentando recompor-se. "Desculpa por aparecer assim de repente. " Guilherme sorriu de leve, sacudindo a cabeça.
"Você não tem que se desculpar. Eu fiquei preocupado quando você parou de responder minhas mensagens. Eu não sabia o que dizer," confessou.
Michelle estava com tanto medo. "Agora estou feliz por estar aqui. " "Eu também," disse ele sinceramente.
"Estou feliz por você estar aqui. " Ambos se olharam por um longo momento, sem precisar dizer mais nada. Guilherme pediu ao médico se poderia acompanhar Michelle na consulta, e, para seu alívio, ele foi liberado.
O ambiente na sala de espera era silencioso, mas o peso da preocupação que Michelle carregava era evidente. Ela estava nervosa, mexendo nas mãos enquanto olhava para o chão. Guilherme, sentado ao lado dela, a observava com atenção, oferecendo apoio com uma presença calma e reconfortante.
"Eu descobri que tenho algo no útero," ela disse, quebrando o silêncio, sua voz baixa, quase um sussurro. "Os médicos ainda não sabem se é benigno ou maligno. Foi por isso que eu perdi o bebê.
" Guilherme sentiu uma dor no peito ao ouvi-la, relembrando tudo o que haviam passado juntos. Ele lembrou o quanto aquele momento foi doloroso para ambos, mas ouvir agora que a causa estava ligada a uma possível doença fez tudo parecer ainda mais pesado. "Eles também disseram que há uma chance de eu ter que retirar o útero," continuou Michelle, a voz dela tremendo enquanto as lágrimas se formavam em seus olhos.
"Eu não sei o que vou fazer se isso acontecer. " Guilherme. .
. ela começou a chorar, o medo evidente em cada palavra. Que saía de sua boca, Guilherme imediatamente se aproximou, envolvendo-a em seus braços.
"Ei, vai ficar tudo bem", disse ele suavemente, tentando manter a calma para que ela sentisse segurança. "Estou aqui com você, e vamos enfrentar isso juntos. " Michelle escondeu o rosto no peito dele, permitindo-se chorar enquanto ele a assegurava firmemente.
Guilherme sabia que não tinha todas as respostas, mas faria o que fosse preciso para estar ao lado dela. Sentiu um turbilhão de emoções, mas naquele momento seu foco era Michele. Sofia, que trabalhava no hospital, viu os dois entrarem juntos para a consulta.
Enquanto eles desapareciam pelas portas da sala médica, ela fez uma breve oração silenciosa pela saúde de Michelle, torcendo para que as notícias fossem boas. Os minutos passaram, e Sofia continuou com seu trabalho, mas com o pensamento nos dois. Quando finalmente eles saíram da consulta, algo era diferente: Michelle e Guilherme estavam com grandes sorrisos no rosto.
Havia um brilho nos olhos deles que não estava ali antes. Sofia foi até eles, já sentindo que as notícias eram boas. "E então, como foi?
" perguntou ela com um sorriso esperançoso. "Ainda sorrindo", respondeu Michelle com a voz leve, quase aliviada. "É um tumor benigno, e o melhor de tudo é que ela não vai precisar retirar o útero, só uma cirurgia simples para remover o tumor.
" Sofia sentiu uma onda de felicidade invadir seu peito. "Isso é incrível! Estou tão feliz por vocês!
" exclamou, abraçando Michele e depois Guilherme. "Que alívio! " Os dias seguintes passaram com rapidez, e o nervosismo que cercava a saúde de Michelle deu lugar à gratidão e à esperança.
Ela passou pela cirurgia sem complicações, e tudo saiu como os médicos haviam prometido. A perspectiva de poder um dia ter outro filho trouxe de volta a alegria que Michele e Guilherme haviam perdido durante o tempo de incerteza. Enquanto Guilherme se recuperava de seu ferimento e voltava ao trabalho, ele e Michelle encontraram um novo equilíbrio.
A ajuda de Sofia em meio a tudo isso foi fundamental, e os dois sabiam disso. Com o apoio dela, não só Michelle passou pela cirurgia com sucesso, mas o casamento deles também foi reconstruído. Agora, eles até planejavam a possibilidade de tentar ter outro filho.
Em um fim de semana ensolarado, Sofia recebeu um convite especial: Michele e Guilherme a chamaram para almoçar na casa deles. Ela ficou animada e decidiu levar seu filho e sua mãe junto. Era a oportunidade perfeita para todos se conhecerem melhor e celebrarem a nova fase que estavam vivendo.
O almoço foi agradável, cheio de risos e conversas descontraídas. Guilherme mostrou-se um excelente anfitrião enquanto Michelle, com um brilho renovado nos olhos, irradiava felicidade. Sofia, sua mãe e o filho se sentiram em casa, acolhidos pela atmosfera calorosa.
Depois do almoço, enquanto o filho de Sofia brincava no quintal e os adultos relaxavam na sala, Michele chamou Sofia para conversar em particular no jardim. As duas se afastaram um pouco da casa, onde podiam falar em paz. "Eu queria te agradecer por tudo", começou Michele, com um sorriso sincero.
"Se não fosse por você, eu e Guilherme talvez não nos reconciliássemos. Você nos ajudou mais do que imagina. " Sofia, um pouco tímida, sorriu de volta.
"Não precisa agradecer. Vocês só precisavam de um empurrãozinho. Vocês sempre se amaram, só precisam de um motivo para perceber isso.
" Michelle balançou a cabeça. "Mesmo assim, sou muito grata, e é por isso que eu queria te fazer uma proposta. " Sofia a olhou curiosa.
"Proposta? " "Sim", disse Michelle animada. "Eu sou gerente em uma empresa grande e temos algumas vagas para cargos que pagam muito melhor do que o seu trabalho no hospital.
E a sede da empresa fica a apenas cinco quarteirões da sua casa. " Sofia ficou atônita. "O quê?
Você está falando sério? " "Completamente séria", respondeu Michelle, sorrindo. "Se você estiver interessada, posso te recomendar.
Vai ser muito melhor do que caminhar 20 km por dia. " Sofia, emocionada, sentiu os olhos marejarem. "É claro que estou interessada!
" exclamou, abraçando Michelle com força. "Obrigada! Obrigada mesmo!
" "Eu que agradeço," Michelle retribuiu o abraço, rindo. "Se não fosse por você, eu e Guilherme não estaríamos onde estamos agora. Você salvou o nosso casamento.
" As duas riram emocionadas e voltaram juntas para a sala, onde o clima de celebração continuava. Guilherme e a mãe de Sofia conversavam animadamente enquanto o filho de Sofia corria pelo jardim. Naquele dia, uma forte amizade se solidificou entre todos eles, e Sofia sabia que além de ter encontrado um novo caminho profissional, também havia encontrado uma nova família.