diretamente dos Studios Flow mais um episódio do crique podcast O que as empresas não mostram mas a gente mostra então aqui eu tenho até o orgulho de receber a nossa cost aqui que já é de casa já fez um episódio exclusivo com critique inclusive participou do critique News seja bem-vinda aí Tamara Braga muito feliz de estar aqui ainda mais né na presença de Bárbara carim né porque eu sou super fã e para acompanhar você mais uma vez então obrigada pelo convite obrigada gente sou animadíssima prer é meu prazer é meu cara me conta da última
vez que a gente recebeu aqui você tava na goup sim e o que que aconteceu de lá para cá você tá inclusive empreendendo socialmente fala como é que tá o teu tu atual aí então desde lá eu criei minha própria empresa que é diversidade com você é um Hub de squads representativos que a gente vai plugando dentro das empresas e fazendo projetos desde campanha de marketing produto acessibilidade treinamento então a gente faz um 360 da diversidade então tô bem feliz assim com esse desenho Porque hoje a gente consegue entregar muito mais do que só sensibilização
e treinamento e a gente vai lá mostrar que diversidade é negócio né D dinheiro é lucratividade e que ninguém tá fazendo caridade pra gente né que isso também é muito importante legal uma conexão com empresas né já é um negócio mais mas a gente tem hoje também o prazer de receber uma mulher que é mais conectada com educação é escritora ela também vem e como uma Embaixadora da da comunidade do movimento negro e ela vai contar um pouco da história dela pra gente aqui Inclusive tem duas obras aqui publicadas querido estudante negro e como ser
um educador antirracista Bárbara Carini seja muito bem-vinda a esta mesa Salve salve minha gente que alegria viu muito feliz de tá aqui obrigada Tamara aí pela pelo carinho das palavras e vamos nessa vamos conversar um pouquinho sobre a educação sobre trajetória de mulheres negras de pessoas negras sobre essas questões tanto no âmbito profissional quanto Educacional Sim a primeira coisa que eu ouvi durante tua trajetória é que você é uma pessoa que estudou exatas e humanas né É Você misturou química com educação filosofia tal como é que que teve essa bifurcação como que em que em
que momento o bichinho te mordeu Falou cara vou pro Ensino Vou pra educação e química sai de lado porque aqui que eu vou Nossa babado que é química eu sou engenheira química viu aí ó tá vendo a gente pode abrir uma com Capítulo n qualquer coisa aí a gente entra num papo mais profundo Cara isso é muito doida porque assim a a gente vai ter que conversar sobre questões um pouco mais filosóficas pra gente entender mas eu juro que eu vou ser rápida nisso não por favor filosofia pronto existe uma coisa chamada Cosmo percepção ou
cosmovisão que é o modo como a gente a gente se relaciona com o mundo né o modo de ser estar de existir de enxergar os entes universais is o mundo como ele é e a gente acredita que existe uma única forma de de existir né que é a forma que o ocidente nos formatou e o ocidente nos formatou a partir de dualismos né é o modo de pensar ocidental é um modo de pensar Dual né então itte E hierárquico então a essência aparência razão emoção sujeito objeto mundo sensível mundo inteligível céu inferno Deus diabo ser
humano natureza eh humanas exatas homem mulher se tran homo hétero negro branco então é o modo que o ocidente nos ensinou a raciocinar e tudo isso que eu falei a gente sabe que tá no topo que tá na base tudo tem hierarquias sociais né Uhum Então se estabeleceu essa dicotomia aí para entre ciências e ciências exatas né e ciências humanas mas eu eu gostava de transitar bem tudo mas a sociedade me me impôs essa ideia de que eu tinha que decidir o que é que eu gostava uhum e para mim era muito eu realmente gostava
muito de tudo mas as exatas me me arrebataram logo de cara né então inicialmente eu tive dúvida se eu faria vestibular para matemática ou paraa química hum o mais comum seria fazer engenharia química só que ah no meu contexto eu nunca tinha conhecido nenhuma pessoa engenheira Negra nemuma pessoa engenheira mulher nemuma pessoa engenheira mulher negra então eu não foi um lugar que eu não me projetei porque representatividade sobre isso onde a gente não se vê a gente não se projeta eu já tinha tido professora Negra então eu falei ah acho que eu tenho que ser
professora agora é só escolher entre matemática ou química e aí nos diálogos ali iniciais né eu muito jovem com 18 anos eh eu conversei obviamente sobre o mercado de trabalho né vindo de de uma família periférica né de uma mãe que era ex-empregada doméstica né de um contexto familiar com precariedade material eu precisava ter garantias né de empregabilidade Então como a matemática me apresentaram um um cenário mais limitado do ponto de vista profissional enquanto que na Química me disseram Ó você pode ser professora você pode trabalhar no Laboratório na pesquisa você pode ir pro Polo
Petroquímico aqui na Bahia né em Camaçari pode trabalhar na indústria Então eu vi um um maior leque de oportunidades assim né eí aí e aí fui para Química ah optei pela licenciatura porque né Queria ser professor uhum era algo muito escasso naquele contexto né assim as Universidades estavam começando a contemplar as alterações previstas pela LDB de 96 que estabeleceu a a lei de diretrizes bases né da Educação Nacional que estabeleceu que para ser professor professora da Educação Básica precisava dar licenciatura porque até ali até o final da década de 90 eh não fazia sentido fazer
licencia para ser professor porque enfim qualquer pessoa poderia ser professora você tinha dentistas professores de química você tinha eh sei lá pessoas com quaisquer formações assim dando aula né advogado dando aula de história Então se protegeu a categoria docente mas para além de uma proteção profissional proteger o próprio estudante porque ser professor é uma atividade social de uma profundidade absurda né assim requer conhecimentos específicos no âmbito das humanidades Uhum Então mesmo fazendo química eu tinha disciplinas específicas da área de educação e ali também eu tinha muito prazer em ir pra Faculdade de Educação ou no
próprio Instituto de química né que já tinham algumas disciplinas chamadas da dimensão prática de ensino que eram disciplinas da interface eh eh entre ciência e educação e eu adorava ler os textos né enquanto sei lá muitos colegas detestavam leitura de texto eu adorava ler os textos eu adorava debater nas disciplinas de educação Uhum Então eu sempre tive essa identidade intelectual de interface mesmo né talvez nem de interface Talvez seja de de omnilateralidade de transitar nas múltiplas áreas época desculpa a inscrição mas era que que não se tinha quantos anos aí eu entrei me vestibular foi
de 2006 2006 quase junto aí é mas naquela época já existia algum tipo de política pública voltada a ações afirmativos né mas talvez não e de forma contundente para admitir que houve evolução trouxe a maior inserção da da comunidade dentro para dentro da academia etc Qual que é o teu balanço Principalmente agora que você tem uma visão maior como Educadora eh para para os jovens negros qual é qual é a tua visão a respeito de evolução na inserção do mercado de trabalho e aí eu também vou pedir opinião da da camara S avançamos muito né
avançamos Muito eh as políticas públicas que a gente conseguiu avançar em termos de ações afirmativas ações afirmativas são S medidas sociais reparatórias né de reparação Histórica de grupos sociais que são maiorias que foram minorizadas e as a população negra tá dentro dessas maiorias minorizadas uhum eh nós conquistamos direitos nós conquistamos políticas públicas por meio de de uma luta histórica secular dos movimentos sociais negros organizados que num determinado contexto político favorável à implementação de certas leis nós conseguimos retirar esses direitos do governo e passamos então por exemplo 2003 a poder se ver no currículo por meio
da lei 10639 que depois se anexa em 2008 11645 que prevê o ensino de Cultura Africana e afro-brasileira indígena em toda a extensão curricular da educação básica Uhum Então a comunidade Negra já passa a ter a possibilidade de se ver dentro do currículo escolar e também de formação profissional no âmbito da educação né da formação de professores e professoras na formação Inicial e continuada a comunidade negra já passa a poder se ver em um lugar potencializado porque historicamente a gente se viu acorrentado como escravo né não é nem escravizado como sujeito paciente da ação de
alguém que escraviza de um agente é como escravo um sujeito que nasce no mundo para sim o ser né uma condição ontológica indelevel uma marca Nossa de origem né então com essa lei a gente passa a construir uma nova subjetividade isso é muito importante uma expansão psíquica da comunidade negra de você levantar sua cabeça de você erguer a sua cabeça de você entender que você é capaz de você entender o quanto que o sistema criques de contenção para nos limitar Mas que mesmo com todas essas Barreiras nós seguimos feitos memoráveis Então imagina se a gente
tivesse as mesmas condições de oportunidade das pessoas brancas né então isso a gente começou a acessar por meio de de de uma ação afirmativa de base curricular que ainda hoje caminha passos lentos né sim eh passamos também a ter lei de cotas no sentido do acesso às universidades né a lei 12711 de 2012 é uma lei que vai contemplar cotas para diversas necessidades siais não apenas pra comunidade Negra Então a gente vai ter cotas eh federais aí estabelecidas para ingresso nas universidades para as pessoas pobres por renda per capita a gente vai ter para pessoas
negras a gente vai ter para pessoas indígenas para pessoas quilombolas né são pessoas negras de um contexto específico né minha mãe é quilombola minha avó minha bisavó é quilombola então vive de um em um contexto diferente desse contexto Urbano comum que a gente acessa então isso foi muito importante porque a gente cresceu a possibilidade de ter pessoas negras cursando né uma graduação e não só se emancipando intelectualmente mas tendo também maiores condições de oportunidade do acesso no mercado de trabalho por meio dos cursos de graduação que essas pessoas passaram a fazer E aí tem um
contraponto que eu gostaria de fazer porque é muito interessante Né tava dando uma olhada em matras recentes que falam que ainda que o acesso melhore Você ainda tem um quadro de que 42% de de de eh de de colaboradores negros tem 42% a menos de remuneração você que tá mais inserida na no ambiente corporativo Tamara a essa introdução que a Karine deu essa que começa com acesso você acha que ainda não tá completa essa história toda e a gente precisa o movimento precisa lutar assim por uma igualdade de Salários como é que como é que
tua tua visão eu vou voltar um pouquinho também eh acho que bate muito com a minha história também tá Bárbara porque eu venho de uma família periférica também não tinha ninguém formado na minha família Nem Amigos nem nada eu consegui ingressar na faculdade por causa de ONGs e associações que me ajudaram a furar bolhas e a partir daí eu fiz técnica em química e eu comecei fazendo química só química né Depois eu mudei para engenheira química porque eu vi que eu podia né que eu vi que tinha uma oportunidade ali que eu não me contaram
e aí mudando para engenharia química eu comecei a perceber que não tinha ninguém parecido comigo naqueles espaços e eu comecei a trabalhar em grandes empresas né e eu comecei a perceber que dentro da empresa ficava pior ainda né e eu comecei a atrair pessoas pro do meu grupo né Para aqueles espaços e foi assim que eu fui me aproximando da área de de gestão de pessoas conforme eu fui crescendo dentro das empresas eu percebi que o meu salário sempre era menor do que das outras pessoas também uhum mas por quê Porque dentro da estrutura eu
não tinha ideia de quanto que eu deveria ganhar e tem toda aquela aquele desenho de pretensão salarial né ah Quanto que você quer receber quanto que uma mulher negra vai falar dentro de um salário né dependendo do cargo analista gestora e tudo mais e eu só fui ter um salário justo há do anos atrás né hoje a gente já tem uma lei para Equidade salarial para gênero né e ainda assim as empresas não cumprem então para falar de raça eu acredito que vai demorar H bastante tempo mas você acha que é falta de liderança prioridade
nas nas nas condutas do das empresas a coisa de CEO coisa de C level coisa de ah área de recursos humanos que não prioriza o que que que você acha durante muito tempo os recursos humanos foram colocados como fora da parte do negócio né RH e áreas de negócio e o RH não sabe como tratar dados e provar que contratar diversidade vai fazer com que a empresa cresça também Uhum E aí não faz sentido para eles Ah vamos igualar o salário porque a gente quer eles querem economizar E aí economiza aqui e acaba perdendo lá
porque hoje ter uma uma profissional Negra né como uma Líder é competitividade de mercado a empresa vai lutar por aquela profissional só que as empresas ainda não vem isso dessa forma e é muito difícil fazer essa estrutura mover porque são milhões de investimento para poder fazer essa Equidade acontecer para gênero já né que é essa visão que eu tenho hoje paraa raça eu acredito que vai ser ainda mais difícil porque a gente não tem nem essa representatividade dentro dentro do quadro de lideranças por exemplo uhum né e eu lembrei um pouco do como você falou
no começo da hierarquia né na verdade é uma coisa que eh não traz o ser humano para somar né para efetivamente trabalhar em grupo e e por si só diverso né então a gente Depende muito da conduta de uma empresa num modelo específico que não eh não puxa o ser humano na na sua potencialidade E aí quando eu falo do ser humano eu falo do ser humano branco o negro e E aí a gente fala de enfim das Comunidades lgbtq a mais Eh eh por causa do modelo mesmo né O que que a educação a
a nova educação para para os jovens negros enxerga para enfrentar eh esse mundo loucão aí dessa desse modelo capitalista e é um modelo de adaptação ou é um modelo para de revolucionário para poder fazer a coisa diferente boa os movimentos sociais negros organizados são bem diversos né e as perspectivas também de enfrentamento do problema ah você vai ter tanto uma abordagem que vai olhar para o sistema que a gente tá tá imerso Uhum mas vai negar esse processo de inserção nesse sistema porque é um sistema ocidental pensado a partir do protagonismo da branquitude pensando branquitude
aqui como um sistema de manutenção de Privilégio de um dado grupo social caracterizado por ter o fenótipo portanto a estética de uma pessoa branca então a branquitude é o sistema que mantém o privilégio de todo e qualquer pessoa branca a branquitude eu entendo que a gente precisa exterminar uhum porque é um sistema que mantém o privilégio de qualquer pessoa branca custe os direitos de quem custar e quando você fala exterminar é coexistir não é substituir né Na realidade exterminar o sistema de manutenção de Privilégio branquitude é diferente de pessoa branca a pessoa branca é cada
singular uhum cada sujeito uhum a branquitude é o sistema que é um Imaginário coletivo social que olha para qualquer pessoa branca e entende que ele é competente que entende que ele é propício ao desenvolvimento da intelectualidade que ele vai conseguir dentro de um espaço profissional eh cumprir as atividades que lhe são reservadas e entende um sujeito branco como um sujeito potente em sua própria natureza a branquitude é essa imagética que se materializa em cada pessoa branca uhum a branquitude ela PR ser exterminada o sujeito Branco a gente quer como aliado como paritário humano e aí
a gente só vai conseguir construir uma consciência efetivamente humana quando a gente entender né que pessoas brancas não são sujeitos universais como historicamente os livros de ciência divulgaram né assim o corpo humano é sempre um corpo branco o homo sapiens sapiens é sempre um sujeito homem branco Sis étero e existe uma padronização ninguém nunca estudou um sistema digestivo em um corpo negro ou ninguém nunca estudou um sistema circulatório em um corpo negro ou um corpo indígena um corpo gordo existe um padrão que se estabeleceu de uma imagética do que é humano e esse padrão se
materializa no branco na pessoa branca então a pessoa branca é um singular o entendimento social que a privilegia é um sistema chamado branquitude e esse não pode existir a a a gente vai ter perspectivas educacionais que vão pautar a não incorporação nesse sistema tipo nós não queremos parece estranho mas tem setores do movimento negro que não querem lutam por representatividade porque é como se a represent fosse um pedacinho a mesa do Branco e a gente vai só acessar migalhas e a gente vai ficar lá se estapeando para ter aquele único lugar que o branco nos
oferece naquele setor então tem setores do movimento negro que são contra falam não vamos criar o nosso próprio sistema Vamos criar os nossos próprios espaços vamos fazer Black money Vamos criar o nosso empreendedorismo a nossa lógica Empresarial e vamos fazer com que o dinheiro circule aqui dentro da gente mesmo existe essa perspectiv e existem perspectivas outras né como a perspectiva do do antirracismo como a perspectiva dessa coparticipação desses espaços né na verdade do repartir de modo mais igualitário na verdade de modo equânime as fatias do bolo então nessa outra perspectiva a gente vai ter o
entendimento de que a gente precisa sim acessar os espaços de poder que hoje são todos brancos tirar os privilégios da branquitude de um lugar de universalização e de totalitarismo nesses lugares né então é bem é bem diverso a minha perspectiva de educação pr pra Juventude Negra ela ela ela flerta com várias frentes de entendimento acerca do processo formativo né Uhum E eu penso que pra infância pra primeira infância é isso que eu pauto nos livros né primeira infância para fundamentar um por exemplo é muito importante a criança negra acessar só poder só potência acerca de
si não só a criança negra criança Branca saber sobre a potência do outro a criança indígena saber sobre a sua potência sobre a potência do outro só assim a gente vai conseguir humanizar todos os sujeitos entendendo que todos são igualmente potentes então na minha leitura Não é para falar sobre racismo sobre dor sobre sofrimento sobre genocídio sobre encarceramento em massa ou seja contar história que não para elas n exato para mim na educação infantil é falar de poder falar para essas crianças que a humanidade surgiu em África que os primeiros reinos do mundo império de
kh kemet achante terra de punt daomé Núbia Nídia mal gana muitos impérios africanos impérios com muitas riquezas em África que a África é um grande território continental com uma diversidade cultural gigantesca e trazer essas essas Produções ancestrais africanas no âmbito das Artes no âmbito da ciência no âmbito da Matemática apresentar tudo isso pra escola porque nós historicamente fomos desumanizados pela retirada de um atributo fundamental da Constituição humana o ser humano é um animal racional disseram que negros não pensam disseram que negros não tem racionalidade não tem intelectualidade então tudo que restou foi um corpo um
corpo propenso sexualização a hi visualização um corpo propenso aos trabalhos unicamente laborais e não intelectuais foi isso que nos restou socialmente então a gente precisa ressignificar o nosso entendimento de humanidade devolvendo a intelectualidade para as comunidades negras e a gente precisa fazer isso para na escola mostrar o quanto que nós fomos Pioneiros em diferentes formas de produção de conhecimento isso para minha infância Quando você vai chegando ali pra adolescência é importante ter antirracismo também antirracismo tá no escopo da úncia o anti antirracismo o antirracismo tá no escopo do enfrentamento ao racismo do combate ao racismo
por quê Porque esse jovem ele é atravessado o tempo todo pelo racismo quando segurança do Shopping o Segue Quando a bolsa de sua mãe é revistada dentro de uma loja quando ele é apontado como ladrão como uma criança recentemente né a mãe foi fazer compras e aí o menino tá diz não mãe Eu não roubei o menino de 6 anos as crianças negras não têm direito sequer ao dire o direito à infância né então esse esse menino Esse jovem ele já precisa entender porque Possivelmente talvez até um colega dele não vai mais pra escola amanhã
depois depois depois porque entrou pra estatística aí dos jovens negros que são assassinados a cada 23 minutos no nosso país então eles precisam entender um pouco esse sistema de coisas o qual nós estamos imersos entretanto eles precisam também de potência eles precisam também de referência positiva eles precisam também se constituir ser a partir de uma emancipação das suas memórias ancestrais das suas potencialidades no tempo presente e quando você fala impotência é do interno pro externo tipo é é o é a capacidade que a pessoa tem de saber quem se é e se postar desenvolver uma
postura na sociedade sabendo disso Ou seja é uma coisa individual é coletivo que se individualiza eh eu falo tem uma filosofia né que enfim isso se reverberou até em AD chamada sanca a uma uma filosofia dos povos n essa filosofia San ela vai dizer o seguinte que só sabendo de onde nós viemos é que nós sabemos quem nós somos e só sabemos só sabendo quem nós somos é que nós saberemos Para onde vamos coletivamente então uma pessoa que não sabe efetivamente De onde veio uma pessoa que tudo que sabe de si é uma história única
de que ele veio de escravo de que ele subiu surgiu no mundo para ser subserviente para ser subalterno para servir que ele surgiu no mundo em um contexto né de irracionalidade de ausência de pensamento e a Penas de serviços corporais uma pessoa que acessa As Memórias desse lugar limitado e único é uma pessoa que vai construir a sua imagética pessoal a sua subjetividade a partir de de memórias de de de destituição da sua potência então se eu venho desse lugar de ausência de mérito eu mereço qualquer coisa que a vida me reservar Inclusive eu faço
um aniquilamento das possibilidades de vida futura eu não sonho muitas vezes para aquele menino ali da comunidade para aquele menino ali da favela antes da bala chegar ele já tava morto em perspectivas de vida e é isso que o nosso país em termos da sua colonialidade do seu racismo estrutural faz diariamente com a juventude Negra o nosso país é uma máquina de moer potencialidades tem um intelectual que eu amo muito que é o professor Hélio Santos que ele vai dizer o seguinte que o Brasil não teve ainda o seu prêmio Nobel da ciência porque certamente
a o estado o braço armado do Estado já o exterminou em alguma esquina pa Exatamente é queria até trazer uma experiência que eu tive recentemente Bárbara até porque quando eu descobri que eu ia te conhecer eu queria poder desculpa Queria poder dividir isso com você porque eu hoje cheguei num num estado da minha carreira e da minha vida pessoal onde eu construí muitas coisas me graduei em várias frentes diferentes eu me especializei entreguei vários projetos Mas eu ainda me encontro como uma mulher negra em alguns espaços onde eu sou diminuída e eu tenho eh a
visibilidade das outras pessoas de que eu tenho que ficar quieta né eu não se eu falar um pouco a mais se eu retrocar se eu falar não esse não é o meu lugar a pessoa vai falar não você tem que ficar quieta porque o que tô certa isso aconteceu ontem eu estava dando aula num lugar é muito legal focado em serviço público e nesse momento uma mulher branca eh quis me rebaixar né Tipo o que você tá ensinando não tá certo né e eu criei minha própria metodologia de gestão de diversidade porque eu aprendi com
muitas coisas e eu consegui me me me colocar só que ao mesmo tempo quando eu fui dormir eu fiquei Será que eu tinha que ter feito isso mesmo sabe porque a gente sempre é colocado nesse lugar de o que que será que eu tô fazendo com a minha vida né Será que eu vou ter isso aqui no dia seguinte Será que eu vou ter onde eu que comer ou onde morar é é aquele trauma de infância mesmo né eu fui despejada de casa quando era criança já tive que comer só arroz várias vezes e eu
tenho muito esse medo disso se repetir e quando eu me me coloco eu fico nessa dualidade também de eu devo me colocar mesmo nesse momento ou não devo é é sempre esse sentimento eu queria saber de você assim isso acontece com você E se acontece eh Você tem algum conselho para dar para nós eh meras Mortais que estamos tentando aprender a ser essa potência toda porque é muito difícil ter que ser forte o tempo inteiro né e eu tô grávida tô esperando um bebezinho e aí queria até adicionar nesse ponto que virei mais sua fã
ainda agora que eu tenho um bebezinho para cuidar tenho certeza que eu vou lutar muito para que ele possa estudar na escola que você criou porque eu tenho certeza que vai ser muito melhor para ele e é nesse lugar que eu tô hoje sabe porque eu sei a potência que eu sou eu sei o que eu já entreguei eu sei quem eu sou mas ainda assim eu tenho medo eu queria ouvir um pouquinho de você assim até não só para mim né mas para quem tá ouvindo a gente com certeza vai ter várias outras meninas
negras ouvindo queria ouvir um pouquinho de você ai que lindo fic emocionada com com a notícia né que tá vindo mais um serzinho de luz aí para esse mundo que a gente consiga trabalhar para transformar esse mundo e um pouquinho melhor para essa criança que tá chegando eh que é que eu penso né Eu penso que a gente tá em momento diferentes da caminhada não digo eu e você tô falando nós comunidade Negra a gente tá se deslocando e e estamos em pontos distintos a gente vai ter pessoas hoje eu não posso dizer para uma
pessoa assim não abaixe sua cabeça nunca eu não posso dizer de modo algum para uma pessoa seja sempre insubmissa em todas as circunstâncias que você vivenciar porque eu não sei que como que aquela pessoa se encontra naquele dia se ela tem se a barriga dói eu não sei quais sobre quais condições objetivas ela tá submetida eu não posso dizer para uma pessoa não suporte eh abandone o seu trabalho que que tá te adoecendo eh por mais que isso seja seja o mais lógico do ponto de vista da racionalidade dizer mas a materialidade da existência muitas
vezes aquele trabalho que tá adoecendo é tudo que aquela pessoa tem aquela pessoa sem rede de apoio aquela pessoa que é uma mãe negra solo né Sem ausência de de referências outras no sentido da da manutenção da sua autossustentação então é muito difícil estabelecer eh conselhos universais Mas o que eu posso falar da minha vida né A minha vida ela foi muito estratégica porque eu sempre busquei olhar Ah pra nossa ancestralidade a nossa ancestralidade é uma ancestralidade que seduzia portugueses para dar surva de cansação Olhe que genialidade de Maria Felipa e de toda a Tropa
da Ilha de Taparica no contexto da Independência do Brasil né a nossa ancestralidade é uma ancestralidade que poderia envenenar o senhor hoje mas envenenava em doses homeopáticas a nossa ancestralidade é uma ancestralidade que desenhava na cabeça na trança nag os o mapa pra chegada no quilombo a nossa ancestralidade é aquela que para não perder o seu afeto o seu amor o seu dengo que vivia ali do seu lado na cala fingia que não conhecia e que as trocas de feto estabelecidas era uma feijoada era fazer coisas aparentemente comuns mas que eram a nossa manifestação de
afeto então eu venho de um lugar de de uma comunidade que foi Projetada pelo Estado e pela ciência por meio do congresso Universal das raças que aconteceu em 1911 em Londres a gente foi projetado para ser exterminado os 100 anos e nós existimos hoje no Brasil então eu vinho de uma analidade estratégica não camicase e a minha vida foi toda estratégica toda estratégica eu buscava a minha maior idade intelectual para escrever do modo que eu escrevo porque eu entendia que se eu escrevesse do jeito que eu escrevo jogando chutando pé na porta né em um
contexto por exemplo de um mestrado com um orientador que não me dava o aval para isso com uma banca que não me dava o aval para isso eu ia sucumbir porque eu não sou mais forte que o sistema então como eu optei por estar dentro do sistema e burlar os mecanismos do sistema eu tinha que muitas vezes me camuflar nesse sistema e construir essa revolução silenciosa de um modo estratégico para que um dia eu pudesse agora então agora eu sacuda dos pés e eu escrevo o que eu quero escrever como eu quero escrever e vocês
publicam se vocês quiserem mas eu não preciso mais dessas normativas que foram estabelecidas que me fizeram sobreviver até aqui então isso tá posto lembro na minha adolescência não tinha dinheiro de transporte por exemplo ir pra escola enquanto isso no a narrativa da jovem no querido estudante negro e eu batia na porta dos onde meu bairro para pedir um transporte para ir pra escola e aí muitas vezes eu ouvia humilhações mas eu fingia que eu não entendi as pessoas achavam que uma jovem de 13 14 anos não estava entendendo eu fingia que eu não entendia porque
eu sabia que amanhã eu ia Baltar ia precisar do transporte de novo eu não podia simplesmente dizer Pegue seu dinheiro e até que chegou um dia que eu falei hoje eu não preciso mais do dinheiro de ninguém olha que coisa incrível hoje eu não peço mais a ninguém né então é tudo teleológico a gente olha eu eu sempre fui muito inteligente estrategicamente Eu costumava dizer que eu não costumo dizer eu não tinha inteligência específica nas inteligências múltiplas a inteligência específica dos conhecimentos eu não era melhor todo mundo tirava 10 né assim grande parte das minhas
turmas eu sempre estava em turmas muito boas mas nas turmas muito boas eu era mediana eu tirava oito 8 e me eu não era melhor nunca de nenhuma turma que eu estudei na na escola na na graduação mas eu era melhor estrategicamente então estrategicamente eu construí as minhas conexões e eu sabia exatamente onde eu queria chegar e eu sabia que às vezes eu precisava Eu precisaria reordenar a rota e tava tudo bem mas a estratégia o fim é é fundamental perfeito essa a parte de hackeamento de sistema é algo que eu venho falando muito mas
eu sinto que eu ensino muito para as pessoas mas quando é comigo eu fico um pouco perdida porque é a primeira vez na minha vida que eu tenho estabilidade financeira então isso assusta né e eu eu aposentei minha mãe meu padrasto eu cuido dos dois e agora eu tenho mais o bebê né então acho que esse medo vem né De certa forma então obrigada por esse compartilhamento porque é exatamente isso que eu fiz para poder chegar onde eu cheguei eu já tive época da minha vida que eu não tinha onde ficar onde morar né e
tive que pedir para familiares um um monte falaram Não paraa minha mãe inclusive mas hoje eu consegui comprar um apartamento para mim eu cuido da minha família e eu quero poder fazer isso por outras pessoas né Então esse é o meu caminho assim meu propósito é poder olhar para outras pessoas e ver que elas conseguiram chegar lá e é dolorido ser estratégico né nesses ambientes Eu trabalho numa empresa hoje que tem 22.000 pessoas e pouquíssimas pessoas negras né Então como que a gente é estratégico para puxar as pessoas para lá né como que a gente
haque esse e faz o pessoal crescer também lá dentro então obrigada Realmente fiquei super emocionada Isi muito legal que você falou essa questão da Estratégia porque não há nada mais valioso nessa vida do que você colocar o teu testemunho de vida para inspirar pessoas né ainda que que é uma cada ser humano é único vai construir a sua própria história mas é poderoso essa questão de você seu nenezinho Talvez seja legal fazer exatamente o que ela fez que é não julgar ninguém não não procurar rotular ninguém mas pó comigo aconteceu assim né que é uma
é você oferecer a tua experiência de vida como um depoimento de que sim ou não pode pode pode acontecer agora me conta um pouco dessa desses teus dois livros Bárbara porque eh fala um pouco dessa questão da Estratégia ou você é mais pedagógica aqui como é que como é que as pessoas ou você passa isso em sala de aula você já escreveu outra obra falando dessa estratégia porque eu acho isso um um Insight interessante assim sabe para as pessoas então sobre estratégia eh o livro Querido estudante negro ele traz um pouco mais dessa natureza e
tem um livro que tá para sair agora né Eu tô em processo de publicação com a planeta de dois novos livros e aí tem um que vai sair em fevereiro que dialoga muito sobre estratégia mas dentro do campo da academia da Sobrevivência acadêmica né do desenvolvimento da intelectualidade Ah o que o como se um educador antirracista a a grosso modo é um livro voltado para professores e professoras para educadores em geral e responsáveis e o querido estudante negro é um Liv voltado para estudante Ah o como seão educador antiracista foi pensado em um lugar de
olha temos aí as leis né 10639 11645 completando 20 anos né completando o ano passado a 10.000 e ainda hoje a gente não vê cultura africana e afro-brasileira na escola e quando a gente vê a gente vê de um modo estereotipado de um modo folclor de um modo Pontual a gente vê o negro que entretém a gente vê o negro numa condição de entretenimento né de ObaOba de festividade a gente não vê o negro que tem paridade intelectual e epistêmica ou seja paridade na produção de conhecimento né E aí o como ser uma educador antiracista
vem muito nesse lugar de apresentar possibilidades de didatização das relações étnico-raciais na sala de aula ah pela premissa da potencialização desse coletivo mas dessa subjetividade desses jovens e aí eu trago a experiência da escola que eu fundei né Eu me aventurei na na cena Empresarial Uma Grande Aventura inicialmente né hoje a gente tá levando pro Rio de Janeiro com outro contexto mas quando eu criei a escola Afra brasileira Maria Felipe em 20177 uma escola privada de impacto social existe em Salvador primeiro ano letivo foi 2019 não é uma escola para crianças negras como as pessoas
acham que é uma nome da escola escola afro brasileira Maria Felipe é razão social nome fantasia escola afro-brasileira e é uma escola para todas as crianças né é uma escola que qual a peculiaridade dessa escola uma escola que foge do eurocentrismo né então a gente educa a partir e dos conhecimentos produzidos pelos diferentes Marcos civilizatórios que constituíram o nosso povo então a gente evoca os conhecimentos africanos afro diaspóricos os conhecimentos indígenas os conhecimentos europeus a gente não joga a Europa na lata do do lixo a gente só não a centraliza como todos os currículos praticamente
no nosso país fazem Uhum é sempre o marcador historiográfico Europeu é sempre o desbravador Europeu é sempre as bases filosóficas europeias a ciência de origem Europeia a Europa salvando o mundo é sempre a estética europeia como a validada a religião europeia como a única possível n sempre a humanidade europeia como a única reconhecida e isso vem de um processo educacional formal né então a escola que que eu criei em Salvador eh tem aí a sua processo de constituição e as suas práticas relatadas nesse livro também né além de outras coisas mas tem essa essa né
Essa abordagem no livro Como Ser um educador antirracista e que para mim é algo muito enobrecedor né um bestseller é um livro que eu circulo hoje o país Todo palestrando sobre ele sobre essas práticas né e enfim o querido estudante negro é um livro que veio de uma eu foi interessante porque eu tava estudando esse livro que vai ser lançado sobre intelectualidade tava escrevendo ele terminando de escrever tava com 60% da minha meta de escrita ali realizada quando Nas minhas redes sociais né também sou influenciadora aí da educação da intelectualidade na na rede um intelectual
dientona a uma professora me demandou falou pois escreve um livro também para os estudantes e eu falei caramba né e e ali naquele momento tive uma orientação espiritual de parar o que eu tava fazendo e escrever esse livro E aí comecei do zero o livro né e é mais novo do que o outro é mais novo esse foi lançado esse foi o bestseller lançado em 23 e o querido estudante Negro em 24 né esse ano e é um livro de cartas trocadas né entre uma estudante negra que relata a história da minha vida dos atravessamentos
do racismo na minha vida em diferentes fases escolares uma estudante negra de T da pele mais clara como eu periférica como eu com um estudante negro que é um menino que é retinto que é um menino bissexual que é um menino negro preto da alta sociedade eh para mostrar que o racismo ele transita nas diferentes classes tem tem tem peculiaridades mas ele tá muito vivo independentemente da sua classe social enfim tem toda uma abordagem interseccional né de de colocar aí eh essas diferentes frentes de opressões estruturais na mesa e dialogar sobre todas elas então o
querido estudante Negro São cartas trocadas nos diferentes estágios então por exemplo na educação infantil o título do capítulo é antes de me ler já me Liam antes mesmo de antes mesmo de eu ler já me Liam e depois tem a carta do Ensino Fundamental a carta do ensino médio eh a carta da graduação a carta da pós-graduação Uhum E são histórias de Vidas Cruzadas né então eu eu eu circulo também tem tem os retornos em torno do querido estudante negro tem me tocado muito eu acho que até mais do que eu como sem educador antirracista
toos você diz das pessoas das respostas eh tem me tocado muito as pessoas muito emocionadas as pessoas choram se identificam se identificam as pessoas dizem assim como é que você esc escrever o o livro da minha vida né e é a história da minha vida porque as histórias de pessoas negras no no no Brasil são histórias de Vidas Cruzadas a história da Tamara é história de grande parte das meninas negras das mulheres negras do nosso país então a gente se autoidentifica nesses nesses cruzamentos de violência nesses nessas esquinas da dor sabe e o querido estudante
negro tem isso só que ele não se encerra na dor e aí no no final do livro é eu contando como que a apropriação desses conhecimentos ancestrais ressignificaram a minha subjetividade né Óbvio na condição da personagem do que entro naquilo que você falou né se a gente não sabe quem Da onde a gente veio perfeito então só aprendendo de onde para mim isso foi muito sintomático só entendendo por exemplo eu me sentia um exemplo simples que eu trago no livro eu sentia que eu tava de favor na universidade né ah cotas negros somos poucos deixa
eu ficar aqui quietinha né porque dizem que preto quando não caga na entrada caga na saída para eu não fazer nenhuma bobagem nesse espaço que eu sou estrangeira nesse espaço que não é meu nesse espaço que não tenho pertencimento e quando eu né termino meu doutorado termino meu doutorado muito jovem né com 27 anos e que eu falo agora eu vou estudar as minhas questões estrategicamente eu já tinha me questionado sobre a minha formação intelectual né sobre só ler intelectuais brancos referências brancas teorias brancas durante o meu doutorado só que eu precisava terminar o meu
doutorado porque meu salário ia dobrar eu já era professora na universidade eu já tinha tirado minha mãe da cozinha da casa dos outros Mas eu precisava ajudar por exemplo meu irmão a terminar de fazer o curso dele de engenharia mecânica porque eu eu sou porque tem isso também né Às vezes a gente fala de salário né no setor privado né nessa dimensão empresarial o salário no serviço público ele é o mesmo mas ele não é o mesmo ele é o mesmo em termos eh quantitativos né do valor em si em módulo mas ele não é
o mesmo quando você vai pensar nessa figura negra no centro de uma família Olha o que ela falou hoje eu aposentei a minha mãe né a meu meu pai tem minha filha agora etc então a gente arrima de família porque a gente aprendeu dentro dos movimentos sociais negros como diz a Luísa bairros uma sobe e puxa a outra então não dá para um negro a favela venceu Que favela venceu enquanto os meus irmãos e irmãs estiverem sucumbindo na ausência de direitos básicos inclusive do direito à Vida favela não venceu absolutamente nada porque eu ganhei algum
dinheiro ou porque eu moro bem ou porque eu tenho um carro x na minha vida né Então nesse nesse lugar é que a gente tem essas histórias muito muito parecidas e dentro da Universidade eu achava que eu não tinha valor né que eu tava em um lugar porque me deram uma concessão me deram uma oportunidade aí quando eu vou estudar vou saber que as primeiras universidades do mundo são africanas né V descobr que o mito de que bolonha é a primeira Universidade é um mito europeu moderno de que já existiam as casas da vida na
antiguidade em em kemet né que é como os africanos e africanas chamavam o antigo Egito que lá em kemet em uete que a gente chama atualmente de Luxor eh existia a Universidade de waset que foi uma grande Universidade que formou grandes quadros intelectuais da antiguidade inclusive gregos que atravessavam o mar mediterrâneo para ir estudar em oete a gente vai ter depois as casas a a Timbu que foi uma universidade africana que chegou a ter cerca de 35.000 estudantes a gente vai ter Ah já mais na para para o contexto recente né no século X da
era comum a gente vai ter eh a madra de al Caroline e fés no Marrocos que fica no leste do continente africano que é a primeira grande Universidade Desse nosso tempo então quando eu vou entender que a universidade é uma construção dos meus ancestrais e que a branquitude tomou de assalto um determinado momento da história e fez uma pilhagem epistêmica no contexto de apagamento das nossas memórias das nossas próprias potências eu passo a entrar no Universidade de um outro jeito é eu passo a entrar de cabeça erguida eu passo a entrar me sentindo emum espaço
que eu não estou mais de favor eu passo a entrar empoderado e empoderando as pessoas parecidas comigo dentro daquele espaço e contando uma narrativa a outra para que não se parece comigo para que passe também a me respeitar como hoje eu me respeito então o o a culminância do querido estudante negro vai muito nesse lugar conheça a sua história para você então saber quem você é não é sobre o que contaram sobre você não é sobre o que disseram acerca de você é você se reconstituindo ser a partir das suas próprias memórias a partir da
sua própria agência ancestral não sobre o que a colonialidade o que o colonialismo sobre não é sobre a a narrativa da caça contada pelo Caçador deixa o leão narrar a história da Caçada porque certamente a história vai ser completamente diferente e essa literatura ela tá preservada a partir do continente africano eh para eventualmente munir as as as escolas e ess asas escolas Afra brasileiras a tratar o conteúdo de uma forma absolutamente antagônica a que o eurocentrismo traz Olha a gente tem desenvolvido literaturas né a gente tem tem muita bom tinha muita literatura em inglês né
o os Estados Unidos os intelectuais estadunidenses Talvez para por esse processo de serem 13% de negros né uma comunidade menor e que precisa se preservar e se proteger eh eh sair um pouco à frente nesse sentido da Preservação das memórias mas assim a gente tem e aliás eu acho a a comunidade Negra nos Estados Unidos ela é mais mobilizada que a do Brasil né ou não eu não diria mais mobilizada eu eu eu eu diria que talvez a escravidão por ter sido extinta um pouco antes deu maiores possibilidades de de aorganização de manutenção de construção
de de uma outra e de uma outra conjuntura social que é um tanto diferente da nossa né sim perfeito e mês passado eu eu casei e aí a lua de Obrigada parabéns e aí a lua de meu foi no Egito eu já tinha já tinha muitas leituras né sobre kemet e para mim está ali está acessando sítios arqueológicos Está acessando conhecimentos riquezas ancestrais de produção dos meus dos meus ancestrais Foi algo impagável na minha vida e que só validou esse meu entendimento de não eu tô no caminho certo é sobre isso Uhum é sobre a
gente entender que nossas memórias ancestrais são Memórias de potencialização nós temos inúmeros papiros as pessoas contaram uma grande mentira pra gente que a cultura africana ela se perdeu na oralidade que a gente não tem registros foram os povos que inventaram as escritas escrita o hieróglifo uhum depois a escrita copta para dialogar com os gregos que estavam chegando que desenvolvi uma outra forma de escrita e aí depois mais ao sul do Egito ali c na na sua capital de meroé a escrita meroítica que deu base paraa Nossa forma de escrita então eram povos que desenvolveram muita
ciência escrita papiros né que são é o precursor do papel que é um desenvolvimento químico científico e tem registros registros registros em sarcófagos registros é assustador a quantidade de tudo que eles escreviam absolutamente tudo Uhum você tem tem tem tem templos né que sei lá tem um templo que tem uma ala que é toda voltada para para fórmulas de produção de perfume Hum e aí foram os franceses que de soterrar esses tempos porque muita coisa ou foi inundado pelo Nilo ou foi soterrado pelo Deserto de E aí isso explica muito acerca do fato dos Franceses
terem os melhores perfumes do mundo hoje olha aí por tudo aquilo que eles acessaram isso é um grande processo de pilhagem em todas as frentes em todas as frentes do conhecimento então isso tá registrado a gente tem conseguido aos poucos Traduzir eu tô eu tô agora eu falei de dois livros que tô vou publicar pela planeta mas estô agora no no processo de escrita de um outro livro né que é o meu livro eh que é justamente sobre essa experiência do Egito né hoje eu vim para cá eu escrevo todo dia um pouquinho hoje eu
escrevi sobre a mumificação sobre a genialidade da Conservação da matéria no processo de mumificação né então é desse lugar a gente tá produzindo a gente tá desenvolvendo conhecimento que tá chegando nas escolas Uhum E que tem e se transformado em repertório pedagógico para esses professores e professor hoje é muito diferente de há 10 anos atrás há 20 anos atrás a gente tá caminhando uhum e quant Eh aí e contrastando com a história do da da da Tamara aqui quanto você acha que a gente eh a gente vem aí uma geração eh tem um GAP ainda
para as políticas públicas desenvolvidas pelo governo porque o ideal seria que a gente não precisasse de governo né uma coisa tivesse a comunidade organizada o suficiente para poder transferir de uma geração a outra aquilo que aprendeu E você acha que ainda tem muita coisa para fazer é preciso de apoio do governo qual que o tamanho desse GAP que a gente ainda vive para poder fazer essa memória essa ancestralidade viver hoje na na na na próxima geração do da do movimento negro Olha a as pessoas às vezes até falam sobre cotas sobre ações afirmativas sobre políticas
reparatórias como concessões como algo que é prejudicial ao próprio negro porque compreende que o negro cognitivamente é menor e não é sobre o sujeito né é sobre um coletivo é sobre um processo de ausência de acessos a direitos que foram historicamente destituídos né assim para por parte da da nossa comunidade Mas o que eu posso dizer é que nós hoje tivemos muitos muitos avanços a apesar de ainda continuarmos engrossando os índices dos pessoas em condição de rua apesar de ainda continuarmos sendo né os maiores números nos índices de encarceramento em massa sermos os maiores índices
de suicídio sermos os maiores índices de violência obstétrica os maiores índices de pessoas em condição de dependência química de alcolemia eu perdi mão aos 38 anos de alcolemia é um homem negro periférico que sucumbiu a sua realidade social não suportou então nós ainda hoje estamos né no subempregos somos os maiores as pessoas podem dizer assim ah mas também né 56% de população negra maior população brasileira Negra mas se isso fosse esse argumento fosse verídico a gente também seria maioria no judiciário a gente também seria maioria na Medicina na mídia televis a gente também seria a
maioria na política institucional Então existe um racismo Que estrutura as relações né no nosso país sim um um argumento interessante que isso aí foi veio até do presidente Lula né Eh que eh tinha aí volando uma uma notícia para substituir a Ministra Rosa Weber por uma mulher negra que tinha comprovado eh reputação ali de de exercer o a função e optou por escolheu uma outra pessoa assim você acha que essa a porta da Elite do governo ainda é fechada por conta da da da cor da pele certamente eh eh tem uma uma fala de um
determinado momento né de um determinado contexto da sua lei Carneiro que ela diz que entre direita e esquerda eu sou negro eh isso não significa que eu não tenha vinculação à aspirações progressistas né eh nessa construção de Aliados é importante a gente a gente ter pessoas que pensem o mundo e que projetem o mundo o mais próximo possível do nosso Entretanto a gente não pode se enganar a gente não pode achar que o privilégio da branquitude não também não está posto inclusive para as áreas progressistas né quando a gente vai paraas direções dos partidos políticos
a mesma estrutura hierárquica social pautada pelo racismo estrutural tá posta dentro dos organismos de esquerda também tá aposta dentro dos movimentos sindicais tá aposta dentro das hierarquias dos partidos políticos tá posta dentro dos cenários governamentais de esquerda O Privilégio é o privilégio e a branquitude se protege nesse sistema uhum eh então com Inúmeras pessoas negras né Saiu sim a fala de que é difícil ter mulheres negras pessoas negras enfim para assumirem determinados postos né de destaque dentro do governo mas só retomando e fechando a a questão anterior eu eu falei de todas as dificuldades que
nós hoje ainda hoje enfrentamos mas é muito bonito quando eu palestro em escolas públicas que eu vejo meninas que eu gostaria de ter sido eu vejo meninas de black eu vejo meninas com a sua autoestima com a sua autoimagem bem resolvida né eu vejo meninas em um outro patamar dessa autoidentificação com a sua Negritude eu com 15 anos estava me descobrindo Negra chegando na escola né no instituto federal no cfet e um colega me chamando pro movimento negro eu falei movimento quê Porque eu me achava morena não me entendia como negra e com 15 anos
hoje as meninas se afirmam vão para marchas do empoderamento crespo tem para onde olhar para cima é isso olham de um outro lugar Ah mas é só estético mas é um começo porque a estética ela não é menor Porque se é pela estética que nós morremos eu acho que é pela estética também que a gente precisa Começar a se afirmar e daí da estética a gente vai para outros lugares a gente começa a afirmar também usa nossas guias dos nossos orixa a gente passa a afirmar a nossa intelectualidade a gente passa a afirmar nossa literatura
eu fiz um pós-doutorado na USP que eu só citei no meu artigo intelectuais negros isso tem um problema em um determinado momento naquele contexto a USP tinha Cerca de 80 pdx mas um único artigo de um pdoc que só citava ne foi um problema uhum por quê Porque É como se eu tivesse negado o resto o resto e não era sobre isso era sobre eu passei a vida toda escrevendo apenas sobre vocês agora eu me sinto no direito de escrever a partir da minha localização epistêmica existencial então e eh eu demorei uma vida né meu
pod do que é de 2021 para 22 para conseguir fazer isso para poder fazer isso para poder me afirmar dentro de um espaço de intelectualidade que é nessa reconfiguração diaspórica Branco né então eu acredito que essa Juventude tem caminhado tem avançado muito as redes sociais também tem sido um forte aporte Nesse sentido porque você consegue criar conexões e estabelecer redes com pessoas que passam pelas mesmas experiências que você e você se potencializa Pelo modo como elas superam Essas barreiras né Uhum Então eu fico feliz eu acho que a gente tem caminhado acho que a gente
tem avançado e qual que a sua visão Tamara eu ouvindo a Bárbara falar eu fiquei bem feliz porque conecta muito com o que a gente tá tentando fazer dentro das empresas né porque quando a gente coloca uma jovem para se empoderar dela né do cabelo da maquiagem do como ela é Vista pela sociedade a gente movimenta todo um mercado porque antes a gente usava o que os brancos usavam né Então ninguém se via obrigado a criar produtos para a pessoa negra e a partir do momento que a gente cobra isso do mercado a gente começa
a contratar pessoas negras para poder ensinar para eles o que que é um produto pra gente então isso acaba fortalecendo toda essa história da diversidade que é muito difícil de explicar paraas pessoas que estão acostumadas a vida inteira produzir só pro perfil que combina com um delas né então eu fui contratada várias vezes por empresas para ensinar o básico né Tipo isso aqui não vai ser consumido de uma forma boa pela comunidade Negra ou pela comunidade LGBT né Então como que a gente também se põe nesse lugar de eu só vou consumir daquela empresa né
que faz sentido para mim porque isso acaba fazendo com que o mercado ande nesse sentido também tem várias empresas que não querem falar sobre diversidade tem medo né Mas independente disso se elas querem se fortalecer e ter sustentabilidade de negócio elas vão ter que fazer alguma coisa em relação a isso e aí eu tenho eh palavras né e discurso suficiente para defender isso dentro da empresa graças ao trabalho aí acadêmico que você faz então isso é muito legal de de ver acontecer e conecta muito com o meu passado porque eu sonhava em fazer mestrado sonhava
em fazer doutorado e eu me vim num momento que eu não podia porque o o valor que eu ia receber para fazer isso não ia alimentar minha família inteira e aí hoje ver uma pessoa como você né nesse lugar me dá mais fôlego para eu poder um dia sonhar em talvez fazer isso sim porque eu posso né hoje eu posso ter e escolher esse tipo de coisa então tô bem feliz assim de ver que a gente se completa de certa forma né e muit das vezes as empresas não querem pessoas acadêmicas lá dentro Mas eu
acredito que a gente precisa conectar o acadêmico de de falar dos nossos parceiros então vou aproveitar para para dar uma puxadinha aqui né borg Opa e e falar rapidinho né até porque os nossos parceiros aqui mantém este programa em pé Então é bom falar por exemplo da ebank a ebank é uma plataforma de gestão financeira completa para você escalar o seu negócio e para você ter eficiência na hora de economizar aquele dinheirinho que faz toda a diferença no resultado Então você a a prerrogativa da ifi é automatizar todo todo tipo de recebível boleto bolix e
carnê então uma infinidade de coisa que você antes imputava manual agora na plataforma você tem tudo à disposição ali então a a IFB ela sinônimo de eficiência Não deixe de acessar esse q code tá aqui ou tá aqui eu nunca sei onde ele tá Ach ele tá aqui para você experimentar a plataforma porque eu tenho certeza que vai te trazer eficiência tá tá é EFI é eficiência e também queria dar uma palavrinha eh com relação a o CEA CEA Eu gosto muito de apresentar porque conecta muito com o conteúdo do critique né CEA é aquela
aquela aquele Hub de educação e també de inserção de jovens eh seja um jovem aprendiz seja o primeiro emprego através eh da primeira experiência então o que a gente tá pedindo aqui é que grave se você passou pelo ciaa conseguiu entrar no mercado de trabalho conseguiu estudar e bem numa primeira entrevista eh grave 5 minutos de depoimento porque você pode aparecer lá na primeira página lá e todo mundo vai te ver e e e o c é assim né ele tem ele tem uma série de conteúdos lá que você pode estudar Para você enfrentar essa
insegurança que é natural Tá mas vai te ajudar a você progredir e entrar ter a sua primeira experiência no mercado de trabalho tá bom Um grande beijo e vamos continuar aqui vamos continuar aqui e deixa eu te perguntar uma coisa professora como é que é você no seu ofício de escritora você entra você gosta de se dedicar totalmente à aquele projeto você toca vários projetos como é que ainda mais num tema tão que você identifica tão bem assim sabe como é que é como é que é o teu cotidiano com relação a isso ah que
bacana o pessoal geralmente me pergunta sobre sobre os meus processos de escrita né Eh eu não tive ainda essa possibilidade de ter osso produtivo né de me dedicar integralmente a a escrita então eu sempre toco vários projetos ao mesmo tempo eh todos os meus livros eles foram escritos assim na numa efusividade de atividades múltiplas agora como eu falei eu tô escrevendo um livro sobre essa minha experiência eh kemética né no Egito Trazendo um pouco dos conhecimentos de lá científicos filosóficos mitológicos e e o a a minha forma de escrever ela é a mesma há muitos
anos eh Ser Fiel no pouco e um pouquinho todo dia eu eu estabeleci isso para mim na escrita da Minha tese de doutorado na escrita da Minha tese eu eu eu percebi Na verdade eu entendi que eu tinha uma sistemática de escrita ali uhum né isso lá atrás 2012 e eu falei eu acho que é isso né as pessoas às vezes ficavam meio loucas na na véspera da Defesa do doutorado passavam 12 horas escrevendo 8 horas escrevendo uma tese para defender Eu falei cara eu fiz um planejamento de escrita de uma página meia por dia
durante um ano de uma página por dia durante um ano e foi isso e tinha dias que eu escrevia dois parágrafos e tinha dias que eu escrevia duas páginas ou três Então mas era era um pouquinho todo dia e você começa processos de escrita sim por meio de inspiração mas não é inspiração que te sustenta Hum o que te sustenta é a disciplina não procrastinação o que disciplina o que te sustenta é o propósito te sustenta a finalidade porque vai ter dias que você não vai estar com vontade nenhuma de escrever eu tô escrevendo o
livro eu sei bem como é isso pois é você então você fica você coloca uma metinha assim um pouquinho cada dia noss sim sim não tem como né eu faço um trilhão de coisas aí eu vou escrevendo de pouquinho em pouquinho e aí eu tô escrevendo sobre essa metodologia de gestão de diversidade né como que a gente prova pra empresa que isso é importante e foi muito nesse lugar assim de eu nunca pensei em ser professora E virei professora hoje eu dou aula na USP na ma 15 na FAAP na enap um monte de lugar
diferente mas eu nunca me coloquei como professora e foi interessante porque essa semana eu fui falar na ma 15 né fui dar uma aula e um aluno no final falou assim poxa em 4 anos que eu tô aqui foi a melhor aula que eu já tive na minha vida e eu sempre tive professores muito rígidos né eu sempre quis ser o oposto disso queria ensinar de uma forma que as pessoas gostassem do que eu estô falando né E essa parte da comunicação é muito importante também pra gente né Bárbara Porque como que a gente passa
pras pessoas de diferentes recortes ali que não parecem com a gente que a nossa vida é importante né que a nossa experiência é importante e agora eu tô vendo isso sair ali da palestra da aula para poder ir pro livro E aí para mim foi tá sendo muito difícil assim tem um ano já que eu tô escrevendo eu falo assim meu Deus vou desistir mas aí eu vou lá não propósito né Vamos lá propósito o propósito é fundamental eu acho que assim eh acho que isso de um pouquinho né n de serem metas possíveis se
eu desenhasse uma meta de 10 páginas por dia não conseguiria porque enfim também tô imersa em mil coisas né então é você estabelecer metas possíveis você se respeitar você entender que vai ter dia vai ter um dia que você não vai est tão bem assim tudo bem se você escrever só um parágrafo naquele dia mas seja fiando um pouco escolha o melhor momento meu melhor momento é quando eu acordo Minha cabeça tá tá tranquila eu tô sem preocupações eu pego eu escr em bloco de nota de celular né então eu escrevo em qualquer canto no
avião qualquer canto Mas aí eu escrevo quando eu acordo e ali eu copio mando por e-mail do e-mail eu copio eu boto no arquivo né Então esse é um um um um movimento meu diário e acho que tem uma uma coisa que facilita muito meu processo de escrita que é a ruptura com a perspectiva literária da Ocidental assim né tipo e eu tenho um capítulo exatamente sobre isso nesse livro que eu vou publicar em fevereiro mas o que que é a forma escrever é a forma eh eu eu gosto de falar como eu penso e
escrever como eu falo é é um capítulo do livro sobre isso inclusive né Eh porque a gente foi ensinado dentro dessas coisas compartimentadas desses rizomas ocidentais de que a gente pensa de um jeito e aí na hora de falar a gente fala tem que falar de outro jeito né E na hora de escrever a gente tem que escrever de um outro jeito né ainda mais rebuscado em relação à fala em relação ao pensamento e eu não filtro então isso tipo assim para mim foi muito importante primeiro na questão da fala da oralidade Eu sim eu
fui uma pesquisadora na universidade que tremia Que suava frio que tinha muito desespero para falar até o momento que eu entendi isso aqui já é total assunto desse meu novo livro até o momento que eu entendi que ah ninguém sabia mais da minha pesquisa do que eu hum era eu que fazia a pesquisa então era eu que precisava ter a segurança para falar sobre o que eu estudava o que eu pesquisava então não deveria ter medo daquelas pessoas o que me trazia o medo em relação a aquelas pessoas não era o conteúdo porque o conteúdo
eu dominava era a forma porque eu estava performando na forma estabelecida por eles e se eu falar do meu jeito então quando eu comecei a falar do meu jeito eu fui para um outro lugar de oralidade de discursividade de segurança B E aí disso pra escrita foi um pulo eu falei cara eu tô escrevendo uma coisa que eu acho que ninguém tá entendendo deixa eu escrever de um modo palatável deixa eu escrever desse jeito coloquial que os periódicos que eu mando as minhas revistas negam as minhas os periódicos que eu mando os meus artigos negam
os meus artigos justamente porque a escrita não é acadêmica porque a escrita é coloquial aí eu entendi que o que era para mim antes uma ofensa se tornou um elogio pess TN pocia porque a metodologia toda da da banca é baseada nesse nessa forma de pensar né nesse formato que é um formato específico né da intelectualidade Ocidental e etc desse rito interno ali e aí quando eu vou para os meus livros falo não eu quero comunicar com amplo público quero dialogar eu quero ser lida lida não apenas na questão de decodificação de signos né de
identificar palavra não lida como pessoa lida no meu modo de pensar sabe então então esse esse é o meu modo de de produzir literatura né um modo muito livre muito livre disciplinado e fiel no pouquinho né não é toa que tem 14 né meu Nossa 14 é muita coisa escrevendo no 14º é mas depois eu vou te dar umas dicas para você é eu não sei se é é isso que eu compreendi mas é como se você tivesse fazendo uma palestra conversando com você mesmo e ter que ter um aplicativo que vai transcrevendo em tempo
real aquilo que você tá falando isso te ajudaria Ah já já já me falaram mas eu não consigo eu não enfim já me falaram já me Trouxeram essa proposta Eu já propus isso para orientando a minha de doutorado deu certo é é então Experimenta Experimenta é porque assim F eu tenho que tá falando né eu não conso é ou não tipo acordar e est ali falando enfim é né aí tem que experimentar né saborear às vezes é é gostos mas já já deu certo para orientando a minha é é esse processo de escrita de falar
e aí ter a transcrição o próprio o próprio aparelho já vem né o próprio notebook enfim já vem transcreve E aí depois você só faz os ajustes porque algumas poucas coisas ficam sem sentido e no caso de uma tese de uma dissertação você insere as referências né tem que est no formato enfim e e professora vou vou introduzir os dois últimos temas mas eu queria no primeiro que você elasse tivesse aí uma baseado na sua trajetória Qual que é a obra que você indicaria um aluno um adolescente que tá começando a descobrir essa essa questão
da da ancestralidade da forma de quem se é [ __ ] ele tá buscando uma identidade ainda ele não sabe talvez ele esteja num mundão aí meio perdido e gostaria de estudar mais sobre ele tem alguma Olha tem é uma pedrada foi a obra da minha vida assim duas obras transformaram a minha vida inicialmente que é Pele Negra Máscaras Brancas do Fran fanon e tornasse negro daa Santos porque são são obras de natureza psíquica né eles são eram psicanalistas negros e explicava o modo de pensar da comunidade Negra a partir dess síndrome de vira lata
explicando isso do ponto de vista de uma estrutura racial e é uma Sobretudo o o Fran fanon é um formato de escrita muito simples uhum só que não é tão enxuto assim para um adolescente mas precisa ter um repertório eh não diria nem Talvez um repertório Talvez uma atenção voluntária assim porque enfim que é uma literatura de médio médio porte em termos de tamanho né Uhum uhum mas é é uma linguagem muito acessível pra Juventude Você tem alguma pergunta para ela eu tenho Eh tava pensando aqui como que a gente né como população negra pode
se fortalecer como grupo para que a gente se veja como criadores desenhistas de futuro de produtos de serviços que a gente possa mesmo se sentir potência Nesse sentido porque a gente é muito colocado no lugar de massa de manobra né você vai fazer o que eu tô mandando né A partir do momento que a gente começa a aprender as coisas e fazer do nosso jeito como você tá falando agora a gente aprende técnicas e estratégias nossas Sim né e muuitas das vezes dentro do dos espaços que a gente tá hackeando pode não encaixar muito bem
e a gente desistir né como que a gente continua Crendo que o nosso jeito é bom e que a gente pode construir até como o meu livro né porque às vezes eu falo assim Nossa será que eu tenho né Realmente vocabulário para tudo isso mas mas é pra gente realmente continuar achando que a gente pode realmente criar desenvolver e ser seguido né por pessoas parecidas com a gente porque isso acaba fazendo com que a gente vá muito mais longe também olha eu eu penso que tem Ah tem alguns pontos aí que a gente precisa dar
conta para se tornar isso que você tá propondo né Eu acho que uma É de fato conhecer a nossa própria história né conhecer as nossas próprias potências mudar a concepção em termos de memórias porque sabendo de onde a gente veio a gente reformula quem a gente é Então essa é uma uma uma questão acho que a outra questão é se conectar em rede com pessoas que que vivem o mesmo processo que você né então acompanhar seguir nas redes sociais ler pessoas né tá ali nesse contato com pessoas que têm os mesmos desafios eh eu acho
que um outro ponto também é terapêutico mesmo assim porque a a a Contagem ela tá posta pra gente o tempo todo o tempo eu eu lido o tempo todo com vozes da minha cabeça que me dizem que isso não é bom que o que eu estou fazendo não é bom que o que eu escrevo não é bom que o que eu falo não é bom e eu o tempo todo preciso me rebater né eu criei um conceito no livro da intelectualidade que eu vou desenvolver que é intelect eita intelect pluralidade e E aí vários comentos
eu falei cara é um conceito é o neologismo sabe porque o conceito é algo mais amplo neologismo é uma palavra que eu juntei coisas termos e fiz uma nova palavra qualquer sem signific é um conceito olha aqui como você organiza tem pressupostos filosóficos tem uma argumentação tem uma se valida né então é isso a gente tá falando de uma intelectual diferentona não sei quantos livros publicados pós-doutora com duas graduação que se vê em autossabotagem constante então não tem jeito isso tá aqui construíram a gente projetaram a gente para pensar assim então a gente precisa ter
esses cuidados também em termos pessoal do Instagram Às vez fala você faz terapia falo com certeza com certeza e estabelecer também uma condição de bem-estar né isso para mim foi tão fundamental tão fundamental entender o que é bem-estar para mim entender o que é prazer para mim e lutar porque dignidade humana também é sobre ser feliz né e por mais que exista o caminho a estratégia de emancipação passe pelo trabalho O trabalho não pode ser a única via de humanização da minha existência né então eu eu amo correr eu amo dançar eu amo estar com
a minha família tem dias que eu né desligo a Caixa de Pandora do Direct do meu celular para não acessar tragédias do Mundo Eu me cuido eu me preservo dentro desse desse lugar que um determinado momento da minha vida eu entendi que lazer não pode ser quando dar tempo tem que ser sempre que se precisa e a gente precisa sempre né então é você compor um cenário de de um um cinturão protetor Esse é é um termo de um filósofo europeu chamado irm la catos que ele vai dizer que tem conceitos científicos que a gente
constrói um cinturão para proteger esses conceitos porque eles são importantes então é como se a gente criasse um cinturão protetor e volta da gente para que a gente se preservasse e dissesse assim eu sou [ __ ] sabe essas coisas tem gente que faz isso no espelho que eu não consigo ficar falando sozinha né mas tem gente que faz isso eu sou incrível sou esses mantras né enfim então é é desse lugar de autoafirmação por mais que às vezes essas vozes da cabeça apareçam para dizer o contrário aí você tem que ter a consciência de
que essas vozes não são suas são da autossabotagem construída pelo sistema obrigada perfeito show né demais eh eu queria por último tocar num num tema sensível que saiu aí na recentemente na mídia eh sobre o ministro Silvio né Ele é de fato um intelectual que contribui muito eh pro movimento negro em especial desenvolvendo o conceito de racismo estrutural né então contribuiu de forma relevante com com o movimento negro etc e hoje ele tá envolvido numa polêmica el tá sendo acusado de ass sexual né a polícia federal inclusive abriu o inquérito tal ele tá sendo vítima
desse negócio da internet que aí não é de movimento x ou Y mas é um movimento da informação rápida e pouca inteligência para digerir e fazer um julgamento correto n Inclusive essa casa aqui o FL passou por ISO e a min minha é que eu torço pro Ministro tá ter a sua eh a sua reputação preservada né se ele for inocente porque eh do que eu já entendi é que mesmo que ele prove a inocência ele não vai ser mais ele não vai ter mais a credibilidade que ele tinha Qual que é a tua visão
desse negócio da tecnologia negócio V tão rápido que você já tem a sua eh é é como se a internet de uma hora para outra fosse um assassina de reputações e ao mesmo tempo o cara tem que ele foi pego pela Folha de São Paulo ele tem que meio que provar se ele tá se se ele é inocente ou não é tudo muito simultan e a gente não tem meio que até tempo de opinar porque é tudo muito rápido Qual que é a tua visão a respeito disso é eu eu ontem tava dando uma palestra
Pedro I E aí quando eu saí eu eu eu eu vi a notícia quando eu entrei na palestra eu vi uma uma reportagem não entendi direito fui dar a palestra quando eu voltei já caí no vídeo do do Silvio e e ali de de de cara né eu fiquei muito muito impactada não dormi bem não dormi na realidade essa noite e enfim como uma militante do movimento negro brasileiro eu tô em L de luto tô despedaçada no dia de hoje porque é um movimento negro que perde é um movimento negro que perde com uma situação
como essa né A gente tem aí ministros envolvidos um ministro uma ministra os únicos negros envolvidos no único grande escândalo do do governo dentro de um cenário que nós nunca estivemos em Ministérios né então é como se legitimasse um um discurso da branquitude de que tá vendo que eles não estão prontos para ocuparem esses espaços né Tá vendo que lutaram tanto por representatividade aí chega e faz uma merda dessa então a minha sensação é como se a gente tivesse caminhado uns 10 anos para trás uhum ehem menos de 24 horas no sentido da luta coletiva
é porque meu modo de pensar é muito da coletividade e eu parto de uma perspectiva de que tem a raça como basila das estruturas de opressão da nossa sociedade e as pessoas podem ter perspectivas diversas né que a classe vem antes que o gênero vem antes que a luta an capacitista vem antes da minha perspectiva a gente foi desumanizado quantro povo então é enquanto povo negro que a gente se levanta eh a internet é esse grande problema a internet é o ao mesmo passo que é uma solução eu falei aqui que muitos estudantes né muitas
pessoas hoje acessam conhecimentos pela Via das redes sociais pela via da internet muitas pessoas até ventilam que a escola vai acabar porque estamos na sociedade do conhecimento não a gente tá na sociedade da informação informação é diferente de conhecimento porque conhecimento requer um grau de sistematização né e de ancoragem de saberes o que vem antes o que vem depois qual a sistemática eh então a internet ela é importante mas é também esse veículo de de linchamento sobre tudo daqueles que socialmente já são historicamente linchados né sim sim então a gente vai ter um peso maior
sobre sobre esses grupos sociais que já sofrem socialmente com as estruturas de opressão Uhum Então de fato eh Há uma denúncia toda denúncia legítima eh precisa ser apurado esse inquérito precisa ser instaurado e já foi o próprio Silvo pediu que a investigação se transcorresse né e eu não tô aqui para ser ah juíza a priori de homem negro porque a sociedade já faz isso o tempo todo uhum historicamente né Assim quantos homens negros dentro desses contextos né de de sobretudo de digo diria acusações enfim em torno de questões de cunho sexual a associando com a
dimensão da hipersexualização da comunidade Negra foram taxados né Como diz Angela Davis dentro do mito do estuprador negro ah como violentadores sempre de Fato né pessoas que foram enforcadas pessoas que foram colocadas em cadeiras elétricas pessoas que perderam sua vida por acusações que em muitos casos foram enfunda no Imaginário social do que é ser negro isso eu não estou dizendo que é o caso do Silvio o caso tá posto e precisa ser investigado Esse é o caso do pensamento coletivo e o linchamento é movido por esse pensamento coletivo e não sobre a figura de quem
é o silv em si É sobre o entendimento do que se é do que é ser homem negro na sociedade é e essa essa velocidade do linchamento virtual é um negócio maluco que acho que até expande pra população como um todo obviamente que tem tem as suas particularidades mas expande com a com a população como todo porque no caso de uma manchete ou de um corte pode determinar a morte da pessoa enquanto ela porque assim a pessoa ela tem uma história que ela faz conexões com todo mundo que tá perto dela eu eu observei esses
dias a questão do bolos o bolos ele foi taxado como cheirador de cocaína de um de uma hora para outra cara até o bolo se defender criar uma história de que Olha tá vendo só eu não sou eh eu não sou culpado disso Tenho duas filhas e inclusive elas me perguntam quando eu chego em casa beleza que seja mentira quando ele provou mentira negócio já tá na boca do povo entendeu então assim a velocidade hoje é porque a internet hoje ela é muito boa mas é que nem um carro você pode usar com uma arma
ou você pode usar sei lá um veículo que vai te te levar para você visitar sua mãe entendeu então Eh essa casa aqui os estudos Flow a gente já eh teve esse essa essa velocidade absurda de cancelamento né o Monarque junto com o Igor eh fundou essa essa empresa onde você descer quando olhar a comunidade ali você percebe a diversidade ali né pessoas que querem construir um projeto comum que estão voltados e o flow ele foi ele nasceu como uma proposta de poder trazer pro mundo do podcast e foi bem antes da pandemia essa essa
essa questão não só de est conversando e comunicando PR as pessoas que querem eh conversar de uma maneira mais simples uma maneira mais digamos didática Mas também de perguntar assim sabe porque quando a pergunta independente da do da natureza é um convite a uma alma evoluir na minha visão então perguntar eh é para mim aqui tô diante de vocês aqui é a coisa mais importante por eu sou um cara ignorante de muitas coisas né então cara eu assim inclusive quero oferecer ao Ministro essa cadeira aqui da professora hoje Se quiser vir aqui a gente da
mesma forma que a gente tá recebendo ela recebeu o senhor para você contar direitinho assim como veio o ministro Paulo Teixeira do Desenvolvimento Agrário o senhor tá convidadissima para poder sentar nessa cadeira a gente bater um papo tá então é isso obrigado pela presença obrigada gente foi muito bom obrigada Obrigadão agora você vai PR Bienal vou pra bienal vai a palestra vai lançar o livro é a gente vai conversar sobre o querido estudante negro que foi o lançamento desse ano Ah estâo super bonito da Planeta lá vai ter uma mesa bacana agora lá e ve
você vai chegar e falar dessas desses recortes que que trazem aqui o jovem n tal é vai ser mais focado nele que legal sorte sucesso no livro achei obrigada muito legal eu já quero um desse pro meu bebezinho ah maravilhoso important cara faz o seguinte quando chegar na sua casa vê de novo esse podcast e essa estratégia do que ela falou aí pode ser um negócio muito muito legal no crescimento desse com certeza com certeza não eu super Sigo você super acompanha seus conteúdos continua brilhando porque realmente a gente precisa de pessoas como você para
realmente acompanhar né e frutificar o que a gente é então muito obrigada pela presença pela oportunidade de estar trocando com você também viu ah que agradeço senhores # inclus social # diversidade esse episódio é para você manda um aviãozinho para aquela pessoa que quer degustar desse conteúdo porque que eu critic é isso é arte de criticar e a gente vai de uma ponta a outra sem qualquer viés Pelo menos eu tento né Não sei se que acho que é quase impossível mas eu me coloco aqui como um ignorante que tô aprendendo tá então manda o
conteúdo que você eh achar que é útil para outra pessoa porque vocês ajudam também aqui o podcast e a gente segue junto tá bom muito obrigado até o próximo programa e vou puxar aqui um teno da da professora Aché tchau Lucão gente puxa a vinheta aí velho