COMENTÁRIO DE SANTO TOMÁS AO PAI NOSSO – "PAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS".

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Sidney Silveira
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Video Transcript:
Caríssimas, o mundo do jeito que está não é muito diferente do jeito que sempre esteve. Na verdade, em toda e qualquer época, o que há é uma luta titânica do Espírito contra a carne. A vida humana sob este sol inclemente, particularmente numa cidade como o Rio de Janeiro, é uma luta das pessoas para alcançarem o seu próprio íntimo. Para que isto aconteça, é necessário que elas adquiram um mínimo de virtudes, o que requer uma nobilitação dos fins da vida. O que é uma nobilitação dos fins da vida? Que elas tornem nobres os fins das
suas próprias vidas, ou melhor dizendo, que elas enxerguem a verdadeira nobreza da vida humana. Isso é atrapalhado na atual condição, com paixões desgovernadas, com diligências apagadas completamente, numa cultura em que se perdeu a noção do mistério, em que Deus é o grande fora da lei, em que as pessoas perderam a noção de que importa, no dia a dia, fazer o melhor possível, seja lá no que for. O compromisso com a excelência: nós somos a civilização que largou de mão esse compromisso humano de autorrealização. As pessoas querem só ter um bom emprego, elas querem ter um
bom salário. A avareza, dentre os pecados capitais, numa época em que não há luzes espirituais fulgurantes como a nossa, é disseminada em todo o tecido social. A avareza é capital porque tem filhas diabólicas. Se o fim da vida de uma pessoa é ter e reter bens materiais, se esta é a finalidade da sua vida, é claro que ela será capaz de fraudes. Algumas das filhas da avareza são a traição: Judas vendeu Cristo, vendeu o benfeitor. Não há pior coisa do que trair ao benfeitor, por 30 dinheirinhos. Então, traição, fraude, mentira e perjúrio — que é
jurar em falso, trazer a Deus por testemunha de alguma ação — são graves. Nós somos a sociedade em que a mentira virou norma, a mentira se tornou coisa natural. Quando eu digo que não há tanta diferença com relação a épocas passadas, estou referindo-me a uma questão teológica, que é a questão do pecado original. Nós somos solidários nessa queda original. É claro que isto é uma visão teológica que, se fosse numa disputa com pessoas que estão fora da fé, requereria explicações prévias, não para não da fé propriamente, mas daquilo que os latinos chamavam de preâmbulo fide,
os preâmbulos da fé. Eu não posso demonstrar que Nossa Senhora é mãe de Deus, do Verbo que se encarnou, mas posso mostrar que é razoável crer nisso — coisa que a Igreja sempre fez no passado. Ela apresentava esses preâmbulos da fé e mostrava com isso que a atitude do fiel cristão é a melhor que pode haver, que é a melhor resposta possível e prática para o mistério do ser. Pois muito bem, em todas as épocas estamos sempre carentes de luzes. E aqui eu insiro outra perspectiva teológica. Vou conferir aqui se está gravando. Está sim, né?
Porque há demônios que não querem que esses conteúdos espirituais fiquem espalhados por aí. Tenho certeza disso. Dou um depoimento: eu gravei uma aula semelhante sobre coisas espirituais, fiz todos os testes de microfone, e quando fui conferir, simplesmente saiu o vídeo sem nenhum áudio. Eu acredito piamente em realidades espirituais e acredito que aqueles que são os nossos inimigos, invisíveis, trabalham para que nós não apenas não alcancemos o nosso melhor espiritualmente, mas trabalham sobretudo para que caiamos cada vez mais. Pois muito bem, a premissa teológica é a seguinte: o Verbo encarnou-se. O Verbo, Cristo, é a operação
da mente divina, logos em grego, o Verbo em latim. O Verbo é Deus entendendo e criando as coisas com seu entendimento. Então, Deus Pai, para fazermos uma analogia, seria o ser; Deus Filho seria o operar sublime deste ser infinito; e Deus Espírito Santo seria o amor, que é uma efusão benévola na direção das criaturas, com particular ênfase para a criatura feita à imagem e semelhança de Deus. Ou seja, tudo que existe imita, de algum modo, metafisicamente, o ser divino. Ora, o homem, além de imagem, é semelhança, e a semelhança está na inteligência e na vontade.
Nós somos livres: com a vontade, pela vontade e na vontade, e somos capazes de, com a nossa inteligência, ao fundo das coisas, extrair o sumo da realidade, entender e assimilar o ser. Pois bem, o Verbo encarnou-se, e esta encarnação, que é a plenitude dos tempos, quando o eterno desce ao tempo, faz com que tudo no tempo convirja para Ele, o antes e o depois. Cristo deixou como legado a sua doutrina maravilhosa de salvação, o seu exemplo perfeito e o seu modelo de imitação para nós. Todos nós aqui conhecemos o livro "A Imitação de Cristo". Cristo
é o modelo perfeito a ser imitado, mas perfeito de tal maneira que, por mais que o imitemos, nunca o imitaríamos tanto quanto deveríamos. É uma assíntota matemática: sempre há algo melhor nessa imitação. E Ele deixou, dentre as coisas que deixou como tesouros espirituais, que diga-se, o Pai Nosso é o tesouro dos tesouros, porque foi a única oração que Cristo ensinou: "Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje;
perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos". Do mal, então, são sete pedidos do Pai Nosso. E, segundo Santo Tomás de Aquino, esta oração, que foi a única que Cristo ensinou, justamente por ser a única, é a mais perfeita de todas. Em segundo lugar, toda e qualquer oração, sendo ordenada e sendo perfeita, a oração é uma atualização virtual do que está pedido no Pai Nosso. Os sete pedidos do Pai Nosso encerram os sete tesouros perfeitos que, se botarmos no nosso baú, no baú da
nossa alma, certamente nos levarão a um estado de felicidade possível nesta vida e no caminho da glória, se assim for da vontade de Deus. Santo Agostinho, em um dos seus comentários, se não me falha a memória, no livro de Doutrina Cristã, diz que a oração do Pai Nosso, rezada com piedade, retira os pecados veniais, né? É bom! Não é qualquer um que está falando; é o Doutor da Graça, né? Um dos maiores gênios do Ocidente. O dia dele foi ontem, a propósito, eh Santo Agostinho, né? Foi o mais influente teólogo de toda a história, porque
a sua doutrina durou em colume quase durante 700 anos; precisou chegar à Idade Média para que outro grande doutor, que foi Santo Tomás de Aquino, ousasse pôr em cheque algumas das premissas agostinianas e, digamos assim, consagrasse uma nova maneira de fazer teologia. Nova, não no sentido da originalidade, mas no sentido de que pegava aquele tesouro e o levava a suas últimas consequências. Então, Santo Agostinho diz isso: "Pai Nosso bem rezado retira os pecados veniais." E Santo Tomás, na Quaresma do ano de 1273, ele fez umas catequeses para os seus irmãos de fé, para discípulos, sobre
coisas espirituais. Ele comentou o Pai Nosso; e esses comentários não são aquilo que se chama "reportat". Não foram escritos do punho de Santo Tomás; ele simplesmente ditou aquilo e quem estava lá anotou, e aquilo ficou guardado para posteridade. Algumas dessas catequeses são isso: então, tem comentário ao Pai Nosso, comentário à Ave Maria, que até então era a metade da oração que nós conhecemos hoje – isso vale uma outra aula. Há também o comentário ao Credo, que é a nossa profissão de fé; comentário aos 10 mandamentos. E, no caso do Pai Nosso, eu trouxe aqui porque
a minha ideia é que eu tenho um compromisso comigo mesmo de, a partir de agora, eu quero ter saúde e, né, força para cumprir com esse projeto de pegar parte desse conteúdo que eu ponho nas minhas redes, lá na minha plataforma de cursos, e botar de graça no YouTube. Porque isto é um bem indelével; eu sei que chega a seminaristas, chega a simples fiéis, chega a filósofos. São reflexões do mais Santo dos sábios e do mais sábio dos santos, o Doctor Communes da Igreja, aquele, né, a quem Cristo respondeu da Cruz: "Falaste bem de mim,
Tomás." Este milagre foi presenciado por alguns irmãos. Já no final da vida, Santo Tomás teve um êxtase e ouviu-se uma voz que saía do crucifixo: "Falaste muito bem de mim, Tomás. O que quiseres?" E Tomás, em lágrimas, terá respondido: "Nada quero, Senhor, só Tu." Quem tem Cristo, tem tudo; quem tem tudo e não tem Cristo, não tem nada. Cristo é Deus; ele não é um profeta, apenas não é um sábio, não é um filósofo. Ele é Deus que desce para resgatar-nos e para que cumpramos o fim beatífico que Deus concebeu desde o início na criação
para o homem, que é a felicidade reversível chamada glória. Então, o Pai Nosso – que as pessoas que rezam o Pai Nosso têm uma noção disso – são sete pedidos que encerram sete tesouros. Porém, antes dos pedidos, há uma espécie de preâmbulo, de prólogo, de prolegômeno, digamos assim, que são as expressões "Pai nosso que estais nos céus". E isso é o prólogo; tudo que vem depois são os pedidos: "Santificado seja o Vosso Nome", né? E Santo Agostinho fará, num comentário maravilhoso que eu fiz editar aqui no Brasil, que está por aí agora (não sei qual
a editora, sei se é a realizações de Sermone Domini sobre o Sermão do Senhor na Montanha), Santo Agostinho diz que o Pai Nosso implica esse centenário. Os sete pedidos estão compaginados com as sete bem-aventuranças de São Mateus e os sete dons do Espírito Santo, e algumas das virtudes morais. Só é capaz de dizer "Santificado seja o Vosso Nome" e não o meu, o humilde. Então, a humildade é a primeira das virtudes morais, o primeiro degrau da sabedoria. E, sem humildade, o homem não quer glorificar ninguém; quer glorificar a si mesmo; é soberbo. Então, Santo Tomás,
aqui, eu tenho em mãos, que vai ser uma das bases dessas aulas, o livrinho que saiu pela Minha Biblioteca Católica: "Catequeses de Santo Tomás de Aquino." O editor desta coleção, o Renan, que era o editor da Editora Concreta, né, o responsável pelas publicações da Concreta, ele me pediu que fizesse uma apresentação, e eu escrevi uma apresentação a este volume aqui. E, no que diz respeito ao Pai Nosso, eu vou ler um trecho e vou comentar, né? Digo eu: "Pai Nosso, a oração perfeita." No começo do seu comentário ao Pai Nosso, Santo Tomás enumera as cinco
qualidades ou propriedades de toda a oração que devem ser: número um, confiante. E aqui o texto latino está "secura". Então, a confiança é uma espécie de segurança psicológica e espiritual; quem confia está seguro, né? Neste seu confiar, por isso que o próprio Tomás diz em outro livro que a confiança é uma esperança, é um tipo de esperança fortalecida por inabalável convicção. Quem confia está seguro. Então, toda oração deve ser... Confiante e conveniente, o texto latino está "recta"; conveniente, tem a tudo que é reto e convém. No âmbito em que se impõe, deve ser ordenada e
aqui o texto latino diz "ordinata". Devota e humilde, então, são cinco propriedades que toda a oração digna deste nome tem e que o Pai Nosso, evidentemente, também tem, e tem em grau máximo. Volto à confiança: é a expressão de uma entrega amorosa, sublime, segura, sem medo de errar. A conveniência implica a retidão, por isso que está no texto latino "recta", a partir da qual a criatura humana pede o que é adequado à salvação de sua alma. A ordem diz respeito à hierarquia das petições, de modo que primeiro se peça o necessário e essencial: bens espirituais;
e somente depois, o contingente e instrumental: bens terrenos. A devoção é o fervor do bem na alma humana. Isso aqui é Bai Sne e Silveira, viu? A devoção é o fervor do bem na alma humana. O que, para Santo Tomás, só é possível se se evita a prolixidade, uma "alba" prolixa, ou seja, que fala muitas palavras e diz poucas coisas. Com as muitas palavras que, digamos assim, amontoa no seu discurso, palavras inócuas. A prolixidade é uma maneira... é uma patologia pela qual se mostra o espírito que se esvaziou, é como um balão de gás que
alguém furou; ele vai pelo ar, mas não tem nada. Para Santo Tomás, a devoção só é possível se se evita a prolixidade e, por fim, a humildade. Nada mais é do que a salutar consciência da pequenez humana. Então, sem humildade, não há oração digna. Deus odeia a oração dos soberbos. Isso, Santo Tomás gera num livrinho que deu nome a minha plataforma, ao blog "Contra Impugnantes de Cultum et Religionem". Contra os impugnados de Deus e da religião — do culto de Deus e da religião. Lá, é uma obra magna que merece ser traduzida. Lá, Santo Tomás
tem páginas antológicas sobre a humildade como primeiro motor da vida moral, espiritual e psicológica, escrito, provavelmente, como eu disse ainda há pouco, durante o tempo quaresmal de 1273; ou seja, um ano antes de Santo Tomás morrer. Ele morreu jovem, com 49 anos. O comentário ao Pai Nosso possui sete artigos, nos quais se explicam as petições da oração dominical. O Pai Nosso sempre foi chamado de "a oração dominical", a oração do Senhor. Domingo é o dia do Senhor. Uma a uma, no final do texto, o Angélico enumera os bens a serem buscados e os males a
serem evitados pelo homo viator; ou seja, essa expressão latina é "o homem viajante". O Peregrino. Nós somos peregrinos rumo à pátria celeste. Quando nós temos a consciência de que aqui estamos peregrinando, o nosso tempo aqui é curto, e nossa meta é a eternidade. Este curto tempo ganha outro sentido, outro valor. A propósito disto, vale ressaltar o seguinte: para o grande gênio dominicano, toda e qualquer oração que possua as cinco qualidades acima mencionadas está virtualmente contida no Pai Nosso. Há um consenso entre catalogadores e estudiosos quanto à circunstância de que... Vou reler o último parágrafo, tá,
só por garantia? Não sei se aí eu edito depois. Então, Santo Tomás enumera os bens a evitar e os males a serem buscados pelo homo viator; ou seja, o homem peregrino, viajante, rumo à pátria celeste. Todos nós, enquanto não chegamos lá, estamos envoltos num véu de mistério que é a nossa vida, com as nossas debilidades, com os nossos percalços que dificilmente vencemos. Nós tropeçamos mais do que caminhamos de pé. Por tempo perene, a nossa vida é pecado. Pecado é uma palavra cuja etimologia é "tropeçar". Nossa vida é um perene tropeço. Nós metemos os pés pelas
mãos, assim, com uma pertinácia de dar gosto ao capeta. A propósito disto, vale ressaltar o seguinte: para o gênio dominicano, toda e qualquer oração que possua as qualidades mencionadas está virtualmente contida no Pai Nosso. Então, sempre que rezarmos, ainda que na solidão do nosso quarto, pedindo qualquer coisa que seja, se a oração for digna deste nome, ou seja, se for ordenada, se ela tiver essas qualidades, ela, na verdade, espelha, direcionada a uma coisa tópica. O que o Pai Nosso espelha é para uma coisa utópica, no melhor sentido do termo, que está para além de todos
os topos, de todos os lugares. A eternidade não tem lugar. Eternidade é imaterial; é o nosso destino. E aqui eu digo que os catalogadores chegaram a um consenso: a obra de Santo Tomás está toda digitalizada. Há uma comissão que, até hoje, estuda as divergências que possam haver entre um manuscrito e outro, a Comissão Leonina. E há um consenso de que este comentário foi ditado por ele; não foi escrito. Porém, o seu dileto amigo, secretário, Frei Reginaldo de Piperno, coligiu, anotou, e depois organizou e publicou. Aliás, boa parte da obra de Santo Anis é assim: ou
ele escrevia pedidos, ele atendia pedidos e, muitas vezes, simplesmente ditava. Alguns chegam a dizer que, no final da sua vida, ele ditava quatro ou cinco livros. Frei Tomás, o livro sobre os anjos, lá, "espiritual criaturas", e ele dizia: "onde é que eu parei?" Ah, o senhor parou na questão tal. Então segue aí... é algo realmente... sim, Santo Tomás é um gênio de invejável capacidade. Assim, o meu propósito aqui é fazer o papel do lector. Até a década de 50 do século passado, havia nas escolas o lente, que era o que lia. A pedagogia boa começa
com a leitura. Antigamente tinha ditado, também, acabou. Tinha tanta coisa boa que acabou, mas a leitura dos textos, fossem filosóficos, fossem sociológicos, não interessa: fazia parte do... Aprendizado da leitura suscitava questões. Então, da lexio, passava-se a questionar, e das questões se entende a leitura; assim, outro assado passava-se às disputas, eh, disputas dialéticas. É assim que a nossa inteligência caminha, né? Nós não temos a fulgurante visão da Verdade em todas as situações. Precisamos pontuar argumentos e verificar premissas, eh, ir a princípios, concatenar eh umas e outras; isso é raciocinar. Então eh ler é muito importante. Então
o papel aqui, nada melhor do que o próprio Tomás, apresentar o que ele diz sobre o Pai Nosso. E aqui eh começo pelo prólogo, né? Pai nosso que estais nos céus é o prólogo, e diz: "Magister dixit", diz Tomás. Dentre todas as orações, a oração do Senhor é a mais importante, contém cinco virtudes necessárias a uma oração adequada, pois a oração deve ser segura. Eu disse lá atrás que estava confiante, segura, correta, ordenada, devota e humilde. E agora ele vai fazer-nos o favor de explicar cada um dos termos. Deve e vai citar a Sagrada Escritura,
tanto o Antigo como o Novo Testamento, abundantemente. Deve ser segura para que aproximemo-nos confiadamente do Trono da Graça (isto entre aspas, carta epístola aos Hebreus). Deve o orante também ter uma fé inabalável, como está escrito: "Peça com fé, sem nada hesitar" (carta de São Tiago, capítulo primeiro, versículo sexto). Esta oração é certamente a mais segura, com efeito, foi formulada por nosso advogado, que é o mais sábio intercessor. Abre aspas: "No qual estão encerrados todos os tesouros da sabedoria e da ciência" (tá lá em Colossenses). E sobre quem se diz: "Temos um advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o justo" (1 João 2:1). Por isso Cipriano, São Cipriano, diz em seu livro sobre a oração do Senhor: "Como temos a Cristo por advogado de nossos pecados junto ao Pai, quando pedimos perdão por nossos delitos, usamos as palavras desse mesmo advogado". B. Se ele já deu, né, o spoiler, já deu até os termos, para que nós vamos inventar a roda? Podemos fazer outras orações, mas essa devemos fazer sempre. A oração eh é ainda mais segura, eh, pois quem ouve a oração com o Pai é aquele mesmo que nos ensinou a orar: "Clamará por
mim e eu o ouvirei" (Salmo 90:15). Por isso Cipriano diz. Aí ele dá a definição; é muito bom as pessoas terem em vista que definições são importantes, sim, seja em Teologia, seja em Filosofia. A oração é uma súplica amigável, íntima e devota para pedir ao Senhor aquilo de que precisamos. Então a oração de São Cipriano é uma súplica, mas não uma súplica qualquer: ela é amigável, ou seja, de amigo para amigo, é íntima, é interior, né, e é devota. A devoção, como eu disse lá atrás, é o fervor da alma, né? E nunca fazemos essa
oração, diz Santo Tomás, sem obter algum fruto; pois, como diz Agostinho, Santo Agostinho: "É por meio dela que os pecados veniais são perdoados". A oração deve ser também correta no sentido de reta para que peçamos a Deus o que convém pedir. Dam Mareno, que foi um autor também proto-medieval, Santo João da Maceno, Santo Tomás o leu, releu, meditou sobre ele. Diz: "Oração já é uma outra definição: é pedir a Deus o que é adequado". (Parênteses: se eu peço a Deus o que não é adequado, isso não é uma oração; estou tentando a Deus, estou sendo
profano, estou profanando a minha relação com Ele. Ah, Meu Senhor, dai-me a graça de roubar a fortuna do vizinho; não, né? Isso não é oração, isso é qualquer coisa menos oração). Então, é outra definição agora de São João da Maceno. E então oração é pedir a Deus o que é adequado. Voltando a Tomás, muitas vezes a oração não é atendida porque pedimos o que não convém: "Pedis e não recebeis, porque pedis mal" (carta de Tiago 4:3). No entanto, é muito difícil saber o que pedir, porque está dizendo isso? É Santo Tomás. Já que é difícil
saber o que desejar, então aqui uma regra: tudo que é lícito desejar é lícito pedir em oração. Esta é uma regra básica, né? Eh, tudo que é lícito desejar é lícito pedir em oração. Com efeito, é licitamente pedido em oração o que é licitamente desejado. Por isso diz o Apóstolo São Paulo: "Não sabemos o que havemos de pedir como convém" (carta aos Romanos 8:26). Mas Cristo é nosso mestre, pois é Ele quem nos ensina o que devemos pedir. Por isso lhe disseram os discípulos: "Senhor, ensina-nos a orar" (tá lá no Evangelho de São Lucas 11:1).
Portanto, o que ele ensinou a orar, o Pai Nosso, é o mais correto a ser pedido. Como diz Santo Agostinho, quaisquer que sejam as palavras de que fizermos uso, nada expressarão além daquilo que nesta oração do Senhor se propôs. Caso oremos da maneira correta e apropriada, então o Pai Nosso contém virtualmente todas as demais orações. A oração deve ser ordenada, assim como o desejo. Olha os conselhos que ele vai dando, né? A oração deve ser ordenada, assim como o desejo. Desejo é uma das 11 paixões da alma. Nós temos um apetite natural pelas coisas que
aparecem para o nosso corpo e para a nossa alma sob o aspecto de boas, né? Mas muitas vezes, elas sendo boas em si, não são boas para serem adquiridas naquele momento, naquela circunstância ou com aquela pessoa, etc. Uma pessoa que realmente quer ir ao encontro de si mesma para um autoconhecimento profundo tem que começar a se perguntar sobre os seus desejos, porque quando o desejo é atendido, as pessoas não refletem. Refletem quando os burros vão dar na água, né? Eh, porém é um grande exercício espiritual verificar se os desejos estão mais ou menos retos à
devida ordem. Aí ele vai dar o vetor. Prefiram o espiritual ao carnal, o Celestial ao terreno, tanto no desejar como no pedir. E ele vai citar as palavras do próprio Cristo em Mateus 6:33: "Buscai, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." O Senhor nos ensina a observar isso em sua oração, na qual primeiro pedimos as coisas celestiais e, posteriormente, as terrenas. Então, se pensarmos bem, há uma ordem: ele não pede o pão nosso de cada dia antes de pedir que santificado seja o vosso
nome. Então, não há ociosidade na palavra divina revelada. Isso bastou para muitos teólogos do passado, sem grandes especulações filosóficas, seguirem a Cristo com total confiança. Deve-se também devotar-se à oração, pois a gordura da devoção faz com que a oração seja aceita por Deus. Nota de rodapé: com gordura, isto é, a fartura e a riqueza presentes em uma verdadeira devoção. Então, a nossa oração deve ser gorda, gorda, aquela gordura boa, banha de porco, que é sinal de saúde. E ele vai explicar aqui: "Assim te bendirei em minha vida" (Salmo 62), "e invocando o teu nome, levantarei
as minhas mãos. Como de banha e de gordura, seja saciada a minha alma; e com lábios de júbilo te louvará a minha boca" (Salmo 62:5-6). Aqui eu não sei se na tradução teria que... não estou com a Bíblia à mão, se ele seguiu a Vulgata, porque essa numeração dos Salmos mudou depois em certa altura. Houve uma fusão, mas não importa. O que importa é o que se diz aqui. Quem quiser procure na sua Bíblia, que aliás faz bem em ler a Bíblia, e continua: a devoção muitas vezes é prejudicada pela prolixidade da oração. Assim, o
Senhor ensina a evitar a prolixidade, dizia Cristo em Mateus 6:7: "Nas vossas orações não queirais usar muitas palavras." O próprio Cristo já alertou. Então, assim, do ponto de vista espiritual, não há nada que já não esteja consignado para o nosso bem. Muito blá-blá-blá! Deus não é um terapeuta para ouvir um maluco ficar despejando suas loucuras, dizia Santo Agostinho na Epístola a Ancia Futonia Proba. Daí tem a palavra proba; era uma família romana. "Que a oração não tenha muitas palavras, mas que tenha muita devoção. Se a intenção for fervorosa, persistir." Então, assim, o que importa é
o calor do coração, a devoção, esse calor do coração. E assim bastam poucas palavras, porque não esqueçamos que estamos pedindo a quem sabe mais do que nós mesmos aquilo de que precisamos. Senão, nós tomamos Deus por estúpido, como se Ele não já nos conhecesse de antemão. Assim, o Senhor fez breve a sua oração. Outra definição de Santo Tomás: a devoção surge da caridade, que é o amor a Deus e ao próximo. Então, a caridade é o amor a Deus acima de todas as coisas e a todas as coisas em Deus, ambos demonstrados nesta oração para
indicar o amor divino. Chamamos Deus de Pai para indicar o amor ao próximo. Oramos em comum por todos, dizendo "Pai Nosso" e não "meu Pai". Meu Pai que está no céu, né? Nada ali é ocioso: "Perdoa-nos as nossas ofensas", não só a minha. O que nos induz ao amor ao próximo quem entende-se, quem se sabe como integrante da comunidade humana, da família humana, que é feita do mesmo barro decrépito. Hoje, por causa do pecado, tem uma tendência maior a ter uma comiseração pelo outro. Caramba! Quando vê um outro numa situação pior. A oração, por fim,
deve ser humilde. "O Senhor atendeu a oração dos humildes" (Salmo 101:18). Temos como exemplo a parábola do fariseu e do publicano, que está lá no Evangelho de São Lucas, bem como a Judite: "Sempre te agradou a súplica dos humildes e dos mansos" (Judite 9). Santo Tomás também citava o Antigo Testamento à roda na sua obra, sem nunca esquecer que a antiga lei está para a nova, assim como o imperfeito está para o perfeitíssimo. E a humildade é mantida nesta oração do Pai Nosso, porque a verdadeira humildade vai dar definição à verdadeira humildade quando alguém não
presume nada de suas próprias forças. Então, o cara que é muito senhor de si... Uma coisa é ter autoconfiança, porque se sabe fazer bem algo; outra coisa é ser demasiado senhor de si, ou seja, achar-se o proprietário em totum de tudo na sua própria vida. Não somos proprietários nem da uleta do nosso tempo, da nossa vida, quanto mais de outras coisas. Então, por isso que ela tem que ser humilde. Quando alguém não presume nada de suas próprias forças, mas espera que tudo lhe seja obtido pela ajuda divina. E aqui, depois das cinco propriedades da oração,
Santo Tomás vai dar os três efeitos: quais são os três efeitos naturais da oração? E ele vai dizer que é remédio eficaz e útil contra diversos males; é eficaz e útil para alcançar todos os desejos; e é útil porque nos torna íntimos de Deus. Então, são três efeitos. Ele vai explicar cada um: primeiro, é remédio eficaz e útil contra diversos males, liberta do pecado já cometido. "Tu perdoaste a malícia do meu pecado; por isto orará a ti todo homem santo" (Salmo 31). Assim, o ladrão na cruz orou e obteve perdão: "Hoje estarás comigo no paraíso",
diz Cristo lá em São Lucas 23. O publicano também orou e voltou para casa justificado. Também nos liberta do medo dos pecados vindouros, das tribulações e das tristezas, diz... São Tiago está triste. Algum de vós? Faça oração com tranquilidade de espírito; livra também das perseguições e dos inimigos. Em vez de me amar, caluniam-me. Eu, porém, orava Salmo 108. E aqui entendamos o seguinte: não é que nos lívidos inimigos físicos, reais, que estão ali à socapa, como se dizia antigamente, na moita, para nos tramarem alguma coisa. Nos liberta, nos livra no sentido de que não tememos
mais. E daí, quem se eleva a Deus vê tudo relativizado. Então é uma libertação, neste sentido profundo e superior. Eh! Porque, até o final da vida, nós vamos ter inimigos; até o final da vida, vamos ter invejosos atrás de nós. É a comunidade humana de pecadores. É isto: a libertação dos males é espiritual e não física. Isto é bom ter em vista, porque pode um literati, né? Um Odorico Paraguaçu da teologia, né? Querer olhar para os por trás, né? Com excessiva hermenêutica tópica. Não é disso que se trata. A interpretação da Sagrada Escritura deve ser,
antes e acima de tudo, no sentido espiritual. Em segundo lugar, é eficaz e útil para alcançar todos os desejos. E aqui ele vai explicar esse "todos". Por isso vos digo, tá lá em São Marcos: "todas as coisas que pedirdes, orando, crede que as háveis de conseguir e que as obtereis" (São Marcos, capítulo 11, versículo 24). Em outra altura da Sagrada Escritura, Cristo também dá um vetor que devemos ter no nosso horizonte: "tudo que pedirdes ao Pai em meu nome, eu no concederei." Ou seja, podemos muito bem, no dia a dia, dirigirmo-nos para o Pai, Deus
Pai, e dizer, como Cristo ensinou: "Ó meu bom Deus Pai todo poderoso, em nome do vosso Divino filho, nosso Senhor Jesus Cristo, eu vos peço isso, isso e aquilo." E essa oração, feita com confiança, se estiver hierarquizada; se o espiritual estiver acima do material; tudo se resolverá. Deus nunca recusa estas coisas. E se não somos ouvidos, entre outras coisas, é porque não pedimos com insistência. Tá lá no Evangelho de São Lucas: "Importa orar sempre e não cessar de o fazer." Ou porque não pedimos o que é útil para a nossa salvação, né? Conforme diz Santo
Agostinho: "o Senhor é bom, pois muitas vezes não concede o que queremos, mas aquilo de que mais precisamos e sempre de que precisamos em ordem ao fim último." Se nós tirarmos o fim último da nossa vida, acabou o sentido de tudo isso que se está dizendo aqui. O fim último é aidade perfeita, que nós, às vezes por engano, buscamos como sendo algo para este mundo. A felicidade perfeita, que se chama Glória, não pertence a este mundo. Nós vamos morrer daqui a pouco, não sabemos como. Temos mil derrotas, não conseguimos, às vezes, nem manter a nossa
palavra. É por fraqueza, por respeitos humanos, etc. Em terceiro lugar, é útil porque nos torna íntimos de Deus. "Salmo 140: suba reto a minha oração como incenso na tua presença." O incenso tem esta simbologia: a oração que num fumo de amor sobe até Deus numa súplica. Eh! E vai Santo Tomás então explicar os termos deste prólogo. E já acabo. Daqui a pouco dizemos: "Pois, Pai." Dizemos: "Pois, Pai." Onde se notar aqui duas coisas: em que sentido Deus é Pai e o que lhe devemos. Em virtude dessa eternidade, é chamado o Pai. Então ele vai dizer
que há três maneiras de chamar a Deus por Pai ou três motivos que estão implicados nessa súplica do Pai Nosso. É chamado o Pai por causa de nossa criação, especial, uma vez que nos criou à sua imagem e semelhança, a qual não foi impressa nas outras criaturas que nos são inferiores. Os veganos, que me desculpem, né? Quem não come carne, etc., que me desculpem, eh, vá reclamar com Deus, né? Ele hierarquizou toda a criação e dispôs certas coisas para o homem. O sentido da perda do Mistério acaba por levar todo o ocidente a uma mescla
teórica, né? O homem vale tanto quanto uma formiga, quanto uma árvore. Eh! Eu vou abraçar a árvore, mas deixa o vizinho morrer ou então praticar eutanásia porque tá na lei, etc. Então, eh! Deus nos ama especialmente porque ele nos fez com a forma, entes mais perfeita. Não é ele teu Pai que te possuiu e que te fez e te criou? Tá lá no livro do Deuteronômio. Aliás, Cristo várias vezes na Sagrada Escritura, durante a sua peregrinação terrestre, ele responde aos fariseus com passagens por humildade, porque ele era Deus, podia dizer de outra maneira, mas ele
queria mostrar que veio cumprir a lei. Ele cita a Escritura e cita muito o livro do Deuteronômio também por causa da governança. Então, primeiro, eh, motivo pelo qual dizemos "Pai": porque nos sentimos filhos de adoção. Ele nos criou com certo grau de perfeição que devemos louvar. Em segundo lugar, por causa da governança. Embora governe todas as coisas, ele nos governa como a senhores e as outras coisas como a servos. Então, o homem, nesta visão hierárquica católica, é o senhor da natureza. A natureza não é nossa mãe, a nossa irmã, né? Nós dominamos a natureza, inclusive
conseguimos criar um avião a jato, conseguimos fazer as forças da natureza estarem ao nosso serviço. Nós fazemos a ciência, dominamos, criamos a técnica. Então, assim, nós temos um governo sobre o que nos é inferior, né? O mais pode o menos, em sentido metafísico. Nós podemos criar coisas, imitando nisto a Deus que nos criou. É óbvio que vamos criar sempre a partir de coisas já existentes, formando outras. Não interessa, mas ele é também, por causa dessa governança da qual nos faz partícipes, por fim, por causa da adoção. As outras criaturas recebem como que pequenos presentes. Santo
Tomás devia ser um de um. Bom humor, a nós, porém é dada uma herança porque somos filhos; e aqui ele cita São Paulo, e se filhos, também herdeiros, né? Então, nós somos herdeiros porque somos filhos de Deus. Isto aqui, quando a gente reza o Pai Nosso com essas coisas na nossa mente, ainda que sejam que elas pulem vagamente, muda a qualidade da oração. Abre aspas: "Porque vós não recebestes o espírito de escravidão para estardes novamente com temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, mercê do qual clamamos, dizendo: Aba Pai" (Epístola aos Romanos). Então,
quem consegue desenvolver essa relação pessoal para com Deus, que é todo poderoso, mas nos ama, com parte ênfase, chama de "paizinho". "Paizinho, olha meu sofrimento, vê lá, né? Não tô aguentando, me dê uma ajuda". Devemos ao Senhor quatro coisas. Está acabando o prólogo; são quatro coisas que o homem, criatura, deve a Deus, Criador: honra, imitação, obediência e paciência. Honra, obediência e paciência. E dirá Santo Tomás: "Primeiro honra, se eu, pois sou o Vosso Pai, onde está a minha honra?" Né? Ele vai citar na escritura que a honra consiste em três coisas. Olha, Santo Tomás é
uma plêiade de definições, né? Por isso que, às vezes, a cabeça ilumina-se ao louvarmos a Deus. Honramos a Deus nele mesmo, né? Então, no louvor, honramos a Deus nele mesmo. Abre aspas: "O sacrifício de louvor é o que me honrará" (Salmo 49). O qual não deve ser oferecido apenas de boca, mas de coração. Ele vai citar Isaías: "Este povo aproxima-se de mim com a sua boca e com seus lábios me glorifica, enquanto que o seu coração está longe de mim". A lei civil olha para os fatos humanos; a lei divina olha não só para os
fatos externos, como para os fatos internos. Se eu não matei, mas tive vontade de matar, eu feri uma lei eterna. Então, Deus não se julga só pelos nossos atos externos; ele conhece todo o encadeamento entre o interno e o externo. Então, primeiro, pelo louvor, louvamos; honramos a Deus nele mesmo, né? Ao preservarmos a pureza do corpo, honramos a Deus em nós mesmos, né? A castidade é, senão, a moderação dos apetites carnais em honra a Deus. Ele vai citar a Primeira Carta aos Coríntios: "Glorificai e trazei a Deus no vosso corpo". Nesta visão, o corpo humano
não é um fim em si mesmo; ele é um templo, é um templo do Espírito Santo. Ele é uma catedral. Então, quando nós temos a ideia de que o corpo é uma espécie de catedral, nós vamos respeitá-lo tanto no que é sensível como naquilo que no corpo nos ajuda às operações superiores, né? Que são entender, querer, etc. Então, recapitulando: honramos ao louvar; no louvor, honramos a Deus nele mesmo; na pureza do corpo, honramos a Deus em nós mesmos; e ao fazermos um julgamento justo, honramos a Deus no próximo. Ou seja, no bom juízo, honramos a
Deus no próximo. E aí ele cita o Salmo 98: "A honra do Rei ama o julgamento". Segundo devemos, porque ele é pai; chamar-me às de pai e não cessará de andar após mim. Jeremias cita direto isso de três modos. De que maneira imitamos ao pai, né? Pelo amor, pela misericórdia e pela perfeição. Olha só quantas coisas atrás de um preâmbulo da oração, né? Então, imitamos a Deus pelo amor. Ele vai citar a Carta aos Efésios: "Sede, pois, imitadores de Deus como filhos muito amados e andai no amor", ou seja, andai, caminhai no amor (Efésios 5,
né?). E isso no coração. Então, no coração, pelo amor, nós imitamos a Deus; pela misericórdia, já que o amor deve estar acompanhado de misericórdia. Ele vai citar o Sermão da Montanha, né? "Sede pois misericordiosos". E isso nas obras; então misericórdia nas obras, né? Amor no coração. E pela perfeição, porque o amor e a misericórdia devem ser perfeitos. Tá lá em São Mateus: "Sede, pois, perfeitos como Vosso Pai Celeste é perfeito" (Mateus 5:48). Então, a perfeição nossa de imitadores de Deus é quando o amor, que é esta benevolência interior, junta-se à misericórdia, que é beneficência exterior.
Eu amo alguém e quero o bem dessa pessoa e vou fazer o que estiver ao meu alcance. Em terceiro lugar, devemos obedecer-lhe, visto que nossos pais, segundo a carne, nos castigam e nós os respeitamos. Quanto mais não devemos ser obedientes ao Pai dos Espíritos, né? (Carta aos Hebreus). E isso por três razões: as três razões pelas quais a criatura humana deve obedecer a Deus, seu Criador. Primeiro, por causa de sua autoridade, pois ele é o Senhor: faremos tudo o que o Senhor disse e seremos obedientes (Êxodo 24). A autoridade, eu já disse aqui em várias
vezes, que é partilhar a verdade. A autoridade é uma palavra cuja etimologia significa fazer crescer; autoridade é aquilo que nos faz crescer e faz crescer partilhando a verdade. Segundo, por causa do seu exemplo, porque o verdadeiro filho se tornou obediente ao pai até a morte. Então, assim, obedecer é virtude moral. Agora, no caso cristão, sobretudo, não se trata de uma obediência militar, né? Os nazistas que cometeram atrocidades alegavam que estavam obedecendo a ordem de superiores. Um cristão jamais poderá alegar isso; ele não pode obedecer a uma ordem iníqua, uma ordem que vá contra a natureza
das coisas, uma ordem que vá contra a caridade. Então, pecados contra a caridade não se obedecem. Agora, a obediência natural nos leva, inclusive, às vezes, a suportar certos mandos que podem até não ser os mais justos. Mas, assim, quando a obediência se transforma em hábito, é o respeito natural do filho pelo pai, do aluno pelo professor, do cidadão pela lei retamente ordenada. Terceiro motivo pelo qual devemos obedecer a Deus: porque isso nos é de muito proveito. Isso aqui é utilidade. Dançarei perante o Senhor que me escolheu. Ele vai citando a escritura. Em quarto lugar, são
quatro as coisas: honra, imitação, obediência e paciência. Devemos ter paciência ao receber as suas correções. Ele vai citar o maravilhoso, para mim, um dos mais belos livros do Antigo Testamento, que é o Livro dos Provérbios: "Não rejeites, meu filho, a correção do Senhor, nem caias no desânimo quando ele te castiga, porque o Senhor castiga aquele a quem ama e acha nele a sua complacência, como um pai em seu filho". E agora a palavra "nosso". Isso mostra que devemos duas coisas ao próximo: o amor, porque são nossos irmãos, uma vez que todos são filhos de Deus.
Ele vai citar João: "Aquele que não ama seu irmão a quem vê, como pode amar a Deus a quem não vê?" Segundo, reverência, porque somos filhos de Deus. Nós, pós-modernos, somos a sociedade dos irreverentes. Não temos reverência, não é só a Deus, não a nada. Tudo é motivo de chacota, tudo é motivo de piada, de escárnio. E as coisas vão descendo ladeira abaixo. É porque somos filhos de Deus que essa reverência é necessária. Olha, isso serve para todos nós. Pensemos sempre, quando agirmos, no motivo da ação. Nunca ajamos no calor de uma emoção. Embora seja
impossível escapar à emoção, o equilíbrio que só a inteligência é capaz de dar deve imperar na ação, porque senão nós sempre damos com os nossos borricos na água. Então essa reverência tem uma razão; devemos agir razoavelmente. Agir razoavelmente é alegar razões retas para nossa ação e não nos deixarmos levar pelo sabor das emoções. Estou com raiva ou por antipatias ou simpatias, como a maioria das pessoas faz. A maioria das pessoas está voltada só a projetinhos do final do mês: pagar a conta, ganhar dinheiro, comprar não sei o quê. Claro que essas pessoas tendem a tudo
que é baixo. Por isso, por causa do fruto que podemos obter, porque Cristo se tornou a causa da salvação eterna de todos os que lhe obedecem. Cristo é a causa meritória da nossa salvação; por isso se diz na Teologia escolástica: Cristo mereceu, com seu sacrifício perfeito, o que nós, com os nossos sacrifícios imperfeitos, não somos capazes de merecer: a felicidade infinita, o céu. Deus não deve o céu a ninguém, mas Ele quis dar o céu àqueles que o amam. Só que esse céu, cuja possibilidade se havia perdido com o pecado, Cristo veio resgatar. Então este
sacrifício, este mérito, é do Sangue de Cristo vertido na cruz. Por isso se diz: "Sangue de Cristo". Ele tem poder; o mérito é dele. O nosso mérito é participado. É que estás nos céus. A última parte do Prólogo do Pai Nosso, entre as coisas que são necessárias à oração, a confiança é muito importante. Mas peça com fé, sem nada hesitar. Ele cita de novo São Tiago: portanto, ao nos ensinar a rezar, o Senhor nos indica os motivos da confiança. Primeiro, a bondade do Pai; por isso diz: "Pai Nosso". E diz: "Se vós que sois maus
sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai Celestial dará o Espírito aos que lho pedirem" (Lucas 11:13). Então, a primeira coisa aqui é essa bondade do Pai, o motivo da confiança. O segundo, a grandeza do seu poder; por isso dizemos: "Que estais nos céus". Levantai os olhos para ti que habitas nos céus (Salmo 122). Mas isso pode referir-se a três coisas, aí que maravilha, né? Os céus referem-se a quê? Primeiro, a preparação do orante. Por isso, assim não é bom: às vezes vamos rezando o terço, até no trânsito, no banho, não
interessa, mas é sempre bom ter uma preparação mínima. Nós nos preparamos para fazer dieta, para malhar, e não nos preparamos para rezar. Ele cita o livro do Eclesiástico: "Prepara tua alma antes da oração" (Eclesiástico 18:23). Neste caso, "nos céus" significa na glória celestial, e ele vai citar Mateus: “É grande a tua recompensa nos céus” (Mateus 5:12). Essa preparação deve dar-se por meio da imitação do que é celeste, porque o filho deve imitar o pai, e cita São Paulo: “Assim como trouxemos a imagem do terreno, traremos também a imagem do celeste” (1ª carta aos Coríntios). Também
por meio da contemplação das realidades celestiais, porque os homens costumam direcionar mais frequentemente seus pensamentos para onde estão o pai e outras pessoas amadas. Onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração. Então, onde é que nós colocamos o nosso coração? Nosso coração, sem Deus, é como um barco sem bússola; tá ali, vai sendo guiado pelo vento, não tem nem vela, vai naufragar. Então, contemplar as coisas celestiais é meditar no fim último nosso, né? Aí, se eu entendo que tenho um fim para além das efemerides da minha vida nesta terra, já dou sentido
a tudo que passo. Senão, tudo é mais ou menos absurdo. A realidade torna-se absurda se tiramos dela o transcendente. E continua Santo Tomás, né? Por meio da intenção, e também, né, por meio da intenção voltada às coisas do céu, busquemos tão somente as coisas celestiais daquele que lá está. Ele cita Colossenses. Então, só para não perdermos o fio da meada: essa hierarquia não pressupõe que nós peguemos as nossas vidas e joguemos tudo na lata do lixo, mas sem que entendamos que as coisas que buscamos no trabalho, na família, nas amizades, que são coisas importantes para
nós, elas não perdem a sua importância real, porque o homem é um animal social, ele é um animal de relações. Mas quando você dá a essas coisas um vetor... "Superior, todas essas relações melhoram. Aristóteles, gira à sua maneira: para que a amizade seja perfeita, é preciso que nela haja algo para além dos dois amigos, né? Se só o amigo é a causa da amizade, né? No dia em que ele deionar por uma fraqueza humana, em lugar da amizade, vai vir o ódio. Agora, quando há um valor superior, a amizade resiste às intempéries dessa vida, neste
mundo de vaidade, né? Em segundo lugar, a expressão "que estás nos céus" pode referir-se à proximidade com o ouvinte. Primeiro, é a preparação do orante. Tudo que eu disse agora: a proximidade com o ouvinte. Deus é onipresente, né? A sua presença é imaterial em todos os lugares da ordem do ser. Ele está próximo de nós, portanto, "estais nos céus”, isto é, nos santos em quem Deus habita. Então, ele vai dizer-nos aqui que os céus, metaforicamente, também são entendidos como os santos, aqueles que, por um exercício heroico de virtude, partilharam dessa visão. Os santos são chamados
de céus nos Salmos de Santo Tomás. Aí ele vai citar o primeiro Salmo: "Os céus anunciam a glória de Deus", ou seja, os santos. Deus habita nos santos pela fé: "Cristo habite pela fé nos vossos corações pelo amor". Quem permanece na caridade, permanece em Deus e Deus nele (1 João 4:6). E pela observância dos mandamentos, né? "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos morada". Quando a pessoa entende que há dela própria aquilo que os teólogos chamam de inabitação da Santíssima Trindade,
Deus está em nós virtualmente. Ela começa a ter um critério de autojulgamento, de julgamento das coisas sublime. Ela começa a ter um padrão ético: "não quero fazer isso não é só para desagradar meu pai ou minha mãe, mas eu tenho a norma superior a todas as outras". É como um sujeito que nunca foi multado. A diferença é entre o cara que não foi multado porque o pardal que faz a multa estava escangalhado e o cara que nunca foi multado porque ele nunca infringiu uma norma de trânsito. Então, se você evitar infringir as normas que são
os mandamentos, você vai andar mais ou menos na paz, né? Então, assim, a eficácia do ouvir Deus é perspicaz na consideração das coisas, porque vê de cima. Cito o Salmo 101: "Olhou desde o alto do seu santuário". E Deus é sublime em poder. Salmo 102: "O Senhor preparou o seu trono no céu e estável na eternidade". Abre aspas: "Mas tu, Senhor, permaneces para sempre" (Salmo 101:13), "e os teus anos não terão fim". E também de Cristo se diz: "O seu trono dure tanto quanto os dias do céu". E aí ele vai fazer uma surpreendente menção
a Aristóteles no meio dessa coisa toda. Diz Aristóteles, no livro primeiro da obra "De Anima", né? Que é uma obra de física, digamos assim, que todos consideram que o céu seja o lugar próprio do espírito em razão da incorruptibilidade do céu. Mesmo os pagãos tiveram a noção de que o celeste indica uma certa perenidade e o terreno, uma mutabilidade, e que é melhor, no meio dessa mutabilidade, ter a bússola daquilo que não muda. O sujeito tá num barco, tá lá norte na bússola, ele sabe que o barco pode mudar, mas a direção é aquela. Se
é ali que ele quer chegar, ele vai redirecionar o barco. Então, é preciso que nós tenhamos, no meio das coisas que mudam na nossa vida, uma norma que não muda, e essa sim vai dar uma certa perenidade, mesmo no meio do caos. É um equilíbrio que eu chamo de equilíbrio dinâmico, né? Portanto, as palavras "que estás nos céus" nos dão a confiança de orar, e isto em relação a três coisas: em relação ao poder, à familiaridade com aquele a quem pedimos e à congruência do pedido. A palavra congruência hoje em dia, se perguntarmos ao aluno
do Enem, "o que é congruente?", ele vai ter uma concussão incongruente cerebral, né? Existe até o que os teólogos chamavam de mérito de 'congru', em latim, ou seja, o que está completamente harmonizado ao seu princípio. Uma coisa congruente é aquela coisa coerente, que é fiel ao princípio de que parte, é ordenada de maneira razoável ao fim a que visa. Então, a oração assim, eh, essa expressão que estás nos céus nos dá confiança, entre outras coisas, se pedirmos com congruência, né? Vamos organizar a nossa vida, varrer a nossa casa espiritual. O poder daquele a quem pedimos
é indicado se entendemos os céus corporais, embora ele não esteja contido por lugares físicos, como está escrito: "Porventura não tenho eu o céu e a terra?" (Jeremias 23). Aqui, Santo Tomás vai fazer uma surpreendente crítica à astrologia enquanto tentativa de adivinhar o futuro, né? Ele disse que "está nos céus corporais" como signo de duas coisas: da virtude, do seu poder e da idade da sua natureza. O primeiro é contra aqueles que dizem que tudo acontece por uma necessidade do destino impressa nos corpos celestes. De acordo com essa opinião, seria inútil pedir algo a Deus em
oração. Mas isso é tolice, pois se diz que Deus está nos céus como o Senhor dos céus, né? Deus não é um astro dentre tantos astros." Se é uma ordem celeste, ainda no melhor dos casos, concebendo nós a ideia de que os astros, a posição dos astros, têm uma simbologia que é útil para nós, essa disposição não está ali a esmo. Houve uma inteligência ordenadora. Então, tudo se resume a Deus. E com relação à descoberta do futuro contingente, isso aqui, para Santo Tomás, é um mantra." Tentativa de, pelo estudo dos astros, descobrir o futuro, que
depende da vontade dos homens, é, inclusive, pecado gravíssimo. Né, claro que se dá pano para muitas mangas, porque a Astrologia, ela não é só isso, né? Eh, isso aqui daria um curso, né? Eh, o senhor preparou o seu trono no céu. Então, assim, não existe fatalismo pro cristão, o fado das estrelas, né? Mesmo a estrela de Belém que aparece aos três Reis Magos, Deus a guiou, né? Pumba! Até o lugar da Gruta de Belém, ela não estava ali cumprindo a sua órbita, né? Nossa Senhora de Guadalupe, quando apareceu, né? Bom, temos aquela imagem extraordinária. Guadalupe
é uma boa viagem, né? Uma imagem miraculosa. Aquela imagem, os astrônomos do século XX fizeram um estudo das estrelas da imagem do manto de Nossa Senhora e descobriram que era a posição dos astros no exato momento da aparição, só com a seguinte circunstância: a posição dos astros como se tivesse aquilo de cabeça para baixo na perspectiva de alguém que via acima dos astros e não da terra. Alguém vai dizer que isso é coisa de... então, se há uma ordem nos astros, Deus é que dispôs. Ele dispôs tudo com ordem. Segundo contra aqueles que orar propõem
e imaginam fantasias corpóreas sobre Deus, portanto, diz-se que ele está nos céus para que, através daquilo que é mais elevado nas coisas sensíveis, demonstre a sublimidade divina, a qual excede todas as coisas, incluindo o desejo e intelecto dos homens. Portanto, tudo que pode ser pensado ou desejado é inferior a Deus. Se pedimos a Deus, estamos pedindo o máximo, né? A quem, pois, há vez comparado a Deus? Isaías 40? A familiaridade com Deus é indicada se interpretamos os céus como os santos. Com efeito, como alguns disseram que Deus não se importa com as coisas humanas por
causa da sua existência, os aristotélicos, inclusive no tempo da Idade Média, eles seguiam com uma ideia de Aristóteles, segundo a qual existe um primeiro motor imóvel que seria o Deus aristotélico. Mas ele, se pensasse em qualquer coisa que não fosse nele próprio, se autodegradaria, né? É um Deus a qual não se pode rezar. Então, nessa visão que invadiu os tempos, Deus seria alguém, né? Tá isolado no seu lugar absoluto e não se mete em coisas menores que ele, né? Então, contra isso, é necessário considerar que ele é próximo de nós e até íntimo. Por isso
se diz que ele está nos céus, isto é, nos santos que são chamados de céus. Ele repete o Salmo: "Os céus anunciam a glória de Deus", ou seja, os santos. Isso traz confiança aos que oram em relação a duas coisas. Primeiro, em relação à proximidade com Deus: "O Senhor está perto de todos os que o invocam" (Salmo 144). "Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto" (Mateus 6:6). Isto é, diz Santo Tomás, no quarto do coração. Olha que bonito, não é? O quarto físico, né? É no quarto do coração, na intimidade íntima da intenção. Eh,
piririm, pororom, me perdi aqui. É segundo porque, através do patrocínio de outros santos, podemos obter o que pedimos, né? Os santos seriam aqueles que levaram a última consequência da virtude cristã em nível heroico e se fizeram, por algum mérito, partícipes dessa beatitude. Portanto, são aqueles mais amigos de Deus do que nós. Então, às vezes você não pode pedir ao Rei, peça ao amigo dele. É mais ou menos essa é a nossa relação com os santos. Olha, tenho aqui um preposto que talvez vai chegar lá apresentar meu pedido, até mesmo de maneira melhor do que eu
seria capaz de fazer. Salve, Santo Antônio, né? Meu santinho de devoção! Por fim, a expressão "que está nos céus" também revela a justiça e a conveniência da oração. Se interpretamos os céus como os bens espirituais e eternos, nos quais está a beatitude, ou seja, a felicidade. E isso por duas razões. Primeiro, porque desperta nosso desejo pelo que é celestial. Nosso desejo deve voltar-se para onde está nosso Pai, pois ali está a nossa herança: "Buscai as coisas que são lá de cima para que mereçais uma herança incorruptível e que não pode contaminar-se nem murchar, reservada nos
céus para vós" (primeira carta de São Pedro). Segundo, porque somos instruídos a respeito da vida celestial para que sejamos conforme a esse Pai: "Qual o celestial, tais os celestes", né? E estas duas coisas tornam o orante capaz de pedir seguramente o desejo das coisas celestes e o modo de vida celestial, ainda estando aqui nesta terra. Daí, que a oração seja conveniente. Então, para vermos, todos que, assim, de uma simples expressão preambular da oração do Pai Nosso, Santo Tomás tira isso tudo, né? Aqui, ó, deu-se uma hora de aula só comentando essa leitura. Eh, e isto
foi uma catequese que ele deu pros seus amigos, e assim é que deve ser uma vida espiritual que não queira ficar no raso. É claro que nem todos terão capacidade teológica, nem todos são filósofos. Agora, todos têm inteligência suficiente para entender que estamos imersos em um mistério. A vida é um mistério. Não resolvo todos os problemas da minha vida com simplesmente a minha razão. Eh, eu preciso entender que há um ponto de interrogação no final de tudo. E, ou esse ponto de interrogação, eu aceito que há um Reitor desse mistério que me ama e eu
vivo com maior paz, ou eu nego isto de antemão e a minha vida tenderá ao tormento, a todos os tipos de desordens. Então, eh, toda vez que nos pusermos a rezar o Pai Nosso, é pensemos que esse Pai é todo poderoso e que Ele não é de nós individualmente, Ele é de nós em comunidade. Tá bom, sigamos.
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