o livro das semelhanças da poetisa mineira Ana Martins marqu é uma grata surpresa é um livro que eu acho que representa bem a nova poesia brasileira e que todo mundo deveria conhecer né é esse livro aqui os poemas na minha modesta opinião tem a Dose Certa de lirismo né Eh que é uma coisa difícil de de fazer e a estrutura do livro como ele foi dividido como ele foi organizado a ordem dos poemas é bastante interessante o livro eh das semelhanças ele traz um livro dentro de um livro O que em Literatura nós chamamos de
metalinguagem né ou seja os seus poemas vão falar eh de livro né e de escrita a começar pelo título e aqui já é algo que se você for fazer um dia uma prova sobre esse livro é muito importante a metalinguagem você não pode esquecer tá isso é metalinguagem ou quando tem uma peça de teatro e tem um um escritor Escrevendo Uma Peça dentro da outra peça tá o primeiro poema chamado ideias para um livro ele funciona como uma introdução como se a autora ela estivesse escolhendo um tema para escrever um livro exatamente como faz ou
como fazem né ou como acontece na vida real um escritor a primeira coisa que ele faz ele tem que decidir sobre o que ele vai escrever né então ela abre com esse poema que é justamente isso é decidir sobre o que escrever e o poema ele vai sugerir eh um tipo de antologia de diferente em cada estrofe até que na última estrofe a ideia do que escrever de que livro escrever é justamente abre aspas este livro de poema fecha aspas como se ela tivesse então escolhido e a última ideia né então ela vai escrever este
livro de poema não é um livro qualquer é este livro A partir daí o livro vai ser dividido em quatro partes a primeira parte chama-se justamente livro tá Então olha a meta linguagem então cada um dos poemas dessa parte vai falar de aspectos de um livro de seções de um livro O primeiro poema se chamará capa outro se chamará nome do autor outro se chamará título outro se chamará dedicatória e ela vai lembrando todas as partes de um de um livro até chegar no último poema que se chama contra capa então vejam ela começou com
capa né e terminou com contra capa como se ela tivesse aberto o livro e fechado o livro Então chamo já a sua atenção eh para o primeiro poema tá Por quê Porque capa né que é o primeiro poema ele tem apenas três versos que diz abre aspas um biombo entre o mundo e o livro e no último poema chamado contracapa ela repete Esse verso só que ela altera mundo e livro O lugar deles né então fica assim abre aspas um biombo entre o livro e o mundo gente então obviamente todo mundo sabe biombo é aquela
peça de mobília né que serve para separar um lugar do outro né e neste caso é para separar o quê o livro e o mundo então no primeiro poema é como se ela estivesse trazendo o mundo para o livro e no último poema dessa parte ela tá levando o o livro para o mundo gostei demais dessa ideia achei muito boa tá então não se esque esqueça disso dessa primeira parte tem muitos bons poemas mas eu destaco o poema chamado poemas reunidos vamos lá eu vou ler para vocês Então abre aspas sempre gostei dos livros chamados
poemas reunidos pela ideia da festa ou de kerm como se os poemas se encontrassem como parentes distantes e um pouco entediados em volta de uma mesa como ex-colegas de colégio como amigas antigas para jogar cartas como combatentes numa arena galos de briga cavalos de corrida ou boxeadores num ring como ministros de estado numa cúpula ou escolar em excursão como amantes secretos num quarto de hotel às 6 da tarde enquanto sem Alegria apagam-se As Flores do papel de parede Então esse poema que eu acabei de ler é dessa parte chama poemas reunidos dessa primeira parte e
eh eu quero que você perceba como ela usa a comparação aqui né como como como por por quê Porque é um livro que tá buscando semelhanças agora vejam quando um poeta ele vai escolher Quais são os poemas para fazer uma antologia então ele precisa reunir poemas que possam ser parecidos ou então tentar encontrar um ponto comum entre os poemas gente isso não é uma tarefa fácil já tentei fazer isso com crônica não é uma tarefa fácil no poema que eu acabei de ler a gente percebe justamente isso A autora Ana Martins eh Marques Ela começa
falando que poemas reunidos lembravam uma festa ou uma quermesse que é uma coisa bastante Alegre mas depois ela fala de parentes entediados combatentes numa arena e galos de briga boxeadores e até terminar com Os Amantes sem alegria e no quarto de hotel então ou seja aquela Alegria quando você começa a tentar reunir os poemas para fazer antologia ela se esvai exatamente porque é um trabalho difícil de edição tá então eu gosto muito desse desse poema porque ele trata disso a segunda parte do livro livro se chama cartografias como o próprio nome já diz ele vai
trazer os poemas que falam de mapas tá tanto o mapa no sentido literal mesmo mapa de papel né aquele aqueles mapas grandes né quanto mapa no sentido figurado Aliás ela faz um jogo bastante interessante Entre esses dois ela consegue um bom resultado fazendo esse jogo os poemas dessa parte na verdade eles estão falando do quê de encontros e desencontros né E como um mapa serve para nos orientar para que a gente não se perca no meio do caminho então é é um pouco isso né Eu já vi muitos poemas com bússolas também eh nessa linha
tá eu queria ter uma bússola né para sei lá lá para e melhor na minha relação com Fulano com sicrano e assim por diante como na primeira parte também Nesta parte cartografia os poemas seguem uma ordem o primeiro poema é a chegada de um personagem na vida da narradora fala assim abre aspas Então você chegou como quem deixa cair sobre um mapa esquecido aberto sobre a a mesa um pouco de café uma gota de mel cinzas de cigarro preenchendo por descuido um qualquer lugar até então deserto Olha que bonito isso tá então Ou seja é
a entrada de alguém na vida da narradora que até então ela estava a gente entende isso solitária porque ela diz que era um lugar deserto um lugar deserto é um lugar que não tem ninguém o segundo poema vai falar então o primeiro é a chegada o segundo é a aproximação dos dois o terceiro vai falar do encontro e assim por diante sempre se utilizando da figura do mapa eu gosto eh da ideia que ela tem num poema quando a gente Dobra o mapa de papel então um lugar muito longe do Globo fica perto de outro
né Porque a gente põe os dois prontos eh além bem pertinho né então isso chega a eliminar as fronteiras ou então como coisas improváveis quando a gente faz isso podem se juntar coisas impossíveis de se acontecerem né Eh como não ela tem um uns versos que dizem né abre aspas de eh deixo depois o o mapa para secar ao sol sob a grama do Jardim sobre a grama do Jardim mas rápidas do que aviões as formigas atravessam de um continente a outro uma uma lagarta riscada eh apossou-se das coreias agora unificadas um tapete de folhas
cobre o mgu e o o rastro de uma lesma umedeceu o Atacama uma formiga enamorou-se de um vulcão claro que são coisas impossíveis né tudo isso né Eh eh são coisas impossíveis de se acontecer só quando você põe o mapa ali que as coisas acontecem preste atenção também eh porque no no no primeiro poema o mapa está aberto e no último ele está fechado mas quando você fecha a parte do mundo né onde é meio eh eh meia-noite em cima onde é meio-dia em cima de onde é meia-noite o que que acontece ela diz no
poema você ilumina os lugares mais secretos então há um otimismo né nesse encontro dos dois então eram coisas improváveis que podem acontecer né pode iluminar a terceira parte chamada visitas ao lugar comum é constituído de apenas um poema um poema um pouco mais longo que os outros com 14 estrofes numeradas tá que é só esse que vai ser numerada começa falando e em quebrar silêncios e termina com quebrar promessas para discernir os cacos entre aqueles do Silêncio quebrado ou seja de novo no final o poema retoma só que agora retoma a primeira estrofe todas as
estrofes vão começar você vai reparar com o verbo no infinitivo Como quebrar dobrar eh pagar o que dá um ritmo acelerado ao poema né é o é é o Poa que tem na minha opinião mais ritmo né as estrofes T um tamanho parecido tal é o que tem mais ritmo por fim a última parte é aquela que dá título ao livro Essa parte chama-se então o livro da semelhanças nessa parte há inclusive um poema que também se chama o livro da da semelhança então não se confunda Então tem um poema que está dentro de uma
parte que está dentro de um livro e os três se chamam o livro das semelhanças ou seja os três têm o mesmo nome tá então isso e é importante mesmo porque estamos falando o tempo todo de semelhanças coisas parecidas coisas iguais na minha opinião essa última parte é aquela mais diversa porque não parece a ver um projeto de começo meio e fim como há nas outras partes nessa parte chamada o livro da semelhanças há vários poemas muito diferentes entre si tanto eh no conteúdo como na forma eh há por exemplo Nesta parte poemas com título
outros sem título então isso já é diferente das outras Partes Tá quanto ao conteúdo eh o que predomina mesmo sendo conteúdos diversos o que predomina claro como em quase todos os livros de poema que eu já li nessa vida são os sentimentos humanos tá os sentimentos humanos os mais diferentes sentimentos tá então eh eh eu acho que eh poema e sentimento é o casamento praticamente perfeito claro que nessa parte a autora ela vai buscar mais as semelhanças né porque o título é este eh como indica né então o título seja a semelhança entre objetos entre
sentimentos seja da sua escrita isso é importante com a escrita de outros poetas como é o caso do crítico escritor Russo eh Vittor shilovsky Espero não estar falando errado que a autora cita como fonte de inspiração eh no romance chamado poema não de amor ou então uma outra eh referência ela faz com a obra do Manuel Bandeira no poema a imagem e a realidade ou ainda eh outra referência eh com a obra Epitáfio para um Centauro do poeta Russo depois naturalizado americano que é o Jeff Joseph brodsky no poema Centauro então vejam ela tá trazendo
referências semelhanças com a sua obra para dentro do seu livro em Literatura quando um escritor traz para o seu próprio trecho texto trecho de de outros eh eh textos de outros escritores ou então a ela Explicita a sua inspiração na obra de outros escritores Isso é o que chamamos de intertextualidade quando dois ou mais textos eu posso ter vários textos conversando tá dois ou mais eh textos de autores diferentes se conversa então não esqueça disso Isso chama-se intertextualidade você vai perceber que é um livro com muitas comparações muitas analogias e muitas metáforas por quê Porque
a autora ela tá o tempo todo querendo ressaltar as semelhanças que a gente eh percebe exatamente né quando nós comparamos coisas ou sentimentos Eu recomendo fortemente que Você estude essas três figuras de linguagem tá porque são essas três figuras de linguagem que aparecem muito no livro a comparação analogia e metáfora que são as figuras de linguagem que um escritor se usa quando ele quer eh falar de coisas que são semelhantes apesar de ser diversa essa parte como eu já falei o último poema ele conversa com o livro todo tá exatamente como os primeiros e os
últimos poemas das partes anteriores tá então esse esse último poema e ele ela vai mais longe né ela vai então conversar com o livro todo o último poema chama-se poema de trás paraa frente então vamos ler que ele é importante você conhecer a memória lê o dia de trás para frente acendo um poema em outro poema como quem acende um cigarro no outro que vestígio deixamos do que não fizemos como os buracos funcionam somos cada vez mais jovens nas fotografias de trás para frente a memória lê o dia eh gosto bastante desse poema eh veja
que ela faz várias comparações né acendo um poema como quem acende um cigarro no outro então o tempo todo ela tá buscando essas semelhanças mas eu gosto muito desse poema que poderia também ter sido o primeiro do livro todo né então ele está ali como o último mas na verdade ele pode podia ser o primeiro né é a memória que nos faz olhar para trás para construirmos para a frente então é sempre isso tá eu olho para trás para ir pra frente então é um movimento contínuo ao longo da vida é sobre o que fizemos
e não fizemos que vai determinar o nosso futuro então gente gosto demais dela ter terminado o livro com esse poema o livro das semelhanças apesar da falta de pontuação é um livro pequeno fácil de ler eh e a própria mudança de linha eh na estrofe facilita a compreensão você não vai ter problema nenhum de compreensão apesar da falta de pontuação E também porque ela utiliza uma linguagem muito simples uma linguagem contemporânea coloquial eh e uma estrutura sem formalismo eh como Na verdade são quase todas as obras poéticas pós modernistas né então não vai ter nem
rima e nem métrica cada verso vai ter um tamanho diferente eh cada estrofe vai ter um tamanho diferente creio que é isso se você quiser conhecer minhas crônicas eu as publico todas as terças-feiras no meu site www.mirabela.com.br se você ficou com alguma dúvida escreva aqui embaixo comente dê seu like me ajude a ripar também o canal para para o canal crescer e nós divulgarmos cada vez mais literatura no Brasil até o próximo post [Música]