Clássicos da Literatura: Cem Anos de Solidão e o estilo de Gabo - Aula com Laura Janina Hosiasson

a aula que você vai ver a seguir é parte de um curso da casa do Saber mais plataforma Educacional com mais de 1000 horas de conteúdos desenvolvidos pelos melhores professores do país quer conhecer então clique no link que tá abaixo do título desse vídeo assine agora e tem acesso a outras aulas desse curso e também a um mundo de conhecimento Eu sou Laura Janina Jon Sou professora da Faculdade de Filosofia letras de cias humanas da Universidade de São Paulo onde iono desde 2002 Literatura hispano-americana e v vou conversar com vocês a respeito do romance de

Gabriel Garcia Marques 100 anos de solidão eu pensei em Três blocos um primeiro bloco em que vou apresentar o escritor o escritor dentro do contexto hispan americano onde ele surge na metade do século XX eh depois um pouco eh falar da do processo de criação deste romance dos aspectos ligados à procura de um tom de uma linguagem eh e finalmente neste primeiro bloco falar do impacto que foi eh a publicação de 100 anos de solidão em 1967 no segundo bloco vou falar da estrutura do romance e num terceiro momento de um modo bastante Geral de

certas temáticas de certos aspectos eh inclusive que ligam e que respondem a pergunta de por eh ler sem anos de solidão hoje o que que significa ler esse romance hoje então vamos lá eh Garcia Marques é colombiano nasce em 28 na cidade de aracataca Essa cidade é na verdade uma aldeia um lugar muito pequeno onde a família tinha se eh Se instalado e ele sabe-se que o romance este romance que é cumbre que é culminação da obra dele eh está fundado nessas experiências eh dessa Aldeia onde ele nasceu da qual ele saiu muito pequeno mas

da qual recebeu relatos dos familiares dos avós da mãe da avó do avô e todo esse conjunto de seres da família a casa a aldeia estão no âmago deste romance quer dizer estamos falando de um eh escritor que vai à procura de elementos da própria biografia para se perguntar sobre sobre o mundo né E para se lançar eh como escritor como escritor n é ele ele foi incorporando a experiência como jornalista que foi muito longa ele Inclusive durante um longo tempo até que ele se colocou como um dos primeiros escritores no cenário mundial a viver

e muito bem da produção antes disso ele foi ao mesmo tempo jornalista e escritor mas sempre focado nessa procura da resposta de perguntas que tinham a ver com o local de nascença e E esse local sendo eh um mostruário da Colômbia a Colômbia sendo também uma ideia da América Latina em última instância e daí já vou adiantando em última instância essa ideia de América Latina trabalhada como uma ideia do mundo né Por isto e daí uma das razões do livro ser o bestseller que é até hoje não só na América Latina ele tinha esse tema

ele ele ele fala disso em várias eh em várias entrevistas ele queria falar da história desse povoado a história dessa família nesse lugar porque lhe pareciam emblemáticos da história colombiana uma história sabe--se né como vocês sabem marcada pela violência desde sua gestação eh todo o século XIX foi cenário de de de sangrentas lutas políticas entre conservadores e liberais sangrentas milhares morreram em 28 no ano em que ele nasce se dá uma revolta muito important em Bogotá que significa uma uma um uma ação eh de de de massacre né morreram 800.000 pessoas 800 ou 1000 pessoas

enfim é a história da Colômbia está marcada Até recentemente por por uma um senfim de eh lutas e Car oficinas políticas eh diga-se de passagem e não é pouca coisa nessas nesses enfrentamentos entre liberais né e conservadores conservadores ou seja eh um pessoal Eclesiástico de mãoa não é contra eh uma turma liberal anticlerical de reforma sociis sempre foi pautada pelo domínio conservador foram sempre os conservadores isto está no romance isto está na obra né as 32 lutas de Aureliano buendia um dos personagens foram sempre fracassadas né a ideia de um liberalismo que pula sempre mais

que está fadado a perder a parada né então é essa Colômbia essa Colômbia violenta que comparece na obra de Garcia márquez e também de muitos outros autores né do colombianos e à procura dessa dessa dessa temática ele foi tentando escrevendo desde 1955 contos pequenos romances la hojarasca eh em 55 até em 62 la mala hora nãoé eh textos em que ele procurava uma forma era um escritor à procura de uma forma uma escritor à procura de um tom eh e sempre em satisfeito né os os os contemporâneos os amigos do do do momento né entre

os quais está Carlos Fuentes Octavio paz Vargas lossa eh cortazar todos eles lembram eh do da insatisfação permanente do do do do autor com relação ao que ia escrevendo alguma coisa estava por por nascer que ele ele não ele estava parindo não é eh durante longos anos sem conseguir dar a luz digamos assim até que a leitura de certos de certas obras que caíram no colo dele em especial eh o breve romance de Juan rulfo o mexicano a leitura do funner lhe deu diz ele lhe deu a a chave lhe abriu a porta eh conta

a lenda que ele Então já exilado no México com a mulher e os filhos fechou-se num quarto por seis meses que se prolongaram por 1 ano e meio ao cabo dos quais esse esse ano e meio ao cabo do tempo ao cabo do qual ele saiu com livro o livro pronto mandou pro editor foi publicado como eu digo em 1967 em Buenos Aires este este escritor que era uma promessa um escritor que tinha ganhado prêmios eh mas que era uma promessa era um rapaz um rapazote não tinha não tinha 40 anos do da noite pro

dia se transforma naquele pão que entra no forno e dá certo Deu certo até até o ponto de começar a ser reditado semanalmente no primeiro ano se editam se esgotavam as edições semanalmente começou a ser traduzido eh e caiu no colo e no gosto absolutamente de todos foi uma espécie de unanimidade e a unanimidade vocês sabem que é perigosa unanimidade completa de público de críticos de de comparsas de outros escritores a que se pensar que os anos 60 foi foram os anos do Boom e é importante localizar este Romance no final desses anos 60 já

caminhando pro final então tinham sido eh publicados vamos lembrar o jogo da amarelinha do do cortar né de 63 o Paradiso do cubano lama Lima de 66 A Casa Verde né do do do do Vargas deossa além da da cidade os cach cachorros não é eh tristes três tristes tigres do cabreiro Infante no mesmo ano de 67 e surge este livro dentro desse Boom Como já foi dito como um Boom dentro do Boom porque se bem esse esse núcleo de romances com outros que passaram menos apercebidos mas que digamos encorpam esse grupo de romances que

estava transitando para fora das fronteiras do do do universo latino-americano incluído Guimarães Rosa aí eh este romance trazia uma novidade trazia uma novidade que consistia em recuperar uma forma clássica de narrar um narrador absolutamente clássico clássico o narrador das 1 noites o o narrador de apoi o narrador das dos romances de Cavalaria E por que que isto era uma novidade porque nos anos 60 Este grupo este leque de novos Narradores de jovens escritores latino-americanos eh procurando falar da América Latina pro mundo de um modo absolutamente novedoso se apropriaram de formas eh de formas h de

narrar da Vanguarda né do chamado novor Romão francês né de técnicas narrativas de última hora que consistiam em atrapalhar os tempos atrapalhar a os espaços em atrapalhar digo dificultar né transformar o que era uma linearidade no século XIX um narrador que narrava de cabo arabo cronologicamente eles eles atrapalhavam essas formas procurando com a forma dizer mais ainda mas o que que acontecia esses romances eh de grande poder romances excelentes que até hoje são um prazer eh de leitura implicam né demandam um leitor com uma certa bagagem eles oferecem uma dificuldade que o leitor chamado comum

o leitor que não é assíduo a as últimas novidades que não tem nenhuma noção de teoria literária eh encontra Esse leitor encontra grandes dificuldades então eram romances eh de Elite né eram romances eh de para professores para alunos de universidades nãoé eh para editores para outros escritores ao passo que este romance quer dizer a chave que o Garcia Marques tinha encontrado e que não se encontram nos seus primeiros textos os seus primeiros textos também exploravam formas e técnicas narrativas aqui ele optou por usar um narrador chamado o que se chama Olímpico um narrador com pleno

domínio ele entrega o que ele tem que entregar sem nenhum artifício não é usando-se de uma linguagem muito enxuta contra a tendência do espanhol de se espraiar né em frases um tanto rocambolescas Este foi um cuidado Este foi um trabalho árduo do autor encontrar uma linguagem simples não erud não há uma menção a nenhum autor H nenhum teorema é uma linguagem singela que rola que vai e que engole o o leitor o leitor mais menos erudito fica completamente absorvido pelas peripécias que começam a acontecer desde a primeira página né e aqui eu faço um parêntese

da minha própria história de leitura e este o tipo de romance não é um único mas é o tipo de romance eh do qual a maioria dos leitores lembram a primeira vez que eu leram eu tipo quando foram absorvidos assim como eu fui eu tinha quase 16 anos não foi em 67 que eu li lembrem-se que em 67 não havia internet e para o o os Liv livros saírem né dos lugares de geração eles tinham que ir de boca em boca tinham que tinham um tempo para crusar a Cordilheira para se para ir ir né

E este romance chegou ao Chile de onde eu sou eh nas minhas mãos em 72 71 72 no verão de 71 eu lembro perfeitamente que eu não consegui sair da cama quando eu comecei a ler de manhã né Eh E o que mais me chamava atenção eu já estava lendo os autores do Boom foi justamente essa absoluta esse absoluto despojamento de dificuldades técnicas eram voltar a ler e voltar a sentir que a literatura não era séria séria não era politizada não era necessariamente engajada ela podia ser de novo um simples contar histórias contar histórias contar

histórias Cada uma mais mirabolante do que a anterior mas esse contar histórias e esse fluir da peripécia neste romance eh vem acompanhado de um tom que vai lá no baixo de digamos se a gente pensar num tom musical é um Moto Contínuo que tá que tá plenamente consciente de uma historiografia latino-americana de uma história da Colômbia de uma história da América Latina e uma um um viés e um olhar trágico dessa história já L disse né acabei de dizer na Colômbia os liberais Garcia Marques era um liberal os liberais sempre perdiam a parada né sempre

os conservadores avanando um pouquinho mais quando os liberais ganhavam algum espaço era com muitas né concessões ao aos formalismos da da da direita digamos né é um romance em que a história da chegada do naquela época era um chavão importante hoje se perdeu um pouco a chegada do imperialismo yanke o imperialismo norte--americano com e os monopólios dos bens primários no caso aqui da banana na Colômbia do açúcar eh em Cuba né dos Minérios em toda a América Latina com um é uma era uma chegada com uma aparência de Bonança de muito dinheiro rolando mas que

deixava depois que ia embora depois que a banana perdeu o peso eh de econômico no mercado internacional essas entradas do dinheiro e e dos dólares americanos saía como vinha e deixava um império de Desolação um território completamente de terra arrasada tudo isto está nesse romance quer dizer é um romance com diferentes camadas de leitura isto já foi muito dito a respeito dele né uma das camadas é essa entrada de um narrador que parece saído da odisseia né um narrador Como eu disse que debitar das 1 uma noites que vai entregando uma e outra peripécia acontecem

coisas absolutamente vamos falar disso absolutamente mirabolantes faz um p pao com o leitor um pacto que em teoria se chama o pacto de eh de perda da descrença você começa a ouvir todo tipo de eh de verossimilhança E essas inverossimilhança certa dinâmica interna né então quando por exemplo remédios labia que parece uma deusa aliás muitos desses protagonistas parecem Deuses ela é uma deusa da Beleza ela é uma Afrodite ela é tão bela que ofusca o olhar de quem a vê ela é tão bela que a avó a a cobre e deixa ela sair somente para

ir pra igreja para que ninguém a veja porque vai ser um cataclismo se ela for vista e esta moça chegado um momento ela está agitando um lençol e de repente com vários personagens à sua volta ela se eleva com lençol se eleva se eleva se eleva e sai do da cena ela ela sai e o leitor A essas alturas isto acontece bem no meio do romance já está completamente embarcado nessa série de de eventos absolutamente maravilhosos que marcam o o o romance né como eu disse então retomando Eh antecedentes né Aos quais ele foi vocês

vejam como em arte o A Novidade tem a ver com a retomada às vezes das coisas mais arcaicas ele contra toda a onda de novidades técnicas ele achou ele achou a solução para ele na retomada desse narrador das Uma Noites em que toda hora num que feito uma caixas chinesas vai saindo com um novo personagem Uma Nova História e uma nova história e uma nova história né os romances de Cavalaria tem essa essa pegada certas passagens do Dom quichote não é eh o rabolé n no sentido também de que ele optou pelo que em Literatura

se chama de hipérbole quer dizer quando as características de uma situação ou de uma personagem são levadas a a ao seu a sua potência máxima falando em potência por exemplo nós temos vários dos membros dos membros da família buendia que tem proporções absolutamente desde que nascem a própria mãe quando vê o neném nascer fala Nossa o que que é isso né E tem eles têm uma potência sexual hiperbólica absolutamente as moças também né aliás Isso é alguma um aspecto do tudo que eu li sobre o o romance nós não vamos tratar dele mas é um

aspecto eh que tem se deixado de lado o erotismo em e em 100 anos de solidão é hiperbólico então todas as relações são muito sexuadas e o sexo não é simples eh é aquele que eh destrói móveis arranca paredes entende eh os dois rolando dias meses esquecendo-se do tempo isto se dá muito recorrentemente nas relações amoroso afetivas não é eh A então é um romance de aventuras e nesse sentido para terminar este bloco o romance trazia em 1967 a possibilidade da volta da aventura a possibilidade de que o leitor abrindo uma um romance pudesse se

perder se esquecer do aqui agora ah da mão de um narrador que iria transportá-lo eh por mundos por mundos absolutamente impossíveis né mas que estavam de um modo alegórico de um modo referente atrelados à história latinoamericanas a história da Colômbia a história desse lugar que não é mais aracataca do Garcia Marques mas é essa cidade inventada né já inventada antes de 100 anos de solidão que é macondo né então esta era a grande novidade que este romance trazia em 1967 ficou com vontade de ver o curso completo as próximas aulas estão disponíveis na casa do

Saber mais para você assistir onde quando e como quiser clique no link que tá na descrição e no primeiro comentário desse vídeo e assine agora mesmo para ter acesso ilimitado a esse e outros cursos do catálogo