[Aplausos] Oi meu nome é Sabrina e eu era enfermeira em uma casa de repouso aqui em São Paulo trabalhava no turno da noite e já vi de tudo por lá a casa era daquelas antiga daquelas que tem um ar meio Sombrio com longos corredores e quartos Onde viviam os idosos que cu o prédio deveria ter mais de 50 anos e era marcado pelo tempo as paredes eram um pouco descascadas as janelas rangiam ao menor vento e os pisos de madeira faziam barulhos que ecoavam pelos corredores vazios durante a noite a maioria dos residentes eram pessoas
solitárias que não recebiam muitas visitas infelizmente muitos deles foram deixados ali pelas famílias que visitam a apenas em datas comemorativas se é que visitam eles acabavam encontrando na equipe de enfermagem o único contato humano constante eamos o possív para a eles um Pou de conforto e minha not era relativamente tranquila mas exigia atenção durante a noite faz rondas para vericar se esta tudo bem com os residentes se precisavam de algo ou se estavam descansando como deveriam as rondas são importantes principalmente porque à noite a casa de repouso assume uma atmosfera diferente os corredores que durante
o dia são movimentados e barulhentos à noite se transformam em longos túneis de silêncio e sombras confesso que às vezes o silêncio da noite e a Escuridão dos corredores me deixavam um pouco inquieta não é só o prédio em si mas também as histórias que os residentes contavam histórias de pessoas que viveram há muito tempo mas que pareciam nunca terem deixado o lugar já ouvi relatos de colegas que juram ter visto figuras estranhas pelos corredores ou ouvido sussurros vindo de quartos vazios No início eu não dava muita bola para essas histórias achava que era só
fruto da imaginação do cansaço ou da solidão que o turno da noite traz mas com o tempo comecei a entender que a casa de repouso a seus próprios Segredos nas noites mais silenciosas é comum sentir uma presença como se alguém estivesse por perto mesmo quando não há mais ninguém no local é difícil de explicar mas é como se o prédio com toda a sua história e os muitos anos de vidas passadas ali tivesse uma espécie de memória e essa memória às vezes se manifesta de maneiras que não conseguimos entender era uma noite enquanto eu fazia
minha Ronda como de costume conferindo os quartos dos residentes quando cheguei perto do quarto do seu Vicente notei algo diferente a luz do abajur estava acesa o que já era esquisito já que ele sempre gostava de dormir no escuro e geralmente já estava em sono profundo a essa hora seu Vicente era um dos residentes mais calmos e discretos ele quase não recebia visitas e falava muito pouco sobre sua vida antes de chegar à Casa de Repouso a única coisa que ele sempre mencionava com um olhar triste e saudoso era sobre sua falecida esposa Maria o
amor que ele tinha por ela era Evidente era raro ele falar de outra coisa e embora fosse uma pessoa de poucas palavras os poucos momentos em que ele abria o coração eram sempre para falar de como sentia falta dela ao me aproximar da p entreaberta percebi que ele não estava dormindo estava deitado mas acordado olhando para algo que eu não conseguia ver do Corredor achei que fosse alguma coisa normal Talvez ele estivesse com insônia ou apenas pensativo mas a luz acesa me deixou um pouco intrigada Então decidi entrar no quarto para ver se ele precisava
de algo assim que entrei notei que ele olhava fixamente para o lado onde havia uma cadeira ao lado da cama fiquei um pouco mas não vi ninguém a cadeira estava no mesmo lugar de sempre vazia seu Vicente o senhor está bem perguntei tentando não parecer preocupada mas ele não respondeu de imediato continuou olhando para o canto como se houvesse alguém ali me aproximei mais e só então ele desviou os olhos para mim ela estava aqui ele disse com a voz calma mas com um toque de emoção quera Maria estava aqui agora fiquei parada por um
segundo sem saber o que dizer achei que fosse a saudade apertando uma lembrança forte da esposa que ele tanto amava mas havia algo na maneira como ele falou algo que me deixou inquieta seu Vicente não parecia confuso não parecia alguém com a mente perdida nas memórias ele falava com a certeza de quem acabou de ver alguém muito próximo não sabia como reagir então apenas sorri e fiz o que sempre faço nessas situações perguntei se ele queria alguma coisa para ajudá-lo a dormir ele negou com um leve aceno de cabeça e voltou a deitar agora com
um olhar mais tranquilo fiquei mais um tempo no quarto apenas observando para ver se ele relaxava quando saí não conseguia tirar a sensação estranha de que havia algo mais naquela sala algo que eu não conseguia ver depois daquela primeira noite em que seu Vicente mencionou ter visto sua falecida esposa Maria comecei a notar um padrão inquietante todas as noites quando eu fazia minhas rondas a porta do quarto dele estava entreaberta o que era estranho Já que antes disso ela sempre ficava fechada Além disso o abajur Estava sempre aceso mesmo que eu soubesse que ele preferia
dormir no escuro toda vez que eu passava pelo quarto lida a entrar e verificar se estava tudo bem Não sei se era por preocupação com seu Vicente ou por uma curiosidade crescente sobre o que estava acontecendo ali ao entrar encontrava o sempre acordado deitado na cama olhando para a mesma cadeira ao lado da cama Como se Esperasse algo sem falhar ele me olhava e comentava sobre Maria ela esteve aqui Sabrina veio me ver de novo ele dizia com uma serenidade que me deixava desconfortável era como se ele estivesse falando de algo completamente natural como se
fosse normal a esposa falecida aparecer para visitá-lo todas as noites comecei a perceber que essas visitas de Maria aconteciam sempre no mesmo horário uma da manhã toda a noite sem exceção quando o relógio batia 1 hora eu encontrava a porta do quarto entreaberta e o abajur aceso e o seu sente sempre com aquele mesmo olhar distante esperando por algo ou alguém as primeiras vezes achei que pudesse ser uma coincidência ou que ele simplesmente estava tendo dificuldades para dormir e acabava despertando naquele horário mas com o passar dos dias a repetição exata desse padrão começou a
me inquietar era como se algo realmente estivesse Acontecendo algo que eu não conseguia ver mas que o seu Vicente viv todas as noites o clima na casa de repouso durante as noites começou a ficar mais pesado para mim não era apenas o silêncio ou a escuridão dos corredores Mas a sensação constante de que havia algo ali que eu não podia explicar e toda vez que eu olhava para o quarto do seu Vicente com a porta entreaberta e o abajur aceso sentia um calafrio sentindo uma presença invisível era mais uma noite de plantão e Como já
havia se tornado um hábito quando o relógio se aproximou de uma da manhã eu me preparei para passar pelo quarto do seu Vicente já estava me acostumando a encontrar a porta entreaberta e o abajur aceso mas naquela noite Havia algo diferente a sensação estranha que eu sempre sentia estava mais forte como se algo de fato fosse acontecer quando cheguei ao corredor do quarto dele vi que a porta estava mais uma vez entreaberta mas dessa vez antes de entrar algo me chamou a atenção através da fresta vi uma mulher sentada na cadeira ao lado da cama
do seu Vicente ela estava de costas para mim mas o que me chamou a atenção de imediato foi o vestido vermelho que ela usava um contraste marcante com o ambiente escuro e silencioso do quarto meu coração começou a bater mais rápido Sabia que não deveria haver visitas naquele horário ainda mais alguém que eu nunca tinha visto antes Quem seria Aquela mulher e por que estava ali no meio da madrugada decidi entrar no quarto tentando manter a calma quando abri a porta com cuidado o ranger da Madeira pareceu Ressoar mais alto do que o normal mas
a mulher não se moveu ela continuava sentada acariciando o cabelo do seu Vicente como se eu não estivesse ali com licença chamei tentando suar firme a senhora precisa de alguma coisa a mulher não respondeu nem sequer virou a cabeça o silêncio naquele momento foi total e a sensação de que algo estava terrivelmente errado aumentou não era normal uma visitante ignorar completamente uma enfermeira ainda mais em um horário tão Improvável comecei a me aproximar dela o coração batendo forte com a sensação de que algo iria acontecer Foi então que que do nada a porta do quarto
se fechou sozinha não foi um barulho forte mas o suficiente para me fazer pular de susto virei-me para a porta tentando entender como Aquilo tinha acontecido já que não havia corrente de ar e eu não tinha fechado a porta quando voltei o olhar para a mulher ela já não estava mais lá o que antes parecia ser uma presença sólida e real havia simplesmente desaparecido meu coração parou e por um momento fiquei paralisada tentando processar o que tinha acabado de acontecer olhei para o seu Vicente esperando que ele estivesse tão confuso quanto eu mas ao contrário
ele parecia tranquilo quase Sereno com um sorriso suave Ele olhou para mim e perguntou Você viu a Maria minha esposa ela vem me ver todas as noites aquela pergunta me deixou sem palavras eu não sabia o que responder o que eu havia visto era real ou será que era apenas uma Alucinação de alguém que estava cansada demais mas ao olhar nos olhos de seu Vicente percebi que para ele aquilo era a mais pura verdade e naquele momento eu soube que algo muito além da compreensão estava acontecendo naquele quarto os dias que se seguiram aquela noite
foram todos iguais a cada plantão quando o relógio marcava uma da manhã eu fazia minha Ronda até o quarto do seu Vicente e encontrava a mesma cena a porta entreaberta o abajur aceso e a sensação de que algo mais estava presente naquele quarto eu não voltava a ver a mulher de vestido vermelho Mas a sensação de que ela estava ali de alguma forma nunca me deixou toda a noite quando eu entrava o seu Vicente estava acordado sempre calmo sempre Sereno ele continuava a me falar sobre Maria como se ela estivesse realmente ali com ele cuidando
dele nas horas mais solitárias aquilo se tornou parte da minha rotina um mistério que eu já não questionava mais mas apenas aceitava como parte da realidade daquele lugar essa rotina continuou por alguns meses parecia que aquilo jamais mudaria mas então seu Vicente adoeceu De repente sua saúde que até então estava relativamente estável começou a se deteriorar ramente ele foi transferido para um hospital onde ficou internado Foi estranho chegar para o plantão e não encontrá-lo no quarto sem a luz do abajur sem a porta entreaberta o quarto parecia mais vazio e frio do que nunca depois
que ele foi internado nunca mais soube o que aconteceu com ele eu não tinha contato com a família e as informações não chegavam até mim só sei que a partir daquele momento as noites na casa de repouso mudaram o mistério que cercava o quarto de seu Vicente desapareceu junto com ele nunca mais vi ou senti nada de estran durante as rondas a casa voltou a ser apenas um lugar antigo e silencioso sem as presenas inexplicáveis que antes me acompanhavam continuei trabalhando na casa de repouso por mais alguns anos mas a experiência que tive com seu
Vicente me marcou profundamente nunca mais duvidei das coisas que não podemos ver ou explicar elas estão lá esperando para se mostrar a quem estiver disposto a acreditar eventualmente consegui um novo emprego em outro hospital mas nunca me esqueci do que vivi naquela casa de repouso às vezes ainda penso no seu Vicente e na Maria e me pergunto se onde quer que ele esteja ela continua a visitá-lo todas as noites cuidando dele como fazia naquelas Noites em que eu testemunhei algo que nunca mais vou esquecer isso aconteceu há muitos anos quando eu ainda era uma enfermeira
relativamente nova na UTI Neonatal de um hospital aqui em São Paulo naquela época a escala de horários das Enfermeiras era diferente do que é hoje eu trabalhava apenas durante o dia em turnos que apesar de intensos eram regulares e previsíveis estava acostumada à rotina de urna onde o ambiente era agitado com médicos e famílias circulando constantemente pelos corredores o turno da noite por outro lado sempre me pareceu um mundo à parte silencioso e repleto de uma Calma inquietante foi nesse cenário que surgiu uma oportunidade de mudança o hospital estava precisando de enfermeiras para cobrir os
plantões noturnos E como eu estava precisando de um dinheiro extra me ofereci para a vaga o turno da noite pagava melhor e o acréscimo no salário viria em boa hora eu não tinha muita experiência com o turno da noite Mas pensei que seria uma boa oportunidade para aprender algo novo e melhorar minha situação financeira a decisão parecia simples Afinal cuidar dos bebês durante a noite não deveria ser tão diferente do que eu já fazia durante o dia além disso eu estava confiante nas minhas habilidades e acreditava que a adaptação seria tranquila porém o que eu
não esperava era que o ambiente noturno fosse tão diferente do que eu estava acostumada logo nas primeiras noites percebi que havia algo mais naquele turno algo que não era apenas o silêncio ou a escuridão dos corredores nas noites o hospital se transformava a UTI Neonatal que durante o dia era um lugar de correria e cuidados intensos a noite se tornava um espaço de reflexão onde o silêncio era quebrado apenas pelo som constante dos monitores e do ar-condicionado o ambiente normalmente tão cheio de vida assumia um ar quase misterioso como se algo estivesse escondido nas sombras
esperando para se revelar foi nesse novo turno que comecei a sentir uma certa inquietação uma sensação que não conseguia explicar completamente algo não ar parecia diferente e por mais que tentasse ignorar aquilo continuava a me incomodar naquela noite eu já estava começando a me acostumar com o ritmo do plantão noturno na UTI Neonatal o silêncio era quase absoluto quebrado apenas pelo som dos monitores que acompanhavam cada batida de coração dos o turno da noite tinha uma calmaria que eu não encontrava durante o dia mas também trazia uma sensação diferente como se o ambiente tivesse outra
energia durante o plantão um dos bebês que estava em estado crítico exigia atenção constante eu estava monitorando de perto o seu estado preocupada com qualquer alteração que pudesse ocorrer enquanto verificava os monitores algo chamou minha atenção da UTI vi uma figura parada ao lado do berço daquele bebê era uma mulher usando um uniforme igual ao das Enfermeiras no primeiro momento achei que fosse uma colega de trabalho alguém que também estivesse de plantão e estivesse ali para ajudar fui até ela para perguntar se precisava de algo ou para discutir o estado do bebê mas algo na
postura dela me incomodou A mulher estava imóvel olhando fixamente para o bebê quase como se estivesse ou completamente absorvida em pensamentos quando me aproximei o suficiente ela finalmente levantou os olhos e me encarou o olhar dela era intenso Quase vazio e por um momento me senti desconcertada como se estivesse sendo analisada de uma maneira que nunca havia experimentado antes tentei falar perguntar se ela precisava de ajuda ou se havia algo errado mas a mulher não disse nada apenas a sem expressão por alguns segundos que pareceram uma eternidade de repente ela se virou e saiu andando
lentamente pelo Corredor da UTI fiquei ali parada sem saber o que pensar Aquilo me deixou desconfortável mas tentei racionalizar pensando que talvez fosse uma colega que eu ainda não tinha notado antes Talvez uma enfermeira nova ou alguém que estivesse concentrada em seu trabalho e não quisesse conversar a cena foi estranha mas não cheguei a pensar muito sobre isso naquele momento voltei a me concentrar no bebê em estado crítico tentando tirar aquela imagem da minha cabeça era meu primeiro plantão noturno e a última coisa que eu queria era deixar a mente pregando peças decidi que era
melhor focar no meu trabalho e deixar aquela sensação de lado Afinal a noite ainda estava só começando na noite voltei para o meu plantão na UTI Neonatal ainda com a imagem da mulher do turno anterior na cabeça a UTI estava como sempre silenciosa e o clima pesado que parecia pairar no ar Me acompanhava desde o início da noite tentei afastar a sensação estranha que ainda me incomodava focando no Cuidado dos bebês principalmente naquele que estava em estado crítico por volta da mesma hora da noite anterior enquanto eu fazia minha Ronda notei a presença dela novamente
a mesma mulher estava parada ao lado do berço do beb em estado grave imóvel exatamente como na noite anterior dessa vez porém eu estava mais atenta algo dentro de mim esperava por aquilo mesmo que eu tentasse me convencer de que era apenas uma coincidência me aproximei devagar observando-a com mais cuid Foi então que percebi o crachá preso ao uniforme dela o nome estava claramente visível Carla o nome me parecia familiar mas não conseguia lembrar de ter visto uma colega com esse nome antes talvez ela fosse nova na equipe ou talvez estivesse cobrindo algum turno Extra
mas algo me dizia que havia mais nessa história quando cheguei perto o suficiente a mulher fez o mesmo que na noite anterior levantou o olhar e me encarou com aqueles olhos vazios que pareciam atravessar minha alma não disse nada apenas me olhou por alguns segundos antes de se virar e sair andando pelo corredor o som dos Passos dela desaparecendo no silêncio da UTI foi perturbador como se algo estivesse fora do lugar mas eu ainda não conseguia entender o que era achei tudo aquilo estranho muito estranho mas o bebê precisava de cuidados e eu não tinha
para pensar demais naquilo voltei a me concentrar no trabalho ajustando os monitores e conferindo os sinais vitais havia algo no ar que eu não conseguia definir uma sensação de que algo estava prestes a acontecer mas naquele momento O importante era garantir que meus pequenos pacientes estivessem Seguros enquanto trabalhava a imagem de Carla com seu olhar vazio e aquele crachá pendurado no uniforme na minha mente quem era ela e por eu nunca a tinha visto antes mesmo trabalhando no mesmo setor mas ao mesmo tempo a urgência do trabalho na UTI me puxava de volta para a
realidade e eu tentava me concentrar no que precisava ser feito mais uma vez tentei afastar as perguntas que surgiam na minha cabeça o trabalho na UTI era difícil o suficiente e a última coisa que eu precisava er ir com pensamentos que naquela hora pareciam não ter resposta no entanto algo dentro de mim sabia que aquilo não era normal eu sempre fui uma pessoa reservada daquelas que conversam com as colegas apenas o necessário por isso apesar de já estar trabalhando na UTI Neonatal durante algumas semanas no turno da noite não tinha feito muitas perguntas sobre Quem
era Quem estava focada no trabalho nos cuidados intensivos que os bebês e não me envolvia muito nas conversas informais talvez por isso nunca tinha perguntado antes sobre Carla a enfermeira que vi duas vezes ao lado do bebê em estado crítico naquela noite durante um breve intervalo Decidi ir até a copa para tomar um café eu precisava de algo para me manter Alerta já que a noite estava sendo particularmente difícil quando entrei vi algumas colegas sentadas conversando baixinho Eu não conhecia bem nenhuma delas mas uma enfermeira chamada Marcela estava lá e por algum motivo senti que
ela poderia responder à pergunta que não saía da minha cabeça me aproximei tentando parecer casual mas a verdade é que estava ansiosa para entender o que estava acontecendo com o café em mãos Aproveitei uma pausa na conversa e tentando parecer natural perguntei Marcela Você conhece uma enfermeira chamada Carla eu vi trabalhando na UTI durante a noite cuidando daquele bebê em estado grave assim que mencionei o nome de Carla o que aconteceu em seguida me pegou completamente de surpresa a Copa que antes estava cheia de murmúrios e risadas baixas ficou em um silêncio absoluto todas as
enfermeiras Pararam o que estavam fazendo e me olharam algumas com expressões de choque outras de preocupação o silêncio se Estendeu por alguns segundos Mas pareceu uma eternidade Marcela que até então estava tranquila ficou visivelmente desconfortável Ela trocou olhares com as outras como se estivesse tentando entender se o que eu disse era real ou algum tipo de piada finalmente ela quebrou o silêncio com a voz baixa e cautelosa Júlia Carla era uma das nossas começou ela medindo as palavras ela trabalhava aqui na UTI sempre no da noite era uma enfermeira excelente cuidava dos casos mais graves
com uma dedicação incrível mas Carla Carla morreu há poucas semanas eu senti um frio subir pela minha espinha morreu consegui perguntar minha voz saindo quase como um susur mas eu a vi Marcela vi o nome dela no crachá ela estava cuidando do bebê Marcela respirou fundo antes de continuar Carla estava vindo para o plantão noturno como o que você faz agora ela sofreu um acidente de carro no caminho não sobreviveu a vaga Que você preencheu Júlia foi a vaga dela meu coração disparou eu sabia que não estava imaginando coisas tinha visto Carla com meus próprios
olhos sentindo sua presença tão real quanto a de qualquer outra colega mas ao mesmo tempo Sabia que não havia como aquilo ser possível ninguém na Copa parecia saber que dizer as outras enfermeiras continuavam em silêncio algumas desviando o olhar outras Apenas me encarando tentando processar o que eu tinha contado ninguém até então tinha falado sobre ver o fantasma de Carla Talvez eu fosse a primeira ou talvez as outras apenas tivessem medo de admitir voltei para o meu plantão com a cabeça cheia de perguntas mas com uma certeza assustadora Carla de alguma forma ainda estava lá
cuidando dos bebês que ela tanto amava e eu eu fui a única a perceber continuei trabalhando na UTI Neonatal por mais algum tempo mas aquela experiência me marcou profundamente sempre que passava pelo berço do bebê que Carla cuidava senti um arrepio como se ela estivesse ao meu lado ainda zelando pelos pequenos pacientes que deixara para trás não sei explicar o que aconteceu ali mas sei que às vezes o Amor e a dedicação pelo que fazemos podem transcender as barreiras da vida e da Morte e para mim Carla nunca deixou de ser parte daquela UTI mesmo
depois de tudo