O versículo três diz assim: "Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo." E, para não ser redundante, também há sete bem-aventuranças em Apocalipse, tá? Se você depois pegar a sua Bíblia e sublinhar todas as vezes que disser "bem-aventurado", você vai somar sete vezes também. Então, aqui já temos, né, de cara, nesses primeiros três versículos, um bom resumo, eu diria, de toda a teologia do Apocalipse. Porque a teologia do Apocalipse é sobre Jesus; é a revelação de Jesus Cristo. Essa revelação
foi dada de uma forma especial, não é conforme outras revelações dadas antes, porque é uma revelação apocalíptica que usa símbolos, que usa imagens, que usa cenas impressionantes. Ela é sui generis nesse sentido, mas é uma revelação de Deus à qual Ele quis dar desta maneira sobre o que trata, né, as coisas que em breve devem acontecer. Que também tem essa ideia de que o que tem que acontecer vai ser em breve ou sem demora, né. Jesus virá, Ele cumprirá Seus propósitos, mas é importante lembrar, né, que isso tudo já vem acontecendo desde aqueles dias lá
do passado, quando João recebeu do Senhor em Patmos essa revelação e mandou de forma escrita para aqueles irmãos que moravam naquelas cidades, que a gente já vai saber daqui a pouquinho quais eram. E então, trata-se, né, de um testemunho; trata-se de algo que é um legado. É interessante até que você vê uma espécie de cadeia de transmissão, né? Porque olha: revelação de Jesus Cristo, mas que Ele recebeu do Pai. Então, primeiro é Deus, o Pai; de Deus, o Pai, para Deus, o Filho; de Deus, o Filho, para quem? Para o anjo. O anjo aparece antes.
Do anjo, para quem? Para João. O anjo vai até João e diz: “Está aqui, olha aqui, assista e escreva.” De João, para quem? Para os servos. O que é que está sendo transmitido? Que legado é esse que passa de Pai para o Filho, do Filho para o anjo, do anjo para João, de João para os servos? É justamente o legado da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo. Esse é o grande conteúdo do Apocalipse: Palavra de Deus e testemunho de Jesus Cristo. João, então, recebe isso e diz: "Confirmei atestado". Por que ele confirmou?
Porque João é uma testemunha ocular desses fatos, desses eventos. É assim que ele começa a primeira carta, né? “Aquele que nós vimos, aquele que nós tocamos, que os nossos olhos viram.” Os seus olhos não foram; as nossas mãos não tocaram. Você não estava lá, né? Você está sentado no banco 44. Lembre-se sempre disso, né? Quem tocou, quem apalpou, quem viu foram Pedro, João, Tiago, Felipe, Bartolomeu. Então, são os primeiros discípulos; eles receberam este legado, foram testemunhas oculares. Olha a palavra aí: testemunhas, né? “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas
em Jerusalém, na Judeia e Samaria, até os confins da terra.” É o legado do testemunho. Jesus deu o testemunho, nós recebemos esse testemunho, vamos para o mundo e dizemos: “Aqui está o testemunho” e aguentamos as pancadas que vierem por causa disso. E ficamos firmes nisso até o final. Essa é a ideia de Apocalipse. Por isso que o verso 3 diz: “Bem-aventurado”. E aqui preciso fazer uma pequena correção, mas eu não estou corrigindo a Bíblia, tá? É só corrigindo a tradução, porque a tradução aqui tem um equívoco, né? Porque ela coloca assim, no plural: “Bem-aventurados aqueles
que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia”. Traduções mais recentes, como, por exemplo, a Nova Almeida Atualizada, que é uma atualização desta versão que nós usamos, já tem isso corrigido. Apropriado, fala assim: “Bem-aventurado aquele que lê e aqueles que ouvem.” Porque, eh, o primeiro aqui é um indivíduo só, é singular: “Aquele que lê”, e os outros aqui estão no plural: “Aqueles que ouvem”. Como é que pode isso? Por que isso? Bom, é exatamente o que está acontecendo agora aqui. Quem está falando? Somente eu, um só. Eu estou lendo o Apocalipse, certo? E vocês
estão fazendo o quê? Vocês estão ouvindo. Vocês estão recebendo esse conhecimento através da audição. Esse era o método como o evangelho ia... O Apocalipse ia ser revelado para os crentes das cidades. Eles iam receber o texto escrito; o pastor da igreja, o presbítero da igreja ia pegar o rolo, o pergaminho, ia até a frente da congregação e ia dizer: “Irmãos, prestem atenção: aqui está Apocalipse, de Jesus Cristo.” E, além disso, em grego. É claro, porque era a língua que eles falavam, que eles conheciam, né? E, dessa maneira, eles iam receber o conhecimento da revelação. E
nisso já está uma bem-aventurança! Eu sempre brinco que essa aqui é a mais fácil de todas: você, estando aqui ouvindo, já está com ela. Pode ser que você saia daqui sem entender nada, mas ouviu, já está bem-aventurado. Não é bem assim? O texto diz: “Bem-aventurado aquele que lê, e aqueles que ouvem e guardam as coisas nela escritas, pois tudo vai começar a acontecer agora; o tempo está próximo.” Então, o legado está aí, passou do Pai para o Filho, para o anjo, para João, para os servos. Chegou aos servos: que legado é esse? Palavra de Deus
revelada em Apocalipse e o testemunho de Jesus Cristo. O que é para fazer com isso? Guardar! Não é guardar, não é colocar no bolso, né? Guardar não é colocar dentro do baú, isso é o hebraísmo. Né, guardar o que significa? Guardar a Palavra de Deus, estocá-la, preservá-la, não praticá-la. Eu guardo a Tua Palavra; quer dizer, eu pratico a Tua Palavra! Então, o legado é não só para João, não só para os servos lá. Das igrejas da Ásia Menor, mas também para quem sentou no último banco do ônibus: sim, é um legado para todos nós. A
Palavra de Deus e o testemunho de Jesus estão aqui agora diante de nós, e nós somos bem-aventurados desde já se nós começamos o processo. O primeiro é ouvir, né? Alguém está lendo, alguém está explicando, e outras pessoas estão recebendo, estão recebendo o conhecimento. Só que isso não é um fim em si mesmo, não pode parar aqui. Aí nós saímos daqui e vamos lá pro mundo dizendo: "É isso que eu vou viver, é isso que eu vou praticar, é isso que eu vou guardar, conforme eu aprendi". Se você faz isso, bem-aventurado! Você tem a primeira das
sete bem-aventuranças que Apocalipse traz para nós: João, o autor, verso 4, as sete igrejas que se encontram na Ásia: graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete espíritos que se acham diante do seu trono e da parte de Jesus Cristo, a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o soberano dos Reis da terra. Então, isso é uma saudação, né? Graça e paz, é assim! Por isso que o Apocalipse reúne três gêneros literários: ele é profecia, ele acabou de dizer aqui que guardam
as palavras da profecia. Ele é profecia, mas ele é uma profecia apocalíptica, porque não é exatamente igual às profecias do Antigo Testamento, ou à maioria delas; é uma profecia revestida de simbolismo literário. E, finalmente, ele é uma carta, uma epístola. Então, ele é uma epístola profética apocalíptica. Ficou fácil, né? É isso que o Apocalipse é: ele consegue reunir os três gêneros, mas tudo dentro desse conceito de revelação apocalíptica. Essa carta que João escreveu e que mandou para os crentes das sete igrejas, vai com essa saudação: graça e paz a vós outros. São as duas palavras
que resumem o Antigo e o Novo Testamento. Graça é a palavra do Novo Testamento, paz é do Antigo. A grande palavra do Antigo é Shalom, paz! Deus quer trazer paz ao seu povo, Deus quer viver em paz com o seu povo; por isso que Ele providencia todos os meios para salvá-lo, e esses meios são graça. Não há meios de salvação, são os meios de graça; através da graça, nós temos paz, através da graça que Deus providenciou para nós. Agora, a saudação é da Trindade, das três pessoas. Veja que as três pessoas aparecem assim aqui: a
pessoa do Pai aparece como sendo daquele que é, era e há de vir — três descrições. E aqui elas estão, né? Naquela ideia original do nome de Deus, né? Quando Ele se revelou lá para Moisés, Moisés perguntou: "Qual é o teu nome? Como é que eu digo lá pros israelitas no Egito, quando perguntarem: quem te mandou? Qual é o nome?" Deus fala: "Meu nome é Eu Sou, Eu Sou o que Sou". E aqui João pega isso, né? Então, nessa primeira expressão, aquele que é. Mas veja como ele coloca também presente, passado e futuro: que era
muito antes de já ser; agora Ele já era, sempre existiu, o Deus eterno que há de ser, que continua a ser. E aqui a ideia é de vir também, ou seja, que age. Não vai ficar estático, parado; é o Deus em ação, o Deus que é, é o Deus que trabalha, é o Deus que age desde sempre e para sempre. Então, a pessoa do Pai primeiro, com três descrições; a pessoa do Espírito vem com sete descrições. A primeira vez que aparece explicitamente o número sete, né? Os sete espíritos que se acham diante do seu trono.
Pera aí, quantos Espíritos Santos existem mesmo? Um Espírito Santo ou sete Espíritos Santos? Você agora tem que começar a falar assim: os seus Espíritos Santos são sete, né? Tem sete Espíritos diante do trono. Simbologia apocalíptica, certo? Desde agora, desde já, você abandona todo o conceito de literalismo, porque se você não fizer isso, vai criar monstros piores dos que já estão aqui descritos. A sua interpretação vai aumentar um pouco mais isso. Então, aceite que são símbolos. Por que é que são os sete espíritos? Porque o grande símbolo do Espírito Santo é o candelabro que tem sete
braços, e ele já vai ser descrito como sendo as sete tochas, né? As sete tochas de fogo ardendo diante do trono de Deus. É a função do Espírito Santo: a função do Espírito Santo como aquele que é enviado para toda a terra, né? Vai descer o Espírito Santo sobre vocês, e vocês serão testemunhas em toda a terra. Portanto, ele é a fonte do poder, né? Recebereis poder ao descer o Espírito Santo. A fonte da energia, da luz, o fogo que ilumina é a nossa missão, né? É dele, da onde vem a nossa missão, para testemunhar
em todo o mundo. E ele está sendo aqui também esse que está saudando, né? É da parte dos sete espíritos que se acham diante do seu trono. E, em terceiro lugar, veja que as duas pessoas estão invertidas, né? A gente fala em primeira pessoa, segunda pessoa, terceira pessoa da Trindade; isso é só uma convenção teológica. As pessoas da Trindade não se nomeiam dessa maneira: "Ah, a primeira pessoa vem aqui, aí a segunda pessoa vem aqui". Aí o filho vem dizer: "Eu sou a segunda" ou "sou a terceira", que eu tô me perdendo. A gente usa
essa distinção. Mas, digamos assim, a ordem da segunda e da terceira são perfeitamente alteráveis, pode inverter. E, às vezes, a Bíblia inverte mesmo. Mas o importante é que estão juntas as três pessoas aqui e a próxima tem mais destaque. Não por ser mais importante do que as outras duas pessoas, mas porque a revelação é sobre essa pessoa. E sobre o... que ela de fato faz para a nossa bem-aventurança, para que nós sejamos bem-aventurados. Quem é a terceira pessoa? É Jesus Cristo, nome e sobrenome, né? Para não ter dúvida, você sabe que Cristo não é sobrenome
de Jesus, né? Você já sabe, é só um título, né? Jesus, o Messias; Jesus, o Cristo. Já esses dois nomes seriam suficientes, porque eles são ricos de simbolismo: Jesus é Salvador, Cristo é Ungido. Mas notem os próximos três títulos, interessante, né? O Pai, três; era a de vir. O Espírito, no meio, sete; sete; sete tochas, as sete lâmpadas. E o Filho é quem? A Fiel Testemunha, Primogênito dos Mortos, Soberano dos Reis. Três títulos para Jesus, então a balança está perfeitamente equilibrada aqui da Trindade, né? O Pai com três, o Filho com três, o Espírito com
sete no meio. É um equilíbrio total. E os três títulos de Cristo são, outra vez, dá para escrever um livro para cada um deles. Qual é o primeiro, o mais importante de todos? Testemunha, a Testemunha verdadeira. É o que, literalmente, significa no texto grego: a Testemunha real, a Testemunha por excelência, a Testemunha número um. A Testemunha verdadeira que significa o testemunho de Jesus Cristo. O fato de que ele, durante toda a sua vida, desde o nascimento até a sua morte, honrou a Palavra de Deus, sem mácula, sem defeito, sem dolo. O Cordeiro, sem mácula e
sem defeito, Testemunha verdadeira. Mas Cordeiro é feito para morrer, né? Cordeiro é feito para ser sacrificado. Então, o Cordeiro que foi morto, o Cordeiro que foi sacrificado, é por isso que ele é a Testemunha fiel. Aponta para sua vida e morte: vida e morte, vida de obediência, morte de obediência. Obediência na vida, obediência na morte. E, porque ele é, em primeiro lugar, a Fiel Testemunha, ele é, em segundo lugar, o quê? Ele é quem morre, mas não fica morto. Ele é o Primogênito dos mortos. O que significa isso? O mais velho, o irmão mais velho
dos ressuscitados, o número um a ressuscitar. Não teve outras pessoas que ressuscitaram antes de Cristo? Como é que ele pode ser o primeiro? Não seria Lázaro, que ele mesmo ressuscitou antes? E a filha da viúva, lá, que Elias ressuscitou? Sim, mas todos esses morreram de novo. Eles não ressuscitaram com corpo eterno, incorruptível, imortal. Até agora, só teve um com essas qualidades e características. Até agora, só tem um: o Primogênito dos mortos. O segundo irmãozinho ainda não nasceu. Ainda não, mas está para nascer. Só que vem de penca, vem de uma vez só, quando o Senhor
voltar e toda a sua Igreja ressuscitar gloriosa e incorruptível. Tragada foi a morte pela vitória, caiu o último inimigo. Então, temos, né, a colheita: todos os primogênitos, agora todos os irmãos mais novos do primogênito em pé diante do trono. Por acontecer ainda, mas ele já é o primeiro a ressuscitar para nunca mais morrer. E, porque é isso, ele também é essa terceira coisa que aparece aqui, essa terceira descrição, esse terceiro título. O que ele é? O Soberano dos Reis da Terra. Quer dizer isso: Soberano dos Reis da Terra. Quer dizer: Rei dos Reis, Senhor dos
Senhores. É o título que ele tem desde que ele morreu no Calvário, na cruz, ressuscitou três dias depois e fez o que em seguida? Assentou-se à direita da Majestade nas alturas e recebeu do Pai toda a autoridade nos céus e na terra. Rei dos Reis, Senhor dos Senhores. É ele que está escrevendo para você, né? É dele que vem a saudação, não só dele, mas também dos sete Espíritos, não só dele, mas também daquele que é, que era e que há de vir. Essa sequência aqui, tríplice, né? Veja como você tem o número três e
o sete aqui intercalados. Eu não vou ter tempo para fazer isso, mas no restante do texto aqui, o tempo todo, vai acontecer. Ele vai colocar sempre três frases, três declarações. Isso é alidade literária, não é só revelação, não é só teologia. Trata-se de um livro magnífico em termos de detalhes e escritas. Eu tenho trabalhado muito isso no meu comentário a sair no próximo mês, se Deus quiser, né? Depois de quase 700 anos, vai finalmente sair também. São 700 páginas, né? Então, 700 anos é uma página por ano. Deve sair em breve, é onde eu tenho
trabalhado esses detalhes, mostrar essas coisas pequenas do texto, mas que mostram a grandiosidade do texto que nós temos em mãos. Não é coisa pequena, é coisa extremamente rica e preciosa. A sequência: Testemunha fiel, primeiro a ressuscitar, primeiro a reinar, né? Primeiro Rei, Soberano de todos. Apocalipse quer aplicar à Igreja agora e vai fazer isso. Quer reinar? Meu filho, tem que morrer primeiro. Quer se assentar nas alturas? Primeiro, tem que ser testemunha. Primeiro, ser testemunho. Mas ser testemunho é ruim, né? Porque eu posso morrer, mas, depois, você ressuscita, né, meu caro? Depois da Testemunha fiel vem
o Primogênito dos mortos e só depois disso vem o Soberano. Essa é uma sequência necessária, é a rota que nós temos que seguir se a gente quiser ser dignos do legado que ele nos deu: do Pai pro Filho, do Filho pro Anjo, do Anjo pra João, João pros servos. Aí está o legado, é a rota. Jesus nunca enganou ninguém. Não é do tipo assim: "Seus problemas se acabaram. Venha para a novena, venha para o culto, venha para o sete, não sei o que lá e pare de sofrer!" Nunca enganou ninguém. Ele sempre disse: "Quer vir
após mim, olhe para onde estamos indo, para onde eu estou indo. Tome a sua cruz e siga-me, porque é para lá que eu vou. Eu vou para o Calvário, minha rota é para o Calvário. E se alguém quer ser meu discípulo, é a mesma." A rota não tem outro caminho se quer ser meu discípulo. A rota é para o Calvário. Mas agora nós descobrimos que não termina no Calvário, porque depois do Calvário tem o quê? O domingo de Páscoa. E depois do domingo de Páscoa tem o quê? Assentado à destra dos céus, tendo recebido do
Pai toda autoridade e poder; ou seja, essa é a rota. Mas não se chega à glória das alturas sem antes passar pelo Calvário, sem antes passar por isso. O problema do evangelicalismo brasileiro, o problema da teologia brasileira de forma geral, é que o pessoal quer chegar à glória sem passar pelo Calvário. A galera quer se livrar. Não tem como! Não, essa aqui é a sequência: ou você encara ou pula fora. Aliás, Jesus deixou também isso muito claro pros seus. E para um grupinho que queria segui-lo: “Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores.” “Tô aqui contigo
e não abro uma olhadinha.” E falou assim: “Sério? É sério, isso? Tem que negar a si mesmo. Ninguém pode vir após mim, ninguém, se não negar a si mesmo e tomar a sua cruz e [Música] seguir-me. Você vai me seguir mesmo? As raposas têm ninhos, os passarinhos têm ninhos, mas eu não tenho onde reclinar a cabeça.” É sério isso. “Mas, mestre, eu vou te seguir, mas só que primeiro eu preciso ir lá fazer qualquer coisa.” “Deixa os qualquer coisa fazer qualquer coisa. Venha você e me siga!” Não tem sempre que você usar: “Mestre, eu quero
te seguir,” mas acabou. E se colocar então a palavra “primeiro”? Depois disso, estragou o resto, porque se você coloca: “Mestre, eu quero o senhor, mas primeiro...” Peraí! Então quem é que é primeiro? Não é mais Jesus. Então, Jesus virou o quê aqui na história? Segundo, terceiro, quarto? E aqui é igual à Copa do Mundo, sim. O segundo é o primeiro dos últimos. Acabou! Jesus, se ele não for o primeiro, ele não será nada, porque o segundo, ele não vai ser. Não, não tem primeiro antes de Cristo. Primeiro só serve. Essa descrição só serve para Cristo.
Se nós quisermos ser seus discípulos, só cabe a ele essa palavra e a ninguém mais. Aí vem as doxologias, né? Na sequência: “Aquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados e nos constituiu rei e sacerdotes para o Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos.” Veja, é isso que Jesus veio fazer. O assunto central da escritura não é aquele que veio para nos curar das nossas doenças. Não é aquele que veio para nos livrar das pobrezas, das dificuldades. Sabe, ele não veio para nos dar
uma boa psicologia emocional pra gente ficar mais suave aqui nesse mundo. Não! Nosso problema, sabe o que é? É pecado! Não dê outro nome, não! Não mude o diagnóstico! Não, não deixa a coisa mais suave, porque não é isso. O nosso problema é pecado e ele veio para resolver isso. Nos libertou dos nossos pecados porque nos ama, mas foi caro para fazer isso, foi caro. Então, nunca se esqueça do preço. Quando você achar que o pecado não tem importância, que é pequenininho, lembre-se que o custo foi alto. Ele nos amou e nos libertou dos nossos
pecados não para que a gente viva nesse mundo como mendigos espirituais, não, mas como reis e sacerdotes. E nos constituiu o reino e sacerdotes. O pessoal fica esperando um reino futuro e se esquece que algo agora já tem que ser assim: nós somos o reino de sacerdotes de Cristo aqui neste mundo. Nós somos seu exército. Aliás, quando você pega mais pra frente, você vai ter aquelas contagens de gente, né? 12.000 daqui, 12.000 de lá, 12.000 de lá. Isso é contagem de exército. Era assim que eles contavam os valentes: os valentes de Davi, os valentes de
Benjamim, os valentes de Judá. 12.000, 12.000, 12.000. Sim, é isso mesmo! Exército! Nós somos o exército de Cristo e vamos pra guerra. Vamos, sim, e vamos matar o... Não, não vamos matar ninguém. Vamos morrer. Nós somos um exército às avessas, porque nós somos um exército de Cordeiro. Eis que eu vos envio como cordeiros para o meio dos lobos. Peraí, Cristo não tinha que ser o lobo para o meio dos cordeiros, não é o contrário? Mesmo! Nós somos o exército que, paradoxalmente, vence morrendo. A gente não vem se matando. Tem muito cristão confundindo as coisas. Sabe,
não! Eu preciso me armar, eu tenho que ficar... Eu preciso... Calma, gente! Não! A única arma nossa é a cruz! Não precisamos de outra! Não! Nossa única arma é a cruz. E a Bíblia... nós não estamos aqui para matar ninguém. Nós estamos aqui para morrer. Paulo falou assim: “Nós somos como que todo dia são levadas ao matadouro.” Em todas estas coisas, contudo, somos mais do que vencedores. É, é muito paradoxal! A nossa vitória está na fiel testemunha, no testemunho fiel. Se eu disse lá na primeira palestra que nos falta algo, nos falta mesmo. Não é
o evangelho, nós temos ele, mas nos falta ser testemunhas fiéis do evangelho. Isso falta, porque eu sinceramente não sei, e não é uma questão de julgamento, é só uma questão de não saber mesmo. Se nós soubéssemos que hoje nos reunirmos nesse lugar, soldados pudessem vir aqui nos levar todos presos, não sei quantos viriam e depois disso serem açoitados, expostos publicamente, eu não sei quantos viriam. Mesmo! A gente sabe, já não vem muitos quando não tem nada, tá tranquilo. Já o pessoal prefere o sofá e a TV. É de se imaginar se o teste realmente estivesse
aqui, né? Hoje, como já esteve e como ainda está hoje em alguns lugares do mundo. Quantos de nós realmente estariam lá? Mas calma, gente, tudo vai acabar logo e... O Apocalipse já diz isso de cara aqui no versículo 7: "Eis que vem com as nuvens e todo o olho verá até quantos o transpassaram e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele; certamente, Amém." É a primeira das sete visões de Apocalipse sobre o momento terrível do retorno de Cristo, que é claro para uns, né? Será aquele momento do perfume de vida, né? Mas para
a grande maioria será o dia de bater no peito, o dia de lamento. Ainda que alguns autores aqui tentem interpretar essa frase dizendo que esse é um lamento de arrependimento, tipo assim: "Ah, a gente devia ter crido em Deus antes, não cremos, então agora a gente crê", não há salvação depois da volta de Cristo. Não! Toda e qualquer salvação é antes da volta de Cristo. Uma vez que Cristo já veio e todo o olho já o viu, não há mais oportunidade. Até porque seria injusto, né? Seria injusto se Deus desse chance de salvação para pessoas
depois da volta de Jesus; não seria pela fé. Então seria pela vista. Salvação não é pela vista; salvação é pela fé. E a fé é o quê? A certeza, a convicção, porque você não vê. Por isso que é fé: porque você não vê. Se você vê, não é fé. Quando todo olho o ver, não tem mais fé. Acabou o papel da fé. Hoje temos fé, temos esperança, temos amor. A fé e a esperança vão acabar; só vai ficar amor, que é o modo operandi da vida comunitária do mundo vindouro. Claro, esperança, por que não precisa?
Porque já se cumpriu tudo; não tem mais o que esperar. Fé, porque não precisa? Tô vendo tudo, né? Naquele dia da volta de Jesus, o que o texto diz é lamento e dor. É a primeira antecipação. A partir daqui, sempre vamos ver essa cena catastrófica da volta de Jesus ser ampliada nas várias vezes em que Apocalipse vai contar e recontar essa mesma história. E agora eu já posso falar um pouco sobre isso, porque você não pode ler o Apocalipse do capítulo 1 até o 22 como se narrasse uma história linear, assim, cronológica. Se você fizer
isso, aí você vai entrar em dilemas complicados. Por exemplo, você vai ter que perguntar assim: "Os ímpios são igual gato?" Porque diz que gato tem sete vidas. Então os ímpios morrem sete vezes em Apocalipse? Ele tá o tempo todo vindo, matando os ímpios e matou todo mundo, aí recomeça, quando de novo mata todo mundo de novo. Eu fico pensando: "Mas não tinha matado já agora há pouco a galera ali?" E agora, quem tá matando outra vez aqui? O pessoal brota igual barata, né, dos ralos? Não! É recapitulação: são sete cenas de batalha final, não só
uma. E a primeira tá aqui de forma bem embrionária. Veja que ele só dá uma pincelada: Ele vem com as nuvens, todo mundo vai ver e vai ser pauleira, assim, para todo mundo. Se prepare! Todos se lamentarão naquele momento: é o dia da batalha final. E aqui é a primeira vez que ele anuncia isso e vai narrar mais seis vezes ao longo do livro. Essa batalha não são seis; não são sete. Não tem batalha antes do milênio, batalha depois do milênio, batalha milênio no meio, batalha três quartos. Não! Só existe uma vinda de Jesus. Ele
não vem: primeira vinda, ponto 1; ponto 2; ponto 2.5; a vinda 3, 4, 4. Não! Ele só vem uma vez e nessa vez está claro: todo olho o verá. Por isso que eu sempre brinco: gente, que história é essa de volta secreta? Só for cego! E nem para ele, porque nesse caso aqui ele vai ver, né? Todo olho verá. Cego ou não, tem que ver. Não tem como ser secreta se todo olho verá. Ah, mas é porque ele vem escondido só nas nuvens e tal, e quem tá aqui na terra não vai ver. Mas o
texto diz: vai ver! Todo olho o verá sobre as nuvens, até quantos o transpassaram. Até é uma espécie de uma questão, porque quem transpassou Jesus, de fato, né? Aqueles soldados que feriram Jesus, os que o mataram, os que tiveram certeza da morte... não foram eles que mataram; quem matou foi a cruz, né? Ele morreu antes disso! Mas e aquele soldado que atravessou Jesus com a lança? Transpassou. E o que ele fez isso? Por quê? Para se certificar de que estava morto mesmo. Então, aquele que estava morto mesmo, e que o cara viu que estava morto
mesmo, tem que vê-lo vindo sobre as nuvens com poder e glória. Todo olho o verá, até de quem o transpassou, para que fique indubitável que ele não tá morto. Porque, sim, ele é a testemunha fiel, mas é também o primogênito dos mortos e, mais do que isso, é Senhor dos senhores. Eu, João, diz o verso 9: "Irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino, na perseverança em Jesus, achei-me na ilha chamada Pátmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus." Segunda vez que ele menciona isso. É por isso que eu me achei
na chamada Pátmos. João diz: "Por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus." Porque eu sou isso: eu sou uma testemunha do testemunho de Jesus. Isso, irmãos, adquire um tom quase místico. No Novo Testamento, eu vou com cuidado nisso, mas eu preciso afirmar: quase místico. Os primeiros cristãos, como Paulo, como João, como Pedro, eles tinham a noção de que a vida deles estava destinada a morrer. Paulo sempre dizia isso, né? O Senhor, quando o chamou, disse: "Esse cara aqui, ó, sabe o que ele vai fazer? Vai sofrer." Tô chamando esse cara aqui para
sofrer por mim. O Ananias não quis ir batizar Paulo. Né? Eu tá doido! Esse cara mata Ananias. Vá, não tenha medo, porque este é para mim um instrumento escolhido. Pensa: “Opa, que nobre, né? Quem dera eu!” Você é um instrumento escolhido de Deus. E euarei o quanto lhe importa sofrer pelo meu nome. Por isso que Paulo dizia: “Eu não sou apóstolo dos gentios, não! Eu sou apóstolo do sofrimento. Minha missão é sofrer por Cristo.” Acha que eu tô triste com isso? Me alegro no meu sofrimento por ele! Se tem uma coisa que eu me orgulho,
na visão, não é o número de pessoas que já se converteram pelo meu trabalho, não. Você quer saber o que é meu orgulho? Recebi dos judeus quatro vezes, cinco vezes fustigado, com varas, quarenta açoites menos um. Jejum, naufrágio, vigília, nudez, perigo, espada, morte. Quando eu sou fraco, então é que eu sou forte. O sofrimento por Cristo... Aqueles primeiros discípulos entendiam isso. Paulo fala assim: “Eu quero preencher na minha vida o que resta do sofrimento de Cristo.” Como você, eu vou pôr um pinguinho nisso: quero ser um pinguinho. Como é que Paulo descreve a morte dele
a Timóteo, na segunda carta, capítulo 4? Diz assim: “Estou sendo oferecido como libação.” Sabe o que é libação? Tem o sacrifício, tem a oferta, tem a vítima, né? O cordeiro morto, e você vai derramar um pouquinho de sangue em cima do morto, ou vinho. Mas é o símbolo, é o sangue. O que Paulo diz? A minha morte, a coisa mais gloriosa que pode ser, é ela ser essa libação em cima do sacrifício de Cristo. Não que tenha valor redentivo—nossa morte só de Cristo tem—mas ele fala: “Eu quero me identificar com ele na sua morte.” E
em Filipenses 3, para de algum modo alcançar a ressurreição dos mortos. E depois também, dá uma sentadinha lá em cima, nos lugares celestiais, para reinar um pouco também, que é bom, mas não tem reino antes do testemunho. Não há vitória sem sacrifício; primeiro o testemunho. Então, João está lá em Patmos por causa disso, e ele tem noção de que ele é essa testemunha de Jesus. Porque ele está com quase 100 anos de vida e só experimentou uma coisa na sua vida, que foi sofrimento. E ele não está terminando os seus dias numa ilha paradisíaca. Até
podia ser, né? João está numa ilha onde? No mar Mediterrâneo. Você já imagina, Grécia, né? As ilhas, mar azul, maravilhoso. Não! Não, isso é uma ilha-prisão. Ele é um exilado; ele está ali quebrando pedra para pavimentar estradas romanas. Ele está ali para sofrer, porque é uma testemunha que não negou o nome de Cristo. E porque não negou o nome de Cristo, está pagando o preço do testemunho. Mas isso é glorioso, isso não é ruim. Ao longo da história, os cristãos começaram a pensar que eles não deviam mais sofrer por Cristo e que tinham que encontrar
um jeito ou outro de se livrar disso. E a gente é esperto, né? Para se livrar, a gente consegue encontrar caminhos e formas para não pagar os preços que são cobrados de nós. A gente encontra caminhos alternativos. Você quer saber? 90% daqueles crentes da Ásia Menor, do final do primeiro século, que viviam lá naquelas cidades eram exatamente iguais a nós: gente que cria em Jesus, sim, mas não estava muito afim de sofrer, não. E se pudesse escapar do sofrimento dando um jeitinho, mesmo que não fosse assim tão espiritual, o jeitinho, eles estavam dispostos a fazer.
E alguns estavam dispostos a fazer coisas bem piores para manter suas conquistas humanas, bem piores, como nós vamos ver nas cartas em seguida. Achei-me em espírito no dia do Senhor, um domingo, provavelmente, né? O dia do Senhor, já no final do primeiro século, significa o dia de descanso, o dia da igreja, o primeiro dia da semana. E ouvi, por trás de mim, grande voz como de trombeta, dizendo: “Então, antes de ver, ele ouve.” Né? “O que vês, que você vai ver a partir de agora, escreve em livro e manda às sete igrejas.” Aí estão elas:
Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia. Começando com Éfeso, já no porto, né? Uma cidade portuária na Ásia Menor. A ilha de Patmos ficava praticamente em frente de Éfeso, só que, né, no meio do mar. A carta vai primeiro para Éfeso, que é a principal cidade, né? A capital de toda aquela região. E depois ela vai fazendo um círculo para a esquerda e vai para a seguinte igreja, Esmirna, depois Pérgamo; mais lá em cima, Tiatira, vai descendo, Sardes, Filadélfia, Laodiceia. Ou seja, faz um ciclo. As próprias... Por que João não colocou aqui outras, como,
por exemplo, Colossos, que ficava do ladinho de Laodiceia? Por que não entrou na lista? Por que ele não colocou Hierápolis, também importante? Porque Jesus não falou para eles. Porque só essas sete? Senão dava oito, né? Senão dava nove, né? E ele quer sete, pronto, sete pelo símbolo, mas também pelo círculo. Talvez seja um modo de dizer: quer entender Apocalipse? É sete e tem ciclo. Quem entender o livro sabe de uma coisa: o número sete não pode perder nunca de vista. E entenda que começa e termina no mesmo lugar, sempre, porque vai subindo e vai fazendo
exatamente o que o ponteiro do relógio faz—o nosso, né?—até voltar para a cidade de Éfeso. Voltei-me para ver quem falava comigo, e, voltando, vi… Aqui começa a visão! Até que só foi a audição; ele só ouviu, não viu nada. Mas agora ele se vira, e o que ele enxerga? Vi sete candeeiros de ouro, sete… eh… lâmpadas, né? Sete lâmpadas, sete tochas! Foi isso que ele viu. Portanto, aqui você já esquece toda a questão literal. Ele não enxergou, não apareceram do nada ali. Sabe, em patá, não tinha ali sete lâmpadas. Assim que ele se vira, ele
entra no mundo da Visão quase como se fosse hoje a chamada realidade virtual. Ainda isso é bem incipiente, né? Eu posso brincar aqui e dizer que João experimentou uma plena realidade virtual. Você coloca aquele óculos, e você não está mais nesse mundo. Quando você coloca aquele óculos, você está dentro de um outro lugar e enxerga tudo que está à sua volta, mas não é nada do que está à sua volta. Então, é o mundo que se sobrepõe. Aqui, o mundo da Visão espiritual se sobrepôs, e João passou a enxergar apenas isso: esse mundo da Visão
espiritual, que não é um mundo literal. Aqui está o problema: é aqui que as pessoas se perdem, muitas vezes. Elas acham, por exemplo, que quando João subiu e foi ao céu, no capítulo 4, e enxergou lá o Trono de Deus, os seres viventes e as criaturas, esse céu é exatamente assim, e que se você fosse hoje lá... Ah, estão aqui os 24 anciãos, ali estão os quatro seres viventes. Não é dessa maneira! O céu como ele é não tem como descrever; ele é indescritível. Não há linguagem, não há recurso literário na nossa esfera de existência
para entender. Não é possível. Lembra o que Paulo disse? "Conheço um homem em Cristo, há 14 anos, no corpo ou fora do corpo, não sei; foi até o terceiro céu." Eu não sabia que tinha um segundo. Ele foi ao terceiro, e viu o quê? O que ele viu no terceiro céu? Coisas inefáveis, as quais não se descrevem. Portanto, se alguém disser que foi ao céu e voltou e descreveu literalmente o céu, está mentindo; não tem como descrever. Não é possível descrever o céu literalmente. João não está descrevendo o céu literalmente; é uma visão espiritual barra
simbólica, cheia de simbolismos. A pessoa vai para o céu, volta e escreve, diz que viu Jesus, não sei o que lá, e estava, não sei aonde, e comeu não sei o que lá. Tem gente que vai para o inferno também e, daí, volta. Não sei por que volta, né? Podia já ficar, mas aí a pessoa volta e descreve o inferno. Gosta tanto do inferno? Vá, fique. Quer conhecer tanto? Eu não estou interessado em saber como é o inferno. Você está? Qual a vantagem? Zero, não tem vantagem nenhuma. A gente não vai para lá; deixa quem
vá que um dia descubra. Eu não estou interessado e também não seria possível descrever. Por isso que a Bíblia às vezes usa a linguagem da era atual humana para tentar descrever fogo e enxofre. Fogo e trevas. O inferno é descrito assim, como lugar de trevas e fogo e enxofre, mas só, apenas metáforas; não são descrições literais. O inferno não tem mesmo fogo. Jesus disse que é um lixão, um lixão onde o verme nunca morre, onde a fumaça nunca se apaga. Então, tem verme no inferno corroendo os caras lá? Não é literal! E se você não
entende que não é literal e tem que entender desde agora, desde já, você não vai entender o resto. Não vai entender! Então, você precisa aceitar isso: trata-se de uma descrição espiritual barra simbólica. Veja, ele vê sete lâmpadas, sete candeeiros, sete candelas. Aparentemente, eles não têm sete hastes, cada um, mas apenas uma haste. Israel era um candelabro com sete hastes; a Igreja são sete hastes individuais, mas cumprem a mesma missão. As mesmas sete tochas do candelabro estão nas sete tochas da Igreja, que são, em última instância, os sete espíritos de Deus. E por que é que
eu já estou dizendo que é a Igreja? Porque aqui não tem como fugir, né? O próprio Cristo disse: "Ó, aqui não vou deixar dúvida. Vou já dizer o que é." Quer saber o que são os sete candelabros, sete candeeiros de ouro? São as sete igrejas: quais? Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Sardes... Ou seja, João se virou e, apocalipticamente falando, enxergou as sete igrejas para as quais ele estava escrevendo o livro e as viu como sete tochas de ouro, porque isso mostra a dignidade daquelas igrejas. É como o Senhor as vê: não é de qualquer material, não é
de ouro. A pureza do ouro, a preciosidade do ouro: metáforas de como o Senhor enxerga a sua Igreja. Nós às vezes nos enxergamos assim, né? A gente vê como uns vasilhos de barro mal feitos, mas o Senhor enxerga como candelabros de ouro e vê, acima de tudo, a função dessa Igreja, que é espargir a luz. E quanto a isso, ele é sério, porque ele fala: "Não pode pôr embaixo da mesa. Não, não foi feito para isso." E vai repreender a principal das igrejas, Éfeso, a grande metrópole, a grande cidade, dizendo: "Se não brilhar, eu tiro
o candelabro; eu removo o candelabro!" Está aí para brilhar; tem que brilhar! Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens. A Igreja tem essa função, uma função de ouro. Mas o que mais impressiona, então, é o que ele vê na sequência: no meio dos candeeiros, quem? Aquele que disse: "Eu estou convosco todos os dias, até o fim." E quando ele disse isso, logo após dizer: "Brilhem!", vão por todo o mundo, preguem o evangelho e sejam minhas testemunhas em todo o mundo. "Eu estou com vocês." É uma lembrança dessa segunda parte da Grande Comissão. O
que ele está dizendo é que o único modo dessas sete igrejas brilharem suficientemente perante o mundo é se o Cristo no meio delas cumprir a função dele. É ele quem nos dá o poder: "Eu tenho todo o poder a vocês para serem minhas testemunhas; vão receber poder ao descer sobre vocês o Espírito Santo." Então, que cena! Gloriosa, a primeira visão, né? A igreja e o seu Dono: a igreja e o seu verdadeiro Dono, que não é Edir Macedo, é Soares e os outros donos que têm por aí nas igrejas, né? Só há um Dono: "edificarei
a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". A igreja tem que relembrar quem é seu Dono, quem é seu Senhor. É preciso entender quem está no meio dela, porque há um lado reconfortante na presença de Cristo no meio da igreja, mas também há um lado assustador nessa presença. Qual lado reconfortante? É o famoso #tamojunto, né? Estou com vocês, estamos juntos todos os dias. Vamos lá, a obra tem que ser feita: não é por força, não é por violência, é pelo meu Espírito. É assim que será. Vamos lá, há um lado reconfortante
ao perceber Cristo no meio da igreja, mas há um lado preocupante, assustador, eu diria. Qual é? É aquele que vai evocar para cada uma das sete igrejas: o que é que Ele diz para cada uma delas? "Conheço as tuas obras, eu sei quem você é de fato." Não adianta tentar se esconder, não adianta tentar disfarçar. Eu sei, eu conheço. E não é porque me informaram, não é porque eu olho de binóculo de longe e te observo. Não é porque eu estou convosco todos os dias; estou no meio de vocês. É muito poderoso isso aqui. Mas
aí, quem é que está no meio? Quando Ele começa a descrever, a gente esperava que Ele descrevesse um homem com cabelos longos, olhos castanhos, bem suave. Não é o Cristo que é desenhado nos quadros, "barba, Maria, eu te curo". Escreve um bicho feio aqui, que se eu me encontrasse de noite na rua sozinho, eu saia correndo e não voltava nunca mais. Olha como Ele aparece aqui: "um semelhante a filho de homem, com vestes talares, cinza à altura do peito, com uma cinta de ouro". A sua cabeça e cabelos eram brancos como a lã, como a
neve; os olhos, como chama de fogo. Eram duas chamas de fogo no olho d'Ele, entendeu? Os pés, bronze incandescente, né? Bronze, eh eh eh, saindo do fogo, ainda como refinado de uma fornalha. A voz, como de muitas águas. E Ele tinha na mão sete estrelas. E aí, né? A parte mais assustadora: da boca saía-lhe uma fiada espada de dois gumes. Pensou? Você olhar e não ver língua, chegar mais espada saindo da boca de Cristo. E o sol então brilhou, ficou igual ao rosto, brilhou, ficou igual ao sol. Jesus é assim; Ele é literalmente assim. Não,
não. Claro que não. Mas por que João O viu dessa maneira? Porque cada uma dessas expressões aponta para algum dos atributos de Cristo, descrevem para nós, de alguma maneira, os atributos de Cristo, tá? Por exemplo, dizer que Ele tem os cabelos brancos como a lã, a neve, significa o quê? Que Ele é aquele ser atemporal, eterno, aponta para muito velho, muito antigo, a ideia, né? Claro, não é uma ideia literal. Não é para pensar num velhinho, é para pensar em alguém como é descrito lá em Daniel, né? O Ancião de Dias, o Eterno. Quando Ele
tem olhos de fogo, é para assustar criancinha? Não. Ele tem os olhos de fogo porque é o poder da sua onisciência. É aquele que enxerga todas as coisas, perscruta. Ou seja, é um olho julgador, é um olho capaz de discernir e de punir. Quando diz que Ele tem os pés de bronze incandescente, porque Ele é aquele que pisa, esmaga, destrói os seus inimigos. Pisa a cabeça dos seus inimigos com o seu poder justo, né? O bronze incandescente é um símbolo de Justiça na Escritura. Então Ele faz isso. Quando Ele tem uma espada que sai da
sua boca, afiada de dois gumes, aí ficou fácil, né? É o poder da sua palavra, a palavra de Deus, que é uma espada que pode fazer A ou B, pode cortar para lá ou pode cortar para cá. Pode salvar, mas pode condenar. A mesma palavra que salva é a mesma palavra que condena. Todos são apenas atributos de Cristo que ninguém, em sã consciência, deveria interpretar literalmente. Acho que poucos se atrevem a fazer isso, né? Mas a pergunta é: então por que faz no resto do livro? Você sabia que aquele grande intérprete antigo do século chamado
Agostinho, ele era literalista? No começo ele interpretava literal as passagens. Daqui a pouco, ele começou a perceber: "mas essa aí tem umas que não dá para ser literal; aí tem outras que parece que dá para ser literal, uma dá, outra não dá". Aí disse: "e agora, qual o critério? Qual o critério?" Qual o critério que as pessoas têm para interpretar o que é literal e o que não é literal no Apocalipse? Eu vou dizer qual o critério de 99,9% dos leitores e intérpretes do Apocalipse: o critério sou eu mesmo. O critério sou eu. O que
eu acho, o que soa bem para mim, o que se encaixa com a minha teologia, o que se encaixa com a minha pré-interpretação do livro. Então aí, se for o caso, eu interpreto literal; se não for o caso, interpreto simbólico e fico pulando igual macaco de um galho para outro galho para outro, nunca se decidir. Daqui a pouco, caio, caio mesmo. Eu vou dizer a você o seguinte: tem que ter um critério. Se não tiver um critério, você vai ser isso aí, a sua subjetividade. O meu critério é o seguinte: todas as cenas são simbólicas,
todas. E todas as interpretações também devem ser simbólicas, a menos que o próprio livro se interprete já. Então, quando eu encontro uma interpretação literal no livro, eu digo: "pode sublinhar aqui, literal." Por quê? Porque o livro fez isso. Quando o livro não faz isso, não sou eu que faço. Por exemplo... Viu um grande dragão, 10 cabeças, sete chifres, monte de uma, um rabo, uma cauda vermelha. É literal! O texto diz em seguida que se trata da antiga serpente, cujo nome, sobrenome, RG, CPF, Rua, endereço é Satanás. Tá, você não tenha dúvida. O "e" Satanás, "D"
os dois títulos dele, do Antigo Testamento: Satanás do antigo, diabo do novo. Satanás é adversário, diabo é acusador; duas funções, n. Satanás. Então, agora não me cabe interpretar o símbolo; o símbolo diz: não! Satanás é um outro símbolo, é o mal, é não sei o que lá, a pessoa do Diabo. É ele mesmo! Porque o texto fez isso, por exemplo, aqui mesmo, depois "S ciros" de ouro. Aí Jesus vai dizer: "Quer saber o que é uma coisa e o que é outra? Eu vou dizer PR você." Ah, sete! Os sete candeeiros de ouro são as
sete igrejas, quais? Acabei de mencionar: Éfeso, Smirna. Ok, ele interpretou, acabou! Eu não tenho que adiantar e dizer: "Ah, mas então essas sete igrejas são sete eras, que não sei o que, que não sei o que..." Como assim sete eras? Cristo disse: "são elas as sete igrejas." Não tem símbolo do símbolo. É muito curioso porque tem gente que inverte tudo. Quando o texto é simbólico, ele diz que é literal; quando o texto diz que é literal, ele diz que é simbólico. Eu acho engraçado isso, porque o pessoal que divide a história em sete dispensações, a
era aqui, né, como sete igrejas, nós estamos agora no templo da igreja de Laodiceia. Isso de onde? Porque a sétima igreja, Apocalipse. Nós estamos no sétimo período. Ou seja, isso só é a autoridade! Eu creci meu subjetivismo quando o texto deixou claro que os sete candeeiros não são sete eras, não são sete tempos, são sete igrejas. Qual o critério? Quando o Apocalipse interpreta algo literalmente, é e acabou! Quando ele não faz, não sou eu que faço; fico apenas com o símbolo, me contento com ele e posso interpretar o significado dele, o qual nunca vai ser
localizado para um período apenas, mas terá que, de alguma maneira, fazer sentido para todos os passageiros do ônibus, todos! Não só você sentado na poltrona 45, doido para para a frente. Não! Esse mesmo livro tem que fazer sentido para quem está no primeiro banco, no segundo banco, no terceiro século, no quarto século, no quinto século, no sexto século, no sétimo século, no oitavo, no nono. Esse banco até agora só tem 24 fileiras, mas tô achando que vai acrescentar mais umas aí! Se o Senhor não retornar logo, pode acrescentar mais algumas fileiras um dia, para o
Senhor com mil anos. Então, o que é um século? É nada! Esse livro tem que valer para todo esse povo do passado. Por isso não tem que fazer essas interpretações mirabolantes! Seus gafanhotos que estão saindo do Abismo! Aqui ó, olha a descrição deles. Sabe o que João tá vendo? Ele helicópteros! Ó, ele tem uma cauda que gira. Só que João não conhecia helicóptero, né? Então, João não tinha como dizer: "Isso aí é um helicóptero." Ele disse: "É um gafanhoto." E ele tem uma boca e ele tem não sei o que lá. Tava vindo helic... Sabe
quais helicópteros? Os que lutaram na Guerra dos Seis Dias, defendendo Israel contra os Árabes. E mais, tinha anjo pilotando aqueles helicópteros! A coisa vai longe; o negócio não tem fim quando se trata de fantasiar. Mas é atrativo, né? Você começa a pensar: será que foi helicóptero mesmo que João viu? Você não tem treinamento bíblico, você não conhece a literatura, não sabe o que é literatura apocalíptica. Você começa a pensar que, de fato, as cores vermelho, branco e verde dos Quatro Cavaleiros só são a bandeira do Afeganistão mesmo! Vai começar a pensar que é isso? Não
pode fazer uma interpretação que não sirva para pessoas que já estão nos bancos da frente até chegar lá no primeiro banco! Qualquer interpretação que nós fizermos terá que valer para todos os passageiros do ônibus e para aqueles que ainda vierem depois de nós, né? Porque, possivelmente, ainda vão acrescentar várias fileiras aí! Só Deus sabe a data. Eu não sou louco para dizer quando Ele vai voltar; Ele disse que nem os anjos sabem, que dirá eu. Até lá, passageiros, aprendamos com os nossos irmãos do passado, até porque eles, mais perto do vidro lá na frente, enxergaram
melhor que nós. E é por isso que a gente tem que voltar a esses assuntos sempre, né? E rever esses pontos todos para poder desenvolver a compreensão do Apocalipse. Agora, só para terminar... Então já deu as interpretações, né? Ele disse que a mão tinha na mão de sete estrelas, na boca saía uma espada afiada. Verso 17: Quando o ouvi, caí a seus pés como morto. Porém, ele pôs sobre mim a mão direita dizendo: "Não temas! Eu sou o primeiro e o último, aquele que vive, mas estive morto. Eis que estou vivo pelos séculos dos séculos
e tenho as chaves da morte e do inferno!" Outra vez, né? Testemunha fiel, primogênito dos mortos, soberano, rei dos reis, Senhor dos Senhores! Eu morri, mas estou vivo! Eu tenho as chaves de tudo! Eu sou o chaveiro! Eu abro e fecho, só eu! O céu? Sim! Não só o céu, o inferno! Eu sou o chaveiro do inferno, eu tenho as chaves do inferno! Oxe! Não é o diabo! Não! Não é! Ele, o chefe é o diabo, que é o chefe do inferno, que tá lá com o caldeirão e a galera dentro. Ele tá espetando a
turma dentro do caldeirão com o tridente! Chefe do inferno? Senhor do inferno? O diabo não é chefe de nada, muito menos do inferno! Tudo que ele já teve, Cristo tirou dele na cruz. Ele teve algumas coisas, mas já... Foi despojado o chefe do inferno. É Jesus Cristo. Assuste-se o quanto quiser; o chefe do inferno é Jesus Cristo porque ele é o Senhor dos Céus, porque ele é o Senhor da Terra e porque ele é o Senhor dos incontáveis abismos de trevas que possam existir. Ele é o Senhor de todas as esferas. Só ele, então, João
pode escrever: "Escreve pois as coisas que viste, as que são e as que hão de acontecer depois destas." Sobre o que o Apocalipse trata? Futuro, irmãos. Foi escrito para aquele grupinho que vai existir lá na grande tribulação, depois que Jesus voltar. Aquela volta escondidinha, secreta, nas v.- volta vai pro céu, deixa um grupinho na terra para apanhar. E aí, para aquele grupinho, foi escrito Apocalipse. Como assim? Mas tem outro lado: intérpretes sérios, competentes, tudo cumprido no passado, tudo lá, sabe? Anos 70, que de Jerusalém cumpriu tudo. Tá tudo cumprido! Preterismo absoluto! Nem uma coisa nem
outra do que trata a visão do presente. João diz: Jesus diz: "Do que já é, do que já aconteceu, das coisas que já são um fato e de tudo que vai acontecer daqui para frente." Apocalipse, portanto, narra o passado, o presente e o futuro. É para todos os passageiros do ônibus, não é só para os da primeira fila, muito menos só para os da última fila, que são os mais soberbos de todos, que estão lá na última fila e se acham os donos do ônibus. Enxergam nada e acham que vem tudo. É para todos, todos
os passageiros! É a mensagem espiritual da vitória de Cristo sobre a morte. Por um testemunho fiel e verdadeiro, que quando é repetido pelo seu povo, imitado dessa maneira, também como testemunha fiel e verdadeira, alcança a glória da Ressurreição e alcança a glória do reino. Nessa ordem, sempre. Então, João, o seguinte: para finalizar, o mistério das estrelas e dos candeeiros é simples. Os candeeiros são as sete igrejas e as estrelas da minha mão direita que você viu são os anjos das sete igrejas. Hã, não são os pastores, não! Ao anjo da igreja em Éfeso, ao anjo
da igreja em... não são os pastores, não, não, não, não são! Se fosse, teria dito: “Quanto às sete estrelas, são os pastores das igrejas, são os presbíteros das igrejas.” Ele não disse! Eu não posso interpretar o símbolo do símbolo. Se ele disse: “são os anjos”, é porque são eles mesmos! E porque o Senhor manda anjos para ajudar o seu povo. A gente não os enxerga, não os vê, mas eles estão no nosso meio, estão agora aqui. Não precisamos vê-los, não precisamos dizer: “Tô vendo um”, só para parecer que sou mais espiritual que você. Não precisamos!
Eles não são visíveis, mas estão a serviço, são ministradores a serviço do Povo de Deus. A comunicação apocalíptica é através de anjo. Não sei se você consegue dormir com um barulho desse, mas é isso. É através de anjo porque o Senhor podia ter passado a mensagem. Cristo podia ter passado direto para João. Como é que começa o livro? O pai deu pro filho o Apocalipse; o filho, em vez de lá e dar pro João, não quer, um anjo no meio! Tacou pro anjo e é o anjo que vai levar para João. É isso, entendeu? Então,
quando ele fala: “o anjo da igreja em Éfeso”, é o anjo! O anjo que nós não entendemos, sabemos quem é e o que faz exatamente, mas a transmissão apocalíptica inclui-o. E, por hoje, é só! Antes que alguém caia aí do telhado e eu não consiga ressuscitar, né, igual Paulo. Então, termina por agora.