[Música] diálogos com saúde a professora Maria Cecília minai é uma pessoa muito queridíssima tá sempre muito disposta muito solidária com a construção do campo da saúde coletiva aqui na Universidade de Brasília em especial nessa casa que é o núcleo de estudo em saúde pública que atualmente eu respondo pela coordenação e é muito gratificante sempre que a professora Cecília nos visita eu chamo de visita porque ela é uma pesquisadora do Topo que a gente sabe que é e tem essa humildade de compartilhar conosco os seus conhecimentos então eu tenho admiração muito grande não só pela pessoa
n pela criatura que é a nossa querida cicília mino mas sobretudo pela ética pelo profissionalismo pessa conduta reta que tem a nossa professora Cecília né e eu não poderia perder a oportunidade em uma dessas visitas que ela está conosco de trocarmos algumas ideias que eu poderia chamar de diálogos com saúde no mundo da pesquisa e aí de pronto eu já eh provocaria a nossa querida professora e perguntar assim Quais são as tendências que nós temos hoje né no século XX paraas pesquisas no campo da saúde coletiva né bem eu considero que a gente tem uma
pauta que é uma pauta vamos dizer clássica e que não pode ser abandonada né a pauta da atenção primária a pauta do acesso à saúde a pauta do da da das injunções sociais em relação à população né Essa é uma pauta vamos dizer assim tradicional junto com uma pauta relacionada não só à saúde mas também às doenças né né Eh a gente observa que sem ter eh terminado o que a gente poderia chamar das doenças infecciosas elas continuam presentes muitas de vez em quando emergem aí né gripes que a gente não conhece origem a continuidade
da dengue eh a questão da da Aid quer dizer nós temos um campo de doenças infecciosas que que que estão presentes e que compõem a pauta da Saúde mas nós temos uma pauta nova também né uma pauta marcada sobretudo pela pelo pelas doenças ligadas Ao estilo de vida não é então aí a gente por exemplo nós estamos vivendo um aumento da obesidade né em todas as idades nós estamos vivendo um crescimento assim impressionante do envelhecimento no país só para você ter uma ideia nos últimos 10 anos houve um crescimento de 25% da população idosa enquanto
a a nos últimos 10 anos o crescimento da população geral foi muito mais baixo e na população acima de de 75 anos o crescimento foi de 45% então nós estamos chegando perto de 100 anos e vamos ultrapassar isso e a a velice não é uma doença né Nós temos que trabalhar para manter a qualidade de vida mas nós sabemos que eh a partir dos 75 anos hoje se reconhece que o aumento das dependências é muito maior né o crescimento do número de doenças e crônicas e degenerativas e o nosso país está muito pouco preparado para
essas coisas né apesar da gente nunca Tendo tendo eh feito com perfeição a tarefa de casa relacionada a crianças a adolescentes nunca foi perfeito mas houve um investimento houve um foco nisso né hoje eu acho que o a gente precisa desse foco no estilo de vida quer dizer a saúde pública tem que contribuir para que se tenha um estilo de vida mais saudável do ponto de vista Ambiental do ponto de vista da da alimentação da nutrição né né e do atendimento às pessoas que começam a ter dependências por vários motivos bem ISS se eu diria
assim apesar de ter uma pauta nova é uma pauta que tá tá muito vinculada às questões clássicas da área de saúde né mas a gente tem uma outra pauta que essa é ligada às próprias transformações que o mundo tá tá vivendo por exemplo no campo do trabalho a restruturação produtiva no campo ambiental eh as diversas ameaças por exemplo agrotóxicos e a os desmatamentos as os grandes Empreendimentos que provocam mudanças de diferentes níveis né tanto no ambiente para os animais para os insetos para as aves como para as pessoas que conviviam naquele lugar para as pessoas
que vão trabalhar lá para os núcleos populacionais que ocorrem nesses locais né e uma pauta muito ligada ao avanço da biologia que é a biologia sempre foi né a gente Inclusive fala quando a gente fala Da Lógica médica a gente costuma colocar um bio na frente a lógica biomédica né e a gente tá eh vendo assim na nossa frente passar uma quantidade de invenções de tecnologias de propostas novas em relação a uma quantidade de coisa que tem a ver com a vida e a morte né Por exemplo as questões reprodutivas questões sexuais o aumento da
expectativa de vida eh esse sonho que todo mundo tem da da eterna Juventude quer dizer são uma muitas descobertas né e particularmente as terapias genéticas né que felizmente no Brasil todos os estudos de Genoma de genética são apoiados pelo poder público né então a gente tem uma expectativa que essa ciência e essa tecnologia que estão sendo geradas possam servir ao SUS possam ser incorporadas ao SUS porque por exemplo outros países como os Estados Unidos para dar um exemplo que é sempre o mais próximo de nós existem pesquisas públicas mas a maioria das pesquisas nesse Campo
estão em laboratórios privados né O que significa uma privatização de uma quantidade de questões desde as terapias os medicamentos os equipamentos e etc então Eh eu considero assim que hoje a saúde coletiva ela não pode ficar restrita ao que era o seu Campo há anos atrás tá o a vamos dizer assim esse momento entre aspas da pós-modernidade tá trazendo uma quantidade de questões novas em relação à saúde trabalho a vida morte eh decisões que nós temos que tomar e que a saúde pública a saúde coletiva teria que est estudando teria que ter uma palavra sobre
essas questões né professora a senhora acha que nós do campo da saúde coletiva estamos preparado para tratar dessa questão da violência mas não da violência revelada há uma violência aí que que está oculta sobretudo a violência doméstica violência contra o idoso e a violência institucional né esses assédios Morais né que que as instituições às vezes nos obrigam a passar eh nós estamos preparados para fazer esse enfrentamento dessa agenda é veja bem Fátima tem 21 anos que meu campo de pesquisa né não por escolha viu porque me escolheram para isso o aroca e Paulo buz na
época me pediram para para colocar a colher nesse campo porque a maioria dos estudos Eram todos estudos epidemiológicos descritivos que diziam quantas mortes né contava os mortes os feridos os lesados e os tra batizados e a ideia era que a discussão sobre violência ultrapassasse isso a discussão sobre violência é a discussão da sociedade né E que a quando a área da saúde traz pro seu campo ela tá o tempo todo dialogando com a sociedade sobre isso nós fizemos um um estudo uma avaliação sobre até que ponto a área da saúde tá incorporando esse tema por
quê Porque em 2001 eh Isso foi um esforço imenso e eu tive o privilégio de ser a presidente dessa comissão que formulou a política nacional de redução de acidentes e violência tá então em 2001 essa política foi aprovada e ela passou a pautar a ações do setor saúde então em 2005 nós queríamos ver assim o que que tá acontecendo isso que o fato de existir uma política tá influenciando né alguma coisa nessas pautas da área de saúde então o que que a gente observou por exemplo vamos pegar por partes no campo da Criança e Adolescente
nós temos do movimento social que é antigo que vem antes da constituição de 88 né que na Constituição de 88 consagrou a criança como cidadã e e e 1990 o Estatuto da Criança da adolescente nãoé já havia o movimento Mundial que começou nos anos 70 uhum tá em relação a isso com um a um diagnóstico muito claro de que qualquer tipo de violência na infância seja de abandono seja violência física seja violência psicológica ou sexual a pior é sexual obviamente né Elas influenciam negativamente no crescimento e desenvolvimento né então esse campo da Criança e Adolescente
foi o que mais avançou tá e avançou com eh tanto do ponto de vista do vamos dizer assim das instituições públicas capitaneadas pelo Ministério da Saúde e tem avançado em relação a isso como também dos movimentos sociais né então esse campo eu diria assim é um campo que trabalha com prevenção com as crianças que denuncia que que que tem os conselhos tutelar quer dizer tem uma quantidade de equipamentos e mediações não que esteja maravilhoso sim mas existe existe o segundo Campo que é a tal da violência de gênero né que quase sempre foi tratado como
violência contra a mulher né Por quê porque houve um envolvimento muito grande do movimento feminista na área de saúde isso Começou internacionalmente principalmente Washington havia grupos específicos que estavam ali dentro da opas uhum entendeu mostrando o que significava isso pro mundo era metade da população muitas vezes sem reconhecimento dos mais diferentes tipos né então esse também é um tema em vigilância porque os movimentos feministas movimentos de gênero cada vez mais se apropriam dos direitos e vão tomando seu lugar então eu diria que tem uma também não é perfeito mas existe uma presença né E que
hoje tem inclusive um viés importante também que a violência do homem e contra o homem porque antes era só a ideia da mulher né Por quê Porque o homem na verdade ele é a maior ví maior autor de todos os tipos de violência agressões agressões exato acidente de trânsito suicídio todos né então eu diria assim é um campo em expansão e é um campo que tem tem história né bem em relação aos idosos eh é muito novo todo desse Campo é muito novo só para você ter ideia a primeira pesquisa internacional sobre isso foi publicada
em 7 1975 né E aqui no Brasil o primeiro artigo publicado foi um artigo meu se eu não me engano em 2005 nos Cadernos de Saúde Pública eu tenho impressão que sim eu tô falando sempre da área da saúde né Bem também é um campo que avançou muito só para você ter uma ideia gente fez um estudo da de todas as publicações sobre violência no país de 1990 a 2000 nós tínhamos sete trabalhos sobre violência contó sete e out assim crianças adolescente 400 e tantos sabe só para você ter uma ideia de comparativa em 2000
e 2009 a 2010 nós retomamos Esse estudo Nós já tínhamos mais de 400 trabalhos feitos sobre isso quer dizer é claro você pode dizer o que tá publicado não é a ação não é sempre a ação que tá ocorrendo Mas significa que entrou na pauta passou a fazer parte das preocupações né passou passou a fazer parte de propostas passou a fazer parte de projetos e existe uma articulação em geral muito boa da área da saúde com o a área de direitos humanos a secretaria de direitos humanos no sentido de aumentar a vigilância sobre a violência
contra os ritas professora e nessa área do Direitos Humanos eh Será que os nós vamos dizer os formuladores a elite pensante né como a senhora gosta de dizer do campo da saúde coletiva nós estamos se não preparados nós estamos dispostos a enfrentar entre aspas aí essa nova epidemia do craque essa juventude que tá se perdendo e será que a gente tá conseguindo compreender essa Juventude do lado mais da sua subjetividade Por que que eles se dedicam Tanto à droga o que que tá por trás desse prazer dessa desse momento né de um de uma momento
quase invisível né entre a o tratamento biológico né a recuperação terapêutica e esse lugar lúdico que a gente não consegue entrar aí é porque esse é o problema da droga como você muito bem colocou a droga só é consumida porque dá para viver né Se ela provocasse só sofrimento a pessoa não consumiria é um prazer Inicial que depois vem acompanhado de sofrimento e de muitas outras questões como os desarranjos familiares e tudo isso eu acho que a gente tá tateando isso sabe tem um esforço tem o esforço do governo tem o esforço de pesquisa nós
por exemplo do clá estamos entrando porque veja bem a gente eh diferencia um pouco o nosso campo nosso campo não é por exemplo estudo de segurança pública em si não é de de droga nosso campo é a violência né mas como todos esses fenômenos acabam e ehos Entrelaçados a gente acaba trabalhando aí né então a gente tá tentando entrar aí e entrar tanto do ponto de vista eu tô falando da focuz Agora sim quantitativa como do ponto de vista qualitativo a gente tá com uma pessoa que não sei se você conhece que é o Francisco
Inácio sim que é um um grande pesquisador assim do Campo quantitativo né e a gente tá trabalhando junto em relação a isso sabe na formulação de pequenas pesquisas para entender exatamente para entender né agora ao mesmo tempo que a gente tem que buscar entender a gente acha que tem que ter um apoio muito M grande principalmente para criança e adolescente porque não se pode impunemente né porque aí se se fala muito do direito da Criança e Adolescente el não tem opção naquela hora tá na rua né porque a maioria dessas pessoas que estão usando o
craque das Tais cracol não quer dizer que outros estão nas Luas né então a gente tem dois problemas aí superpostos que é o problema da social que é o problema da opção né da chamada opção porque que eu que eu vou porque o que que a gente observou nós já fizemos vários estudos sobre crianças que estão na rua muitas vezes o irmão não tá na rua tá em casa muitas vezes o que sai pra rua é o mais Eh vamos dizer o mais afoito o mais perto ele quer sair daquela situação dele já é limitada
ele quer ver outras coisas ele quer ver outra coisa a casa não lhe proporciona quase nada e aí ele sai então a compreensão dessas sabe que é um uma compreensão um entendimento pra gente valorizar aquilo que h de positivo no ato para compreender o outro lado mas eu acho que a gente tá tateando nisso e tá crescendo muito né professora só para não vou tomar muito tempo senhora eh e é possível o Brasil cooperar com os países eh nossos irmãos latinoamérica o Caribe princialmente os países de língua portuguesa nós estamos preparados para dar conta essa
que é a pergunta para dar conta dos nossos problemas clássicos como a senhora diz e desses problemas que emergem e ainda assim a gente se colocar de forma solidária para fazer pesquisas né vamos dizer multicentrico né entre as instituições do outro lado ou daqu do lado né dos nossos vizinhos eu acho que que essas coisas estão começando porque você veja eh o Brasil sempre eu me lembro de um americano uma vez falando assim que ele achava fantástico o Brasil que parecia assim um planeta azul girando Sozinho no Mundo o o mundo tinha de tudo e
o Brasil tá aqui na sua pobreza na sua felicidade eh tentando resolver os seus problemas e muito fechado a tudo fechado eu não tô falando de exportação e importação também mas fech limitado nesse caso né é muito fechado em si mesmo quer dizer nós somos um país Continental Então se a gente deixar é a mesma coisa de família grande né se a gente deixar a gente não sai da família grande Porque é tanta gente é tanto problema é tanta coisa que você fica parado aí e o mesmo ocorre no Brasil então por exemplo eu acho
que a foc cruz eh de vez em quando ela tem umas ideias assim meio megalomaníacas mas ela tem se esforçado por exemplo para fazer uma cooperação Sobretudo com os países de língua portuguesa né e com alguns países da América Latina que se apresentam por exemplo nós do claves temos uma parceria já há muitos anos com a universidade l que é uma universidade é como se fosse a uf no Rio de Janeiro tem a a universidade Nacional de Buenos Aires e a universidade Nacional de lanus elas estão ali na confluência tá a de lanus é mais
nova e mais ágil mais ágil então eles têm um mestrado doutorado em saúde pública que a gente cooperou desde o início paraa formação disso tá Inclusive eu sou professora lá e atualmente eles eh nos pediram para criar um claves lá Hum coisa boa Então chama claves também Ah que bom é no sentido latino-americano né os irmãos dos claves É É Então a gente tá atuando junto em pesquisas né E por exemplo nós estamos fazendo uma pesquisa multicêntrica sobre homicídios na América Latina que a gente tá juntando venezuel ela Colômbia México e Argentina não juntamos mais
porque as pernas e o dinheiro não dá né mas é um trabalho que a gente tá tentando comparar tentando fazer propostas tentando fazer estudos de caso para ver o que sabe por exemplo nunca nunca tinha sido feito pelo menos por nós um estúdio de casa em lugar muito violento Por que que ali tem tanta violência né claro que a gente vai achar todos os fatores mas a gente vai descobrir alguma coisa né E por que que o lugar que era muito violento de foi fazendo determinadas intervenções e a violência se reduziu então a gente tá
fazendo estudos de casos sobre isso nesses países também entendeu eh nós eu tô falando do que a gente tá fazendo enquanto grupo né porque a f Cruz tem uma cooperação maior com 60 países é tá f Cruz do Rio tô falando S sim eu acho que não é só do Rio não acho que a de as mais antigas de Recife e de Salvador também tem vários trabalhos de cooperação né e mas nosso caso nós fizemos um livro junto sobre a violência em Moçambique que saiu de um período colonial e quando você sai desse período colonial
você começa a perceber que a violência não era só do colonizador ou dos grupos que ficaram depois se digladiando a violência está na sociedade né então nós fizemos um livro junto Foi patrocinado pela acho que foi pela ôu de lá o a representação de lá né E que tá servindo de cursos na área de saúde e de Ciências Sociais lá em Moçambique na universidade não sei como é que chama acho que tem o nome de um de um grande Presidente deles sabe mas é a universidade pública Então a gente tem trabalhado junto tá de vez
em quando L alguém para lá outra coisa nós recebemos alunos em geral tanto da América Latina como todo Colômbia Bolívia vários países da América Latina como recebemos alunos da África de língua portuguesa uhum tá e eu acho que que a cooperação é questão de começar é questão de de ver determinados temas conhecer pessoas e e trabalhar é possível que bom então mais uma vez eu agradeço a senhora essa oportunidade de fazermos esse diálogo quero agradecer em especial aos nossos alunos estudantes e bistas do con saúde moderado esse grupo moderado pela professora Valéria Mendonça pela não
só oportunidade masa disposição de est o tempo inteiro de forma aproveitando as oportunidades né da vinda dos nossos convidados e registrar de forma tão gentil né a passagem da professora Cecília mino pelo Unesp sobretudo não só a passagem né mas o que a professora Cecília acaba de registrar para essa nova geração eu fico muito feliz com isso espero que Cecília tenha vida longa e que o con saúde também tenha vida longa muito obrigado Eu que agradeço Fátima a você [Música] avel diálogos com saúde tem que ter Gogó né agora a gente tem que perguntar era
isso você queria da gente