anos. A Globo é uma ideia, uma grande ideia inventada. Ela existe porque todos nós acreditamos nela.
A diferença no caso de uma empresa de comunicação audiovisual é que essa ideia, essa invenção tem cara concreta, cara de gente e ele é uma dessas faces, a cara de nosso jornalismo. Mas é bem mais que um rostinho bonito, bem bonito, aliás, em 60 anos, não é, meninas? Ah, em 60 anos da estação ele viveu 38, 29 na bancada do Jornal Nacional, quase metade do tempo de existência da Globo e mais da metade da idade do próprio JN, criado em 1969 pelo inesquecível Armando Nogueira.
Mas o JN foi assim uma espécie de cereja do bolo luxuosa. De 1987 para cá, ele apresentou tudo, quase tudo. Do Bom Dia São Paulo ao Bom Dia Brasil, do SPTV ao Globo Esporte, mais o jornal hoje, o Jornal da Globo, o Esporte Espetacular, o Fantástico, até o mais amado programa da Globo, o Eterno Globo Rural.
É, mas no Jornal Nacional já são mais de 10. 000 1 edições com ancoragem de dezenas de coberturas em loco, como as de eleições, não só as nossas, mas nos Estados Unidos e até de um papa no Vaticano. Ninguém melhor que esse profissional com Pai e presença Iden para representar o jornalismo da Globo nesses 60 anos.
Meu querido amigo William Bonner. [Música] Você viu a reação quando eu falei do rostinho bonito? Eu ouvi.
É, vamos corrigir os números. Vamos atualizar os seus números. Vamos lá.
Eu quando eu parei para pensar assim, caramba, quando eu entrei na Globo, eu achava que a Globo já era, tinha 15 anos. Pois é, rapaz. 15 anos que a Globo tava lá.
Eu tenho a mesma sensação. Quando eu tinha 12 anos de idade, eu tinha um caderno, um dos meus cadernos e na na escola era repleto de da marca Globo. A marca Globo que esse teu público aqui não sabe nem qual era, que era um Globinho mesmo, com uns gominhos assim.
Eu desenhava isso estilizado. Eu e eu desenhava isso na minha cabeça. Globo era uma potência e era realmente, mas era uma potência consolidada, com décadas e décadas coisa nenhuma, era novinha.
Você já tem mais tempo na Globo do que a Globo sem Will Bonner. É, isso é muito assustador. É muito.
Vamos lá, vamos corrigir os números, atualizá-los. Você tá há 38 ou 39 anos? Eu entrei, eu entrei na Globo em junho de 86.
Portanto, em junho agora eu completarei 39 e no dia seguinte entrarei no 4º ano. E 30 anos de Jornal Nacional foi 95. E eu completei 29 anos agora no início do mês.
Eu já estou no meu 30º ano de Jornal Nacional. E a minha reivindicação é o seguinte: botaram C Moreira no livro dos Recordes por causa das 8. 000 edições e o Willam já passou de 10.
000. Saber diso não é é é o quê? É, mas eu não quero tirar o Cid Moreira de livro nenhum, pelo amor de Deus.
Não, mas acrescenta você lá. Vamos fazer um um ultra resumo, um mosaico de onde esse cara já andou nessa nessa estação. Boa noite.
Um consumidor pagou 50. 000 cruzados de ágil para receber um carro de consórcio. Existem momentos em que a gente torce para que a realidade seja apenas ficção.
Bom dia. A semana que passou trouxe a confirmação de uma notícia que está abalando o comércio de grãos em todo o mundo. Rede Globo, eleições 88.
As indústrias de Santa Catarina estão transformando o lixo em lucro. O que não serve? Perdão.
Fantástico. Morre em Teran o Aatolá comeini. Brasil e Venezuela.
O primeiro jogo aqui na Globo. O PM de São Paulo que salvou a garota de 14 anos das mãos do assaltante vira herói. Um cientista que faz pesquisas genéticas na Bahia recebeu hoje em Brasília o prêmio Jovem Cientista.
Acusação de desvio de dinheiro leva banqueiros para a cadeia. Daqui a daqui a pouco, desculpe. Hoje o repórter Pedro Bial foi ouvir Ronaldinho.
11 de setembro de 2001, uma terça-feira que vai marcar a história da humanidade. A polícia ainda procura o corpo do jornalista Tim Lopes. Depois de uma longa agonia que se agravou desde a última quinta-feira, morreu hoje o Papa João Paulo I.
Começa pelo sul do Brasil a viagem de 15. 000 1000 km da caravana JN. Ao vivo de Washington, no Jornal Nacional traz todas as informações sobre a eleição do homem mais poderoso do planeta.
Você pode estar se perguntando, mas é sexta-feira? Que noticiário pesado. É pesado mesmo, só assunto importante.
Mas eu tenho uma notícia boa para você. Bonner ficou emocionado. Não, eu não, eu quase não me emociono.
Fácil. Eu vou encerrar, tá? O jornal da Globo é depois de Lady Night.
Uma ótima noite para você. Até amanhã. Olha, eu eu tive poucas oportunidades de trabalhar com você, poucas.
As nossas carreiras foram correndo, percorrendo caminhos diferentes. Você na reportagem, eu desde muito cedo acabei aprendendo a edição, então a minha vida era redação, mas todas as vezes em que a gente se encontrou foi foram tão legais, foram. E aqui mostrou um pedacinho.
Caravana JN foi muito legal, foi histórico. Foi brasileiros como os que nos receberam tão carinhosamente aqui nas missões, que vieram assistir ao Jornal Nacional nessa noite gelada e que estão acolhendo calorosamente. Logo ali também o Pedro Bial.
Boa noite, Pedro. Boa noite, William. Esse sujeito se reinventou.
Eu disse a você, eh, topar fazer BBB e transformar o BBB num produto que poderia ser tolo e desprezível e dispensável. Ele inventou, ajudou a inventar um formato de BBB em que as pessoas ficam esperando a tua palavra e a tua posição. Cara, isso foi maravilhoso.
Você se inventou. E a outra coisa eu preciso dizer, você é o autor de um livro sobre o jornalista Roberto Marinho. Eu me lembro.
É, não tem como esquecer. No dia em que morreu o jornalista Roberto Marinho, eu me emocionei muito. Dizem que eu chorei.
Eu não chorei no ar. Eu fiz, eu tremei a boca. Ah, a voz falhou, eu segurei, não caiu lágrima, não ch.
Tecnicamente eu não chorei, mas quando terminou eu chorei muito e aí eu saí do estúdio, eu tava realmente devastado, devastado com aquela situação toda. Eu encontro Pedro Bial num lugar que ele não frequentava. Eu fui a primeira pessoa a ir ao seu encontro para dizer que tava te entendendo.
Você tava e ele não sou dizer nada. Ele me deu um abraço que eu não vou esquecer nunca. O abraço fraterno de alguém que sabia o que eu tava vivendo.
Muito obrigado. Isso aí. Para quem não lembra da caravana, o Bial entrou num ônibus e percorreu o Brasil e todos os dias mandava uma matéria pro Jornal Nacional, todos os dias de um lugar diferente.
E a cada duas semanas, em geral, numa segunda-feira, eu ia encontrar o Bial ou a Fátima Bernardes, porque em Minas Gerais, em Ouro Preto, foi ela. Eh, para numa cidade que exato, para ancorar o jornal ao vivo numa cidade que representaria a região Juazeiro do Norte. Foi incrível.
Para mim, eu acho que foi, eu acho que foi um desses momentos assim que foi embaixo da estátua de padre Cícero, a grande estátua lá dentro do Padin Cisso, cheio de gente em volta. Nossa, foi muito e eu ancorava o jornal, mas ele também, ele participava. E aí teve, eu tô contando para eles, e aí teve um momento que esse cidadão resolveu tirar o chapéu da cabeça e agitar assim.
eram milhares e milhares de pessoas felizes de estarem lá celebrando Padis, a caravana JN, o Pedro Bial, aquela cena, eu tenho na minha sala eh uma foto aos pés do pai do padre incisos. E essa imagem é para não esquecer, ela tá no no livro JN modo de fazer, cujos direitos autorais eu doei para Escola de Comunicações e Artes da Universidade do Santo. Escuta, você além de apresentador, é editor chefe há décadas do JN, décadas em que muito mudou na prática do jornalismo, da transmissão de notícias.
O que que ficou mais diferente? Acho que duas coisas. A primeira é acabou uma coisa chamada deadline.
O deadline é uma abstração, como você disse, é uma ideia que a gente respeita. É a ideia segundo a qual, num certo momento do dia, a edição de um jornal ou de um telejornal está fechada. Depois daquilo não entra mais naquela edição porque não vai dar tempo.
Isso acabou, não existe mais. O exemplo limite que eu dou é de uma noite em que eu tava apresentando Jornal Nacional, pronto para dar o Boa noite Final com a Renata Vasconcelos e o meu celular sobre a mesa ah iluminou-se com um push do G1. E como sabemos, G1 é Globo, somos uma só Globo.
Se o G1 apurou e publicou e o G1 é do jornalismo da Globo, eu não tenho que ter dúvida. Eu falei uma última informação, li a notícia do G1, tal como estava apresentada na tela do celular, encerrei o jornal e ainda chamei o jornal da Globo dizendo que os detalhes você vai ter no Jornal da Globo. Eu não lembro que notícia era, mas isso é para mostrar que não é que até o último momento a gente produz uma notícia, já foi isso, mas até o último momento a gente dá uma notícia desde que a gente tem a certeza de que ela foi apurada pelas nossas equipes e G1 é nossa equipe.
Vem falar de edições inteiras ancoradas ao vivo, como em 2013, durante as as jornadas de junho. Ali vocês entravam ao vivo e era o que ia acontecendo, estava acontecendo na hora. Muito bem.
Nesta quinta-feira, dia 20 de junho de 2013, o Jornal Nacional está iniciando a partir de agora uma edição completamente diferente daquela que estamos habituados pelos motivos que você vê claramente na tela da sua TV. É, então uma coisa que mudou foi isso, não tem mais deadline. A outra coisa que mudou é que o nosso cardápio teve que ser enriquecido ou talvez empobrecido por uma tarefa que não nos cabia.
A nossa tarefa sempre foi ao fim de um dia resumir aquilo que de mais importante havia acontecido no dia no Brasil e no mundo. Esse era o cardápio do JN quando surgiu. Hoje essa é uma tarefa que não faz muito sentido, porque ao fim de um dia todo mundo já viu telinhas de celular iluminadas com as notícias.
O que a gente faz é depurar e organizar, tá certo? E traduzir na medida do possível. Mas entrou uma um ingrediente a mais.
é desmentir aquilo que também circulou ao longo do dia. A gente tem que fazer esse trabalho também. Isso então mudou.
Mas eh mesmo quando você não desmente, as pessoas vão ver o Jornal Nacional para saber se é verdade. Eu quero dizer o seguinte, facter, como falar assim, você ouviu um monte de notícia o dia inteiro. Agora vamos ver como é que o Jornal Nacional vai dar para ver o que que é mesmo.
Você tem essa consciência de agora vamos tirar a limpo. Eu tenho e tem algo até de bom humor para não levar para aquela, para aquele caminho sombrio de a gente ficar aqui lamentando o que as redes sociais estão fazendo com a humanidade. Mas tem um lado até de bom humor, porque nas próprias redes sociais, sempre que acontece alguma coisa muito, muito importante, e surgem os memes com as expectativas sobre o que será a escalada de JN, como é que a Renata Vasconcelos e o William vão aparecer aquela noite.
E nós, eu me divirto com isso também, é engraçado, mas isso é muito mais do que uma aparição nossa ou do uso da nossa imagem. Isso para mim é uma demonstração inequívoca do respeito e da admiração que o público brasileiro tem por esse produto, essa instituição chamada Jornal Nacional. O Jornal Nacional que muitos criticaram ao longo de anos, outros criticam ainda hoje e que vão à redes sociais.
Às vezes os haters botam lá gente vomitando no Jornal Nacional. Mas ele foi aonde fazer isso? Ele foi na minha rede social.
Na rede social do Jornal Nacional. e comenta a notícia que entrou onde se não jornal nacional. Mas eu não quero tripudiar sobre ninguém.
Eu quero só dizer o que para mim é muito claro. Aquilo é uma instituição e sempre, você está certo, sempre que acontece alguma coisa muito importante, é natural que as pessoas liguem para ver o JN, para ver como é que o JN vai dar aquela notícia. Isso.
Eu vou falar de uma edição em que eh a gente a partir dela pode discutir o que que é notícia, qual é o critério para dar o peso para essa notícia, o tempo. A edição de 11 de outubro de 1996. Os atos extremos de Renato Russo provocavam o público.
Ao mesmo tempo em que agredia os fãs durante os shows, ele chegava a agradecer os aplausos de joelhos. Hoje, na despedida do ídolo, só ficaram as boas lembranças. Para os fãs de Renato Russo, restam as letras identificadas com a juventude.
Ele era um deus pra gente. Eles estampam no peito a homenagem ao ídolo. Fazem poesia.
Existiu apenas um poeta que fez o que bem entendia e seguiu apenas o seu caminho. E cantam as músicas do vocalista na porta do cemitério do Caju, no Rio de Janeiro, onde o corpo de Renato Russo vai ser cremado. [Música] Por que que a gente mostrou isso?
Porque naquele dia edição do Jornal Nacional deu quase metade do tempo do jornal pra notícia da morte do Renato Russo. Isso, é claro, rendeu o debate. Eh, qual foi a sua posição nessa decisão?
O editor chefe era o Mário Marona e houve um momento na reunião de apresentação da edição aos editores, eh, em que a nossa colega Lilian Vitibe, que era minha parceira de apresentação, eh, estranhou a extensão da cobertura paraa morte do Renato Russo. O Renato Russo não dizia para Lilian o que dizia aos corações de outros da equipe. E o editor chefe o Mário Marona disse: "Então ali, Lilian, ele é muito grande, ele é hoje, ele é uma figura gigantesca no Brasil.
" E ela, ah, não sei, não sei, é o Jornal Nacional. A Lilian, o Bonner, ele sabe a letra do Faroeste Cabôclo inteira e ela não sabia o que era Fareste Cabôco. E aí eu tenho que fazer uma correção histórica porque o livro do Daiev diz que naquele momento William Bonner foi desafiado a cantar Faroeste Cabôclo e cantou de ponta a ponta.
Não é verdade. Não foi isso. Isso aí quem contou para ele, mas ele sabe que não foi isso.
Depois ele fez uma revisão na reedição do livro. O que eu fiz foi iniciar, digamos, a declamação da da letra do Faroeste Cabôclo. E eu declamei quatro ou cinco primeiras estrofes, a Lilian se convenceu e seguimos adiante.
Mas eu acho incrível você tocar nesse assunto hoje, porque eu vim aqui conversar com você eh dirigindo. Eu vim do Rio de Janeiro dirigindo e e no caminho para me distrair, eu diferentemente do que faço em outras ocasiões, eu não cantei. Eu declamei o Faroeste Cabôclo em lágrimas.
Vocês acreditam noo? Eu só acredito se ele declamar agora pra gente. Não faç pelo menos as primeiras estrofes.
João de Santo Cristo. É, você quer? Quero não tinha medo o João de Santo Cristo.
Era o que todos diziam quando ele se perdeu. Deixou para trás todo marasmo da fazenda, só para sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu. Quando criança só pensava em ser bandido, ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu.
Era o terror da cercania onde morava. E na escola até o professor com ele aprendeu. Ia pra igreja só para roubar o dinheiro que a velhinha colocava na cuchinha do altar.
E sentia mesmo que era mesmo diferente, sentia que aquilo ali não era o seu lugar. Ele queria sair para ver o mar, as coisas que ele via na televisão. E eu vou parar aqui, senão você vai ter embora.
Gente, emocionante. Mas eu vou às lágrimas no fim porque é muito difícil não ir. Quando quando o Renato diz que o João não conseguia o que queria quando veio paraa Brasília com o diabo ter.
E ó, eu já tô quase chorando de novo, não vou continuar, mas a gente sabe, ele queria era falar pro presidente para ajudar toda essa gente que só faz sofrer. Cara, como não chorar falando isso? Agora eu quero dizer eh qual foi o momento que garantiu para mim um lugar de destaque do William Bonner e eu diria William Bonner, Ali Câel e, é claro, Renata e toda a equipe.
Que que teria sido do Brasil durante a pandemia de Covid, gente, se não fosse Jornal Nacional? Se não tivesse sido Jornal Nacional. E vocês tinham consciência naquele momento do que do que vocês estavam fazendo, da grandeza histórica daquele trabalho?
Nós tínhamos. Era um trabalho feito por todo o jornalismo da Globo. Em todos os jornais era isso era feito.
Obviamente o Jornal Nacional, com a visibilidade que tem ganhou essa essa aura. Mantend. E teve uma noite, e foi só uma noite em toda a minha vida, são quase 40 anos de televisão.
Teve uma noite em que eu falei coisas, eu disse coisas que me ocorreram e que não estavam no script e que eu não tinha combinado com ninguém num jornal nacional. Você não, com o poder que ele tem, você não sai falando de improviso o que vem à sua cabeça, mas foi a única vez em toda a minha vida em que eu fiz isso. Eu estava postado ao lado daquela tela na qual apareceria o nosso colega que ia trazer os números da média móvel.
Olha que triste lembrança, a média móvel da Corinthians e eu me postei ali, tinha uma reportagem no ar e só que essa reportagem mostrava mais uma vez algum, esse trabalho porco, esse trabalho criminoso de espalhar notícias eh falsas, notícias falsas, informações falsas eh sobre vacina, sobre o que quer que fosse. Então, quando terminou e voltou para mim, eu já tava ali postado, eu, em vez de chamar o colega, eu disse alguma coisa, eu comecei dizendo alguma coisa assim: "Bom, você tá me vendo aqui, nosso colega Alan Sevelano, você já sabe o que vai acontecer agora, mas eu queria só lembrar que se nós fazemos isso todo dia, é porque nós estamos cumprindo um dever profissional, nós aqui e todos os jornalistas do planeta Terra". Nesse momento, infelizmente, além de dar as notícias, de trazer as informações corretas, nós estamos esgrimando com loucos, com irresponsáveis, com gente que é capaz de entrar num WhatsApp da vida e sair espalhando mentira.
Abel prazer e tem gente que faz isso, inclusive investido de cargo público. E eu disse naquele dia, mas nós, os jornalistas no Brasil e fora do Brasil não era uma luta nossa, era uma luta de uma categoria de profissionais mundialmente. Nós não vamos desistir.
E de fato nós não desistimos. E até o fim nós persistimos naquilo porque nós tínhamos a verdade, nós estávamos do lado certo, nós jornalistas. Então eu me lembro, claro, do Jornal Nacional fazendo isso, mas eu me lembro também desse dia em que eu tava com isso engasgado, eu botei isso para fora, isso criou um clima depois super doido.
Falou: "Pô, mas se o William agora toda noite resolver fazer isso, a gente vai ter que Mas não foi uma vez só". Mas por isso, pela gravidade do que você tá dizendo, fez muito bem. fez muito bem.
Vamos lembrar de outro marco. Eh, de lá para cá teve a tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul no ano passado. A partir de hoje, o desastre que os brasileiros viram se avolumando desde a semana passada no Rio Grande do Sul passa a ser apresentado pelo Jornal Nacional aqui, onde os fatos estão se desenrolando.
Porque ao contrário de outras tragédias climáticas que nós já testemunhamos, essa ao longo dos dias foi piorando em vez de melhorar. Nesse momento, o drama que o povo gaúcho está enfrentando tem uma gravidade absolutamente incomparável. Nós viemos aqui, eu não vim sozinho, vim com uma equipe de profissionais, colegas.
Nós todos viemos aqui para prestar nossa solidariedade ao povo gaúcho e para apoiar o trabalho dos nossos colegas da RBS afiliada da Globo aqui na região. O Rio Grande do Sul vive um momento absolutamente assustador e é isso que nós vamos mostrar com a maior fidelidade possível com esse trabalho ampliado a partir de hoje no Jornal Nacional. É isso.
É um marco para mim. Esse foi, esse foi o primeiro telejornal da minha vida que eu fiz totalmente de ponta a ponta de improviso sem telepronter. E eu quis que fosse assim.
Eu avaliei, e acho que avaliei certo, que quanto menos eu lesse textos, quanto mais eu fosse forçado a contar coisas para as pessoas naturalmente, mais eu tocaria o coração delas pra gravidade daquilo que estava acontecendo. E eu acho que foi uma decisão acertada, né? Você chegou a ser hostilizado no Rio Grande do Sul por ser da Globo, por ser a cara da Globo do Jor?
Mas Bial, eu posso, eu te conto a as as hostilidades, porque eu vi muito eh na internet, né, saírem coisas, porque eh tinha uma questão política aí, né? Eh, tem uma um país dividido, então tem um país dividido e metade ressentida. a metade ressentida tava querendo eh inflaridade à nossa presença lá.
Na primeira noite, essa que acabamos de ver ali, pouco antes de começar o jornal, um sujeito muito muito irritado fez um discurso eh contra a minha presença, a presença da Globo ali naquele momento. Ele dizia coisas do tipo: "Vocês tinham que estar aqui, não aqui em cima, porque eu tava sobre um viaduto para ter a vista do que tava acontecendo de resgate embaixo. " você tinham que estar lá embaixo com os pés na água.
Eu não podia dizer para ele, amigo, eu tô com equipamento eletrônico transmitindo ao vivo. Não, não faria o menor sentido botar os pés na água apenas para satisfazer o seu desejo ou para tentar demagogicamente aparecer assim. Isso é o ponto.
Um. Dois, vocês só tão vindo agora, tinha que tá aqui antes. Aí, amigo, eu poderia dizer a ele, eu estou aqui agora e expliquei na abertura do jornal porque diferentemente do que ocorre normalmente em eventos dessa natureza, a situação do Rio Grande do Sul foi piorando dia a dia quando a gente achava que ia melhorar.
E aí no fim de semana nós decidimos vir e era uma segunda-feira, uma segunda-feira. E a e a terceira coisa, ele protestava contra o resultado da eleição. E sobre isso, então, o que poderia eu fazer?
Então, esta pessoa fez a o esse protesto, esta pessoa e esta pessoa. Aí passaram-se dias, nenhum problema, zero problema nenhum. Aí teve um dia, no último dia, quando eu ia sair do hotel, eu entrei no elevador para ir fazer o checkout no no hotel para voltar pro Rio de Janeiro.
E aí tinha um senhor no ao celular dentro do elevador e ele olhou, ele falou assim: "Olha aqui, tava vendo aqui você esmagando aquele canalha. Ele se referia a uma entrevista que eu havia feito com uma autoridade pública contra a qual ele manifestava a sua opinião chamando de canalha. E aí eu eu não entendi bem.
Eu falei: "Ué, ele falou: "Me diz uma coisa, eu queria entender. É assim, por que que você faz isso? E eu tô dentro do elevador pensando do que será que essa criatura está falando?
" Falei: "Eu não entendi. " Ah, você entendeu? Sim.
A Globo, você trabalha paraa Globo? Ah, eu falei: "Ah, eu entendi, eu entendi. Eu vou explicar porque que eu faço isso.
Eu faço isso porque eu abracei uma profissão chamada jornalismo. E foi isso que eu vim fazer aqui com vários colegas da Globo. E você deve ter notado, tem de várias empresas de comunicação do Brasil e do mundo aqui para essa tragédia.
Nós viemos aqui ajudar. ajudar. Ajudei eu que botei a mão no bolso e botei ali.
Eu falei: "É isso, isso exatamente eu não fiz. A minha forma de ajuda é outra. É dar visibilidade ao problema, fazer com que brasileiros façam um movimento de ajuda.
E aí ele: "Ah, mas você então é assim, você é assim mesmo, você é assim. " Eu falei, "Sou, eu sou esta pessoa que está falando com você. " Nisso, a porta já tava aberta.
Eu saí e foi esse essa conversa bem estranha que eu tive com esta pessoa ali. Aham. saiu na imprensa que um homem hostilizou, partiu para cima, foi contido, os as pessoas no restaurante do hotel ficaram indignadas com o que ele fez, seguraram o cara, manifestaram apoio ao William Bon, nada disso aconteceu.
Então eu tive dois, ah, passou um cara pedalando alegremente a sua bicicleta beira do Guaíba, como se ele tivesse, sei lá, em Amsterdã, a cidade debaixo d'água. Ele tá pedalando, mas se julga no direito de gritar para mim, lixo, algo assim. Aham.
E eu não lembro o que foi que eu gritei para ele, mas eu lembro do Miguel, a Thaí. meu diretor que é um pouco maior do que eu, é a sua altura ou maior, dizendo para dentro do hotel William. E eu entrei, mas eu não lembro o que foi que eu disse.
Foram esses os episódios no mais a gente foi, a gente ouviu tanto agradecimento do povo gaúcho, tão mais, né? Foi linda. Então é assim, foi linda.
A cobertura foi linda, foi linda. Foi, foi inesquecível pra gente. Eu acho que nada deve se comparar a passar a as sabatinas dos candidatos na campanha paraa presidência ao vivo ali.
É sempre uma baita adrenalina. Nada se compara a isso. Isso é a coisa mais difícil, mais desafiadora.
O desafio de você ao vivo no dentro de um Jornal Nacional fazer a um candidato à presidência da República perguntas que ele não quer que você faça a ele. E por que que eram essas perguntas? Porque as perguntas que ele queria que a gente fizesse não eram desnecessárias.
Ele já tem o horário dele de propaganda. Ali a gente tem que cutucar. Dá licença, vamos abrir esse armário.
Hum, tem um esqueleto aqui. Hum, esse assunto é chato pro senhor, pra senhora. E assim foi.
E tem uma coisa em televisão, vocês que estão estudando isso, assim, eh, na psicologia do espectador, se o Will é agressivo demais, se ele passa do ponto, a pessoa se solidariza. Pode ser um bandido do outro lado, mas ela vai, a gente sempre vai torcer pro mais fraco, né? Eu posso dar um exemplo recente, sem citar nomes.
Houve um momento numa entrevista em que um candidato, em vez de responder a pergunta de imediato que eu havia formulado, disse que eu tinha cometido fake news, né, meio negando o que eu havia afirmado. Eu respirei, aguardei a resposta, eh fiz uma observação específica sobre a resposta ao fim, mas depois encaixei uma um esclarecimento lembrando a ele e ao público o motivo pelo qual eu havia formulado a pergunta, lembrando a ele o que ele de fato havia feito para que eu tivesse feito aquela pergunta. Portanto, não era fake news.
Eh, mas só que no momento em que eu fui fazer isso, eu pensei, eu não posso ser agressivo. Esta pessoa pleiteia um cargo importantíssimo da República e ele e está na nossa casa. Nós devemos respeito a esta pessoa.
Então, o que fiz eu para tentar atenuar aquela situação em que eu ia desmentir o desmentido? Eu sorri. E aí, veja como isso é delicado.
Muitas pessoas viram no sorriso eh ironia. Outras tantas viram elegância. Eu gosto que tenham visto elegância porque foi o que eu pretendi.
Eu não pretendia ser irônico. Aí eu abro um sorriso e aí vai. Foi o que tudo isso ao vivo pro Brasil inteiro.
Olha só que barato, que profissional, que que onda. Olha só, durante esse ano a gente tem falado dos 60 anos da TV Globo, dos 100 anos de Globo, mas a gente sempre fala assim, rebate isso pro futuro, os próximos 60 anos, os próximos 100 anos. Vamos falar do futuro do William Boner logo depois do intervalo.
Em [Aplausos] [Música] instante. Bem-vindos de volta à conversa com William Bonner. Quanta honra, William.
E aí, quando é que você vai pra Sombra e água fresca? Você tem planos aí para o futuro? Eu tenho, eu tenho planos assim, quando eu não posso dizer.
Uhum. Mas sim, eu tenho planos. E também não vou dizer para você que será de sombra e água fresca, porque eu tenho um exemplo eh na minha família.
O meu pai trabalhou muito, meu pai já faleceu, meu pai trabalhou muito, muito, médico, empregos diversos, eh, consultório particular e tal. E aí num dia ele decidiu: "Não dá mais, eu preciso parar, eu tô ficando louco, etc e tal". E o meu pai mergulhou num processo de envelhecimento acelerado quando ele parou, porque ele parou de uma vez.
Então, é até uma questão de saúde mental. Eu acho que quando eu penso no meu futuro, num futuro tranquilo, não é sombra e água fresca, mas com toda a certeza, não é a rotina que a chefia e a apresentação de um Jornal Nacional eh representam. O meu sonho é ter uma atividade bacana, relevante, que não demande tanto de mim.
para que sobre mim o quê? Uma coisa chamada tempo. Eu tenho dois filhos que moram fora do Brasil.
Eu preciso de tempo e eu tenho uma amargura que eu carrego comigo. Eu não consigo hoje fazer algo que há alguns anos era corriqueiro. Eu não consigo pegar um livro, e eu não tô falando só do livro físico de papel, mas pode ser um livro eletrô.
Eu não consigo pegar um livro e ler um capítulo por dia de um livro sem que eu desvie a minha atenção a todo instante para um telefone celular. Por quê? Porque vivemos tempos de super excesso de excesso de informação e eu tenho uma carga de responsabilidade brutal, tanto profissionalmente como como um pai de três com dois morando fora.
Então não tem hipótese de um de um aplicativo de mensagem vibrar ou iluminar e eu não parar o que eu tô fazendo para olhar. Eu olho. o óleo.
E eu gostaria muito de tirar um pouco dessa minha carga, eh, aquilo que pudesse sair para eu poder dar uma respirada. Mas é, mas é tal história, eu não decido nada sozinho, né, William? Agora é isso.
E a despedida é sua, né? Você vai dar, que que eu faço? Você fala aquelas duas palavrinhas do final do telejornal.
Boa [Aplausos] noite e muito obrigado. Obrigado, querido. Obrigado.