[Música] [Música] Imagine sua história como uma linha do tempo quantos altos e baixos já viveu alegrias dores superações obstáculos a verdade é que essa linha não é assim tão linear inúmeros fatores internos e externos influenciam o tempo todo nossas jornadas e as tornam únicas e complexas Mas e se pudéssemos ser responsáveis por um pequeno estímulo capaz de impactar de forma positiva uma vida inteira e se criássemos oportunidades de Minimizar vulnerabilidades e de alguma forma mudássemos uma trajetória acreditamos que sim isso é possível e por isso desde 2003 apoiamos projetos inspiradores com objetivo de incentivar o
protagonismo social acreditamos que podemos gerar o impacto hoje para que versões cada vez mais felizes dessas histórias possam ser escritas no futuro próximo Instituto CPFL energia que transforma realidade Boa noite Está começando mais uma gravação do Café Filosófico CPFL agradecer a todo mundo que está acompanhando a gente pelo YouTube e fazer o convite Caso vocês ainda não tenham assinado o nosso canal só clicar aqui embaixo no se inscrever e no Sininho paraas notificações vocês T acesso a mais de 20 anos de Café Filosófico todo o nosso acervo que também pode ser acessado nas redes sociais
tanto no Instagram quanto no tiktok no @cafe CPFL onde a gente sobe trechos dos Nossos programas agradecer também a todo mundo que veio aqui hoje em Campinas casa cheia para ver a palestrante de hoje muito obrigado e a gente vai começar agora mais uma gravação do Café Filosófico CPFL [Música] E hoje é o último programa do módulo acabou um ciclo e agora que teve curadoria do próprio Instituto CPFL e a palestrante de hoje é a psicóloga e psicanalista Ana sui com o tema fiquei só e agora Ana é psicanalista escritora Doutora pela uerg mestre pela
Federal do Paraná autora do bestseller a gente mira no amor e acerta na solidão publicado no Brasil e em Portugal pela Editora planeta autora também de não pise no meu vazio as cabanas que o amor faz em nós a corda que sai do útero e amor desejo e psicanálise então por favor recebam com muitos aplausos a convidada de hoje aplausos aqui não tô brincando não o teu papelzinho saiu voando aqui então agradeço Ana muitíssimo obrigado pela sua presença vou te passar a palavra agora bom Café Filosófico muito obrigada boa noite boa noite muito obrigada por
estarem aqui obrigada ao pessoal do Instituto que me fez o convite E cuidou de cada detalhe segue cuidando de cada detalhe até o movimento do do ar para onde o papel vai eu tô muito feliz por est aqui e e esse é um daqueles momentos sabe quando parece que dá uma falha na Matrix e você fica pensando isso tá acontecendo será que isso é um sonho ou será que isso é realidade e eu tô vivendo um instante meio assim do tipo Será que isso tá acontecendo talvez eu acorde já já eh mas enquanto isso não
acontece vamos desfrutar então eu tô muito feliz por est aqui eu sou o cria do Café Filosófico né assisti sei lá quantas vezes eh esse programa na televisão no computador no telefone e aí entrar só só o fato de entrar nesse lugar já é uma coisa Nossa esse lugar realmente existe as pessoas estão aqui também agora né esse painel tá aqui enfim então eu tô realmente muito feliz eh para falar especialmente de um tema que é tão caro que é falar sobre esse título que foi apareceu como um título convite né fiquei só e agora
então vou aqui seguir um pouco de um certo roteiro que eu pensei em falar e bastante um fluxo de pensamento no qual eu confio bastante chamado Associação livre e enfim conto aí com a compreensão de vocês desse dessa mescla que pretendo fazer [Música] eh quando a o pessoal do do café me convidou para falar desse tema o primeiro título era alguma coisa do tipo fiquei sozinho e agora e aí eu dei uma equivocada nesse termo porque a palavra sozinho ela coloca numa questão já de sozinho ou sozinha eu acho que só uma palavra mais bonita
mas simples e mais convidativa a outras questões mas a gente tá falando de solidão né e tô começando por aí porque parece que é muito difícil pra gente falar de solidão com todos os desdobramentos que essa palavra pode nos evocar então a gente fala por exemplo de Solidão em sentidos mais fechados então a solidão como uma tragédia como um pesar como uma maldição ou a solidão como uma defesa como uma coisa que eu realmente escolho porque eu quero evitar certos transtornos ou ainda a solidão como uma decisão de uma liberdade que será desfrutada como uma
coisa que é muito positiva e isso precisa ser tão positivo que às vezes a gente muda pro nome de Solitude para não correr o risco de contar com o Fantasma dessa solidão mas a verdade é que nós somos todos sozinhos e enfim isso é um dado de realidade né e é um dado de realidade que se faz com muito custo porque até a gente chegar a ser sozinho já dá uma baita de uma trabalheira porque Diferentemente então do que a gente costuma pensar a solidão de um lado e o amor como o outro um de
um lado o outro do outro o fato é que cada um de nós se constitui a partir da relação com o outro nós somos efeitos dos Encontros com os outros então em certa medida Todos nós somos sozinhos não há como fugir e em certa medida não tem como nós sermos sozinhos e não tem como fugir então tudo depende de como é que a gente vai entender o que é essa solidão tudo depende de como é que a gente vai enfrentar esta maneira de viver essa solidão que é tão inevitável ao mesmo tempo que tão limitada
e tudo vai depender do quanto a gente vai poder saber mais ou saber menos de disso o Freud tem um dito muito bonito que eu coloquei aqui na na epígrafe desse livro da gente mira no amor e certa na solidão que ele diz assim o amor por si mesmo só conhece uma barreira o amor pelos outros o amor por objetos então o amor por si mesmo é tão intenso que a gente precisa do outro Para não saber disso só que em tempos dessa fala relação excessiva em torno do termo narcisismo com um uso esvaziado de
tal maneira que isso já não significa mais nada a gente tende a pensar que o amor por si mesmo que o nosso narcisismo nos levaria necessariamente a lugares felizes a lugares iluminados é assim que a gente costuma dizer quando se refere a alguém narcisista né então fulano é narcisista a gente tá supondo que Fulano é narcisista significa que Fulano é muito independente que Fulano faz o que quer e não depende do outro eh Porém quando a gente vai a fundo investigar um tanto do que que é de onde vem esse termo narcisista Inclusive a gente
vai encontrar o mito de Ovídeo do Narciso que vai apontar uma história na mitologia eh de que vou direto aqui pro spoiler Narciso não podendo encontrar com a sua imagem porque ele tinha sofrido essa maldição e então ele não pode ter acesso ao grande amor da sua vida que é a sua imagem mas em certo dia ele vai beber água se agacha Ali na beira do rio se depara com a própria imagem refletida no rio fica tomado de amores por aquela imagem tomado de amores por si mesmo e ele morre de amores por si mesmo
ele se afoga nas águas do rio ele não vai viver feliz para sempre consigo mesmo Ou seja é mortífero nós somos excessivos para nós mesmos e por isso a gente precisa do outro quanto mais a gente consegue se ligar a esse outro mais a gente consegue de certa maneira se distrair da gente mesmo E isso tem a ver com alegria e isso tem a ver com amor e isso tem a ver com uma perda narcísica quando a gente não consegue se enlaçar ao outro se ligar à realidade quando a gente não consegue se distrair da
gente mesmo isso tem a ver com tristeza isso tem a ver por tantas com o tal do sentimento de solidão se sentir só então não tem a ver necessariamente com a quantidade de pessoas que se tem no mesmo espaço nós estamos em muitas pessoas aqui e provavelmente alguém de vocês esteja se sentindo sozinho ou agora ou daqui a pouco ou em algum momento alguma coisa que se escuta daqui aqui de um olhar que se pega e que se atravessa algo disso e provavelmente vocês já experienciaram situações em que vocês estão sem ninguém no mesmo ambiente
e vocês não estão se sentindo sozinhos então a solidão ela tem a ver com tantos outros elementos para além da presença barra ausência de pessoas Então quanto mais a gente consegue se ligar ao outro se distrair do outro mais pacificados a gente fica quanto menos a gente consegue mais angustiados a gente fica e vejam eu tô falando isso para vocês não é provavelmente não é nenhuma novidade para muitos de vocês mas isso é uma coisa que a gente sabe de uma maneira que é até intuitiva se vocês já pegaram por exemplo uma criança pequena e
a criança tá angustiada ela tá chorando ela tá t um um piti sei lá se como vocês quiserem chamar intuitivamente a gente pega essa criança acolhe e diz assim escuta escuta esse barulho tem barulho nenhum tá e a criança fica Hã Olha a florzinha ali olha lá o carro passando vamos ver a borboleta O que que a gente tá fazendo com isso a gente tá convidando a criança a prestar atenção em outra coisa que não seja a si mesma é isso que a gente tem dificuldade de fazer por conta própria quando a gente se sente
triste quando a gente se sente sozinho porque o sofrimento é narcísico o sofrimento nos coloca numa impossibilidade da gente fazer laço com o outro então quando eu estou sofrendo E aí eu posso pegar isso de uma maneira bastante banal até se você tá com fome se você tá com sede se você precisa ir ao banheiro fazer suas necessidades é muito difícil de você prestar atenção em alguém em algo provavelmente a maior parte de vocês está bem resolvido com relação a essas coisas nesse momento para tanta gente ficar parada olhando para mim né ao mesmo tempo
na medida em que a gente vai avançando a bexiga vai enchendo vai batendo uma fome ou alguma coisa você não consegue mais prestar tanta atenção se vocês já tentaram fazer qualquer coisa e provavelmente Já tentaram fazer alguma coisa dessa doente com dor de dente com dor de ouvido é muito difícil de você se envolver em uma determinada atividade porque você tá sofrendo e aliás quando você tá sofrendo Seja lá qual for o motivo é muito difícil você prestar atenção no outro você cuidar das suas atividades você trabalhar você se dedicar às pessoas que você ama
porque você tá com esse perrengue na sua cabeça você tá fritando ali com as suas questões ao mesmo tempo em que é um grande alívio quando a gente a gente consegue fazer isso se deslocar do lugar onde a gente acha que nós somos o centro do mundo e que tá tudo em torno de nós e que tudo depende de nós mesmos e a gente consegue então furar essa bolha narcísica que faz com que a gente se dê tamanha importância e possa fazer tantas outras coisas para além de ficarmos obsecado pela imagem que a gente tem
porque essa preocupação ela é narcísica Ela é narcísica no sentido de como é que o outro tá me vendo como é que eu tô me vendo ou geralmente é como é que o outro vai me ver porque geralmente isso nem aconteceu como é que o outro vai me ver como é que eu vou me ver através do outro e aí eu vou pedir pro pessoal aqui para colocar o primeiro vídeo para chamar aqui um um poema para essa conversa ou se tem chuva e não se tem sol ou se tem sol e não se tem
chuva ou se calça a luva e não se põe o anel ou se põe o Anel e não se calça luva quem sobe nos ares não fica no chão quem fica no chão não sobe nos ares é uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo nos dois lugares ou guardo dinheiro e não compro doce ou compro doce e gasto dinheiro ou Isto ou Aquilo ou isto ou aquilo e vivo escolhendo o dia inteiro não sei se brinco não sei se estudo se saio correndo ou fico tranquilo mas não consegui entender ainda qual
é melhor se é Isto ou Aquilo bom esse poema que Imagino que muitos de vocês também já tenham ouvido é um poema que eu escutei pela primeira vez na minha infância e ele me acompanha ao longo de muito tempo e cada vez mais eu vou encontrando teoria psicanalítica nele porque é um poema que ensina o conceito de castração em psicanálise ou Isto ou Aquilo de certa maneira eh é sempre sobre isso a vida a gente precisa fazer escolhas e a gente tem dificuldade de fazer escolhas porque em algum lugar em nós hã a gente pensa
que haveria uma forma de ter isto e aquilo ao mesmo tempo a dificuldade que a gente tem de fazer renúncias ela é extremamente grande e o que vai manter uma certa relação com o sofrimento é essa fantasia de que haveria o melhor qual é o melhor Isto ou Aquilo E aí nessa dimensão a gente coloca a solidão e o amor o que que é melhor Isto ou Aquilo então em certa medida há que se fazer escolhas e em certa medida não há como se livrar do resquício que fica tanto nisto quanto naquilo E aí eu
digo isso porque quando a gente coloca essa pergunta título né fiquei só e agora é uma pergunta muito interessante porque fiquei fiquei quer dizer que não estava e aí ficou mas como não estava tava possuído tinha mais gente dentro da sua pele com você Como assim é que que foi que aconteceu então o fiquei só ele aponta para uma certa lucidez que em certo ponto Chega mas que nem sempre tá com a gente porque não precisa estar sempre com a gente porque se tiver sempre com a gente a vida é insuportável eh a gente diz
assim a única coisa que a gente sabe nessa vida é que a gente vai morrer só a morte e os impostos é que são certos do resto eu não sei mas é mentira a gente não sabe disso se a gente soubesse a gente não ia est aqui se a gente soubesse calcular de uma maneira bastante lúcida qual a chance de dar um ruim ficar tanta gente no mesmo lugar com tanto fio elétrico Desculpa os gatilhos aí gente se a gente soubesse claramente qual é o risco de um carro bater um avião cair um Carro Desgovernado
me atropelar pegar uma doença ou coisa nesse sentido a gente não poderia viver pausa volta a sua vida 3S anos atrás quando a gente estava ali noe da pandemia vocês achavam que vocês iam ser capazes de ficar numa sala cheia como essas Sem Máscara parecia impossível eu me lembro que eu tinha a sensação de pensar gente como cara a gente entrava em hospital Sem Máscara jamais que eu vou fazer isso de novo mas nunca mais na vida eu vou entrar num avião sem máscara enfim Parecia tudo muito porque tava tudo muito a flor da pele
muito escancarado muito perigoso e agora a gente tá aqui sem se preocupar com isso agora preocupei vocês né mas enfim até então tava tudo bem porque acaba capacidade que a gente tem de não saber aquilo que a gente sabe em alguma medida ela é vital a possibilidade da gente desfrutar das alegrias da vida Depende de não sermos tão lúcidos assim mas se formos apaixonadamente ignorantes também não estaríamos aqui também não podemos aproveitar a vida porque se a gente não coloca no horizonte que um limite pro tempo das coisas pro fim dos ciclos inclusive da vida
então a gente acha que tem todo o tempo do mundo e se tem todo o tempo do mundo deixa para depois melhor não sair daqui n quem é que se assume como uma pessoa procrastinadora aí uma [Risadas] pergunta o que que é essa coisa que a gente chama de procrastinação é a gente deixar até o limite do prazo então o prazo ele é amiguinho da castração porque ele vem ali e lembrar acabou chega é isso e o acabou chega é isso nos faz entregar a nossa versão limitada da coisa foi isso que deu para fazer
acabou o tempo Ah mas poderia ter sido mas não foi a próxima vez pode ser ah mas e si mas e si mas e si né ess E si e esses quases que adoecem neuroticamente porque mantém a fantasia de que não se precisaria escolher ou Isto ou Aquilo mas de que se poderia escolher não perder nada e aí eu vou pedir para trazer o segundo poema também a arte de perder não é nenhum mistério tantas coisas contém em si o acidente de perdê-las que perder não é nada sério perca um pouco a cada dia aceite
austero a chave perdida a hora gasta best a arte de perder não é nenhum mistério depois perca mais rápido com mais critério lugares nomes a escala subsequente da viagem não feita nada disso é sério perdi o relógio de mamãe Ah e nem quero lembrar a perda de três casas excelentes a arte de perder não é nenhum mistério perdi duas cidades lindas o império que era meu dois rios e mais um continente tenho saudade deles mas não é nada sério mesmo perder você a voz o ar etério que eu amo não muda nada pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério por muito que pareça escreve Muito sério bom esse poema da Elizabeth Bishop eh me parece que é um bom Norte para o que é que se faz num trabalho analítico acho que a experiência de uma análise se trata de poder assumir a arte de perder então se trata não de escolher aleatoriamente ou Isto ou Aquilo já que vai ter perda mesmo então tanto faz mas poder como ela coloca no poema perder com critério é e perder com critério é uma coisa que tá ligada então
a essa Assunção da castração que é diferente de uma certa posição cínica que a gente pode adquirir ao longo do processo por se num primeiro momento a gente se depara com o fato de que perder inevitável de que a a perfeição é impossível eh de que somos todos faltantes de que alguma coisa sempre vai ficar fora de controle né enfim esses ditos que a gente Pode saber racionalmente mas que saber de fato internalizar saber com corpo para além do cérebro isso é de outra ordem então quando a gente vai se defender dessas perdas por vezes
pode assumir uma certa posição cínica que é Ah mas sempre vai faltar mesmo então tanto faz ah mas todo homem é ruim mesmo Então vou ficar com isso aqui pelo menos que eu já conheço a família já gosto Ai que preguiça Ah mas todo o trabalho de alguma forma é difícil mesmo então ah vou ter que sair daqui então essa essa isso isso que eu tô dizendo dessa posição cínica essa posição preguiçosa diante da vida que se defende do encontro com aquilo que é inevitável então para não me encontrar com aquilo que é inevitável para
não ter que me ver com essa sensação de falta para eu não ter que eh reviver atualizar algo disso então há uma posição que é uma posição defensiva em relação a isso não se trata disso a arte de perder perder de propósito não se trata [Música] de acelerar aquilo que é inevitável porque o que o que é inevitável no fim mesmo Desculpa Dizer para vocês gente mas é a morte estamos todos caminhando para lá mas faz diferença o ritmo faz diferença a velocidade e faz diferença a companhia não só do outro mas também a companhia
que nós fazemos para nós mesmos o Freud diz que a gente não tem inscrição psíquica pra morte por isso toda vez que a gente fala da morte a gente tá falando de uma maneira racional a não ser quando a gente experiencia algo disso E aí a gente sempre se surpreende então a gente fala a a única coisa que a gente sabe é que vai morrer né aí alguém conta que alguém morreu você fala ah como assim morreu tava vivo ontem porque não faz sentido Não faz sentido o fim não tem lugar no nosso psiquismo que
possa acomodar isso de uma maneira que seja definitiva não por acaso toda vez que a gente se depara com a morte de alguém de algo que nos é caro seja uma pessoa um ciclo um momento uma ideia um ideal a gente vai precisar de uma coisa chamada trabalho de luto eh o luto é um trabalho justamente porque vai ser aquilo que cada um de nós vai poder fazer com aquilo que não tem lugar no nosso psiquismo Então vai haver todo um trabalho de ressignificação de rever o que foi que aconteceu com um outro elemento porque
a nossa história a nossa vida ela não é linear ah quando eu era criança quem faz análise ou mesmo psicoterapia sabe disso né a gente chega num processo A partir dessa linearidade muitas vezes ah primeiro eu nasci aí quando eu era pequena aí eu era criança aí me mudei aí né Aí eu cresci adolescente adulto casei des casei como se fosse uma continuidade mas o que a gente vai perceber na medida em que vai falando disso é que a gente fica indo e voltando indo e voltando indo e voltando e cada vez que volta a
ida é diferente cada vez que volta a ida é diferente e volta mais uma vez e mudou mais uma vez a saída e volta mais uma vez então a gente fica mudando o nosso passado coisas que por vezes estavam dadas como sabidas a gente precisa do do depois para saber o que é que tá acontecendo agora a gente é muito dependente do depois mas a nossa o nosso engrandecimento egóico nos leva a pensar que a gente deveria saber das coisas antes das coisas acontecerem Então a gente tem que prevenir a gente tem que evitar é
claro que tem certas coisas que a gente pode prevenir e deve prevenir e evitar mas há certas coisas que são da Ordem do Impossível de saber antes porque a gente precisa do depois e a vida ela é um filme né Sabe aquele filme que você tá assistindo às vezes e que você pensa nossa que filme ruim Tomara que aconteça alguma coisa não é possível Será que vai ser isso assim até o final e aí às vezes acontece um troço no último minuto do filme acontece um negócio e fala que filme bom meu Deus que filme
bom eu quero assistir de novo porque o final mudou o começo se você para de assistir o filme ali você não tem esse filme bom você precisa do depois para entender o que era o antes e às vezes não acontece nada e o filme é uma merda mesmo é não digo em termos intelectuais cinematográficos mas em termos de experiência hã e que você termina de assistir fala cara não acredito que era isso sério só isso é foi isso que aconteceu mas você não teria como saber nem isso se não fosse o depois então a gente
tende a desmerecer muito o depois a engrandecer muito o agora e um dos elementos que me faz pensar e eh do por é que a gente tá tão obsecado com agora fiquei só e agora é justamente a nossa relação dodói com o tempo tudo tem que ser para ontem tudo tem que ser para agora eh o um carro do do do motorista de aplicativo vai demorar 5 minutos cancela é muito tempo tem três pessoas na fila já para pagar um boleto o sinal fecha aproveita para responder uma mensagem então a gente vai preenchendo todos os
intervalos com coisas a fazer com coisas aticar com coisas que vão nos distrair tantas vezes excessivamente de nós de tal maneira que esse fiquei só e agora quando ele nos aparece me parece que são momentos muito valiosos fiquei só que já tem essa esse equívoco né Ué já tava né eu me lembro muito muito especificamente de uma cena da minha vida em que eu tava a eu quando eu fiz a eu concluí a a Minha tese de doutorado a banca da tese e foi remoto foi via Zoom foi ainda na no finzinho da pandemia e
e e foi um dos momentos mais entusiasmantes da minha vida conclui uma tese de doutorado Era um negócio gigante que me custou caríssimo de n formas e era tão realizador e E aí Aconteceu tudo aquilo e Foi incrível e aí a gente fal então tchau tchau fechou a sala do zoom E aí eu olhei eu tava dentro do meu escritório sozinha completamente sozinha olhando para uma tela então fiquei só e agora eu já tava já tava e de certa maneira eh não tava né não tava porque porque eu tava ali comigo e aí quando eu
tô dizendo eu tava ali comigo e por isso eu não tava estava sozinha isso pode parecer um desencadeamento Psicótico às às vezes é tá tantas vezes é mas eu tô me referindo aqui ao fato do quanto nós somos seres duplicados pela relação que a gente tem com a linguagem então Sabe aquele meme que fala ai o narrador né Aí eu tô vivendo minha vida e aí o narrador da história n n n né então a gente é o protagonista e a gente também é o narrador da nossa história então eu tô me vendo de Fora
às vezes fala nossa ó lá que ridícula ela falando sozinha pro computador Nossa que besta e também sou eu a pessoa que por vezes fala Olha que legal ela foi jantar sozinha ela tá tá lá lendo um livro Olha que legal isso que eu tô fazendo ela nã como é que vocês falam com vocês é tem outro dia alguém me contava que fala fala com fala de si mesmo no diminutivo n o que que isso diz de nós né eu eu me chamo de anasui mesmo prazer anasui e às vezes quando eu faço alguma alguma
besteira eu falo Eita anasui Eita olha lá mas tinha que né tô falando com quem tô falando comigo mas tô falando comigo não como eu falo comigo eu falo comigo vocês falam falo sozinho aliás gente ou eu tô loando sozinha aqui às vezes a gente fala sozinho e Alguém escuta até dá uma vergonha né Fala ai desculpa tô falando sozinho mas na maior parte do tempo a gente fala sozinho em silêncio eu aposto que vocês estão falando sozinhos agora o silêncio de vocês é uma mera convenção social porque na verdade vocês estão matutando aí Ah
então aquele dia concordo descordo ord aquilo tem que pagar conta será que vai chover então toda essa falação que a gente faz na relação com a gente mesmo Isso faz parte isso Funda a ideia que a gente tem de quem nós somos do que é a solidão e das nuances emocionais sentimentais afetivas que a gente vai colocar quando sente solidão quando se dá conta de que tá sozinho na vida quando se dá conta de que se eu não fizer ninguém faz por mim qual a diferença disso chegar como inibidor como tristeza como então não adianta
e qual a diferença disso chegar como vitalidade como entusiasmo como motivos para fazer alguma coisa Existe diferença mas é a mesma matéria a gente vai fundar a noção de quem nós somos que o Freud vai chamar aí de Eu a partir dessa relação com o outro com os tantos outros que nos fundam e a partir dessa noção de Eu a gente vai uma parcela dela se empolgar e vai elevar o estatuto de super eu que é um lugar em nós de uma super exigência em relação a si mesmo então a relação que a gente tem
tantas vezes com a gente mesmo é mediada por essa super exigência do super eu então tantas vezes a sensação de falta que a gente tem não é a falta que é constituinte a falta que é humana que é estrutural que é inevitável mas tantas vezes a sensação de falta se tem é efeito do excesso de idealização que a gente faz em relação a quem nós somos vocês já falaram ou já ouviram alguém dizer ah eu podia ter feito melhor Ai se eu tivesse me dedicado mais puxa eu tenho tanto potencial Eu tenho tanto potencial é
ótimo né Eu tenho tanto potencial eu não sei o que acontece né porque o potencial ele não é muita coisa gente meio que assim nada na verdade né porque se ele tá parado ali nada e quanto mais a gente investe nesse nessa imagem narcísica desmedida mais paralisado a gente fica porque se for para fazer tem que ser muito bom senão eu nem saio de casa é senão eu nem abro a boca se for para fazer tem que arrasar tem que não sei o quê e aí a gente tá assim nessa sociedade da performance né que
tudo tem que ser demais tudo tem que lacrar tudo tem que arrasar tudo tem que entregar tudo tudo tem que mostrar para o outro Ahã E aí então por isso que eu tô dizendo para vocês que quando a gente se dá conta desse fiquei só e agora são momentos muito valiosos onde geralmente a gente tá se deparando com esse lugar da castração com esse lugar do Impossível com esse lugar ã Onde existe uma perda de sentido de se fazer isso apenas para o outro a gente sempre faz alguma coisa para o outro porque se a
gente é feito de outro Então não tem como a gente fazer uma coisa que seja completamente por si vocês também já devem ter falado ou escutado coisas do tipo ah eu falo muito sim pras pessoas e não para mim eu não sei me priorizar blá blá blá arroz com feijão da neurose tudo que eu queria fazer era mandar o outro se danar e dizer não pras pessoas e fazer o que eu quero de verdade me priorizar né porque eu eu gasto muita energia com o outro e o outro não entende só que eu não consigo
fazer isso porque se eu faço digo não pro outro ele me olha de cara feia e eu não quero ninguém me olhando de cara feia e curto circuit nesse negócio que não leva ninguém a lugar nenhum né porque é impossível você fazer uma coisa que seja completamente Só para si mesmo né Sinto muito mas nós somos feitos do Desejo do outro a gente precisa do outro nem que o outro já esteja morto e que a gente tenha internalizado um certo ideal do que ele ou ela queria para mim do que eu sou para o outro
será meu pai Teria orgulho de mim será que minha avó estaria feliz lá de cima nem né Nem acredito em céu mas está tá feliz né com com isso que eu tô fazendo tudo mais então não tem como a gente se separar por completo daquilo que é um certo ideal do outro mas faz diferença fazer para o outro ou se colocar no meio do caminho e é muito difícil a gente poder ter notícias daquilo que a gente quer de verdade é muito mais fácil a gente saber aquilo que o outro quer pra gente mentira a
gente não tem não é fácil isso mentir para vocês é muito mais fácil a gente supor o que o outro quer pra gente e a partir dessa suposição fazer alguma coisa para o outro ainda quando o outro pede pra gente alguma coisa deixa eu contar uma coisa para vocês o outro não sabe o que quer também tá então se o outro tá pedindo não acredito tanto que às vezes você dá para ele o que ele quer e não era isso que ele queria não só que ele só descobre depois não é nem que ele mentiu
então a gente quando pede alguma coisa pro outro também pensa que sabe o que quer tá testando tá postando acha que é isso E aí quando tem é que descobre notícias daquilo que realmente queria mesmo então as nossas relações elas vão sendo feitas des entos e de descobertas de que isto não era aquilo de que aquilo não era isto e às vezes o contrário às vezes eu recebo aquilo que vem do outro e falo era isso que eu queria e eu nem sabia olha só agora é que eu sei porque isso aconteceu é que eu
pude saber que eu queria isso quando a gente não sabe muito bem o que que é da vida é mais fácil não é o que dizem eu sei mas é mais fácil porque se você não sabe muito bem o que que é da vida é meio que aquela história de qualquer caminho serve né Vai indo agora quando você sabe o que você quer da vida e aqui no que você quer da vida gente entendam qualquer coisa tá Qualquer coisa Qualquer notícia que vocês têm em relação ao que vocês querem d e na vida aí a
gente não tem opção se você sabe o que você quer você não tem opção porque se você renuncia a saber disso que você já sabe de alguma maneira vai sair caro vai sair muito caro porque o preço que se paga é uma perda de si e e se você sabe o que você quer dar e na vida e paga o preço também vai sair caro mas você não paga com a perda de si vai ser de alguma outra maneira e acho que viemos vivemos tempos em que escolher poder escolher como pagar é realmente uma coisa
que faz diferença é importante ah [Música] o tema da Solidão ainda ele nos possibilita pensar em algumas outras nuances de formas de vivê-la que eu acho que quando a gente coloca em certos termos isso dá uma iluminada um deles que é essa solidão que é estrutural que eu disse para vocês que todos somos sós não tem opção é efeito Amparo enquanto seres humanos nós somos seres desamparados nós nascemos em condições de desamparo ao ponto de isso ser definitivo para a continuidade da vida ou não o bebê humano nasce imaturo pra vida e depende radicalmente de
que alguém o cuide se alguém o cuida a chance dele sobreviver ex se alguém não o cuida não existe a menor chance de um bebê humano sobreviver então a gente nasce mais perto da morte do que da vida nasceu o bebê deixa ali já morre a vida não é natural a vida humana não é natural depende de alguém adotar trabalhar se dedicar muito e de preferência mais de uma pessoa para que esse bebê vha né E aí a gente vai ter depois esse bebê criança cuidando da sua própria manutenção da vida e aí isso a
gente vai chamar já de narcisismo né de um certo Cuidado para a manutenção da própria vida o Freud diz no texto malestar na civilização que é um texto de 1930 que na mente se mantém preservado todas as etapas anteriores o que isso significa essa teoria do do Freud né de que a gente não fica sempre do mesmo jeito a gente muda mas aquilo que a gente viveu Fica marcado em nós e pode ser revisitado a depender das condições de temperatura e pressão então esse desamparo infantil com o qual a gente chega na vida ainda que
a gente saia dele porque a gente ganhe recursos biológicos anatômicos de linguagem de Cultura de amor de aposta no outro ainda assim nós temos em nós marcado um lugar de advertência de que nós somos seres desamparados E que esse desamparo De repente pode ser acessado de alguma maneira e é tantas vezes ao longo da vida esse fiquei só e agora vem com áries de desamparo é que espera-se que tenhamos mais recursos do que o pequeno bebê pra gente sair disso com uma rapidez maior Mas nem todo mundo tem os mesmos recursos há diferenças nos recursos
internos nos recursos externos nos recursos psíquicos nos recursos subjetivos do que cada um pode fazer com isso toda vez que a gente quer que todo mundo faça a mesma coisa do mesmo jeito a gente está sendo Violento de alguma maneira então é sempre preciso considerar essas nu Doo dessas diferenças acho que o desamparo é uma das formas da gente poder pensar formas de solidão uma outra forma é o isolamento e o isolamento tem a ver com evitar se dar conta do fiquei só e agora então eu me isolo quando eu me defendo para não correr
o risco de me dar conta de que eu já estava só então eu nem vou ao encontro para não me desencontrar eu nem vou aceitar para depois não me arrepender eu nem vou criar expectativas para depois não me frustrar né que é o o a a moda do momento né então você não pode criar expectativas é um imperativo que Compartilhamos de alguma maneira que coloca essa impossibilidade de elaborar luto é dizer para alguém não criar expectativas é dizer para alguém que ela não vai dar conta de levantar Se ela cair é infantilizar no sentido de
diminuir a possibilidade do outro agora criar expectativa não quer dizer acreditar tanto assim nelas né porque aí a gente já tem uma um flirt com o Delírio criar expectativas quer dizer você poder desfrutar de imaginar porque nós somos seres de linguagem a gente imagina a gente não sei vocês né gente mas eu imagino coisas né E aí acontece coisa na cabeça enfim não só pro mal mas também pro bem coisas que provavelmente não vão acontecer mas que tantas vezes acontecem na cabeça enfim não por acaso eu escrevo né gente porque é uma tentativa de esvaziar
um pouco desse excesso mas que são tantas coisas que não vão necessariamente acontecer a maior parte delas quase tudo eh mas isso não impossibilita de que a própria criação disso já seja um certo desfrute já seja uma forma de acontecimento e que e isso caindo elaborar luto Vejam a gente tá muito pobrezinho de elaborar luto muito carente de formas de elaborações de luto Então o que acontece é que quando alguma coisa da dimensão da perda nos assola a gente não sabe o que fazer com isso E aí a gente desmonta de um jeito muito difícil
porque não é como se a gente tivesse como como se preparar né voltando aqui um pouco atrás eu dizia para vocês que na elaboração Do Luto com que a gente não tem inscrição psíquica pra morte né e tudo mais e que quando acontece a gente se surpreende E aí começa um trabalho de elaboração de luta esse trabalho de elaboração de luto gente ele não vai servir em nada pro próximo então não é uma tarefa ingrata porque você elabora um lut fala ah não agora eu já tô mais esperta né porque aconteceu tal coisa já me
ferrei né enfim mentira não tá não quando acontece é de novo alguma coisa dessa ordem que em termos lacanianos ele vai chamar de encontro com o real que é esse sem sentido né onde de coisas que não tem inscrição psíquica Mas nem tudo é dessa dimensão Tem coisas que são da da perda de uma satisfação que não é toda de uma satisfação que não é plena que estão na dimensão da base da nossa Constituição do eu e a base da nossa Constituição do eu gente ela é faltante Ela é faltante porque a gente precisa da
falta para poder se suportar para poder suportar o outro e para poder se suportar na relação com o outro porque não é fácil tanto quanto a gente pensa suportar a si mesmo nem pra gente que Dirá pro outro então a gente tem o desamparo a gente tem o isolamento E aí a gente tem essa terceira esse terceiro caminho essa terceira palavra que é o medo do abandono então tantas vezes o isolamento funciona inclusive para tentar evitar isso né o medo do abandono porque o abandono ele vai nos levar com uma grande rapidez a esse lugar
do desamparo porque Vejam o que que é esse lugar de desamparo gente é uma dependência absoluta do outro que se o outro for embora eu não sobrevivo eu dependo desse outro se o outro me abandona não há chance para mim é claro gente que a criança pequena ela não sabe racionalmente disso mas de alguma maneira isso se inscreve no nosso corpo de alguma maneira essa essa noção de dependência tão radical ela é absorvida psiquicamente por nós e isso se repete de alguma maneira nas relações só que aí eu vou pegar um pequeno recorte que enfim
nem pretendo me aprofundar muito mas que eu acho que não não não não posso deixar de de tocar que é uma certa diferença no campo de como é que isso toca para homens e para mulheres e E aí eu tendo a p que quando a gente fala especialmente das mulheres esse medo do abandono ele tem uma dimensão mais sensível ele tem uma dimensão mais dramática nessa sensibilidade que é sustentada pelo fato de que é muito novo para a gente que mulheres possam ir e vir que mulheres possam votar estudar trabalhar ganhar dinheiro perder dinheiro casar
ser não ser mãe ter um relacionamento homoafetivo não ter esse bissexual Sei lá isso tudo é muito novo a gente não teve tempo para elaborar tantas e tantas coisas ainda então vejam por exemplo quando a gente fala dessa esse esse termo que tanto se utiliza do ghosting né que tem tudo a ver com fiquei só e agora o tal do ghosting que nos dias de hoje a gente se depara com tantas histórias de homens que somem simplesmente né não tão tão interessados quanto parecem ali sei lá na verdade no fim das contas a gente nunca
sabe o que que é né porque sumiu Então você fica sem saber né só loando nas interpretações mas em tese não tava porque sumiu eh em tese esta mulher a depender do recorte Claro tá mas nesse recorte que eu tô falando aqui que é de um um recorte de um tantão de privilégios e acessos que possibilitam isso a gente tem essa mulher inteira ainda em tese né quantas mulheres que são financeiramente Independentes que tem estudos que tem laços de amizade e que por vezes ainda assim ficam destroçadas é muito difícil da gente entender como é
que pode uma mulher se destroçar tão facilmente tão rapidamente Mas se a gente Para para pensar um pouco para trás não precisa ir muito para trás né o tal do ghosting sempre existiu os homens sempre sumiram né a história do foi comprar cigarro não voltou mais mas aí quando a gente pensa numa mulher que fica lá sozinha com cinco filhos sem trabalho é mais fácil a gente entender porque que ela ficou destroçada n e ficou louca por um tempo sei lá e depois foi cuidar da vida e fez limonada com os Limões da vida e
sustentou ou não Enfim sei lá alguma coisa que aconteceu eh então tô tô colocando isso para dizer assim para vocês nós somos herdeiras disso Isso foi ontem não é como se ah passaram muitas gerações e teve muito tempo de possibilidade de elaboração foi ontem é uma uma agressividade que a gente faz com a gente enquanto mulheres né de diminuir o lugar disso e achar que ai mas você não depende de ninguém fica sozinha né Não não é tão simples a gente não se cura de uma de uma geração para outra as coisas não mudam tão
rapidamente e do lado dos Homens A gente tem com frequência uma relação com uma defesa à solidão pela via do isolamento então quantas vezes eh tantos homens não sabem nem dizer do encontro com a solidão não sabem nem dizer às vezes tantas do encontro com alguma coisa do Amor esse livro A gente mira no amor e certa na solidão eu recebo mensagens todos os dias de homens que levaram o pé na bunda e vão ler o livro e eles vão eh cada vez mais ler o livro né nem nem todos os homens que tão tão
de fato em níveis de sofrimento que que vão ler e que escrevem mas com frequência isso acontece né e e e muitas vezes eles falam ai a minha namorada minha esposa Falou várias vezes para eu ler e aí daí agora aí agora deu ruim mesmo né E aí eu vou vou vou entrar em contato com alguma coisa a respeito disso né então vejam a solidão e o Amor eles se dependem se não é uma posição solitária não é o amor e não é o amor se a gente não voltar a se encontrar com uma certa
solidão porque no encontro com outro a gente tem notícia da gente é o Freud aponta que não há fuga de si onde a gente vai a gente se depara com a gente mesmo e a gente se depara com a gente mesmo não tão mesmo assim tá no sentido de uma certa ção onde a gente vai a gente se encontra com a gente mesmo que com sorte e trabalho não é tão mesmo assim há uma certa dimensão de uma alteridade há uma certa dimensão de uma novidade há uma certa dimensão de alguma diferença entre nós e
a gente mesmo então eu paro por aqui para escutar vocês também muito obrigada [Aplausos] Ana Muito obrigado a gente vai agora paraa parte das perguntas a parte do debate a parte que vocês conseguem fazer pergunta diretamente paraa Ana quem tá acompanhando a gente no YouTube É só escrever no chat a gente tá anotando aqui no em Campinas no público só escrever no papelzinho caso queira que eu leia se vocês quiserem fazer pergunta pessoalmente pode fazer a gente vai abrir justamente com uma pergunta do público só passar o microfone aqui a gente já abre aqui na
frente Obrigada boa noite Ana boa noite gente tudo bom com vocês Ana meu nome é Paula e eu queria contar para você que eu tive o prazer de conhecer a Andreia enquanto eu tava na vinda para cá e nessa tentativa de lidar um pouco com as expectativas desse momento eu cheguei para André e falei assim Andreia Se você pudesse ter um encontro com a Ana num cafezinho O que que você perguntaria para ela e a resposta dela acabou comigo assim achei genial a pergunta que ela fez e aí até pedi para que a gente fizesse
essa pergunta ela tá um pouquinho tímida aí eu falei assim não tudo bem eu faço e a pergunta dela foi assim linda E aí o que o o que que traz né o contexto dessa pergunta no seu livro Você fala muito você você trouxe que o amor rima com a solidão né e eu acho que a Andreia ela queria muito te perguntar e agora eu também é como que você ama [Música] Ana gente eu também quero perguntar isso pra Ana cadê ela cadê você Ana eu Hum eu de gente que que eu vou falar sobre
isso como é que eu como é que eu é é engraçado isso né essa brincadeira que eu faço Cadê ela também quero perguntar para ela porque acho que isso diz de uma posição dividida em relação ao amor em relação à vida né agora o que eu que eu acho que mudou eh radicalmente tudo na verdade para mim foi minha experiência de análise acho que a experiência de análise é é uma experiência que muda a relação com tudo porque muda a relação com o amor o amor de transferência que é aquilo que vai sustentar um trabalho
analítico é um amor que ele funciona ele só pode funcionar uma análise só pode funcionar se não for pela via da reciprocidade é então diferente da nossa vida comum em que eu te trato bem você me trata bem bem né eu digo que eu te amo você diz que me ama também e a gente se completa nesse ciclo numa análise eu me deparo com um certo esvaziamento desse dessa imagem narcísica no outro porque aquilo não volta para mim isso se confunde para muita gente como sendo os analistas sendo grosseiros embora alguns sejam tá Não tô
falando disso mas é que mas tem uma certa ideia da o analista é é frio é a opacidade do lista e alguma coisa nesse sentido Porque de fato é preciso que algo disso apareça para que haja um deslocamento desse amor eu vou chegar num ponto tá não tô enrolando fiquem aposta porque chega porque é preciso que haja um deslocamento desse amor pela imagem que se tem de quem seria o analista ou daquilo que Ele saberia me ajudar e a resolver para um retorno disso para o amor pelo próprio inconsciente então o amor pelo próprio consciente
pelo saber inconsciente ele vai reinaugurar a nossa relação com a linguagem a gente descobre que a gente é uma autoridade em nós a gente descobre que como o Freud colocava o eu não é senhor em sua própria casa a gente vai percebendo que a gente não é tanta coisa assim que a gente não merece tanta coisa assim que a gente não é essa coca-cola toda última bolacha do pacote com a qual a gente se coloca muitas vezes não na relação com o outro necessariamente mas na relação com aquilo que a gente supõe que a gente
mereceria que a gente esperaria e que a gente exigiria então eu acho que essa é a grande cada da modalidade amorosa da vida cotidiana e que é isso que mudou muito para mim em relação à experiência analítica que é poder separar o amor da exigência então a experiência analítica acho que ela a minha análise me deixou menos apaixonada uma vez uma uma aluna me perguntou assim quando eu dava aa Na graduação ela tava lá eu falando essas coisas que eu falo né para um monte de gente de sei lá às vezes 18 19 anos de
idade né E aí termina a aula e ela fala assim Professora posso te perguntar uma coisa pergunta como é que você consegue ainda tipo sei lá como consegue o quê Ah como é que você consegue tipo ser casada ter filho falando essas coisas né então mas é justamente por causa disso é só por isso que é possível para mim amar é porque há uma certa dimensão de uma separação entre aquilo que se ama e aquilo que se exige então por isso que eu dizia aqui eh antes de de eu fazer minha própria interrupção que a
A análise me deixou menos apaixonado e mais possível de amar mais amante e menos apaixonada porque a paixão Sim ela é muito exigente porque a paixão é esse fogo narcísico em que eu reconheço no outro algo que é meu e eu por vezes maltrato o outro tal como eu me maltrato por vezes Eu exijo do outro que ele me complete ali onde eu falho e essa super exigência ela retorna e muito facilmente isso cai em Campos de raiva de ódio que são coisas que fazem parte do amor de alguma maneira mas eu tendo a pensar
que amar fazer amor rimar com solidão tem a ver com poder administrar de alguma maneira o ódio inevitável que aparece como consequência desses nossos encontros amorosos Ana a gente tem perguntas em vídeos também que em vídeo que foram enviadas para você a gente vai pra primeira delas Boa noite eu sou malvin alsberg psicanalista é com prazer que eu participo do Café Filosófico dirigir a pergunta a anasui meu encontro com a anasui foi um encontro feliz parece que nossos livros dialogaram meu livro o amor paixão feminina em que destac com a necessidade da mulher de perseguir
um amor e a dor de perdê-lo e a gente mira no amor e acerta na solidão o livro de anasui que não rima mais amor com dor e sim com liberdade e criação o alento que anui deu de de poder apostar na solidão como esse espaço único de criação varreu os céus do Brasil muitos leitores e e e assistiram as suas palestras a consagraram como um dos maiores destaques do cenário literário nacional e tornaram seus livros os Bellas com razão a pergunta que dirige o a anui hoje é de que modo um fim de um
ciclo de outra natureza que não amorosa o estar sozinho frente à situação confronto sujeito a convocar o conceito de resiliência né Eh obrigada muito obrigada malvine por essa participação por essa interlocução eh o o encontro com esse livro que a malvine citou amor paixão feminina foi realmente um divisor de águas na minha vida porque eu queria pesquisar e não sabia muito bem o qu eu queria estudar psicanálise mas não tinha muito bem alguma coisa então aquo aquilo que eu dizia para vocês meio que todos os caminhos servem né então podia ser meio que qualquer coisa
E aí eu entrei no mestrado com uma pesquisa que era sobre a interpretação em psicanálise e enfim tava funcionando tava entusiasmada com isso E aí no meio do mestrado eu encontrei esse livro dela o amor paixão feminina e desde então eu nunca mais consegui pensar em outra coisa que não fosse por uma perspectiva pela via do tema do amor então eu descobri com esse livro Amor Paixão feminina eh que o amor podia ser um tema de pesquisa que havia uma modalidade de escrita diferente né então eu vim estudando Freud e Lacan que são dois homens
e aí eu encontro a malvine zberg que é uma mulher viva eh escrevendo e fazendo articulações com poemas com filmes então a liberdade de escrita dela é realmente uma coisa que me inspira eh muito né Foi muito determinante para mim então é sempre uma alegria quando eu posso ter interlocuções aí com ela e e eu acho que essa essa palavra resiliência ela é uma palavra interessante né porque é uma palavra enfim bonita que tem um um significado importante mas acho que é uma uma das palavras que vocês não sentem ela meio gasta parece que tá
tá sendo excessivamente usada e às vezes esvaziada de sentido quando Freud escreveu um texto chamado luto e melancolia ele fala sobre a diferença entre a possibilidade de lutos que se concluem lutos que se enroscam para se concluir e melancolias que são posições em que tem alguma coisa que de fato não se esgota e que tantas vezes pode caminhar para uma certa disposição uma certa experiência psicopatológica eh mas o Freud ele não tinha um conceito quando ele escreveu o texto luto melancolia de pulsão de morte que é um conceito que vai ser vai aparecer ali só
uns TRS 4 anos depois e ele não volta a reescrever o texto luta e melancolia E aí eu tô dizendo isso para vocês para colocar que a gente eu eu falei para vocês algumas vezes Ah porque daí tem o trabalho de luto o luto Se conclui e às vezes pode dar a sensação de que termina né né como o Freud propõe nos no no texto luto melancolia ele diz que quando a gente ama a gente investe a libido no outro e quando esse outro é perdido eu preciso fazer alguma coisa com essa libido que tá
endereçada pro outro fica sem destino Então ela volta pro lugar de onde ela veio e eu fico nesse sofrimento narcísico esse excesso narcísico né fechado em mim por algum tempo até que essa libido fica de novo disponível pro mundo externo e a gente tem a a conclusão do trabalho de luto mas eh hoje a gente entende que o trabalho de luto ele não necessariamente tem uma conclusão Não tem necessariamente um ponto final eu acho que esse é um elemento importante da gente poder considerar que há certas coisas que são insuperáveis há Certas Coisas Que Há
certos certas perdas que não não digo de uma insuperabile sofrimento Tenebroso mas de um trabalho de de um trabalho de elaboração de luto que não é todo que aponta para um resto não elaborado que aponta para alguma coisa que pode retornar para um resquício e que retorna toda vez que a gente perde alguma coisa a gente se depara com tudo aquilo que a gente já perdeu e aí depois perde outra coisa se depara de novo com todo o ciclo né lembra que ele vai e volta é isso né vai e volta viver é elaborar luto
então a gente tá o tempo todo em maior medida ou em menor medida e faz diferença à medida mas a gente tá o tempo todo de alguma maneira fazendo esse ziguezague fazendo esses esses enroscamento inclusive que eh o amor mesmo é um trabalho de elaboração de luto por se se não é isso se o amor não é um trabalho de elaboração de luto pelo que que a gente pensava que era o amor pelo que a gente pensava que que era o outro pelo que a gente pensava que era a gente mesmo a gente fica paralisado
na decepção de não poder segurar a euforia da Paixão o tempo todo porque não é que a paixão não aconteça ela acontece ela precisa acontecer ela precisa dar notícias de vez em quando por isso eu defendo que o amor depende da Paixão para acontecer mas ele só vai acontecer à medida em que a solidão puder entrar e dar notícias da realidade e dar notícias da castração e d notíci da dimensão de uma perda de objeto que vai deslocar o sujeito Amado o objeto Amado da posição de um mero objeto para a posição de uma pessoa
um sujeito faltante com suas perebas psíquicas com suas seus perrengues transgeracionais né com suas faltas furos vazios que são necessários para que um ser humano inclusive seja amável porque a gente não suporta o outro na sua interza se a gente tem tá diante de alguém muito inteiro a gente fica paranoico querendo furá-lo então declarar amor para alguém é na verdade fazer uma ameaça né Vocês estão tudo me olhando aqui eu fico sempre muito preocupada É na sui né Eu adoro você falar ai gente Gente do céu Porque quanto mais a gente ama alguém maior o
risco dessa pessoa nos decepcionar quando a gente não espera tanto de alguém essa pessoa ela tá mais livre mas a gente só vai odiar alguém que a gente ama então resiliência é resiliência tem a ver com elaborar luto tem a ver com poder fazer uma limonada com esses Limões que a vida nos dá mas tem a ver Sobretudo com reconhecer que existe o osso do impossível existe o osso da incompletude e de que nem tudo é possível vai para mais uma pergunta do Público aqui no canto pode se apresentar e fazer pergunta Oi Ana boa
noite boa noite pessoal meu nome é eh eu sou médico residente deem Psiquiatria e eu queria perguntar uma coisa para você Ana que agora né a gente tem encontrado muito e percebo na clínica com adolescentes o quanto que existe uma dificuldade eh principalmente assim no entendimento de antes de estar só ele precisa antes saber que ele existe né e eu percebo principalmente eh não não em crianças mas principalmente em adolescentes adultos jovens hoje em dia principalmente na questão diagnóstica do acompanhamento psiquiátrico do entendimento do sofrimento que muitas vezes essas pessoas eh acabam que antes de
entender que ela tá só ela não consegue entender que ela existe assim então parece que existe um uma eh assim existe um entendimento de estou só mas parece que quando o outro não está presente e aquilo vai criando enrosco Principalmente quando a gente pensa né questão de aumento de Diagnósticos e tudo mais principalmente em elementos de personalidade né então eu queria te perguntar Principalmente quando a gente fala nessa população mais jovem tudo mais que que você entende como uma algo que a gente pode trabalhar na clínica para poder auxiliar nessa construção né de que antes
de entender que ela tá só ela precisa entender que ela existe né sim Felipe que prazer te encontrar aqui a gente já teve algumas trocas né É muito bom quando a gente vai podendo encontrar as pessoas aí para além das redes e eu acho que você toca numa questão muito crucial que é é justamente essa idade dessa dessa distinção absoluta entre amor e solidão que é a impossibilidade de uma distinção absoluta entre o que o Lacan vai chamar de alienação e separação é que são duas modalidades Vamos pensar assim pra Constituição do psiquismo em que
a gente precisaria se alienar o outro para depois se separar do outro né então o ficar só dependeria de não ter estado sempre só quando a gente pensa assim didaticamente parece bem fácil né eu Primeiro me AL alieno ao outro depois eu me separo do outro só que eu só vou poder me alienar o outro se eu tiver separado do outro então meio que assim que que vem antes o ovo ou a galinha é tem tem alguma coisa que não não fecha aí que não tem como a gente colocar assim eh primeiro isso e depois
aquilo né então por isso que o lac vai dizer que o tempo do inconsciente é é um tempo que é lógico Não é cronológico antes isso depois aquilo mas é um bem bolado das coisas ao mesmo tempo e uma das coisas que vão aparecendo como uma dificuldade contemporânea é a dificuldade de historicizar as coisas né Eh nessa vida de autografar muitos livros de escrever dedicatórias o que que isso significa de tentar ter alguma conversa num tempo muito breve uma das coisas que com alguma frequência eu pergunto paraas pessoas é variações da pergunta de onde vem
seu nome e eu eu tenho me deparado com uma diferença muito substancial geracional aí entre as pessoas que T sei lá gente 20 muitos anos a partir daí dificilmente alguém me diz que não sabe pode haver Às vezes a pessoa me dizer assim ah não é importante isso acontece né do tipo Ai não é nada era só uma amiga da minha mãe mas ela sabe dizer de onde que vem agora os 20 e Poucos e antes com muita frequência elas me dizem sei lá e me olha com uma cara de que pergunta é essa sua
louca da onde surgiu essa pergunta e aí várias vezes eu já disse paraas pessoas quem tá assistindo em casa deve e me encontrou já deve ter escutado alguma alguma coisa dessa que é dizer então você vai perguntar então você vai investigar porque a gente tem uma uma falta de historicização que nos coloca como se a gente fosse alguma coisa por si só que nos retira do quanto a nossa pré-história já nos coloca numa certa existência da qual a gente precisa ter um alguma dimensão da sua existência para poder se separar inclusive Quantas coisas que quando
a gente começa a fazer análise a gente acha que um sofrimento é meu eu que sou assim e tarará E aí você começa a falar na análise começa a investigar e você fala Gente esse perrengue nem é meu eu me colocaram aqui como diz a Clarice Spector né Escreve gente eu falei até agora sem citar Clarice bati um recorde pessoal como escreve a Clarissa Lispector né me deram um nome e me alienaram em mim então tantas vezes a gente se depara com Fala meu Deus essa não é uma questão minha é a minha mãe que
tá se avendo lá com a minha tia e me colocou no meio do Rolê ali e eu tô aqui sofrendo né E aí eu preciso saber disso para poder simbolizar de que não essa não essa guerra não é minha ou pode ser E aí então né eu me aproprio disso pelo menos eu posso saber que então essa batalha me interessa disputar Mas a partir disso então a gente vai ter uma uma certa destituição da importância da história de onde a gente veio do que é que disseram que a gente vinha fazer na vida que é
o desejo do outro o desejo do outro vai ser a nossa primeira forma de existência nosso primeiro tipo de narcisismo é uma identificação que a gente faz inconsciente aquilo que o outro diz que nós somos depois a gente recalca uma parte dessa uma parte dela uma parte disso fica sem saber de alguma maneira Ainda Que isso fique vivo em nós e a gente tende a construir uma outra parte mais nova mais mais revisada né onde espera-se que a gente vá se identificar um tanto mais mas aquilo que ficou de fora em tese rechaçado de alguma
maneira ainda faz parte da nossa Constituição da nossa história então eu eu tendo a pensar que a importância que a gente tem clinicamente eh independente da idade né se é uma criança se é um adolescente se é um adulto se é uma pessoa como é que a gente chama cada vez muda né um idoso ou eh terceira geração quarta quarta idade sei lá né Eh pessoa que eu tô falando de pessoa só isso não importa quem seja a pessoa quantos anos cronológicos a pessoa tenha vivido sempre se trata do quanto a gente se une ao
outro e do quanto a gente se separa do outro né poder fazer essas marcas eu acho que essa é uma direção Clínica importante tem mais uma pergunta do público veio via papelzinho alguém a na verdade foi a Laura que mandou a pergunta e a Laura ela começa com uma frase que todo mundo deve concordar aqui que a Ana sou sua fã e ela agradece os petelecos que você nos dá E aí a pergunta que ela te faz a Laura é como você entende a conversa da Solidão com a pressa em aproveitar tudo e as dificuldades
de perder hã a pressa em aproveitar tudo é uma fantasia né aproveitar tudo aliás gente o que é tudo senão uma fantasia é então toda vez que a gente tá no campo do todo do tudo a gente tá diante dessa fantasia de completude de que teria como não não perder né então por isso que eu pensei em trazer esses poemas dessas mulheres maravilhosas a Elizabeth e a Cecília onde elas vão apontar Justamente a dimensão desse impossível algum Por que que não pode perder por que que não por que que não tem como não perder porque
alguma coisa já está perdida já já já se perdeu né isso tem a ver com o que Lacan vai chamar de objeto a o às vezes eu tenho que parar para pensar um pouquinho um jeito de não mandar um Lacan brabo assim né porque dá uma vontade às vezes mas eu vou me segurar e porque a a fantasia a fantasia a teoria freudiana que não deixa de ser uma fantasia do Freud a teoria freudiana ela aponta a ideia de que a nossa infelicidade no campo do amor da vida adulta tem a ver com a nossa
frustração infantil no que é oriunda do fato de que o nosso objeto de Amor primeiro ficou interditado né Então mamãe e papai essa é história do complexo de épo mamãe e papai ficaram interditados E eu então eu vou precisar me contentar com alguma Experiência Amorosa sexual romântica sei lá na no campo da vida adulta Então ela sempre vai ser uma experiência um pouco frustrada né o Freud vai dizer que todo encontro é sempre um reencontro então quando eu tô encontrando com alguma coisa no presente eu tô na verdade tendo notícias de de alguma coisa do
passado mas Lacan dá um passo a mais e ele diz assim essa coisa do passado esse encontro do passado gente ele nem existiu é uma fantasia que se faz depois então essa fantasia de que havia um momento de completude Essa é a fantasia neurótica que nos aprisiona na ideia de que haveria alguma coisa então que poderia vir restituir essa completude que eu achei que já tinha vivido E aí a gente fica fritando nessa porque não é isso não é isso não é isso não é isso não é isso não importa o que você faça você
constantemente vai se deparar com uma falta ainda que a haja uma boa experiência haja satisfação haja uma certa completude ela é parcial ou ela é muitíssimo provisória Tem sempre alguma coisa que Cap então toda vez que a gente vai se encontrar com alguma coisa que nos satisfaz por um lado a gente experiencia essa satisfação Mas por outro lado a gente experiencia uma certa falta de satisfação um certo limite e se a gente fica fixado nessa lógica de que haveria o objeto adequado a gente fica correndo atrás do próprio rabo né então a grande novidade lacaniana
nesse sentido é de que ele vai apontar com essa noção de objeto a o fato de que o objeto a aquilo que está para sempre perdido desde sempre perdido ele não existe como um objeto que vá nos tamponar ele vai existir como um objeto que vai nos fazer desejar que vai nos causar desejo então É nesse sentido que eu coloco alguma coisa no livro que não sei que eu escrevi né eu vou citar e vocês vão saber melhor que eu mas é alguma coisa do tipo de que no amor a gente acha que vai encontrar
a parte que falta tá que falta e a gente vai encontrar a parte que vai fazer falta a partir dali Essa é a minha forma de tentar aproximar alguma coisa do que eu entendo da noção de objeto a você se depara com um objeto que você supõe que vai completar sua falta e na verdade você vai encontrar com mais falta e isso pode ser uma tortura no sofrimento neurótico pode ser terrível angusti ante no campo das neuroses mas que na medida em que a gente pode sair um tanto das neuroses e nos deparar com a
falta encontro estrutural e enquanto estruturante desejar o desejo de desejar desejo é desejo de desejo é alguma coisa que nos Restitui então a gente encontra com alguma satisfação inclusive no encontro com um certo vazio É claro que tudo isso depende de contornos Depende de medidas Depende de cuidados mas sem isso o que a gente tem é essa fantasia infantil de que se o outro me der o que eu preciso então tá tudo resolvido Ana tem vários comentários vários elogios a você aqui eu vou privilegiar na verdade as perguntas tem muita gente querendo fazer pergunta mas
vou ler alguns aí né e a Mônica pinhati diz que é um Café Filosófico surpreende positivamente a cada dia Parabéns pela escolha Ana suia fantástica a gente agradece aqui também vou um comentário do djalmir Andrade que ele disz que é inacreditável que esse canal existe a muito tempo e eu não conhecia que Fantástico Estou encantado com todos os vídeos Então vou convidar o djalmira e todo mundo que ainda não segue a gente no YouTube para seguir só se inscrever aqui no canal do YouTube para ter acesso a esses mais de 20 anos de Café Filosófico
e vocês podem ver trechos de acervo inclusive trechos do Christian dunker que é um trecho que a gente vai passar aqui agora para você para você comentar não basta ter trocas e experimentar bom um certo tipo muito peculiar de satisfação eu quero mais né e eu quero tão mais quanto mais eu nego que existe uma coisa que está no fulcro que está no centro da educação que é impossível fazê-lo e daí ela vai dizer assim olha aquilo que o Freud descreveu como histeria Na verdade é um tipo de laço social um laço social baseado na
insatisfação permanente na eh no trabalho permanente de fazer o outro desejar é possível isso fazer o outro desejar não é possível né quem deseja é o outro mesmo que ela deseja a partir do nosso desejo resultado é outra né atividade impossível continua chistian é muito muito bom a gente ter acesso a essas a esses conteúdos anteriores né e vejam Christian dunker tava falando ali a maneira dele daquela época a gente mira no amor e acerta na solidão porque é isso fazer o outro desejar é impossível a gente se esbarra com a nossa solidão que é
um nome pro limite então quanto mais isso isso é uma coisa muito misteriosa no campo da no campo do Amor a as neurociências E tantas outras formas de saber elas explicam por é que a gente ama porque que a gente apaixona né O que é que o que que acontece nos nos nossos divertidamentes né que vai vão fazer com que a dopamina serotonina endorfina blá blá blá né e mas ninguém sabe dizer Por que uma pessoa e não outra nem a gente sabe dizer você fala cara por que uma pessoa e não outra nem a
gente sabe depois você vai fazer a análise você acha meio Óbvio até às vezes né falá Ah tá né mas em última instância mesmo quando se depara com uma certa com certo uma certa construção de saber que se fazem análise ainda assim em última instância tem sempre um mistério no horizonte é alguma coisa que não se não se sabe não se sabe nem porque a gente ama o outro e o outro também não sabe porque nos ama então essa nossa tentativa contínua ridícula de nos fazermos amados ela é fracassada porque não tem o que eu
faça para o outro me amar é claro que faz diferença você ser uma pessoa suportável ou você ser um babaca tá não tô falando isso mas no osso da coisa tem alguma coisa que é simplesmente você existindo que captura alguma coisa no outro ali onde ele nem reconhece e e que isso é da dimensão do impossível de manipular E aí a gente tem as tantas dificuldades as tantas DRS que acontecem né as Fas D nos relacionamentos que vão ser ali pessoas tentando dizer alguma coisa disso O que é que eu preciso fazer para você me
amar o que é que você você precisa fazer isso para eu me amar e aí a gente volta para aquilo que eu tava falando para vocês que às vezes a gente pede aquilo e o outro dá e não era aquilo só você só descobre depois que já pediu e que já teve então há uma diferença entre uma diferença crucial entre amar e encomendar E aí a gente entra no que o laca propõe naquela frase instagramável dele e difícil de compreender amar é dar o que não se tem como assim amar é dar o que não
se tem como é que eu vou dar pro outro aquilo que eu não tenho mas o que ele tá colocando nessa dimensão é justamente aquilo que é da Ordem da falta é aquilo que é da Ordem do impossível é aquilo que é da ordem de sustentar esse impossível de tá alguma coisa de uma certa solidão entre um e o outro né como a Clarice coloca eu sou eu você é você e essa é a solidão ler mais alguns comentários que chegaram aqui Ana Inclusive a Cristina diz assim que Ana sem citar clariss não é Ana
passando recado para você e eu falei do conheci o café agora tem gente que tá acompanhando o café desde o começo do café uma dessas pessoas é o leonaldo Brandão e ele diz assim que ele assiste os programas do café mais de cinco vezes para informação fixar acompanha o café desde 2003 fica a diga para vocês depois Sigam o café revejam essa palestra pelo menos cinco vezes e desde 2013 ele acompanha pela TV e ele diz que se tornou adulto vendo o café Então Agradeço o leonaldo pela presença assídua aqui no no café e a
pergunta é dele Justamente que eu vou fazer o leonaldo ele diz assim que as redes sociais aumentam as possibilidades de você evitar a solidão Mesmo assim temos hoje tantas pessoas com milhares e milhões de seguidores e mesmo assim se sentem solitárias a pergunta que ele te faz é as redes sociais potencializam a solidão ou ela apenas mostra quanto somos solitários em meio a uma multidão seria uma ilusão Eu acho que eu preciso assistir cinco vezes por alguns anos o Café Filosófico para poder responder alguma coisa disso Que pergunta boa né É uma pergunta é uma
pergunta que me faz pensar eh eu não vou responder claro né mas eu também não tenho nenhum problema em dizer que não vou responder alguma coisa Pois afinal de contas a pessoa que trabalha com psicanálise Está confortável em não responder né mas eu vou dizer alguma coisa que me ocorre apesar a a partir disso Apesar é ótimo né gente é uma desgraça a psicanálise você não consegue ter a paz de fazer um atfal e simplesmente seguir a vida esta faz está perdida que é vamos lá né Eu eu acho que não sei se a gente
tem como aumentar a solidão porque na medida em que a solidão é estrutural Mas você tá sozinho não tem como aumentar ou diminuir isso mas o que a gente o que eu acho que tem como aumentar é a sensação de é isso então a solidão e quanto sentimento aí sim eu acho que tem como aumentar porque faz diferença você por exemplo pensar nessa lógica seguir por essa lógica das redes sociais faz diferença eh você se comparar com as pessoas da sua família as pessoas do seu trabalho que são lá 10 20 pessoas que a gente
consegue ter um contato mais frequente na na rotina e você se comparar com todas as pessoas que você se relacionou na sua vida porque a rede social é isso né você tá lá acompanhando a vida do sujeitinho que você estudou no Jardim de Infância É tá lá f planin que você trabalhou com ela num num trabalho de português no ensino médio e então a gente vai somando um monte de gente que a gente não conhece ao longo da vida não conhece eu digo a gente conheceu de alguma maneira mas não aprofundou isso sem contar né
as tantas outras pessoas que a gente realmente não conhece e que a gente vai ganhando uma sensação de intimidade por acompanhar tanto por tanto tempo e tudo mais e aí a gente vai se dando conta da vai se dando conta não a gente vai aumentando essa exigência super egica a respeito do que é que se estaria do que é que você tá fazendo da própria vida e o problema do super Eu é que assim se se se ele mandasse a gente fazer uma coisa e a gente fizesse essa coisa e ele calasse a boquinha dele
tava tudo bem só que o problema do Superior Lembrando que o superior essa voz em nós tá só que o problema do Superior é que que ele quanto mais a gente dá para ele aquilo que a gente aquilo que ele ele quer é a gente mesmo né quanto a gente dá quanto mais a gente dá para ele aquilo que ele quer mais desgraçado ele fica e mais exigente tirânico ele fica E aí mais a gente se auto exige para Além disso existe um outro nada que é ruim não possa piorar né Para Além disso ainda
tem o fato de que ele não pede uma coisa que seja possível de dar porque ele ele pede uma coisa e o oposto da coisa ao mesmo tempo então você precisa seja uma mãe que tem oito filhos e fica muito feliz com seu marido fazendo marcenaria em casa porque a blogueira lá americana né faz isso e ao mesmo tempo não tenha filhos Vá fazer um mochilão o caminho de Santiago eu tô colocando dois extremos para apontar que não importa qual seja a sua renúncia não importa qual seja sua escolha essa exigência em nós super egóica
nos leva necessariamente a nos sentirmos mal com a gente e aí é que faz diferença se a gente tem uma comunidade Menorzinha ou se a gente tem exemplos ideais muito inatingíveis eu tendo a pensar que quanto mais a gente fica apegado a esses inatingíveis pior a gente se sente com relação à gente mesmo e isso pode ampliar a sensação de mal-estar a angústia a sensação de solidão ã e todas as esses desdobramentos para além daquilo que se poderia experienciar numa numa numa concretude maior dos encontros e dos desencontros da vida a gente vai para mais
uma pergunta em vídeo de um colega do Pedro Eleodoro Oi Ana pessoal que tá assistindo tudo bem eu sou Pedro leodoro sou psicanalista e tradutor de Freud Ana recentemente eu tava destacando quanto que eu vejo o teu trabalho como alguém que costuma traduzir a psicanálise retirando do jargão da terminologia e né com o termo eu queria justamente né te ouvir um pouco mais sobre como que você pensa isso na clínica como você pensa que se a palavra é a morte da coisa mas como que a gente pode pensar também a partir de uma perda de
um luto né de um ente querido de um relacionamento de um emprego né que que função tem a clínica de alguma maneira para lidar com essa ideia do que morre e do que tem para se viver a partir disso muito obrigada Pedro por essa interlocução por essa pergunta que você gentilmente enviou ao Café Filosófico Pedro é um alguém pelo pelo qual eu nutro profunda admiração germanista da editora autêntica né das obras do Freud e ele tem essa essa leitura tão generosa que ele faz do Freud com a gente eh e eu tendo a pensar que
que eu falei para vocês já aqui hoje que uma análise é um trabalho de elaboração de luto mas mais do que isso eu acho que a vida é um trabalho de elaboração de luto é que a análise a experiência analítica Talvez seja um intensivão e é um intensivão de vida né porque até Inclusive tem Tem gente que fala ai todo mundo precisava fazer análise análise faz bem para todo mundo n n nã eu não sou muito fã dessa dessa filosofia eu acho que nem todo mundo precisa fazer análise eh Enfim acho que existe gente que
consegue aprender e se virar com a vida com ela mesma né Vocês já devem ter tido conversas com pessoas que são pessoas que de repente ela fala um negócio fala meu Deus e ela nunca fez análise não é você fala cara né gente eu acho que assim a gente faz análise para aprender com a vida é que a neurose ela nos emburrece porque ela não deixa a gente aprender com a vida então a experiência analítica é um um intensivão de vida na medida em que nos coloca de cara com essa dimensão dessa dessa perda que
tá desde sempre e a gente fica tampando só com a peneira para achar que ela pode ser evit ada quando já foi perdido alguma coisa então eh acho que isso tá posto na dimensão de cada ciclo de cada relacionamento né a gente veio aqui ao longo desses três encontros desse ciclo do café né de cresci agora né casei agora então vai a gente vai entendendo que existe um ciclo existe um fim existe um ciclo existe um fim mas existe essa coisa maior talvez que é o próprio ciclo da vida e o Freud diz uma coisa
eh que é muito importante para esse tema que ele diz assim se quer viver bem te prepara para morrer como eu falei para vocês no início desse encontro a gente não tem como ficar Preparado Para Morrer Porque se você tiver Preparado Para Morrer você não tá aqui né Tem uma um um meme que tem o Romer e ele pega um um livro de autoajuda e daí tá escrito assim Viva como se hoje fosse o último dia da sua vida aí ele senta no meio fio e começa a chorar então assim não é para isso funcionar
desse jeito né não é literal Então não é você realmente viver como se fosse o último dia da sua vida mas é ter no horizonte de que esse tempo aqui ele é limitado e ele é limitado de uma com uma com uma radicalidade eh intangível na possibilidade da gente saber qual é o limite quando é que vai dar ruim quando é que alguma coisa termina nós somos muito tudo é muito tudo é muito sensível aí a gente tem Tod Aquele monte de filmes que que mostra Ai se eu tivesse voltado no tempo como é que
seria tipo Efeito Borboleta noite de tormenta acho que tem até um clique do Sandler lá que é que que vai demonstrando Dark né a série que vai Explode a cabeça até né que você vai tentando voltar atrás para corrigir um negócio e d outro no ruim volta é tudo muito sensível só que a gente fica fritando nessa ideia do Ah mas e você e quase não sei o que lá das quantas porque a gente acha que seria possível alguma coisa para além daquilo que é o que foi que é o que é que é que
a gente tem tem um um um poema que eu escrevi eu já não sei mais em que livro Deixa eu ver se eu acho facilmente que se chama e se achei que tá então no livro das Cabanas como fez em nós que diz assim Nem era esse o poema tá vou confessar para você vocês mas vai servir mas não era ele eu acho que tá no livro da corda que sai do útero o poema que eu queria eh e se acontecer assim da palavra insistir em escapar do vinho avinagrar mesmo bem armazenado do beijo de
língua secar da lágrima não cair não vir Ops do abraço não aconchegar do sono não vir não vir e não vir como encontrar opostos que nos salvem por não serem tão assim palavras que quase digam o que pensamos que queríamos dizer vinhos que sejam abertos no melhor ponto possível antes de começar a estragar beijos que sejam molhados sem ser babados lágrimas que escorram sem despencar abraços que deem Contorno aos corpos sem aprisioná-los sonos que cheguem sabendo ir embora Qual é o ponto em que o oposto de uma coisa vira a própria coisa de pozinho em
pozinho a ampulheta marca passar do tempo de tique em taque de taque em tique o relógio anuncia Nossa finitude a cada Abrir de geladeira para pensar sem perceber em busca de uma torta de maçã ou de um bolo de chocolate que apareça miraculosamente a vida escorre a cada peguei o celular para buscar tal informação e de repente já entrei em tudo que a rede social e não pesquisei o que eu ia pesquisar a morte abraça as nossas pernas de domingo em domingo nossa vida se esvai a cada Beijo Molhado o frio que a gente sente
na barriga é também um pedaço de morte e quando a gente cheira o pescocinho do filho diz que morre de amor no meio de um dia que a gente chama de útil mas frequentemente é inútil recebe uma boa notícia via WhatsApp frequentemente responde com morri e é de alegria a gente vive morrendo até parar de morrer e assim é a vida que até parar de morrer a gente viva bem vivos e acho que Esse é o dilema neurótico a gente tenta viver como se não tivesse vivo a gente só pode viver a condição de considerar
a possibilidade disso terminar Em algum momento de frequentemente se deparar com os fins possíveis porque a vida não cansa de nos lembrar que ela é viva e por mais óbvio que isso seja a nossa tendência é de mortificar tudo que a gente é de fazer parar tudo que a gente olha é de querer que o tempo pare é de querer que as coisas fiquem estagnadas e o que a vida faz de melhor é nos lembrar do quão pequenos ínfimos e inúteis somos nesse desejo de tentar controlar alguma coisa disso que é incontrolável que é o
amor e que é a vida [Aplausos] a gente tem mais uma pergunta do público lá ao fundo só se apresentar e fazer a pergunta Boa noite Ana H meu nome é Ernaldo Xavier fui teu ex-aluno no Instituto esp foi meu ex-aluno fã do Amarelinho e agora encantar estelado com as cabanas que o amor faz em nós parei no Tulipa azul e eu queria te perguntar você começou a tua fala falando de Narciso se se Narciso tivesse redes sociais ele teria sobrevivido e ou teria se afogado e estaria entre milhões de ados eu pergunto fiquei só
e agora preciso de curtidas e de outros eus virtuais para suportar minha solidão Eu gostei muito disso que você falou eh que fe se Narciso teria sobrevivido ou se ele teria se afogado junto com milhões né Porque eu acho que você aponta justamente essa dimensão que é a gente achar que uma coisa é tão diferente da outra no seguinte sentido eh a gente não tem como sair do nosso tempo a gente não tem como sair da nossa família a gente pode romper a gente pode se separar pode se afastar pode ressignificar mas a gente não
tem como viver como se isso não tivesse acontecido a gente não tem como viver como se a gente não fosse a gente não temos como viver como se não fôssemos filhos do nosso tempo de alguma maneira e eu gosto muito de uma coisa que o George agamben propõe quando ele fala do tempo né que é um um filósofo italiano e ele diz que o sujeito contemporâneo é aquele que se identifica ao seu tempo mas também não então eu tendo a pensar que a gente sobrevive um pouco porque tudo é muita coisa a gente sobrevive um
pouco na medida em que uma parcela sucumbe a isso que é do nosso tempo mas que uma parcela não se identifica né que uma [Música] parcela não se encaixa não adere fica só por isso esse ficar só é alguma coisa que insisto no quanto me parece realmente um Norte importante na vida se a gente nunca se sente só se a gente nunca se depara com uma certa solidão talvez a gente esteja excessivamente massificado excessivamente adesivado repetindo discursos e falas do outro a gente só consegue falar alguma coisa que seja um pouquinho autêntica Não muito mas
um pouquinho autêntica um pouquinho nova um pouquinho mais da gente e um pouquinho menos do outro na medida em que isso é efeito de um Desencontro com alguma coisa e isso gente tá na origem da nosso do nosso aprender a falar a gente aprende a falar para dizer não a gente aprende a andar para ir embora você já viu criança quando eu aprende a falar uma das primeiras palavras que a criança aprende é a palavra não E ela diz não para tudo até para que ela quer né É não depois ela investiga O que é
que que é mesmo que você falou não não não não não não não não não não depois você vai fazer análise para aprender a dizer não mas que aconteceu que era tão bom em dizer não e você já viu uma criança Começar a andar e os pais ficarem tranquilos Ah ela começou a andar Que ótimo não criança começa a andar fica todo mundo em pânico por a criança vai andar e ela vai ela começa a andar e ela já vai embora então Eh essa dimensão dessa dessa solidão da criança ela só pode existir porque frequentemente
a criança que faz isso é uma criança que ela Aposta que tem um outro cuidando dela ela só consegue fazer isso porque ela Poa que tem alguém que vai voltar e dizer Venha tô cuidando n né O que que a gente vai descobrindo quando a gente vai crescendo que esse outro no qual a gente apostava uma certa consistência ele é fake é a gente vai ficando meio bravo com os nossos pais na adolescência um tanto irritados com eles porque me enganou me fez acreditar que você sabia o que você estava fazendo da vida que você
sabia quais eram as melhores escolhas e tudo mais e agora eu me sinto enganado porque Sério que você é uma pessoa você não é papai você não é mamãe você é uma pessoa furada tem gente que não se dá conta disso na adolescência e vai fazer 25.000 anos de análise para dar conta disso é raro Mas acontece muito se dá conta disso na adolescência recalca E aí depois fica demandando ainda assim como se não soubesse disso né E aí só depois na análise vai poder se deparar com o fato de que somos todos pessoas castradas
furadas cagadas de alguma maneira esvaziadas de alguma maneira eh frustradas de alguma maneira sofrendo eh desamparadas enfim tá todo mundo com alguma perturbação aqui todo mundo tem alguma perturbação pela qual tá vivendo pela qual tá sentindo e que não se trata de ficar expondo necessariamente ai como somos como somos hipócritas não é isso tá é só o fato de que isso existe em todos nós Isso faz parte da nossa existência e a gente precisa encontrar maneiras de poder sustentar uma vida funcional Alegre eh sem a gente ser desonesto com a gente mesmo porque eu acho
que tudo se trata de uma questão de ser honesto consigo e para mim na minha experiência a psicanálise é o que me possibilita ser honesta comigo a escrita é o que me possibilita ser honesta Comigo tudo que vem com relação a isso de Editora que quer publicar meu livro de gente que lê meu livro de gente que vem no Café Filosófico de convite para vir no Café Filosófico e tudo mais é muito legal é muito legal mas é muito legal mesmo me divertindo e achando achando me sentindo num Son ainda mas isso não pode ser
um objetivo de nada ISO não pode ser o alvo de alguma coisa tudo isso só pode existir e aí eu digo eu para mim pessoalmente sui não quer dizer que seja assim para vocês isso para mim só pode existir como consequência da coisa mais importante para mim que é encontrar maneiras de acessar alguma coisa da minha solidão isso não é Sem laço com o outro isso não é sem encontro isso não é sem cuidado isso não é sem amor isso não é sem tantas coisas mas cada vez mais gente eu acho que fica mais e
mais difícil a gente preservar esse fiozinho esse fiozinho da Solidão esse fiozinho onde a gente não se identifica com o outro e a gente poder preservar e disso ao invés de destituir isso e dizer então eu tenho um problema então eu tenho um transtorno então eu tô errado por causa disso é o contrário é isso que nos liga a uma certa aposta de que a gente possa existir para além daquilo que o outro demanda que eu devo funcionar como mero objeto do seu desfrute e do seu gozo tem mais uma pergunta aqui no canto é
só se apresentar e fazer é boa noite Ana adorei a sua palestra o meu eh meu nome é Renata Piras eu sou terapeuta integrativa e sistêmica e me me veio essa pergunta né Eh o posicionamento do o ser humano é de refém porque somos herdeiros do que foi aprendido nem infância né podemos ter introjetado falas comportamentos registros que podem ter in gestado a nossa potencialidade e a nossa identidade né você fala de desamparo de isolamento de medo do abandono são emoções que podem ter levado a estratégia de sobrevivências que podemos viver até hoje inclusive né
então eu tô eh lembrando dessa fala sua do eu fal an desse eu desabilitado dessa perda de si a pergunta seria a seguinte seria da pedagogia da vida reencontrar esse lugar faltante dentro de si para reelaborar e dar um novo significado para poder chegar a uma completude maior e inclusive eh através dos aprendizados dos lutos e das perdas que nos lembram da finitude da existência teria um significado eh para chegar a esse sentido da vida tudo isso muito obrigada pela sua questão ren eu acho que a gente mira na completude e acerta no da incompletude
porque a gente a gente não vive para viver incompleto a gente vive para tentar completar alguma coisa então na dimensão do Horizonte de cada um tá uma fantasia de completude que é impossível da gente se desprender completamente dela completamente é ótimo né mas o que aparece como efeito é que quanto mais nós somos bem sucedidos nisso menores a gente vai [Música] ficando quando a gente estuda por exemplo eu gosto de brincar que estudar é um buraco ao contrário Porque quanto mais você estuda menos você sabe quanto mais você estuda mais você descobre que tem mais
coisas para estudar e mais você se depara com o fato de que uma vida será pouco para estudar Isso tudo então mais sábio da sua ignorância não é sábio não mas mais ciente da sua ignorância você vai ficando quanto mais a gente avança Nessas questões do amor por exemplo né amar é se deparar com isso com essa incompletude e por mais que a gente tenha um um encontro mais ou menos bem sucedido no amor Seja lá o que isso signific tá cada um pensea aí o que que é a partir das suas experiências que seria
um amor mais ou menos bem sucedido ainda assim amar é se deparar com uma certa impotência diante do outro né como o vídeo do Christian dunker apontava ali né não tem como fazer o outro desejar não tem como fazer o outro pensar diferente daquilo que Ele pensa não tem como fazer embora o modo de viver o modo de agir isso tudo pode causar no outro de diferentes maneiras mas eu ir lá e mudar o outro eu ir lá e ajudar o outro isso não dá por isso que o Freud fala adverte né sobre o Furor
candes do analista então ele vai dizer da importância do analista Se Curar do desejo de curar porque se a gente fica tomado pelo Desejo de curar a gente tá tomado na verdade pela nossa veia narcísica quando eu quero curar o outro eu quero ser algo para o outro eu quero fazer algo pelo outro e Se Curar disso é poder estar um tanto quanto advertido da Solidão da incompletude e do impossível que nos assola e só por causa disso é que os encontros Quando acontecem e são raros eles são tão bonitos e são tão importantes pra
nossa vida e a gente precisa cuidar tanto de quando isso acontece porque isso não tá garantido isso não é natural isso não é por causa dos seus belos olhos isso não é porque você merece isso não é porque Ah você plantou necessariamente mas tem sem tem tem pode ter um composto disso tá bom tô dizendo que isso não importa mas tem sempre um certo impossível de saber é eu acho que é uma o encontro amoroso seja ele Qual espécie de encontro amoroso que for ele tem uma dimensão de uma Raridade é a nossa veia narcísica
que faz a gente achar que nós somos amáveis e que então como assim o outro não gostou de mim que que eu fiz de errado por que que você tem que fazer alguma coisa errado querida é a gente tem uma uma uma uma relação com o nosso narcisismo que nos leva por exemplo a gente achar que vai fazer análise ou que vai fazer terapia para se conhecer melhor e que isso vai ser bom Da onde Da onde a gente tirou a ideia de que eu eu vou gostar de mim se eu me conhecer senão de
um ideal narcísico de que eu sou uma pessoa muito boa muito Aprazível né Então são esses essas desmontagens narcísicas que me parecem muito muito mais interessantes pra vida pra gente poder se apegar de fato à sutilezas daquilo que verdadeiramente importa do que esses fakes de completud de seja faça e aconteça como se isso fosse muito relevante para alguém para além do seu próprio narcisismo desculpa aí gente mas eu realmente tendo a pensar que o que mais importa no campo do amor é claro que tem que ter ganho narcísico senão ninguém suporta tá então tem que
ter ganho narcísico tem que ter restabelecimento da própria imagem tem que ter identificação a gente precisa disso tudo para suportar as voadoras que os encontros desencontrados no campo do amor vão nos dar nos lembrando da nossa solidão do nosso desamparo da nossa pequeneza mas de nós já basta a gente mesmo para encontrar mais alguém além da gente obrigada Ana vou aproveitar as palmas para dar a notícia que chegamos ao fim do Café Filosófico de hoje mas eu não vou encerrar aqui antes de te passar a palavra caso você queira fazer um encerramento fica vontade muito
obrigada muito obrigada muito obrigada obrigada por estarem aqui por se interessarem por essas coisas eh não tão otimistas das quais me interessa falar por de alguma maneira entenderem que isso não é às vezes as pessoas falar ai que visão pessimista né Não só eu Ana sui mas dizem ah os psicanalistas são muito pessimistas Freud era muito pessimista e me parece que isso se trata muito mais da dimensão de de um otimismo possível de um otimismo que não seja delirante de um otimismo que tem uma relação com a realidade a gente precisa estar advertido porque saber
é coisa demais mas a gente precisa estar advertido de alguma maneira da finitude das coisas para poder desfrutar com dignidade do tempo que nos é concedido essa coisa tão Rara chamada tempo e tão imprevisível de quanto é que vai durar e da qual a gente precisa fazer juos obrigada por estarem [Aplausos] aqui Ana vou te agradecer novamente fazer um convite para quem ainda não segue a gente seguir ver cinco vezes a palestra fica a lição e convidar vocês que vieram aqui hoje e quem tá acompanhando também a gente pelo YouTube que na próxima quarta-feira dia
3 de julho a gente tem um Café Filosófico com o Cloves de Barros e O Ilan brema então todos convidados e e na TV Cultura nesse domingo vai ter o programa da arte e da criatividade com Marcelo Dantas então isso vejo vocês na semana que vem aqui no para ver a palestra do Cloves e do Ilan e para quem tá aqui em Campinas aqui no cenário quiser tirar foto fica à vontade a Ana também tá tá aqui para tirar foto e autografar tem uns livros ali também no fundo Então é isso gente a gente se
vê semana que vem obrigadão domingo a palavra espécie e estética estão de alguma forma ligadas juntas as espécies carregam com elas uma ideia de estética uma ideia de visualidade uma ideia de composição quantas músicas quantas pinturas foram feitas inspirados em outras espécies em que a gente vai lá beber nelas na fonte para poder fazer arte pra gente a história é será que a gente não pode trazer eles para o campo da criatividade criar uma base de da arte e da criatividade o grande desafio é dizer como é que artistas hoje estão fazendo pelo mundo formas
colaborativas de arte Café Filosófico domingo 7 da noite [Música] [Música] [Música] k [Música]