Linhas Cruzadas | Por que ler os clássicos? | 22/09/2022

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Jornalismo TV Cultura
No Linhas Cruzadas desta semana, Thaís Oyama e Luiz Felipe Pondé discutem a importância de consumir ...
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[Música] [Música] [Música] quem não leu os clássicos perde o quê perde a chance de aprender o que é um ser humano muitos clássicos falam de culpa a culpa é um clássico claro você não sabia o cancelamento das redes vai fazer muitos clássicos desaparecerem não acho que não vai ficar claro que o cancelamento das redes é só isso teria como serão os clássicos do Futuro [Música] [Música] estamos iniciando mais uma edição do Linhas Cruzadas hoje para discutir Os Clássicos porque ler-los oiponder para começo de conversa o que é um clássico digamos assim a definição mais resto
do chão do ponto de vista histórico é a palavra do latim clássicos que significa alguma coisa de primeira classe como a gente fala coisa de primeira ordem uma pessoa de primeira ordem então você pode inclusive podia inclusive usar a expressão para se referir alguém que fosse um clássicos agora o uso que a gente faz da expressão clássico hoje na literatura na arte em geral né assim é uma expressão que na realidade ela ganhou circulação a partir do século 19 quando principalmente os alemães começaram a aplicar a expressão clássico para o período da Grécia Antiga entre
o século 4 e 5 antes de Cristo Claro porque foi o período do apogeu de Atenas além do período da democracia ateniense é o período do Nascimento Pelo menos até onde a gente sabe do grande teatro trágico grego é o período do nascimento da filosofia grega e isso tudo junto com discussões políticas legisladores certo então a partir do século XIX se começou a usar essa expressão de clássico para se referir a esse período grego em que você teve florescimento de um conjunto cultural na antiguidade pelo menos do lado ocidental que não se conhecia Com tamanha
força forma onde é inesis que é um clássico no estudo da literatura o escritor Eric albebá alemão elegeu a Bíblia e as tragédias gregas como os grandes clássicos do ocidente O que que a bíblia e as tragédias gregas têm em comum e por que que eles são clássicos os grandes clássicos do ocidente primeiro porque são as fontes mais antigas que a gente tem de texto no ocidente né E ao mesmo tempo São duas tradições distintas e que tanto o conteúdo que estão nas duas tradições em termos temáticos quanto a a construção dos personagens os enredos
os dramas de todos os tipos guerra amor morte relação com os deuses política esses todos esses temas eles vão se reproduzir na literatura posterior e você encontra ecos podemos nós inventar leis ou as leis devem vir do passado e dos antigos Isso é uma questão que você hoje discute quando alguém tá lá debatendo se a gente deveria ter direito a suicídio assistido por exemplo né ou mesmo aborto né eutanásia né a manipulação gênica percebe quer dizer isso da tradição grega por outro lado a literatura Hebraica ele tem uma característica que é os personagens chamados he
da Bíblia Hebraica que os cristãos chamam de velho testamento que são aqueles que têm vínculo direto com Deus né a relação com o personagem Deus é uma relação que envelhece as pessoas amadurece Deus faz os seus escolhidos na Bíblia Hebraica sofrerem né ele dá a missão aos seus escolhidos terríveis e isso vai fazendo com que eles amadureçam então aparece claramente na Bíblia Hebraica a ideia de que o processo do sofrimento é um processo que vai levando você a ficar mais sábio mais profundo como personagem Mas então quer dizer que o elemento comum entre as tragédias
Gregas e a Bíblia seria amadurecimento pelo sofrimento de um lado você tem o tema da tragédia Qual é o tema da tragédia o tema da tragédia é afinal de contas existem Deuses para os quais nós Oramos ou seriam eles seres imaginários e quem rege as coisas é a mais cega contingência Ou seja a tragédia tá o tempo inteiro se indagando acerca de um sentido maior da Liberdade humana de se nós somos abandonados se o que o rege as coisas são a pura contingencia no mundo hebraico que também é o mundo antigo você tá diante o
tempo inteiro de um Deus que é absolutamente Poderoso com quem você tem que se haver com ele o tempo inteiro e portanto muitas vezes isso é vivido como você a mercê da contingência então eu diria que além da antiguidade além da carpintaria sofisticada dos personagens né além dos dramas serem dramas que são absolutamente reais e que apesar da Bíblia Hebraica poder ter sido escrito a 500 600 700 Anos Antes de Cristo todo mundo entende certo o drama de um personagem como Davi assim como todo mundo entende o problema de um personagem como Édipo que acaba
sabendo mais do que deve mas não sabe tudo que precisa Então a característica principal é que são antigos inteiros e eles estabelecem uma espécie de pauta em que o mundo ocidental se reconhece você falou agora vamos falar de sófocles e outro clássico antigo né que toca num desses temas que você acabou de citar e que são universais até hoje [Música] [Música] [Música] [Música] [Música] [Música] [Música] [Música] porque com os vivos Pelo menos você tem a chance de argumentar com os mortos Você não tem o problema aqui de antigo né quando ela fala que ela teme
mais o julgamento dos mortos que dos vivos É porque ela tá se referindo ao fato de que a lei religiosa tradicional dizia que ela devia fazer honras enterrar o seu irmão o tio inventou uma lei que o irmão não merecia Então ela tá sendo dilacerada entre o respeito a tradição e a religião e por outro lado respeito a lei que o tio dela inventou e no centro disso ela tem a consciência de sendo ela fruto do útero no cestoso ela não tem futuro porque porque a família dela toda devia morrer toda ela devia desaparecer para
limpar a maldição do Incesto a gente começou dizendo que clássico é algo que toca um tema Universal e que perdura até hoje então qual é a questão ou Quais são as questões e antígona que nos liga a ela até hoje a essa peça até hoje primeiro fato de que quando a gente veio a montagem de uma tragédia como antigona bem feita normalmente as pessoas choram como Aristóteles falava que se chorava lá em Atenas porque você percebe que aqueles personagens Estão falando coisas que você Experimenta no caso da antigona é uma Peça clássica Sobre mi asma
miasma é o conceito grego que significa uma família que tem uma maldição que atravessa gerações e você não consegue se libertar dessa tradição familiar toda a família tem asma todo mundo tem problemas familiares no qual você não se você não se livra apesar das mentiras que contam hoje em dia isso no plano do que a gente chamaria psicológico no plano social aquilo que eu falava o problema de antigona no plano sócio-histórico político É podemos inventar leis novas portanto policines não será enterrado e não receberá honras fúnebres ou devemos respeitar a lei da tradição não ele
tem que ser enterrado e receber honras fúnebres se não ele não julgará os Deuses dos julgarão Ele Virá um demônio portanto podemos inventar leis novas podemos inventar que daqui a 100 anos a reprodução humana via sexo será fora da lei porque expõe as crianças ao risco do acaso ou devemos sempre viver de acordo com a tradição e o modo como todo mundo sempre viveu minhas cruzadas [Música] Linhas Cruzadas está de volta hoje falando sobre a importância dos clássicos da nossa vida e a definição de clássicos como algo que aborda temos universais e que perdura ao
longo dos anos pode ser aplicado também para as artes plásticas então nós perguntamos ao crítico de arte Rodrigo naves que artista contemporâneo sobreviverá e será um clássico daqui a 200 anos Vamos ouvir o que ele disse [Música] nasce de uma síntese muito difícil de ser obtida entre certas tendências construtivas uma simplicidade informal coisas desse tipo e uma sutileza umirismo mais ligado digamos a tradição os afrescos as cores leves [Música] enfim a não intensidade das Folhas como a disse isso só crescerá essa novidade essa originalidade só que desde a crescer com o tempo Então entendo a
explicação dele pessoalmente não sou um apreciador do Volpe né entendo que é como é típico Aliás na arte figurativa desde que se iniciou o rompimento das formas né alguns indicam Picasso como sendo um grande iniciador desse processo a minha sensação é de que a arte cada vez mais se transformou em alguma coisa que você tem que explicar o porquê que ela é arte e ao mesmo tempo você precisa de uma noção histórica da própria arte enquanto eventos que foram acontecendo e pessoas são esses eventos e escolas para que você consiga entender porque que aquilo é
tão importante assim né então a explicação dele se enquadra claramente nisso numa análise das cores do tipo de pintura a forma lírica a questão conceitual né mas a minha impressão Na verdade eu tô longe de ser especialista em história da arte mas a minha sensação é de que talvez a arte contemporânea não deixe nenhum clássico para que 200 anos voltando a literatura o Ítalo Calvino escrito italiano que escreveu Porque ler os clássicos que elas a gente roubou esse título para o nosso programa Ele disse que entre os atributos que os clássicos devem ter existem por
exemplo de ele ser capaz de iluminar uma determinada época da história ele é capaz de nunca terminar de dizer o que ele tem para dizer e portanto ele é capaz também de nos acompanhar por toda a vida porque cada hora ele diz algo diferente para quem reler um clássico então duas perguntas Você concorda com essa que essa essa avaliação esses critérios do Calvino continuam válidos e depois você acha que esses critérios continuarão válidos para sempre como os clássicos continuarão clássicos para sempre a primeira pergunta é mais fácil quer dizer eu acho que as definições quer
dizer as características que o Ítalo Calvino descreve no livro dele na introdução do livro dele porque ele nos clássicas são 14 né é essa ideia de que o clássico ilumina a própria época então é um documento histórico Sem dúvida nenhuma devido a riqueza de detalhes devido a riqueza da trama que envolve camada sociais tensões políticas tensões subjetivas Então você lê Guerra e Paz o Tolstói é que se passa no período das guerras napoleônicas você tem um documento histórico da aristocracia russa do começo do século 19 né agora a outra característica que você se referiu de
Um clássico nunca acabar de ter nunca acabar de dizer o que tem para dizer é justamente o fato dele tocar em notas que são notas que se repetem na experiência humana e que você ao mudar a época em que você lê você é capaz de perceber coisas que não eram capaz de perceber antes porque você viveu mais então seu repertório de experiências né o exemplo muito comum é alguém que lê metamorfose do Kafka a história que o Gregor Samos a virou uma barata né se você é o moleque 17 anos pode parecer uma história muito
louca do moleque que virou barato se você é uma pessoa que está com 45 anos seu chefe que pisa na sua cabeça tem um monte de boleto para pagar e tem a impressão que sua vida não irá para lugar nenhum você entende porque que usamos é o personagem de metamorfose logo que percebe que viro algum inseto uma barata como é como se dizer a primeira coisa que ele pensa é o seguinte vou perder o bonde vou perder o emprego ou seja você percebe que na realidade o metamorfose do carro fica uma grande metáfora sobre o
processo de transformação dos seres humanos em coisa dentro de uma sociedade pautada pela lógica funcional e produtiva que é a Industrial moderna Então você tem uma mudança de época e portanto a medida que o tempo vai passando parece que o clássico nunca acaba de dizer o que ele tem para dizer e nesse sentido quer dizer se você pergunta a segunda parte se eu acho que os clássicos de hoje continuarão ser clássicos E se eles iluminaram o futuro é muito difícil falar né É muito difícil falar porque para Um clássico permanecer Um clássico não significa que
tem uma aura mágica significa que a cultura que vem depois dele se reconhece nele cria a parte dele reler interpreta a sua vida em vários níveis a partir desse conjunto de textos portanto se reconhece nele não dá para dizer que os clássicos de hoje serão os clássicos de amanhã porque a gente simplesmente não sabe se a gente não vai estabelecer rupturas tão monstruosas que na realidade nem exista mais nem se Publique por exemplo no Brasil quase não se publica Nelson Rodrigues Porque alguns idiotas consideram ele machista que eu tô contemporâneo será um clássico daqui a
200 anos vamos ver o que Carlos graebe crítico literário respondeu contemporâneo vai ser um clássico daqui a 200 anos bom na minha opinião o alemão w e g segundo E por quê primeiro porque tudo que a literatura quis fazer nas últimas décadas tá maravilhosamente bem realizado nos livros dele como por exemplo a ligação entre ensaísmo e ficção em segundo lugar porque os temas do cérebro são tempo e a história por isso as narrativas dele estão sempre se deslocando entre o passado e o presente por meio das associações mais inesperadas que você possa imaginar o selo
de inclusive criou um truque de mestre que foi pontuar cada coisa que ele escreveu por fotos antigas e meio enigmáticas então acredite leucebal é uma experiência única Então acho que ele gaeb ele dá uma ele faz aposta num clássico extremamente erudito né como ele mesmo explica essa essa possibilidade de você misturar formas como até o novo jornalismo quis fazer misturar fatos com insalística fotos com texto fotos com texto Então que é uma herança não deixa de semelhança de vanguardas modernas e portanto criar todo um universo de conteúdos que iluminam a época a partir de uma
evolução da forma é possível que venha ser mesmo clássico mas eu entendo que Um clássico que terá que ser ancorado no entendimento sofisticado do Porque ele é o clássico entende e não simplesmente porque vai continuar ser lido lido lido lido lido vai ter que ser explicado entende quando você vê uma Quando você vê um Otelo do Shakespeare é muito claro o drama do ciúme da Inveja vamos agora a nossa caixa de perguntas Pondé o feture parente te pergunta Os Clássicos são a prova de que o mundo se transforma menos do que dizem as aparências de
certa forma sim mas vale a pena apontar de que essa insistência e achar que o mundo se transforma é uma existência tipicamente moderna que eu acho em alguma medida o mito é claro que o mundo mudou tecnologicamente formas materiais sociais alteram experiências cotidianas e de vida não é dúvida mas ao mesmo tempo eu entendo que o nosso seguidor tem razão porque na medida em que você consegue se reconhecer no autor num personagem que viveu não sei quantos mil anos atrás sei lá significa que algo ali não mudou tanto quanto a gente achava que teria mudado
tem uma outra pergunta bem interessante também de alguém que assina Professor Davi Professor dava em pergunta para você quais os clássicos que você recomendaria para os jovens de hoje eu diria seguramente baixado de Assis né Dom Casmurro para você aprender como é difícil você ter certeza do que acha que sabe Brás Cubas Memórias Póstumas para você ver até onde vai quando você resolve ser um cínico em lista que baixado faz esse exercício maravilhosomente bem e eu falaria também do Nelson que há pouco eu faria referência de que talvez ele não exista seja o exemplo de
Um clássico que desapareça E aí as definições do Italo Calvino talvez se mantivessem de pé basta você parar de publicar basta você parar de mandar as pessoas leem né E aí eu diria o Nelson Rodrigues né eu diria o Nelson Rodrigues a desde o teatro Bonitinha mais ordinária em que o tema da virtude tá na tradição bíblica deslocado a menina de família supostamente virtuosa é ordinária a prostituta supostamente ordinária e a virtuosa Esse é um tema bíblico muito claro então recomendaria seguramente Nelson Rodrigues Eu também recomendaria que você principalmente meninos e meninas jovens eu diria
para ele noites brancas para ver como se relacionar homens e mulheres na verdade para participar do livro cruzadas envio sua pergunta ou o seu comentário através das redes sociais da TV Cultura usando a hashtag Linhas Cruzadas minhas cruzadas voltam já já e no próximo bloco nós vamos discutir Será que os cancelamentos ameaçam a sobrevivência dos clássicos [Música] estamos de volta com Linhas Cruzadas hoje falando sobre porque ler os clássicos que autor contemporâneo será um clássico daqui a 200 anos vamos ver o que disse o escritor e professor da Furby Maicon deve ser produzida em períodos
de censura como nós mas nenhum escritor obediente a censura vai produzir qualquer coisa que preste é engraçado observar como escritor está lentosos estão se detonando ao seguirem essas modinhas do neumoralismo e do Politicamente correto agendas do bem e do Mal sinalizações infantis de virtude e principalmente o medo do cancelamento produzem sempre uma literatura desonesta superficial oportunista incapaz de ousar pois o que tá acontecendo no nosso tempo quase todo mundo está escrevendo em obediência a essa censura que aí está é por causa disso meus amigos que do princípio do Século 21 eu acho que no futuro
vai sobrar é nada eu concordo com ele né aliás eu já tinha falado aqui que eu achava que não ia sobrar nada né porque hoje é tudo tão infantil pasteurizado ele fala uma coisa interessante que em épocas de censura aqueles que respeitam a censura não sobrevivem Então como hoje a gente vive numa época é muito interessante porque se fala muito de censura né Assim e se identifica por exemplo bolsonaro censura mas existem formas muito mais sofisticadas e censura do que de gente grossa vem do bolsonaro E essas formas são na realidade as mais poderosas aquelas
que são exercidas a sala de aula na Faculdade nas redações nos tribunais de Júri certo então quando ele diz que é difícil a gente vai te dar que sobra alguma coisa como clássico eu concordo inteiramente com ele assim se não destruírem Filipe rooth por exemplo né já tentam destruir ou dizendo que ele tem Max a masculinidade tóxica ou se não destruírem por exemplo Michele talvez são dois autores que dentro desse cenário elebec ainda vivo o rock de aborto mantiveram uma certa decência mas o Felipe Rossi escreveu a maior parte da sua obra antes dessa censuraback
não escreve durante a censura mas na França que é um país infinitamente mas são do que os Estados Unidos que é um país de maluco e picareta não pegou a onda dos cancelamentos mas ele teve a biografia dele cancelada disso exatamente e não só a biografia como você tem trabalho de feministas tentando tentando não descrevendo os personagens do filme personagens de masculinidade tóxica simplesmente porque os personagens deles são como eles personagens que gostam de mulher e hoje em dia na verdade a gente sabe que não se pode gostar de mulher e apreciar porque senão vai
acusar você de masculinidade tóxica não tem problema que não afetou até hoje o Michel lebek e essa é uma curiosidade que eu tenho porque será que ele desenvolveu essa espécie de inimutabilidade Será que o radicalismo dele nesse sentido fez com que ele ficasse acima desses riscos de cancelamento ele é tipo uma pessoa que inimutável justamente o fato dele vender muito o leback faz com que muitos jornalistas intelectuais da França olhe para ele como uma figura importante porque ele é lido ele é lido inclusive por muita gente que você pode chamar de inteligente você tem seminário
sobre o liberto por exemplo em 17 saiu o livro um pouco depois teve um seminário na França dedicado a seguinte discussão A miséria do homem sem Deus na obra de michellerback Porque existe essa questão que é um tema clássico na filosofia francesa a miséria de Deus a miséria do homem sem Deus né Então apesar de muita gente detestar o elebec a obra dele tem uma densidade tem uma característica de documentação de documento histórico e ele toca num tema que faz com que os europeus sofram muito os americanos também poderiam se fosse capazes que é o
niilismo que atravessa a experiência contemporânea e assim indubitavelmente uma época realista perguntamos ao influenciador digital Monark Qual é o clássico preferido dele vamos ver o que ele respondeu eu acredito que a bíblia é um clássico muito pelo muito porque ela impactou toda uma geração múltiplas gerações de seres humanos e o conteúdo lá escrito ajudou a gente ter uma coesão social melhor a desenvolver certos tipos de direitos a desenvolver certos tipos de princípios que eu acho que são muito importantes e muito impactantes na sociedade culturalmente falando e por isso eu atribuo ele é um a ser
um grande clássico né a Bíblia eu acho que os grandes clássicos são Produções que da humanidade que impactam a humanidade de uma forma ímpar e que se mantém impactando através das Gerações acho que é o conceito de classe que eu tenho na minha cabeça não é necessariamente de verdade não sei se é né mas quando eu penso num Grande clássico eu penso nesse tipo de produto algo que alterou a sociedade de uma forma muito impactante e que vai ser estudado por um tempo a resposta é do bonnark é a resposta que o nosso Fry dá
que é um grande crítico literário canadense que escreveu um livro chamado código dos códigos que está traduzido em português que é o estudo da Bíblia Hebraica para mostrar como a Bíblia seria na opinião do nosso pai o maior de todos os clássicos ocidentais porque você encontraria nela todos os estilos literários todo tipo de personagem todo tipo de problema moral político social ou seja seria entre aspas Um clássico completo né Agora nós vamos para o nosso jogo rápido onde é qual que é o seu clássico Favorito eu tenho muitos clássicos que Sem dúvida nenhuma eu prezo
mas eu diria indiscutivelmente Dostoiévski e o seu japa eu vou fazer vou ficar dos russos também com você você falou doce e eu falo Google a grande grande almas mortas grande e você acha que Um clássico pode morrer de morte natural ou só de morte matada sou assassinado por exemplo por um cancelamento em que o comunismo se tornasse uma cultura milenar o ateísmo comunista talvez a Bíblia parasse de suscitar interesse da população por exemplo ainda que aí haveria uma certa morte matada indireta por causa do ateísmo obrigatório agora a morte matada como no caso do
que estão fazendo com Nelson Rodrigues aqui o apagamento que estão fazendo com ele as bobagens que um monte de gente da crítica literária está chamando ele de machista sexista todas essas palavras que quando você ouve Alguém usar você sabe que a pessoa não tem repertório não sabe o que discutir Então pode acontecer se você pegar por exemplo o caso do Nelson Rodrigues em que ele pare de ser publicado Para de ser montado Pare de ser discutido em sala de aula é vidente que os jovens vão passar não saber que é né Taís você acha que
os clássicos corre risco de desaparecer do mapa por conta dos cancelamentos e apagamentos eu concordo com você sobre o maior risco do apagamento porque o cancelamento muitas vezes acaba chamando atenção por um autor Como foi no caso da tentativa de cancelamento da biografia do Filipe Rossi Como foi o caso do Bezerra da Silva alguns nomes com Bezerra da Silva quase esquecidos acabaram retornando por causa da tentativa de cancelamento já o apagamento sim ele ameaça muito mais o autor como é o caso Nelson Rodrigues que você tá dizendo que você lembrou que faz tempo que não
é montado inclusive Porque as pessoas não têm coragem de montar né Eu sou Rodrigues mas eu acho que se isso acontecer se esses cancelamentos matarem por exemplo autores como Nelson Rodrigues vai ser uma pena para quem deixar de entender Nelson Rodrigues né porque inclusive vai deixar de se divertir muito e vai deixar de aprender como é que funciona na verdade o desejo humano né esse mesmo que os idiotas de hoje querem por uma caixinha as cruzadas Por que ler os clássicos é um dos maiores filósofos do século 19 Frederick Nick [Música] estamos de volta com
Linhas Cruzadas hoje falando sobre a importância de ler os clássicos e o filósofo friedrichnith dizia que para se ler bem Um clássico era necessário suspender o juízo moral o que que ele quis dizer com isso olha o nit fala isso no texto que se chama nós os classicistas Unity era o que a gente chamaria hoje um especialista em cultura grega clássica antiga né teatro grego e tal e quando ele fala isso ele acrescenta uma outra coisa que é o seguinte é que a leitura dos clássicos ela produz ceticismo a referência à suspensão do juízo moral
que é um tema recorrente na obra do Nite a busca de para além de bem mal o tempo inteiro é justamente a ideia de que para você ler Um clássico bem você não pode se deixar impactar por aquilo que pode ele parecer monstruoso porque se isso acontecer com você você não será capaz de entender o que está em questão no clássico esse vínculo que ele faz é muito sofisticado porque há um certo ceticismo como desdobramento de um bom repertório nos clássicos para começo de conversa por exemplo em relação a uma das perguntas que não foi
feita no sentido de perceber que o mundo não muda tanto quanto dizem que muda você fica meio cético com relação a isso né assim como você fica meio cético com relação a ideia de que existe uma mudança e essa mudança seja para melhor você De repente pode descobrir personagens e autores que podem aparecer mas avançados do que você né isso tudo na fala do nit está a serviço dele dizer que só a leitura dos clássicos que demanda de nós uma postura para a lei de bem e mal e que faz de nós céticos poderá salvar
o miserável sistema educacional de nosso país Ele fala isso no século 19 né e ele tá dizendo que só o ceticismo que os clássicos podem produzir poderia salvar o miserável sistema educacional da época dele da Alemanha eu diria que essa frase do nítido poderia ser repetida hoje não digo salvar o sistema educacional porque eu acho que o sistema educacional não tem salvação mas eu acho que ajudaria muito na formação de muitos jovens Então vamos falar em futuro nosso dos clássicos se por exemplo quando é a produção cultural pelo menos o grosso da produção cultural se
deslocar para o Oriente hoje ela tá no ocidente se ela se desloca por Oriente puxada pela China ou pela Coreia do Sul por exemplo como é que vou ficar Os Clássicos serão os clássicos no futuro chineses coreanos imaginando que o centro do mundo econômico e possivelmente cultural também né se desloque para China e para os países que fazem o bloco junto com a China Corel Japão ou seja lá o que for é possível que a gente de repente começa a assimilar Confúcio como Grande clássico da filosofia para citar o clichê é possível que sim mas
ao mesmo tempo é eu não sei se dá para fazer uma uma linha reta entre centro econômico e Centro Cultural ou mesmo centro de produção de um conjunto sólido de repertório literário por exemplo eu vou dar um exemplo por exemplo Estados Unidos continua sendo o centro econômico do mundo e a produção cultural Americana hoje é um lixo portanto Econômica não produz por outro lado a Rússia sempre foi um país Tecnicamente atrasado no tempo nunca foi o Centro Cultural econômico de lugar nenhum nunca apresentou o avanço tido como cultural e a Rússia produziu o conjunto de
autores no século XIX que é sem dúvida Imbatível Então quando vamos falar de cinema a gente perguntou ao cineasta e professor de roteiro da USP Roberto Moreira que diretor será um clássico daqui a 200 anos Um clássico é definido pela crítica o Arthur dando um filósofo americano diz arte aquilo que eu digo que é arte de fato gente ao longo da história da arte a gente vê que é uma convenção o gosto é uma escolha social no caso por exemplo do cinema nos anos 50 levantamentos da Sirens sound uma revista britânica sempre apontavam que o
melhor filme da história Era Cidadão Quem então se vocês me perguntam daqui a 200 anos o que vai ser Um clássico é um chute de proporcional o que eu acho seria a minha aposta é que cineasta que vai cada vez mais se impor como [Música] clássico eu ia sugiro o zoom um cerasta japonês que tem uma obra muito grande mas que conquistou um equilíbrio de narrativa estilo e sofisticação poética e ao mesmo tempo intensidade humana que é muito difícil de alcançar interessante porque a fala dele segue um pouco a sua ideia de que de repente
pelo menos na aposta dele o clássico do cinema vai virar do oriente né E outra coisa muito interessante no que ele fala é quando ele diz que o que determina Um clássico é a crítica essa é uma discussão Infernal aliás tem um filme excelente chamado tudo pela arte que discute exatamente se o Grande clássico é feito pela crítica e se dá para confiar na crítica no momento que ela se faz senhora de dizer o que é arte o que é clássico e o que tem valor ou não então eu concordo com ele eu acho que
em grande medida o clássico é produzido pela crítica mas eu acho que isso acontece principalmente no território do cinema que a discussão é extremamente técnica certo e e no âmbito da obra de arte da obra figurativa artes plásticas onde também a concepção de qualidade ficou cada vez mais dependente da narrativa crítica eu acho que tanto cinema quanto artes plásticas Eles foram capturados pelo discurso erudito técnico e acabou criando um fósforo muito grande que faz com que pessoas vão as posições de arte tem uma tela branca e tem um texto do lado explicando porque que aquilo
é um grande uma grande obra né você não precisa disso literatura literatura você basta ter sorte pegar um bom livro alguém que indica o livro para você e você passe o final de semana lendo ele você conseguir parar Então vamos ver agora um filme do diretor e a sushiro o zoo que o cineasta e Professor Roberto Moreira apontou Como Um clássico o filme se chama Era Uma Vez em Tóquio motor Samuel bom primeiro é interessante esse cineasta que foi apontado pelo professor da USP porque é um tipo de cinema que ainda é muito estranho para
nós né Para nós eu digo que tá do lado de cá Do Mundo acostumado com o cinema americano brasileiro Argentina europeu esse estranhamento e essa sofisticação é típico do que eu falava sobre a crítica que escolhe filmes que são completamente estranhos a sensibilidade mais comum mas essa cena especificamente esse não é um cineasta que eu conheça em especial forma nenhuma essa cena especial toca de fato em duas questões que são bastante clássicas uma é o sofrimento da personagem percebendo que com o passar do tempo os filhos não dão atenção aos pais e como isso é
difícil né inclusive para os pais como supostamente você deveria sempre amar os seus pais e como dizer que você ama alguém se você não é capaz de dar atenção a eles mas depois que você tem a sua vida pronta os pais vêm eles são corpo estranho isso cria um estranhamento inclusive de você para você os pais também se sentindo extremamente abandonados nesse sentido e o fechamento da reflexão né Ah quer dizer que a vida é decepcionante e a outra personagem Diz para ela é isso é um clássico Linhas Cruzadas fica por aqui mas na semana
que vem a gente está de volta [Música]
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