Sistemas de Saúde no Mundo

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BRS Explica
Entenda como funcionam alguns sistemas de saúde no mundo e como eles se comparam com o nosso. A idéi...
Video Transcript:
Vamos falar sobre alguns sistemas de saúde no mundo e como eles se comparam com o nosso. Se você for olhar todos os mínimos detalhes, cada país tem um sistema diferente. A idéia deste vídeo não é entrar nos detalhes, mas fazer comparações por alto e ver quais funcionam bem em determinadas realidades, e quais não.
Em certos lugares, o sistema de saúde está pulverizado pelo mercado. Em outros, o Estado toma conta de tudo. .
. além disso, em geral instituições de caridade, sindicatos e organizações religiosas também sempre tem um papel importante. Todos tem o mesmo objetivo: promover a saúde dos cidadãos, de acordo com as expectativa deles e com um mecanismo de financiamento sustentável.
Essa questão do financiamento é, talvez, a mais polêmica. . .
em geral vemos 5 formas de financiar serviços de saúde: - impostos e taxas - contribuições sociais feitas pelos empregadores - seguros e planos de saúde particulares - desembolsos dos próprios pacientes - doações, estruturas de caridade ou serviço voluntariado Boa parte dos países usa mais de uma dessas opções. Sistemas de saúde custam muito dinheiro…os países desenvolvidos gastam no mínimo algo em torno de 10% do PIB com saúde. Os Estados Unidos gasta 17%.
O gasto por pessoa lá, também um dos mais altos do mundo, é de mais de 9 mil dólares. Só para você ter uma noção, o Brasil gasta cerca de 1. 000 dólares per capita.
Com tantos gastos envolvidos, muitos provedores de seguro saúde restringem os benefícios. E isso vale tanto para os particulares quanto para os públicos. Por exemplo, alguns planos de saúde exigem co-participações nos pagamentos, oferecem apenas cobertura parcial e podem se negar a aceitar pacientes que possuem doenças pré-existentes.
Comparativos No ano 2000, a Organização Mundial da Saúde publicou um estudo que buscava realizar comparações objetivas entre os sistemas de saúde de 191 países. O julgamento foi feito com base em critérios como o nível de saúde geral da população, velocidade no atendimento e equilíbrio do orçamento. O ranking final é esse aqui.
. . a França ficou na primeira posição, depois Itália, e assim por diante.
Para matar a sua curiosidade…o Brasil ficou em 125º. Esse estudo foi o primeiro em grande escala a tentar avaliar objetivamente, mas como todo ranking, há críticas quanto a escolha dos indicadores que deram a posição dos países. Outras instituições também fizeram comparações deste tipo, em escala menor.
O link para cada uma delas está na descrição do vídeo, caso você tenha curiosidade, mas o meu objetivo aqui é explicar, com exemplos, as diferentes formas de se estruturar um sistema de saúde, começando por nós, o Brasil. Brasil A constituição de 1988 trouxe grandes avanços, com a criação de um sistema de saúde público gratuito para todos, popularmente conhecido como SUS. Lá está escrito o seguinte, na íntegra: "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
" Desde a implantação do SUS, os indicadores de saúde do Brasil melhoraram significativamente. Hoje em dia a taxa de mortalidade infantil (14/1000) é muito menor do que a de 1988 (55/1000 - Fonte Worldbank). A expectativa de vida também deu um salto de 66 para 74, por exemplo.
Não estou querendo dizer que essas melhorias são necessariamente causadas unicamente pelo SUS, e também não adianta olhar só esses números: sabemos que a situação atual não é satisfatória e que eles não refletem a desigualdade da população brasileira. Volte e meia vemos notícias sobre corrupção e descaso no sistema público de saúde. Um exemplo absurdo desse descaso é o do Hospital Universitário da UFRJ.
Metade do enorme prédio ficou abandonada durante tantos anos que acabou tendo problemas estruturais e teve que ser implodida. O SUS funciona da seguinte forma. .
. a conta é sempre dividia entre o governo federal, estadual e municípios. O dinheiro é obtido principalmente através de impostos.
Aqui no Brasil existem tanto hospitais públicos, quanto privados. O SUS é, em teoria, um sistema de saúde universal muito bom. .
. os princípios são similares aos que alguns países como a Finlândia aplicam com sucesso. Uma "pequena" diferença é que a Finlândia inteira tem menos habitantes do que somente a cidade do Rio de Janeiro…além disso, a desigualdade social e os níveis de corrupção lá também são muito menores do que os nossos.
Nós temos apenas cerca de 2 leitos hospitalares para cada 1. 000 pessoas e mesmo em cidades grandes como São Paulo pode levar meses para conseguir marcar um raio-X. Apenas 1/4 dos brasileiros não depende integralmente do SUS para cuidar da sua saúde, pois tem condições pagar pelos médicos ou têm planos de saúde particulares, seja oferecidos pelo seu empregador ou não.
Vamos ver a forma como outros 6 países organizaram os seus sistemas de saúde, começando pela Alemanha. Alemanha Os alemães também tem um sistema de saúde universal, mas ainda assim existem dois tipos de seguro saúde: fundos de saúde sem fins lucrativos e seguros privados. Ter seguro saúde é obrigatório para toda população.
Trabalhadores assalariados que ganham menos de 50. 000 euros/ano são automaticamente cadastrados em um de diversos fundos de saúde, com taxas iguais para todos, sem carência e sem a possibilidade de discriminar doenças pré-existentes. Boa parte dos recursos para financiar esse sistema vem de taxas sobre os salários das pessoas.
Em torno de 8%, pagos tanto pelo trabalhador quanto pelo empregador. Pessoas desempregadas, ou que simplesmente não podem pagar, como crianças por exemplo, são cobertas pelo governo. Quem ganha bem pode sair dos fundos de saúde, se quiser, e contratar um dos seguros de saúde privados.
Essa é uma característica que diferencia um pouco o sistema alemão dos demais países desenvolvidos. Apesar de os fundos serem muito bons, os privados oferecem alguns benefícios adicionais…como atendimento mais rápido, cobertura internacional e cuidados odontológicos mais sofisticados. Na Alemanha, o total de gastos com saúde por habitante é similar a outros países desenvolvidos da Europa.
As pessoas tem uma expectativa de vida em torno de 80 anos, e a taxa de mortalidade infantil é bem baixa. Nós vamos ver ao longo deste vídeo que todos os sistemas de saúde tem os seus problemas. .
em muitos casos inclusive os mesmos problemas: custos tem subido de forma talvez não sustentável enquanto que alguns médicos reclamam que ganham pouco. Há também críticas com relação ao fato de todos pagarem o mesmo valor pelos fundos de saúde, independente do quanto ganham. Além disso, o fato de o sistema ser dividido, com essa possibilidade de as pessoas abandonarem os fundos de doença e contratarem serviços privados, também sofre críticas.
Mas ninguém pode negar que o sistema de saúde alemão funciona: a população não tem, em geral, grandes dificuldades para acesso e os tempos médios para conseguir tratamento são pequenos. França Naquele ranking que citei agora há pouco, a World Health Organization (WHO) colocou o sistema de saúde francês em primeiro lugar. Cada francês paga, obrigatoriamente, por seguro saúde e por isso tem cobertura total, provida pelo governo.
O conceito de fundos de saúde sem fins lucrativos também existe por lá, mas ao contrário da Alemanha, eles são geridos pelo governo e as contribuições obrigatórias de cada cidadão dependem da sua renda. As pessoas podem ir ao médico que quiserem e o Governo reembolsa aproximadamente 75% dos custos. Caso você tenha algo grave ou precise de tratamentos de longo prazo, a cobertura passa a ser 100%.
O sistema é bem ágil. . .
. 42% dos franceses conseguem ver um médico no mesmo dia que procuram consulta. Quem quiser, pode contratar um seguro complementar.
. . há planos públicos e privados para isso.
Assim como por aqui, muitos empregadores oferecem esses planos complementares aos seus funcionários como um benefício adicional. Esses planos complementares são especialmente eficazes no reembolso de prescrições oftalmológicas, medicamentos e tratamentos odontológicos. A expectativa de vida na França é de 81 anos, e, assim como na Alemanha, boa parte dos desembolsos com saúde são feitos pelo governo.
Uma das críticas é, portanto, o elevado gasto governamental. . .
volta e meia o programa estoura o orçamento, mas a percepção da população é de que o dinheiro é bem gasto. Assim como na Alemanha, os franceses recebem serviços excelentes: por exemplo, se você tiver uma doença séria, tipo câncer. .
. todos os seus custos serão cobertos pelo governo, mesmo remédios experimentais ou cirurgias. Outro exemplo bacana de lá são os programas de incentivo financeiro à realização de exames pré-natais e acompanhamento da saúde dos recém-nascidos.
Reino Unido Já o sistema de saúde do Reino Unido é um dos poucos totalmente socializados. Lá, virtualmente todos os custos com saúde são cobertos pelo Governo, que paga as contas com dinheiro oriundo da cobrança de impostos. Além de pagar as contas, o Governo também contrata e paga os médicos, e faz a gestão dos hospitais.
Quase todos os remédios também são "gratuitos" Se você procurar, até acha consultas e planos de saúde privados no Reino Unido, às vezes inclusive sendo oferecido pelo seu empregador. A vantagem é, em geral, tempo menor de espera em relação aos hospitais públicos. Uma curiosidade bem controversa sobre o sistema britânico é que eles praticamente colocam um preço na vida dos contribuintes.
Existe um órgão público, chamado NICE, que define quais tratamentos e remédios o sistema de saúde cobre. Um dos fatores considerados por eles é o custo-benefício do tratamento. Inspirados no setor de transporte, eles consideram que cada ano de vida vale, em média,$45.
000 dólares. Em outras palavras. .
. eles fazem as contas de modo que o governo gaste, teoricamente, no máximo 45. 000 dólares para estender a vida de uma pessoa por um ano, independente da sua idade.
Eu nem preciso comentar como essa decisão é polêmica. . .
alguns medicamentos muito caros para combater câncer, por exemplo, não são cobertos. Mas a verdade é que todos os sistemas de saúde, de uma forma ou de outra, adotam medidas para compatibilizar os custos com a verba disponível. .
. e essa é uma delas. A França não reembolsa 100% dos gastos, e o Brasil não tem capacidade de ofertar saúde com a mesma qualidade para todos.
E por aí vai. . .
embora possa parecer mais cruel associar um ano de vida a um número frio como esse. No fundo esta é mais uma medida para tentar controlar os gastos. Canadá Qualquer canadense tem acesso a serviços de saúde pagos com recursos do governo, oriundos do imposto de renda e de vendas.
Ao contrário do Reino Unido, os médicos e hospitais são privados. Se você for canadense e precisar ir a um médico, você não vai ser cobrado nem um centavo. Não tem essa história de pagar e depois pedir reembolso.
O médico recebe diretamente do governo. Há algumas exceções, como sempre. .
. gastos odontológicos e com medicamentos podem ter alguma co-participação por parte do paciente, bem como tratamentos de longo-prazo. .
. Isso acaba criando um mercado para assistências médicas complementares privadas. Os níveis gerais de saúde no Canadá são excelentes.
. . eles tem mais de 80 anos de expectativa de vida e uma taxa de mortalidade infantil inferior a 5 mortes/1.
000 nascimentos. Como em todo o resto do mundo, os custos de saúde estão subindo no Canadá. .
. e em alguns casos há filas consideráveis para conseguir atendimento, mas a população parece muito satisfeita, com pesquisas indicando que mais de 85% suporta a forma como o sistema é estruturado, principalmente quando comparado aos Estados Unidos. Estados Unidos Os Estados Unidos é um dos poucos países desenvolvidos que não conta com um sistema universal de seguro saúde.
A maioria dos hospitais e médicos são particulares e há diversos tipos de planos de saúde disponíveis para contratação, muitos com custos elevados. Por sinal, os Estados Unidos são, de longe, o país que mais gasta com saúde, mesmo quando você olha os gastos per capita. Esse assunto é muito sensível para a sociedade americana e, portanto, uma área onde o atual presidente americano foca boa parte dos seus esforços.
As coisas estão indo bem devagar por lá. . .
Obama é democrata e tem dificuldades em aprovar qualquer coisa em um congresso dominado por republicanos. Nos Estados Unidos apenas as pessoas com mais de 65 anos ou aqueles comprovadamente pobres tem serviços de saúde fornecidos pelo governo, através dos programas chamados Medicare e Medicaid. Os demais tem que buscar alternativas privadas.
. . que podem ter custos elevados e, ao contrário de países como a Alemanha, podem se negar a aceitar pacientes com doenças pré-existentes.
Se você tiver um bom emprego, é bem provável que receba como benefício adicional um plano de saúde bem razoável, extensível para cônjuge e filhos. Mas se você for autônomo ou dono de pequenos negócios, vai ter que gastar uma boa grana com a saúde da sua família se você não puder entrar no Medicaid. O modelo americano tem desvantagens óbvias.
. . além do custo muito maior do que os demais países desenvolvidos, existe uma parcela significativa da população que acaba sem cobertura de saúde.
Os hospitais são obrigados a aceitá-los em situações de emergência, mas a conta no final pode ser suficiente para levar essas pessoas à falência. O debate sobre saúde nos Estados Unidos é tão dividido quanto os partidos políticos. .
. com parte da população extremamente resistente a qualquer aumento de impostos para financiar saúde dos mais pobres. O lado positivo deste sistema é que os serviços de saúde por lá são muito bons e o tempo de espera para conseguir atendimento é bem curto.
China É interessante ver um pouco sobre o sistema de saúde da China, dadas as gigantes proporções do país e o quão diferente ele é. Estamos acostumados com o Brasil, um país bem grande, mas os números chineses são impressionantes até para nós. .
. por exemplo: A China tem quase 7x mais habitantes do que o Brasil, e um PIB mais de 5x maior do que o nosso. .
. e crescendo bastante, enquanto que o nosso está particamente parado. Por outro lado, o mesmo problema que nós temos de concentração de renda e desigualdade, a China também tem.
. . em uma escala muito, muito maior.
As 5% famílias mais ricas da China são responsáveis por aproximadamente 23% da renda. . .
enquanto que as 5% mais pobres ficam com apenas 0. 1%. Nem dá para ilustrar isso direito…é menos do que um cifrão desses !
A população chinesa é claramente dividida em dois grupos: aqueles que moram em centros urbanos e aqueles que moram em áreas rurais. A diferença entre esses grupos é absurda, e isso se reflete no sistema de saúde chinês. A saúde na China ainda tem muito o que evoluir, especialmente nessas áreas rurais.
. . mas nos últimos 10 anos o governo tem feito grandes mudanças no seu sistema, que estão trazendo acesso a saúde básica para boa parte da população.
Existem 3 tipos de plano de saúde na China, todos suportados pelo governo: 1) Se você tem um emprego formal, o seu empregador tipicamente paga um percentual do seu salário para o governo. Você também paga um percentual menor, mas isso garante um plano de saúde com deduções entre 50 e 200 dólares, que cobre a maior parte do valor das consultas. 2) Já se você mora em centros urbanos mas não tem plano de saúde pelo emprego, existe a possibilidade de assinar um que custa mais ou menos 80 dólares/ano e te dá benefícios similares ao primeiro caso.
Os hospitais em centros urbanos costumam ter serviços adequados e uma quantidade razoável de médicos, ao contrário das. . .
3) Areas rurais, onde há uma opção de um terceiro plano, mais barato (20-30 dólares). Por mais que a cobertura seja similar, muitas vezes o serviço médico abrange apenas as necessidades básicas e para qualquer coisa mais sofisticada, é necessário se deslocar para centros médicos urbanos, o que nem sempre é possível. O Governo Chinês tem um plano chamado "China Saudável 2020", cuja meta é estabelecer seguro saúde universal e melhorar as condições de saúde para todo o país, até 2020.
Boa parte dos investimentos do plano estão em melhores práticas de alimentação, agricultura e políticas de conscientização. As únicas críticas a esse programa são que ele, infelizmente, tem a tendência de ser mais concentrado nos centros urbanos. Conclusão Esta foi uma visão muito superficial dos sistemas de saúde de alguns países.
Mas a mensagem mais importante aqui é a seguinte: Não existe um sistema perfeito. . .
nenhum deles garante sucesso. Olha o nosso SUS, por exemplo: ele na teoria é bem razoável. .
. a responsabilidade é dividida entre os níveis do governo, as regras para o orçamento são claras, existe uma mistura de hospitais públicos e privados e ainda temos opções de planos de saúde complementares para aqueles que precisam e podem pagar. Mas sabemos que na prática as coisas estão muito longe de serem adequadas para a maioria das pessoas.
O que temos que fazer é cobrar que esse modelo seja aplicado de forma abrangente E eficiente. Nenhum sistema de saúde presta se não houver no mínimo atendimento primário perto de onde você mora, e também não existe sistema que aguente a quantidade de roubalheiras, desvios, rombos e falcatruas que vemos por aí. Finalização.
. . Espero que você tenha gostado desse vídeo.
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