[Música] Boa noite a todos presentes também a quem tá nos assistindo online hoje é a quarta videoconferência do projeto território do cara uma correalização com o Instituto Alana e hoje a gente tem aqui conosco a Luísa Lameirão que vai conversar sobre o tempo da criança eh essa conversa vai ser feita com ela eh vocês podem participar enviando perguntas e e a gente espera que seja uma boa reflexão que possa contribuir aí com os diálogos com as conversas que vocês têm feitos nos Espaços aí sobre a criança o brincar e educação Então eu queria apresentar a
Luísa a Luísa é pedagoga professora formada pela USP trabalha com pedagogia valdorf há bastante tempo com formação de eh de professores educadores sociais ela coordena o centro de formação de professores valdorf e é cofundadora do Instituto Olinto Marques e da Aliança pela infância ela esqueceu escreveu alguns livros entre eles criança brincando quem a Edu bola e boneca ambos para pais e educadores e também um livro cheiro de terra molhada que é para crianças que é muito bonito inspirada na sua infância né Lu Então eu queria já passar a palavra para ela a gente vai ter
aí uns 20 minutos de exposição da luí E aí depois a gente já passa pras perguntas e continua essa conversa Obrigada por ter vindo em nome do Alana do território a lua também é conselheira do território do brincar Ela é faz parte do grupo inspirador e aqui tá conosco então muito boa noite para mim é uma alegria estar aqui assim como tem sido uma alegria acompanhar o trabalho da Renata desde muitos anos antes até do território do brincar e o Instituto Alana para mim é daqueles institutos que lidam com toda a coragem em pró da
infância então não tem solo mais fértil para se falar da criança h o tema que me deram certamente foi bem escolhido porque toda vez que eu falo eu falo da Criança e falo do tempo então vamos ver de que maneira eu vou conseguir equacionar isso tudo em 20 minutos mas depois vocês têm a chance de perguntar muito bem então como como nós podemos ter uma imagem do que é o tempo Quais são as qualidades do tempo não Aquelas que nós prosaicamente medimos em nossos relógios e calendários mas o que é o tempo de verdade e
refletindo muito eu resolvi iniciar essa nossa conversa a a partir e do fluxo de uma vida humana então a vida humana tem uma fonte no Nascimento e um dia vai ter sua foz e flui como se fosse um rio este Rio tem duas margens e uma das margens é o espaço luminoso onde todas as coisas e pessoas e seres vivos podem ser percebidos dentro dessa luz e a outra margem é o tempo o tempo que flui o tempo que flui Inexoravelmente o tempo que se nós o vivenciarmos ritmicamente nos vitaliza e nos dá a chance
de sermos criativos Em Nossas ações mas é enigmático que a nossa a ação com o espaço e com o tempo na infância é muitíssimo diferente do que a relação que temos agora enquanto adultos e em relação ao espaço isso é muito claro basta que visitemos um espaço que foi vivenciado na infância e que nós guardamos na lembrança como um espaço muito amplo muito aberto muito grande onde eu podia enquanto criança expandir a minha ação e chego lá como adulta e vejo Nossa como é pequeno como esse quartinho é apertadinho e a varanda que eu imaginava
enorme é tão pequenininha então é bem concreto é perceptível sensorialmente que a nossa percepção como crianças é muito diferente da nossa percepção como ados e isso em relação ao espaço fica muito muito claro em relação ao tempo se nós voltarmos na Nosa infância claro que nós vamos perceber que parecia que o tempo era mais lento parecia que dava para fazer tudo que eu queria mas a gente não tem como medir não tem como ter a certeza de que qual é a diferença e isso fica pro adulto como um grande Enigma um grande Enigma porque escapa
da Nosa percepção sensorial direta e esse enig do tempo faz que a a travessia entre essas duas margens do rio só possa ser percebida na travessia como diz o nosso grande João Guimarães Rosa que tudo que a gente passa de um lado pro outro não tá nem no começo nem no fim mas se revela na travessia e essa oportunidade de se vincular com essa relação entre tempo e espaço é o que nos torna educadores e aqui eu não tô chamando educadores aqueles que trabalham diretamente numa instituição Educacional mas todos os seres humanos adultos são educadores
de crianças eh que nós tenhamos essa tarefa tão difícil e ao mesmo tempo tão gratificante que é educar e o ato de Educar vive entre essas duas margens que são as margens da vida humana como é que nós intermediamos espaço e tempo pode ser uma grande tarefa pro educador hoje eu tenho a tarefa em relação ao tempo então eu vou unilateral para esse lado H se Nós pensamos de verdade eh no tempo da Criança e já vimos que ela tem essa habilidade de ampliar o espaço e também o tempo o que que seria necessário para
compreender como que eu posso compreender o tempo da criança eh em primeiríssimo lugar ele ainda não se objetivou entre passado e futuro a criança muitas vezes se refere am manhã eu fui ao parque e balancei e soltei peão e soltei pipa mas não foi amanhã porque já aconteceu então essa essa relação com começo meio e fim ou Passado Presente Futuro ainda não se estabeleceu na vida da criança e se nós percebermos como a criança se coloca ativa no mundo e que para ela pode não ter fim aquela atividade nós podemos nos perguntar por que será
que tanto envolvimento que parece não ter fim e esse parece não ter fim é o adulto que olha e pensa e paraa criança às vezes um instante de uma de umod pi ou de um salto Pode parecer que não tem fim também então a gente pode se perguntar que essa nossa horizontalidade do tempo ainda não existe na percepção infantil e se não existe a horizontalidade então em que tempo ela está Ela está naquilo que eu posso chamar de tempo vertical ou de tempo que está suspenso desse que nós somos capazes de medir e de eh
cronometrar e de se alinhar em relação a isso então se é mesmo assim que a criança suspende o tempo quando brinca isso já disse o grande Agostinho da Silva o filósofo português que viveu alguns anos no Brasil por que é que nós adultos insistimos em fazer uma agenda cheia de programas para as crianças por que é que nós adultos insistimos em dizer Anda logo que nós vamos perder a hora ela não sabe o que é a hora ainda então ela não tá perdendo nada se eu faço esse argumento a criança não vai me entender isso
faz parte do nosso cotidiano outra outro fenômeno bem recorrente é quanto mais cedo a criança aprender as habilidades que nós adultos prezamos como necessárias melhor essa essa criança está ganhando tempo na vida Isso tudo só para dizer que nós queremos imprimir a nossa vivência de tempo no tempo da criança que é de outra natureza e certamente o que nos chama muita atenção além do acúmulo e da pressão que esse acúmulo traz pra criança é a necessidade que nós temos de acelerar o seu desenvolvimento então tempo para todo desenvol movimento raramente as crianças encontram elas dão
um jeito porque elas são muito mais criativas do que nós então elas acham brechas elas acham instantes entre uma atividade outra escolar elas acham instantes na festa que não é dentro do padrão daqueles que estão animando a festa para fazer por conta própria porque o que elas mais anseiam é se ativar por conta própria então é muito decisivo que nós nos perguntemos por nós queremos acelerar o que que é mais acelerado dentro da nossa Constituição humana muitos anos eu refleti sobre isso e no fundo toda a mecanização que nós desde a grande revolução industrial faz
com que nós não tenhamos mais a paciência de fazer com a nossa força motriz porque a nossa força motriz demanda um esforço e um esforço demorado Esse é um lado outro lado muito mais gritante do que esse é a como nós recebemos informações de todos os confins do mundo então é quase instantâneo acontece um acidente natural como foi agora no Equador ou os tsunamis que já passaram por outros países e nós ficamos sabendo imediatamente daquilo que aconteceu e essa informação imediata nos imprime um impacto e nós ficamos nos perguntando o que eu posso fazer com
isso então eu já deleguei PR máquina algo eu deleguei para quem quer que seja que participou diretamente de uma catástrofe dessa e o que sobra para nós sobra um cotidiano bem ordenado bem milimetrado cronometrando eu olho no fim do dia paraa minha agenda e muitas vezes eu percebo que eu não cumpri aquilo que eu me propus isso vai dando sempre um débito mais outro débito mais outro débito e isso nos causa uma sensação muito perniciosa que é é eu me sinto perdedor em relação ao tempo e como o adulto se sente perdedor ele não quer
que a criança se sinta É de coração que ele não quer então ele quer que a criança seja mais ágil do que ele só que o mais ágil do que ele vai vai numa direção que não é a da criança porque a criança ela não quer delegar pra máquina ela quer se ativar e a criança não precisa de informação que venha dos Confins do mundo porque ela já mantém uma abertura pro mundo enorme e quando nós tentamos acelerar para que ela aprenda a a fazer o uso da máquina a receber essas informações o que nós
trazemos para ela é um uma vivência interior de que não dou conta disso eu não darei conta e porque eu não dou conta eu desenvolvo medo pro mundo então existe uma uma constante na vida infantil atual que é essa esse medo de diante do novo diante do Futuro diante de algumas aventuras crianças que não conseguem pisar um solo que não seja um tapete bem macio e fofo crianças que se [Música] eh incomodam de ter que subir alguns degraus para olhar alguma coisa de cima enfim isso eu tô falando de medos concretos que é mais fácil
de localizar mas muito pior do que os medos concretos é um medo básico que vive no interior da Criança e esse medo básico pode se traduzir diante do impulso grandioso que a criança traz de de ativar-se de se colocar em ação entre uma apatia e uma ação violenta então eu diria que a ação violenta e a apatia são verso e reverso da mesma medalha dessa impossibilidade de seguir no fluxo de querer se ativar de querer se ativar mantendo a confiança e a abertura para o mundo desse desse ponto de vista o o que o território
do brincar nos chama a atenção é que as crianças quanto menos dirigidas paraa atividade própria mais elas são capazes de criativamente se ocuparem e isso nos leva a inúmeras perguntas que eu garanto que vocês também as têm e em relação por que é que o adulto quer indicar atividades agora é a hora desta atividade agora é a hora da outra atividade agora é a hora da outra atividade mas isso eu espero que também venham de outra maneira com as perguntas de vocês muito obrigada [Aplausos] chegou uma pergunta uau perta do Pará eh da Joyce Santos
de Juti eh que é Ampla e eu acho que dá para você fazer uma continuidade nesse Panorama essa reflexão sobre o tempo Será que existe hora para brincar hum Que ótimo não é uma pergunta dessa é completamente dentro do contexto que eu do que eu acabei de dizer dizer a criança não compreende hora ela não compreende calendário ela não compreende agenda então falar de hora para brincar é um é um é um fenômeno completamente alheio ao que vive na criança por outro lado nós sabemos que a cronobiologia ao estudar os tempos dentro da organização humana
percebeu que o nosso pensamento que é o mais rápido de todos a gente pode num minuto ou às vezes em alguns segundos compreender alguma coisa o nosso sentimento precisa se assentar um pouco mais por alguns minutos e nós precisamos de uma hora para nos ativar de verdade então se eu quero beneficiar uma resposta eu diria que pelo menos quando a criança começa a brincar que ela tem uma hora para isso mas uma hora é a nossa concepção que consegue medir para ela não para ela sempre vai ser um tempo que tem porque é esse tempo
suspenso o o assim o lugar da eternidade que para nós a adultos nós vivenciamos no contrário esse lugar da eternidade talvez no nascimento de uma criança isso aconteça é como se ali o tempo se expande e nós nos percebemos num instante que tem essa grandeza de eternidade mas no nosso cotidiano a eternidade tem um reverso muito forte que é a urgência é como se fosse a sombra da ET idade a urgência e quando nós sentimos A Urgência de alguma coisa nós estamos entrando ou na margem de uma crise e as crises são para que nós
consigamos nos no nosso dia a dia abrir no nosso tempo prosaico e Cinzento instantes de eternidade eh tá chegando algumas perguntas que olham também paraa questão do tempo no contexto familiar Uhum Então se por um lado você tem pais que quase não destinam tempo nenhum aos filhos você também encontra pais que não saem de cima o que esse cenário revela sobre a relação dos adultos de hoje com o tempo presente é uma assistente social de São Paulo que enviou a pergunta Ótima pergunta Então os pais os pais não fizeram nenhuma formação para serem educadores e
de repente eles têm crianças e eles precisam educá-las essas crianças chegam com características que muitas vezes nos torna assim um pouco inquietos como adultos a gente se pergunta Será que criança sempre foi assim enquanto pais estou me colocando no lugar de mãe agora e é bem importante que nós vivemos num tempo que nós não queremos seguir tradições antigas Eu não quero fazer como fez minha mãe meu pai meus avós meus tios eu quero fazer da minha maneira Mas qual é a minha maneira E aí tem duas tendências básicas que é essa pessoa localizou tão bem
eu posso ter a tendência de super proteger ou eu posso a tendência de dizer faça aí porque eu tenho muito o que fazer né e nenhuma das duas oferece a chance de estar verdadeiramente presente com as crianças porque a super proteção sempre é um Anseio do adulto que se coloca na criança e que muitas vezes se transforma em impedimento para que a criança se ative para que a criança se torne autônoma na vida esse é o lado da Super proteção por favor está se tratando de super proteção porque proteção é papel do adulto em relação
à criança agora o pai que está sempre alheio o que eu observo é que na maioria das vezes esses que não TM tempo pra criança eles substituem a falta de tempo por um presentinho cada vez Então o pai viaja muito e quando chega em casa a primeira coisa que a criança pergunta o que você trouxe para mim e o que você trouxe para mim fica substituindo a presença depois de uma ausência então aí a gente percebe que a barganha se torna nociva porque a criança não estabeleceu vínculo com aquele adulto a ponto de se alegrar
simplesmente porque ele está diante dela né então tanto um lado quanto o outro ele fica impedindo que aquilo que é a base da relação humana e que começa na relação primordial entre mãe e filho não se estabeleceu e esse vínculo na base da verdadeira troca não exige que alguém chegue em casa e se sente no chão para brincar não é essa a exigência exigência é como é que eu estou em casa e estou à disposição de uma troca de olhares de um grande abraço agora com esse esses dias instituídos esse dia do abraço rendeu várias
falas né mas sempre os poetas são mais são mais pródigos e o Mário Quintana diz do abraço uma coisa muito linda ele diz que o abraço é muito importante porque as mãos vão dizer aquilo que muitas vezes as palavras não conseguem dizer né então assim essa possibilidade do verdadeiro encontro com um carinho com a criança ou mesmo com o jovem e a possibilidade de uma troca numa conversa ou cantando juntos ou contando o que aconteceu no dia ou contando mesmo uma história isso fica impossibilitado tanto Num caso quanto no outro e se de um lado
a criança desenvolve uma dependência da superproteção ela também pode de reagir Em algum momento do desenvolvimento de forma violenta contra essa dependência E aí vem toda aquela mágoa eu fiz tudo por você eu não fiz mais nada a não ser de por você isso reverte de uma maneira bem negativa sobre a vida desse indivíduo e o outro talvez ganhou autoconfiança mas tenha um um vazio aonde ele podia ter aninhado afeto carinho e dedicação dos adultos Então você tava trazendo na sua fala alguns aspectos importantes né que o adulto os pais ou adulto cuidador né Eh
nesse tempo presente pode cuidar e olhar né E até uma outra pessoa tinha perguntado se por exemplo brincar junto com as crianças é uma alternativa a falou um pouquinho isso acho que você pode falar um pouco mais sobre eh onde entra esse lugar do adulto brincar junto mas daí também já aproveitando esse Quem fez foi o Leonardo Reis de São Paulo mas uma outra pergunta também da Ludmila Franco de Uberlândia que ela fala como podemos estabelecer uma rotina diária então sono refeição escola sem prejudicar o brincar livre então um pouco fala dessa dimensão que o
adulto seja no brincar seja nessa rotina uhum que ele pode atuar a favor do tempo da criança né não é a favor do meu tempo porque eu tenho que falar muito para responder isso mas vamos tentando Então existe um lado no no caminho do ser humano enquanto criança que a criança precisa ter autonomia e essa autonomia não pode ser retirada Ou pelo menos um pouco impedida pelo nosso medo pela nossa pressa pela nossa super proteção e isso é o que a criança faz e conquista enquanto ela brinca então a minha interferência brincar se reduz a
de que maneira eu crio o ambiente paraa criança se ativar se Em alguns momentos o adulto quer se ativar junto com a criança nenhum problema mas não pode haver aquela dependência de que a criança não é autônoma para decidir do que brinca que consiga brincar sozinha que consiga ter os seus momentos individuais Ou que os irmãos se entendam às vezes de uma maneira mais forte do que os pais gostam né então assim eles disputam coisas mas a rotina da criança ela vem favorecida por aquele outro lado do tempo que eu nem me referi que é
o tempo que se torna concreto e que eu posso dizer hoje de manhã o tempo não tava bom amanheceu chuvoso nublado muito frio o que que eu tô fazendo eu tô chamando fenômenos meteorológicos de tempo não é e são fenômenos vinculados ao curso do Sol durante o dia que fazem uma rotina saudável então basicamente nós nos alimentamos Quando o Sol nasce ao meio-dia e quando o sol se põe pra criança nós interrompemos esses períodos tão longos e pomos um lanche no meio mas de qualquer jeito as as refeições vêm acompanhando esse decurso do Sol e
muitas vezes a gente ouve de nutricionistas de manhã cedo coma muito bem e ao anorc coma menos vocês já devem ter ouvido isso até tem uma fala mais assim coma como um rei depois coma E no fim do dia coma como um mendigo né Então essa é uma vertente que já organizaria a rotina do ponto de vista daquilo que é responsabilidade do adulto só que a rotina não precisa ser estritamente baseada no relógio porque se eu disser que todo dia o sol nasce às 6 da manhã eu estou mentindo para vocês porque cada dia nasce
em outro momento e de maneira diferente então precisa de uma refeição ao amanhecer precisa mas por que as crianças não conseguem entrar no Horário de Verão porque para elas tanto faz se o relógio foi adiantado ou não ela vai acordar naquele tempo que amanhece Então esse é um lado que o adulto precisa lidar e é responsabilidade dele outro lado que o adulto precisa lidar é o sono da criança então o sono também depende da Escuridão do silêncio da noite e o despertar o Galo Canta o galo canta no no amanhecer né e agora existe galo
cantando nos celulares e nos despertadores Mas eu sou do tempo que o galo cantava mesmo no quintal e na verdade o Galo Canta pode ser uma imagem gente o Galo Canta ele tá anunciando algo e o r de um novo dia anuncia algo anuncia algo e anuncia a minha disposição para aquele dia e com isso a criança ao despertar ela acorda plena de disposição e ela cresce nessa disposição até o sol apino e depois vai decrescendo até o anoitecer Só que tem uma baixa nessa nesse crescimento que é logo depois da refeição do meio do
dia e aí existe uma indicação literal que é necessário a Siesta pra criança ou a cesta como a gente diz e esse sono no meio do dia o que que ele faz no tempo do dia ele faz uma pausa natural então o dia começa a ganhar uma qualidade rítmica porque alterna entre luz e escuridão alterna entre momentos que eu me alimento e depois eu não me alimento alterna em momentos em que eu me ativo e depois descanso então ao invés de ser uma rotina que é rígida e monótona eu posso organizar o dia da criança
para que ela se torne saudável de uma maneira rítmica e isso Eu repito porque é super importante é responsáv habilidade do adulto educador e o que eu observo é que a nossa cultura inverteu isso inverteu da seguinte maneira a criança pode escolher o que ela come Que horas ela come o que ela veste como ela veste que horas dorme mas ela não pode se ativar para aprender a saltar correr andar de patinete de bicicleta sem ter alguém do lado e com toda aquela parafernália que agora é necessária né para pôr joelheiras e outras coisas então
essa inversão me faz crer que a nossa cultura vem impedindo o tempo da criança ou o tempo da infância verdadeira olhando agora um pouquinho pro contexto escolar né que é outro ambiente que a criança fica H bastante tempo né cada vez mais eh como respeitar o tempo da criança na escola com uma grade curricular batendo a porta Como deixar a criança se autoatividades e eu me Retiro e deixo eles interagirem mas me preocupo em lá na frente ser cobrada por ter deixado conteúdos para para trás enfim essa é a pergunta da Vanessa farena que é
professora do terceiro ano em São Leopoldo em Rio Grande do Sul Hum então terceiro ano escolar um momento bem crucial no desenvolvimento da criança também mas hã tudo que a criança fez antes eh neste momento já vive dentro dela e ela precisa ter um tempo de fazer por conta própria acho que ela tem razão o medo de não cumprir conteúdos é um medo de todo todo educador que está dentro de uma instituição escolar E aí a gente poderia se perguntar de que maneira esse conteúdo foi pensado ele foi pensado para responder ao que as crianças
precisam nesse momento da vida fica mais fácil porque aí o conteúdo já vem em direção àquilo que a criança precisa mas se o conteúdo for alheio ao que a criança precisa aí mais ainda ela vai forçar ter momentos de brincar por conta própria de qualquer maneira uma criança de terceiro ano escolar precisaria mais do que 15 ou 20 minutos para se ativar brincando nos intervalos os intervalos são curtos são muito povoados porque numa classe 30 ou 30 e tantas crianças é muita criança os pátios não oferecem grandes desafios e nem grandes relações com os elementos
de ter Terra areia madeira em geral eles são bem cimentados e para min ae de tristeza nas escolas públicas tem um espaço enorme que em geral é mal aproveitado né então tem aí de novo uma dicotomia as escolas particulares Muitas delas não tem um espaço tão aberto como as escolas públicas Mas aí o aproveitamento Depende de quem utiliza aquele espaço de qualquer maneira a gente equacionar o tempo da criança dentro de uma instituição é uma tarefa e tanto e eu fico muito feliz que a Sandra vai abordar isso na na no próximo diálogo porque assim
ela vai poder ampliar essa minha resposta meio curtinha eh ainda mais uma sobre essa questão do brincar do do espontâneo na educação formal nas escolas que tem essa temporalidade muito marcada e muito próxima a noção de trabal trabalho e de produção Então como que fica esse brincar livre espontâneo é uma pergunta do Rodrigo Barros Capobianco de São José dos Campos de São Paulo tá certo e até complementando eh essa questão do trabalho quando está né fala que o brincar a atividade mais séria da criança então põe também esse ingrediente da diferença de que trabalho que
ele tá falando ali Tá certo então eh a Ana Cláudia nossa querida Cacau citou Rudolf Steiner e para mim ele é o meu grande inspirador mas essa citação do Steiner tem a sua raiz no princípio cherian de compreensão do impulso lúdico que se transforma em impulso estético e que leva a depois uma maneira de viver que a gente pode chamar de arte de viver e aí É bem interessante essa dicotomia entre brincar e trabalhar então ai criança só fica nessa brincadeira sem fim o adulto muitas vezes se refere se refere porque não compreende com que
seriedade a criança está envolvida nessa atividade e com que seriedade ela está envolvida para conquistar aquilo que é o mais decisivo que aquilo que humaniza o ser humano que é a sua capacidade de ser autônomo Então para que a criança conquiste autonomia o brincar precisa ser livre primeiro ponto Pacífico Ou seja eu não posso interferir dizendo Hoje a atividade é circo amanhã a atividade vai ser casinha depois de amanhã a atividade vai ser idinha porque aí eu estou impedindo essa ativação própria que não vai levar a autonomia por outro lado se a criança tem a
chance disso ela vai se envolver tanto que ela não precisa de nenhuma recompensa para brincar eu nunca ouvi uma pessoa dizendo brinca aí mais um pouquinho que eu te dou um chocolate mas eu já ouvi pessoas barganhando com os seus filhos ou com seus alunos faz aí a lição que você vai ganhar estrelinhas vai ganhar um presentinho da professora ou dos pais ou de quem quer que seja então se a gente leva isso ao extremo é a maneira como a maioria da humanidade trabalha eu trabalho barganhando o meu pão de cada dia ou o meu
salário né Nós poderíamos fazer da educação real força de transformação social se pela educação nós transformássemos essa atividade intrínseca da criança que é o brincar pelo processo artístico que já leva a ter um produto no final mas um produto que envolve a expressão da criança para que ela opte por um trabalho onde ela possa se expressar e se envolver e claro que ela vai ter que receber para poder sobreviver Mas essa não vai ser a tônica maior do trabalho aí Isso daria um muito mais né cacal mas eh você tinha comentado Eh que todos nós
adultos de certa forma somos educadores né É chegou uma pergunta que eu acho que tem um um um um l uma relação com isso que é da Pera que eu perdi a pergun aqui da Patrícia franzini de São Paulo que fala assim Em sua opinião Qual é a influência que o uso do eletrônicos entre adultos tem sobre o brincar da criança o que ela está imitando o que devemos dar um eh Que tipo de modelo de qualidade de imitação podemos dar para criança que lugar é esse da imitação de alimento também sim então aí estamos
de novo diante do que a nossa cultura proporciona como um grande desafio pra criança que aprende porque imita né então o que uma criança imita de verdade ela imita aquilo com o que ela se identifica então um exemplo clássico dentro da Pedagogia Waldorf criada por Rudolf Steiner é um exemplo dele mesmo que diz a criança convive com várias pessoas mas uma só pessoa manca e a criança começa a mancar e o médico identifica que ela não tem nenhum problema para mancar mas ela manca que significa isso significa que a criança não é que ela imita
qualquer coisa ou qualquer um ela imita aquilo com a qual ela se identifica e ela imita por algum tempo e depois vai imitar outra coisa com a qual ela se identifica isso é assim com a imitação real eu chamaria autêntica porém existe uma um uma avalanche de coisas que chegam pra vida perceptiva da criança que eu já me referi que é completamente aberta que a criança incorpora E demora para digerir e a digestão muitas vezes não se faz então quando ela pega um super-herói ou qualquer outro personagem que ela começa a reproduzir imitando ela fica
com isso como uma imitação que se repete se repete se repete quase fixa eh cabe pouca possibilidade de modular para alguma coisa outra que ela se identifique E durante muito tempo eu ouvi de educadores dizendo eu faço o que eu posso eu faço da melhor maneira mas as crianças não imitam aquilo que eu faço e elas imitam o que elas vem nos meios eletrônicos e depois de muita reflexão eu cheguei a uma conclusão alguns autores corroboram isso que eu vou falar mas a maioria talvez ache estranho que quando a criança imita aquilo que ela recebe
dessa forma invasiva ela está tentando digerir aquilo que tá em digesto então precisa repetir muito é como se a gente ficasse com aquele sabor que volta toda hora porque aquilo ficou indigesto Ou a gente pode dizer que era a pedra da sopa ou a semente que engoliu sem querer então Eh aí vem a pergunta eu interfiro eu impeço eu acho horrível eu digo eu tô mostrando uma coisa bonita isso é horroroso é uma interferência com um juízo do adulto que paraa criança não entra pela explicação então A criança precisa digerir aquilo que imprimiu pelos órgãos
até os órgãos constitucionais mesmo então ela precisa expelir de alguma maneira como é que eu fortaleço para que isso não Imprima tanto precisaria ser a pergunta e fortalecer é poder conviver com a criança fazendo gestos e linguagens que expressem o outro lado da vida que eu compreendo como vida humana a criança se vincula ao outro pelos gestos especialmente os faciais e de mãos e pela fala pelo tom de voz isso tudo então o educador e nesse caso todo adulto educador teria que ter gestos que a criança possa imitar e linguagem que possa alimentá-la internamente e
aí não existe nada melhor do que pequenas canções e brincadeiras cantadas contos par lendas a gente tem uma cultura pródiga nisso e se num ambiente existe alguém fazendo algo e que seu gesto é muito significativo a criança vai se ligar a esse alguém então eu já entrei em Várias escolas que as educadoras ficam desconsolados em voltas do Jardineiro Claro gente em volta do jardineiro é o melhor porque esse ser humano está lidando com aquilo que é o cultivo do que cresce o cultivo do cresce é exatamente o que a criança tá fazendo dela mesma crescer
então ela se identifica com o jardineiro e o jardineiro ela vai imitar muito bem né Agora se o educador não não tem nada que ele faça com essa inteireza como o jardineiro faz ela não vai ter muito o que imitar até a sua fala a sua voz precisa ter essa inteireza tá bom oi alô eh a gente recebeu várias outras perguntas só que a gente tá chegando no nosso final de conversa então eu queria na verdade passar para que você faça as considerações finais uma fala trazendo outros pontos que você achou que ficou faltando né
E e aí eu enfim fica com vocês desfecho Tá certo então acho que nós chegamos a essa relação do tempo como algo constante que flui talvez eu não deixei tão claro que esse tempo que vem do passado pro futuro é o tempo que nós medimos e nós medimos exatamente como a Grécia descobriu há mais de 2000 anos atrás e chamou do tempo Cronos que é esse que eu sou capaz de cronometrar de medir de calcular mas já os gregos sabiam da existência de um tempo cairos ou Cairo e esse tempo ele vem numa corrente oposta
que vem do futuro pro presente quando eles se encontram forma o nicho que eu posso chamar de presente e aí a gente verticaliza ou suspende o tempo isso a criança sabe fazer isso a criança sabe fazer se ela não é impedida pela nossa pressa pela nossa aceleração pela nossa inversão de tarefas que foi aquilo que eu me referi que tem tarefas que são do adulto que o adulto delega pra criança e o que é da criança o adulto quer assumir por ela e lidar com isso requer que o adulto possa ter alguns momentos onde ele
pressente a eternidade no seu dia a dia e isso o adulto precisa dear para si mesmo ninguém pode ensinar isso pro outro ele precisa praticar exatamente como a criança pratica o brincar e se ele fizer esse encontro consigo mesmo nesse momento que só ele pode dizer que quer fazer Certamente ele lhe dará de outra forma com o tempo da criança Muitíssimo obrigada eu vou ter que eu acho que você podia só para amarrar dar alguns exemplos de como ele pode eternizar para quem só para dar um desfe dá uma uma uma inspiração para quem tá
também nos ouvindo como que ele eterniza algumas eu sei que você é boa nessa parte de exercícios tá vendo quem já me ouviu antes sabe que quer ouvir né Tudo bem Cacau vamos lá então Eh eu já me referi na minha fala Inicial que um dos momentos que nós temos essa essa vivência do eterno no tempo é quando nasce uma criança de forma natural Mas também quando morre um ser humano de forma natural então nós estamos diante de dois momentos que o início e o o fim da vida nos oferecem porque o nosso rio que
corre ele corre tem um começo e tem um fim e a gente se acerca da eternidade nesse começo e nesse fim e você vai viver isso daqui a pouco Car e outros momentos são aqueles em que a gente pode se encantar com uma coisa tão simples com uma minúcia tão pequenininha e aquilo nos preenche tanto que a gente pensa que ficou muito tempo diante do fenômeno né então o que que é tão mínimo que pode me encantar Ultimamente eu me encantei com uma frase do Guimarães Rosa que é uma noite lembrada em mim entre silêncio
e orvalho eu venho cultivando isso em mim e O orvalho tem se revelado como algo que realmente traz isso e quanto mais eu observo O orvalho mais eu percebo que naquela mínima gota ele reflete todo o redor ou seja uma gota é capaz de revelar o mundo inteiro então do ponto de vista do tempo essa minúcia faz isso que a gota de orvalho faz no no espaço pela sua qualidade esférica então qualquer fenômeno que nos Encante vai ter essa qualidade a relação com o outro numa conversa bem especial onde os dois são Francos um realmente
ouve o outro suspende o tempo eu não vi o tempo passar a gente fala depois de uma boa conversa vocês concordam e por fim gente o momento consigo mesma cada pessoa que for capaz de ter um momento consigo mesma de realmente buscar lá no mais íntimo de si o que que é que tá vivendo o que que é que está se aninhando no seu interior suspenderá o tempo muitas culturas chamam isso de meditação e eu gosto de dizer que meditação é aquilo que o ser humano dita para si mesmo então eu não preciso seguir alguma
linha meditativa eu posso gerar a minha mesma se eu meditar para mim mesma e claro que existe os os que se eu não faço por conta própria a vida exige que são os momentos de crise esses eu vou deixar de fora agora para não para não tingir o final para todo mundo ter bons sonhos bom então eu queria agradecer a presença das pessoas que vieram nos assistir também de quem ficou conosco online participando desse diálogo das perguntas enviadas eh Pedir para que vocês preencham a avaliação que vai aparecer logo que a gente encerrar essa videoconferência
avaliação ela é muito importante porque é a partir dela que a gente pode aprimorar essa ação também saber de temas que interessem a vocês e eu queria também já convidá-los paraa próxima videoconferência Nossa Quinta da série diálogos do brincar que vai ser no dia 23 de junho quinta feira também às 17 às 19 horas com o tema uma experiência do brincar na escola com a Sandra Exit então boa noite a todos e obrigada mais uma vez muito [Aplausos] obrigada i