[Música] bom dia boa tarde boa noite eu sou elissa professora de literatura hoje nós vamos falar um pouco sobre a metamorfose de Fran Cica a metamorfose foi publicado pela primeira vez no ano de 1915 é uma das obras mais célebres mais conhecidas do escritor Fran cfca alguns estudiosos tratam essa obra como uma novela outros tratam como um conto não chega a ser um romance dado a sua extensão mas levando em consideração a complexidade do personagem protagonista e dos desdobramentos do enredo nós vamos chamá-la de novela A Metamorfose narra um recorte da vida do caixeiro viajante
Gregor samsa depois que acorda metamorfoseado num inseto gigantesco e monstruoso é muito comum que você escute dizer que Gregor Sans acordou metamorfoseado numa barata é muito comum atribuir a metamorfose à barata entretanto no original a tradução não corresponde a barata mas a um repulsivo e monstruoso inseto algo mais ou menos do tipo mas levando em consideração que a barata é um animal extremamente desagradável acabou que essa tradução ficou muito bem Aceita entre nós a partir da metamorfose samsa tenta se adaptar essa situação eh é é muito é muito interessante a quando a gente se envolve
com a Nativa porque nós percebemos que ele não busca a solução ele não questiona a situação e ele se exaspera não porque ele tá transformado numa coisa inexplicável mas porque ele é a única fonte de sustento da família ele vive numa ele vive numa família com dois pais idosos a irmã Caçula ainda é adolescente Ele é o único que trabalha e leva o sustento para casa então A grande preocupação do Sansa nesse momento como a família vai sobreviver como o dinheiro vai entrar na casa essa é a principal preocupação dele e curiosamente essa também é
a princípio a principal preocupação da família principalmente do pai do Gregor que começa a a pensar em maneiras a elaborar ideias planos para tentar encontrar uma nova fonte de renda visto que Sansa está completamente inválido e incapaz de trabalhar como trabalhava antes no meio de tudo isso O que é muito impressionante é como a figura do Gregor passa a ser hostilizada dentro da própria casa dentro da própria família ele de fato passa literalmente a ser tratado como inseto algo repugnante repulsivo e desagradável a família Prime a princípio tenta ignorar depois começam as sessões de hostilidade
de agressividade porque se num primeiro momento ele deixa de ser o sustento da casa num segundo momento ele passa a ser um peso Extra pra família e o modo como a família lida sobretudo do pai é é extremamente penoso inclusive até chocante impactante para um leitor e uma leitora mais sensível há um determinado momento também muito importante quando o chefe o chefe imediato de Gregor samsa vai até a casa dele tentar conversar com ele ele não consegue dialogar tenta se explicar na verdade ele não tenta se explicar ele tenta enrolar na conversa o chefe dele
dizendo que houve um pequeno atraso Ele teve um pequeno malestar mas que ele vai cumprir o horário dele que ele vai cumprir com as obrigações dele e aí nós temos no meio de tudo isso uma problematização muito importante que é típica de autores e autoras que estão atentos com estão atentos pra realidade pra história paraas relações de trabalho dentro da nossa sociedade que a gente tem uma problematização do trabalho é evidente para nós fica evidente para todos que estão testemunhando nós leitores e leitoras narrador que está contando a história a família que vive com Gregor
fica evidente para todos nós E todas nós que ele não tem condições de ir ao trabalho que ele não tem condições de se levantar de se vertir de pegar a maleta de tomar o trem e e passar o dia todo no trabalho por conta da condição dele que o limita mas ele ainda sim tenta se justificar fica temeroso com receio de sofrer represálias retalhaço mesmo tempo que a família também faz isso para que ele vá trabalhar essa situação do trabalho inclusive pode nos levar a concluir que existe uma crítica A coisificação do ser humano é
o ser humano que é transformada em coisa em autômato em máquina desconsiderando as particularidades fragilidades e limitações da nossa própria condição e tudo isso toda todas essas situações penosas algumas constrangedoras tristes desagradáveis são narradas sem eufemismos sem atenuantes não era do da natureza do Kafka não fazia parte do estilo do Kafka amenizar disfarçar então a linguagem é muito objetiva a linguagem é muito direta e por muitas vezes chega a ser seca cortante e nauseante inclusive no sentido mesmo de provocar não só uma experiência estética mas muitas vezes até mesmo sensorial em seus leitores essas situações
densas de atmosfera pesada quase que intransponível eh são muito comuns nas obras do cfca e é por isso que ele é considerado um dos autores da literatura do Absurdo a literatura do Absurdo é esse tipo de narrativa de situação em que um personagem é lançado a situações surreais a situações inexplicáveis incômodas violentas burocráticas e ele não questiona não há perplexidade de não há uma tentativa de sair as personagens parecem estar o tempo todo alienadas elas simplesmente aceitam de cabeça baixa e tentam sobreviver a essa Nova Condição e tudo isso com uma abordagem muito pessimista muito
melancólica há mesmo uma uma espécie de falta de esperança de falta de perspectiva futura paraa humanidade inclusive é uma é comum do CAF com uma frase que dizia o seguinte a esperança só não para nós e e e Por trazer toda essa coisa do insólito do Absurdo de um inexplicável Parece até que a existência humana perde sentido diante de tantos obstáculos e adversidades nós temos também uma tendência dessa obra a ir para o existencialismo uma corrente filosófica do século XX que questionava o sentido da vida o sentido da existência que considerava o peso da Liberdade
a o peso de poder escolher de fazer o próprio destino porque na condição humana nada vem gratuitamente e nada vem inteiramente de forma prazerosa essas situações inexplicáveis que acometem as personagens cafan esse adjetivo corresponde mesmo a esse tipo de atmosfera eh é vem vem de estarem inseridas numa situação labiríntica a gente tem a sensação de que as personagens não TM saída realmente é esse o sentimento que fica a o destino tá ali colocado ou a situação tá ali colocada a a personagem o personagem tem uma tem possibilidades de ação de reação mas tudo aquilo não
não o livra não dá a ele escapatória saída por peso da condição humana né que é dolorosa que é cheia de desafios que é em outras palavras miserável por ter que encarar ter que racionalizar a própria finitude os próprios limites né e as próprias ah impossibilidades vulnerabilidades de uma de uma maneira geral a metamorfose acontece de maneira inexplicável e para um leitor para uma leitora Que costuma ser muito apegado à linearidade e tradicionalismos narrativos pode ser um pouco frustrante porque a gente não consegue tatear a gente não consegue palpar claramente um significado para essa metamorfose
a gente não pode dizer é isso Acabou aconteceu por causa de disso esse é o significado conotativo simbólico dessa metamorfose mas há diversas interpretações há queem interprete como o possível estado da depressão uma vez que a gente sabe que é um mal que acomete o ser humano desde o século XIX pelo menos que se há registro mas o nome vai aparecer no século XX Eh Ou talvez um estado de doença ou de invalidez acidental que pite o sujeito no caso da depressão não é muito diferente porque a depressão dependendo dos níveis ela e sem o
devido controle né acompanhamento profissional ela também é uma doença incapacitante Então as possibilidades de incapacitar o sujeito diante do trabalho diante das obrigações diante das Convenções sociais então há quem entenda tudo isso como um uma um possível sentido significado uma metáfora ou uma alegoria da metamorfose eu não vou da Def definitivamente qual poderia ser a resposta correta porque acredito até que isso é muito subjetivo né de cada leitor e de cada leitora mas o fato é que nós temos uma metamorfose que acontece e ela pode ser compreendida de maneiras alegóricas pra gente fazer diferentes críticas
nas gerações que estamos vivendo pelas quais estamos passando Mas se por um lado a gente tem essa questão alegórica que fica em aberto por outra a gente tem uma coisa que é muito Certeira dentro da obra que é a as possibilidades que a arte nos d a arte Digamos que em palavras mais simples e objetivas a arte melhora a possibilidade de existência humana ela sensibiliza ela humaniza quando estamos atentos e atentas pra arte ela pode inclusive preencher lacunas e aspectos da nossa vida que a realidade muitas vezes não dá conta de preencher e nós percebemos
Isso numa cena Num Episódio muito marcante que é quando a greta a irmã do Gregor samsa está tocando violino para o pai e a mãe e para dois Inquilinos porque a família resolve alugar uma parte da casa a casa é bem grande e como o Gregor não é mais humano ele pode ficar entulhado de qualquer forma como se fosse um bicho bem bem despresível e aí esse espaço Extra da casa acaba sendo alugado para dois Inquilinos e depois do jantar a greta vai tocar para esses Inquilinos e pra família E todos ficam muito dispersos né
ficam desatentos olhando pro tempo não dão a devida atenção já o Gregor que estava escondido se deixa levar por aquela Musicalidade aquela sonoridade tão Sutil tão suave que é o som de um violino quando tocado afinadamente lindamente e ele sai Ele simplesmente se deixa levar espontaneamente sai para ver de perto a irmã tocar que é quando é uma cena muito chocante que apavora todo mundo Os Inquilinos saem correndo e esbaforidos todo mundo fica muito exasperado a gente percebe que Apesar dele ter um aspecto físico monstruoso a música foi capaz de humanizá-lo e ele se permitiu
sentir uma emoção viver essa emoção como ela chegava até ele outro tema que era muito comum nas obras do CFC e a gente tem aqui também explorado dessa maneira de uma maneira simbólica é a falência da comunicação a falência da linguagem a dificuldade que os seres humanos têm de se comunicar de se de estabelecer diálogos de se compreenderem porque toda vez que o Gregor samsa fala a família não consegue compreender o narrador não nos deixa Claro se a voz dele alterou se a adicção dele alterou por conta da metamorfose a gente sabe que a voz
dele tem um som distorcido Mas a gente não sabe inteiramente essa dicção dele né a possibilidade de pronunciar palavras foi também alterada e a família não consegue compreender Eles não conseguem se comunicar então a medida que a narrativa vai passando ao mesmo tempo que ele tá preso nesse corpo insólito e o que que é o insólito o insólito é esse estranho é esse inexplicável é algo que muitas vezes participa até da literatura fantástica por não ter uma origem e um motivo racional para explicar né seus seus seus fundamentos e é é o caso da metamorfose
dele então ao mesmo tempo que ele fica preso nesse corpo insólito nesse corpo surreal estranho ele também fica enclausurado no silêncio porque ele se isola completamente ninguém fala com ele num deter determinado momento que ele já tá at empoeirado de tanto isolamento que ele tá sofrendo a única pessoa que lhe dirige a palavra é a empregada que vai fazer a limpeza ali de um cômodo e o modo como Ela dirige a palavra para ele também é é pesado é hostil e eh depreciando a figura dele né chamando de bicho sem aquele papel humanizador tão importante
que a gente tem como mensagem dentro dessa obra outra coisa que é importante nas obras do cfic em geral e também nessa são como as as as relações entre pai e filho são muito marcantes há quem Interprete a obra do cfca por um viés psicanalítico fazendo uma leitura mais freudiana no sentido mesmo de evocar as relações entre o Herman e o France Caf né pai e filho O fato é que a gente sabe que através de alguns diários de algumas cartas de alguns textos críticos e traduções que as relações entre pai e filho não eram
muito boas tanto é que o CFC tem aquela célebre obra era para ser só uma carta íntima e familiar e virou um das obras literárias que é o carta ao pai em que ele faz um acerto de contas com o pai mas geralmente dentro das outras obras nas narrativas a figura de poder patriarcal sempre acaba sendo a associada por uma camada da crítica ao pai do Frans CFC obviamente que a gente não vai limitar a obra do cara fazendo apenas leitura biografa mas para alguns autores eh conhecer a biografia conhecer a vida o percurso a
trajetória acaba sendo mais importante do que em relação a outros autores e no caso do Kafka a as insatisfações da vida dele as não realizações as várias pendências que ele acabou levando pro túmulo e a morte muito prematura né 40 anos ele morreu muito jovem ainda de tuberculose é tudo isso acaba reforçando enfatizando ainda mais um certo teor denso trágico melancólico das obras dele e outra coisa que aparece aí né no meio de toda essa discussão de uma obra tão plural tão diversificada cheia de pontos pra gente pensar e debater tem também a questão da
desumanização né lá atrás eu falei sobre a questão da arte humanizar o monstro humanizar o inseto e a gente tem mesmo um movimento dentro da obra de de oposições porque o Gregor Sansa é desumanizado fisicamente mas intimamente na sua personalidade na sua introspecção ele acaba tendo mais tempo para pensar na vida que ele teve em família no quem sou eu e ele passa por um processo de humanização ele acaba sendo mais humanizado ao contrário do que acontece com a família porque a medida que que as relações vão ficando mais agressivas hostis e violentas a gente
é cometido por um horror a gente acha as ações do pai da mãe e da irmã em certa medida Mas do pai em maior medida monstruosas como se eles realmente passassem por um processo de desumanização de não conseguir exercer uma solidariedade de não conseguir enxergar o outro né a alteridade e por tudo isso e por muito mais né por por verificar por trazer a questão da burocracia a questão da violência que atravessou o século XX adentrou o século XX e Muitas delas ainda são questões que a gente debate com muito fervor como se nunca tivessem
melhorado em aspecto nenhum é que o CFC acabou recebendo o título O apelido o epíteto de profeta do Espanto antes de testemunhar toda feiura que que atravessou a segunda metade do a parte da primeira metade a segunda metade do século XX ele morreu ele morreu no início do século XX ele não chegou a ver segunda guerra mundial ele era judeu não chegou a ver os campos de concentração o nazismo A Perseguição o antissemitismo tal como foi na primeira metade do século XX mas a irmã dele uma das irmãs preferidas a otla chegou a parar num
campo de concentração a questão da da burocracia né das dificuldades que a gente tem na vida cotidiana por conta de burocracia ter que resolver por menores pendência por meio de documentos mas os documentos só saem se forem resolvidas as pendências né a gente meio que sempre tem pelo menos uma situação para contar nesse sentido de dificuldade para solucionar problemas burocráticos e tudo isso é uma violência à existência a cidadania humana no mundo e o Kafka foi antecipando tudo isso então ele foi um visionário maravilhoso mas infelizmente um visionário de coisas muito tristes pro pra humanidade
na modernidade bem pessoal essa foi nossa aula sobre a metamorfose do Fran carca espero que vocês tenham gostado curtam comentem suas dúvidas seus seus pareceres né Qualquer coisa que vocês queiram acrescentar as nossas reflexões Não deixe de nos acompanhar nas redes sociais e também não deixe de de consultar os links aqui na descrição Caso vocês queiram saber mais sobre esse assunto sobre essa obra sobre esse autor Eu agradeço muito a atenção de vocês vou ficando por aqui tchau [Música] tchau