[Música] C [Música] [Música] Por que falar de finitude a cultura contemporânea ocidental parece querer negar a morte vivemos na fantasia da imortalidade se a realidade da morte evidencia a nossa finitude e temporalidade é também diante da Perspectiva da Morte que surge a urgência da Vida tema desta série do Café Filosófico não é fácil lidar com a morte não é para ninguém mas ela é fato faz parte da vida e para amenizar a dor de quem parte ou dos que ficam é preciso aprender a encarar o fim de uma vida hoje existe um modo especial de
acompanhamento de pessoas com doenças prolongadas e incuráveis para aliviar o sofrimento inclusive dos familiares são chamados cuidados paliativos envolve uma questão ética da dignidade e do bem-estar de cada ser humano e também de ampliar o olhar da ciência para tornar esse processo de cuidados ao fim da vida uma realidade cada vez mais presente quando se fala em Cuidado paliativo existe uma falsa ideia de que cuidado paliativo é sinônimo de cuidado de final de vida o cuidado paliativo ele faz parte de um processo toda vez que existe o diagnóstico de uma doença que ameaça a continuidade
da vida e que todos os tratamentos possíveis de reversibilidade já foram feitos e mesmo assim a doença vai evoluindo na aquele ponto quando se tem a oportunidade de se perceber que os tratamentos elegíveis para mudar o curso natural de um problema já não está mais fazendo a reversão ou mudando o curso natural deste problema a Organização Mundial da Saúde preconiza que a modalidade de tratamento Ou seja a intervenção terapêutica não seja mais focada na doença e sim na pessoa a palavra paliativo vem do latim do pum que significa aquele manto de de proteção que os
antigos Viajantes utilizavam para se proteger das situações atmosféricas que poderiam acontecer então quando se fala em paliativo se fala em proteção então cuidado paliativo de uma certa forma é uma modalidade de intervenção que protege a pessoa daquilo que está trazendo um sofrimento para ela em inglês paliative care tem uma conotação completamente diferente do do que na língua portuguesa Quando falamos em paliativo lembra o remendo lembra não tem mais nada o que fazer então vamos fazer um paliativo ou vamos todos dar as mãos fazer um carinho e eu com muita tranquilidade eu digo a todos vocês
o cuidado paliativo a intervenção paliativa ela Exige uma sofisticação de um conhecimento para além da competência técnica Exige uma competência humanitária muito grande porque as questões de final de vida as questões relacionadas a um processo de doença que vai culminar com o fim da vida de uma pessoa é para muito além de um sintoma físico ou muito além de uma ou mais doenças que estejam acontecendo Então é importante que a gente fique com isso em mente e se remeta a esta imagem desse senhor que está no no final do Pier e que se as intervenções
que foram feitas com ele forem inadequadas ou ele vai mais rapidamente para dentro do do mar ou de uma maneira assim bastante equivocada ele vai ficando preso a uma situação que já não é mais prazerosa para ele que já não faz mais sentido algum para a vida dele porque ele está sofrendo ele está com uma doença que está minando o o corpo dele e quando se fala e se vê essa figura e se tem em mente que o final da vida que a morte faz parte do ciclo da vida fica mais simples de compreender que
no final das contas a morte ela é muito poderosa e ela vai sempre vencer mesmo a alta tecnologia o cuidado paliativo tem a oportunidade de ficar muito antes presente no acompanhamento das pessoas que T processos crônicos evolutivos involutivos progressivos declinantes e irreversíveis que são A grande maioria das situações das enfermidades que ocorrem com as pessoas mais velhas de uma maneira assim eh geral gravem que cuidado paliativo é uma modalidade de intervenção preconizada pela organ a mundial da saúde para todas as pessoas que apresentam doenças que ameaçam a continuidade da vida que necessariamente envolve vários profissionais
o médico sozinho não dá conta de resolver todos os problemas de uma pessoa mais velha se faz necessário a equipe de enfermagem familiarizada com com tema os profissionais da área da reabilitação e aqui os fisioterapeutas os terapeutas acionais os fonoterapeuta os músico terapeutas e tem uma inserção muito grande os profissionais da área da saúde mental os psicólogos tanto no acompanhamento dos pacientes quando isso for possível o apoio Aos familiares e também a equipe clínica que está junto aquela pessoa profissionais da nutrição não tanto para o final da vida mas para o processo de avanço da
doença para tentar fazer alguma reserva orgânica eh para aquela pessoa então se vê assim um um espectro de ação muito grande os profissionais da área do serviço social que podem contribuir muito com o conhecimento das leis existentes para auxiliar os familiares a como lidar com determinadas situações ouso dizer que em algumas Em algumas situações pessoas da área do direito inclusive para ajudar eh as famílias a organizar a parte legal daquela pessoa porque Diferentemente das doenças agudas e da morte súbita onde a pessoa tá muito bem de repente ela deixa de existir os processos crônicos eles
dão todas as oportunidades de nós irmos nos antecipando aos problemas e isso para mim particularmente é um grande fío quando eu tô diante de uma situação e que eu posso me antecipar aos problemas que eu tenho a oportunidade de conversar com as pessoas de conversar com a pessoa doente quando é possível conversar com os seus familiares com as pessoas que cuidam diretamente porque existem determinados procedimentos inclusive que podem ser feitos antes das pessoas apresentarem sintomas mais graves para minimizar o sofrimento físico daquele indivíduo doente Na tentativa de não não deixar o sofrimento evoluir de uma
forma mais agressiva a ponto da pessoa já não mais tolerar ficar viva então a presença de uma equipe multi interdisciplinar que tenha um treinamento básico pelo menos específico é absolutamente essencial repito eu sou médica e falo isso com muita tranquilidade o médico sozinho não dá conta das questões relacionadas ao final da vida das pessoas e o que é deslumbrante que quando se fala em Cuidado paliativo que é para Além da questão da da proteção mas como intervenção o foco é a pessoa e os seus familiares isso eh ouso dizer que tem um lado até revolucionário
que traz a pessoa doente para a cena principal por conta da alta tecnologia na área da saúde o que acabou acontecendo é que a pessoa doente deixou de ser o foco e a doença passou a ser o mais importante Quando falamos em cuidado paliativo é exatamente ao contrário a pessoa ela ela é a estrela principal é quem ocupa a cena e tudo que é feito é focado nela confesso que na minha experiência de ser humano nunca me encontrei com a vida sob a forma de batidas de coração ou on cerebrais a vida humana não se
define biologicamente permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da [Música] Alegria o morrer pode vir acompanhado de Dores humilhações aparelhos e tubos enfiados no meu corpo contra a minha vontade sem que eu nada possa fazer porque eu já não sou mais dono de mim mesmo solidão tem coragem ou palavras para de mãos dadas comigo falar sobre a minha morte medo de que a passagem seja demorada bom seria se depois de anunciada ela acontecesse de forma Mansa e sem dores longe dos hospitais em meio à pessoas que se ama em meio a
visões de beleza a doença ela vai evoluir independente do tipo de tratamento que é feito felizmente já existe uma gama enorme de medicamentos e de possibilidades de intervenção E aí é que vem o outro Fascínio eh relacionado à área da da paliação que é o bom uso da biotecnologia na área da saúde que é o desenvolvimento de medicamentos e de intervenções que visam o alívio do sofrimento físico das pessoas e graças ao desenvolvimento tecnológico então este é um bom uso da tecnologia porque nesta situação se manter corpos vivos por conta de aparelhos numa vida que
já deixou de existir isso me parece que perde completamente o sentido mas quando a gente tem um Arsenal terapêutico com medicações analgésicas potentes com medicações que vão controlar secreções que podem trazer um desconforto medicações que aliviam um quadro de confusão mental que aliviam eh que ajudam a conciliar o ciclo do sono e da da vigília curativos que eh mais eh adaptados a determinados determinadas feridas enfim o uso eh criterioso dos medicamentos mas que estão desenvolvidos com esta finalidade Isso sim é uma alta tecnologia bem utilizada visando a antecipação dos sintomas a prevenção do que possa
acontecer se então novamente lhes digo eh cuidado paliativo exige um uma qualificação profissional Exige uma competência técnica não é simplesmente passar a mão que é muito importante a presença física o toque o o ambiente mas particularmente o médico precisa ser um bom conhecedor de farmacologia e que é uma uma área difícil no curso de medicina para usar muito bem os medicamentos porque se eu errar na minha mão se a minha mão for muito leve o sintoma vai continuar acontecendo e a pessoa se mantém em sofrimento e se a minha mão for muito pesada Possivelmente eu
vou acarretar efeitos colaterais que é tudo aquilo que nós não queremos infelizmente nós ainda não temos na grade curricular da graduação a disciplina de medicina paliativa Barra cuidado paliativo e aqui eu vou me permitir fazer eh essa distinção a medicina paliativa é uma especialidade médica que Visa a intervenção para pessoas que têm doenças que ameaça continuidade da vida que não é simplesmente as últimas horas de vida de uma pessoa ou os últimos dias existem doenças que T um curso mais prolongado de evolução para uma fase avançada então quando eu falo em Cuidado intensivo eu não
tô falando de tratamento intensivo e quando se fala em Cuidado intensivo é focar na pessoa de uma maneira muito energética muito intensa para aliviar de todas as formas aquilo que está incomodando E aí sim dentro do Cuidado intensivo entra o tratamento intensivo que é o controle Impecável dos sintomas que muitas vezes necessita de D doses e elevadas de determinados medicamentos ou até a combinação de dois ou três fármacos diferentes então a medicina paliativa é uma especialidade médica o cuidado paliativo ele é mais amplo é a intervenção terapêutica geralmente não medicamentosa de englobando todos aqueles profissionais
já relatados anteriormente que em conjunto irão fazer as suas intervenções dentro do seu conhecimento e da sua expertise específica quando se fala em sintomas basicamente os sintomas físicos aqueles que trazem um enorme desconforto E o que mais chama a atenção é a dor quando se fala assim num sintoma que que é intolerável a dor é o primeiro que vem mas curiosamente existe um outro sintoma que traz um enorme desconforto é a fadiga é o cansaço excessivo uma pessoa que tá muito doente que está no seu final da vida até o banho é cansativo e lamentavelmente
a gente tem muito pouco a oferecer pra fadiga existem alguns medicamentos que podem ser feitos Mas eles têm uma ação assim fugaz eles duram uma duas três semanas e algumas vezes nós usamos Esses medicamentos porque na semana que vem daqui a 10 dias o Neto vai se formar a neta Vai vai se casar algum evento importante ou a pessoa eh está completando bodas de ouro mas lamentavelmente são fugazes Diferentemente de outras medicações uma pessoa tem dor por exemplo então o uso de de morfina bem feito é um milagre você pode usar morfina por um tempo
muito prolongado é claro que é uma medicação que tem efeitos colaterais que nós já conhecemos Então ao se prescrever a morfina ou algum outro opioide se faz necessário outros eh medicamentos e outras intervenções para diminuir o risco dos efeitos colaterais mas como eh potência terapêutica é um verdadeiro milagre morfina não acelera a morte da pessoa morfina não induz a morte da pessoa o uso correto da morfina se começa com uma dose baixa e vai se aumentando progressivamente e o corpo vai respondendo à medida que a dosagem vai se adaptando Então não é uma medicação para
se ter medo e tem muito um o que se chama de opioid fobia que mesmo dentro da classe médica aqueles profissionais que não estão familiarizados com essa medicação acabam postergando eh o uso e a pessoa fica num sofrimento muito grande usando outros tipos de analgésicos que nitidamente não estão sendo eficazes e a pessoa sofre de uma forma assim absolutamente eh inadequada a melhor medicação que tem para controlar desconforto respiratório no final da vida é o uso de morfina pela via subcutânea Não há necessidade de se pegar eh um um acesso venoso pela via subcutânea que
é bastante simples se pode fazer e a morfina em intervalos regulares e quem já teve oportunidade de ver e em algumas horas eh fica absolutamente controlado o sintoma de falta de ar porque o que está e finalizando a vida da pessoa não é o medicamento não é o uso daquela substância que vai finalizar o vida a vida da pessoa é a doença que ela tem que está no seu ciclo final um outro sintoma que é muito frequente é a confusão mental isso principalmente nos últimos dias de vida nas pessoas idosas isso é frequent simo é
começar a se conversar com aquelas pessoas que já morreram e algumas vezes a pessoa tem alucinações Mas nem toda Alucinação traz um desconforto para a pessoa os familiares as pessoas que estão em torno ficam muito mais assustadas do que a própria pessoa eh doente as Nações que exigem uma intervenção medicamentosa são aquelas que trazem medo e que assustam quando tem bicho quando tem Trovão quando tem tempestade quando a pessoa grita muito e novamente numa hora dessa o uso adequado dos antipsicóticos é assim é um outro milagre que nós que nós vemos então tudo Exige uma
expertise da Equipe Clínica um bom conhecimento do que está por acontecer com aquela pessoa um uso adequado do dos medicamentos porque nós sabemos que a pessoa está na finalização do seu ciclo da vida mas não é por conta disso que ela vai sofrer até o final isso é absolutamente inaceitável muitos dos chamados recursos heróicos para manter vivo um paciente são do meu ponto de vista uma violência ao princípio da reverência pela vida a reverência pela vida exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir dizem as escrituras sagradas para
tudo ao seu tempo há tempo para nascer e tempo para morrer A Morte e a vida não são contrárias são [Música] irmãs cheguei a sugerir uma nova especialidade médica simétrica Obstetrícia a morem terapia cuidado com os que estão morrendo a missão da Mor minha terapia seria cuidar da vida que se prepara para partir cuidar para que ela seja Mansa sem dores e cercada de amigos longe de hots já encontrei a Padroeira para esta nova especialidade apetar de miquelângelo com Cristo morto nos seus braços nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo o luto
dos familiares na grande maioria dos casos é razão direta de como foi esse final da vida dos seus entes queridos as doenças crônico-degenerativas principalmente nas pessoas mais velhas elas dão a oportunidade do que se chama de luto antecipatório então quando a equipe Clínica Ela tem a oportunidade de trabalhar junto com os familiares e já ir preparando eh a a o processo e a morte daquele ente querido é o que que se fala de luto antecipatório que é muito eh bem-vindo nesse tipo de situação quem aqui já vivenciou eh o acompanhamento de pessoas queridas no final
da vida com doenças muito graves algumas vezes a gente acaba pedindo a morte a gente vê a morte como uma solução final daquele desespero que a pessoa está Então nesse momento quando é possível se aliviar aquele sofrimento físico E a equipe Clínica consegue trabalhar o luto antecipatório desses familiares é muito bem-vindo porque quando a pessoa eh morre quando existe o evento final a família ela tem a oportunidade de fazer esta elaboração de uma maneira muito mais suave tanto é que pessoas que não tiveram a oportunidade de acompanhar o final da vida de pessoas muito queridas
quer porque tão em outra cidade ou porque não estavam presentes no momento final ou porque a pessoa estava numa unidade de terapia intensiva e não pôde se acompanhar ali esse essa etapa final muitas vezes o processo de luto ele pode ficar prolongado e muito difícil de ser elaborado e aí sim vai precisar de um acompanhamento com os profissionais da área da da psicologia e e out Outro ponto que é muito interessante também quando se fala em Cuidado paliativo isso é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde é que se dê eh importância às demandas espirituais
daquela pessoa que nada tem a ver com a religião mas eh entender o significado O que que tem valor para aquela pessoa qual é o que que faz sentido para ela se dar esta oportunidade e nisso os profissionais têm um papel capital que é abrir esse tipo de de conversa esse tipo de diálogo com a pessoa enferma se ela tiver condições de de conversar quando a pessoa ela é bem pada raramente existe a necessidade de um processo de que se chama de terapêutica de sedação paliativa de uma forma assim bastante esquemática Eh esses esses seriam
os modelos de como a vida finda nesse nesse primeiro gráfico é aquela pessoa que está muito bem de repente tem um problema e morre é o que se chama da morte súbita eh são os acidentes são as mortes violentas um uma doença cardíaca gravíssima que não deu tempo de uma intervenção eh terapêutica eh nem de de chegar ao Hospital ou a pessoa que dorme e não acorda isso acontece em menos de 10% de todas as situações nesta segunda curva Onde existe um declínio um platô e um rápido eh ciclo descendente isso normalmente ocorre nas pessoas
que têm câncer pessoa que tem um câncer ela recebe o diagnóstico medidas terapêuticas são feitas rapidamente quimioterapia radioterapia cirurgia enfim tem aquele período Inicial que é pesado que é punk como se diz depois a pessoa entra num platô que pode demorar bastante tempo em algumas situações consegue se controlar muito bem a doença e ela se mantém num platô por um prazo muito prolongado e recebe inclusive um um diagnóstico de de cura da doença mas infelizmente existe um um número significativo de de de câncer que ele vai evoluir independente do tratamento que foi feito e no
câncer essa fase avançada ela é muito bem delimitada nós conseguimos identificar bem e geralmente é um curso relativamente prolongada então o o o cuidado paliativo no câncer seria interessante entrar já no momento do diagnóstico se a pessoa tiver sintomas que estão trazendo a algum grau de Sofrimento Em algumas situações inclusive pode ser par e passo com uma quimioterapia com uma radioterapia e até com uma cirurgia paliativa mas chega um determinado momento aonde o cuidado paliativo é a intervenção mais adequada porque a doença já não mais responde a esses outros procedimentos e é muito importante que
isso fique claro porque não é o fato de parar de fazer uma quimioterapia ou parar de fazer uma radioterapia Ah já não tem mais nada o que fazer muitas vezes é nessa hora que se tem tudo por fazer por aquela pessoa até porque se ficar claro que a aquela proposta de tratamento não está sendo eficiente Vamos mudar o rumo da da nossa estrada e esquece a doença e foca na pessoa aquilo que tá trazendo um sofrimento que tá trazendo um desconforto muito grande no câncer a gente consegue ter esse cenário eh melhor definido e não
é à toa que nos anos 90 quando se falava em Cuidado paliativo se remeti diretamente a cuidados de pessoas com com câncer na terceira curva são as doenças cardíacas as doenças respiratórias as doenças renais a a doença eh hepática são essas doenças crônicas que vão evoluindo progressivamente então a pessoa tem um problema é feito um tratamento a pessoa melhora mas quando ela melhora ela não volta ao patamar anterior e geralmente no último ano de vida da pessoa são inúmeras intercorrências clínicas que a pessoa tem até que chega um evento final aonde já não tem mais
sentido se fazer intervenções eh para modificar aquela doença e se reconhece a fase final e o cuidado paliativo ele entra com com força total para não permitir que esta pessoa Tenha um final de vida com extremo sofrimento porque se nós não tivermos um olho muito acertado nesse tipo de situação e isso é é bastante frequente dentro das unidades hospitalares alguns tratamentos assim exagerados acabam sendo feito num corpo que já não tem mais condição de responder então é fantástico o que os intensivistas falam fazem com com as pessoas que que vão para lá com Esta possibilidade
de reversibilidade mas só tem sentido se usar de medidas intensivas de medidas intervencionistas de colocar um eh medidas de sustentar a a pressão arterial de ventilação mecânica de terapia renal substitutiva num corpo que tem condições de reagir não são todos os corpos não são todos os organismos que ainda tem uma reserva orgânica que podem dar conta dessas propostas de tratamento por conta das doenças que elas têm elas se transformam em frágeis são talvez você já tenha ouvido falar na síndrome da fragilidade que é tão comum e é um grande desafio para nós geriatras que é
lidar com a síndrome de fragilidade a fragilidade é quando o corpo começa a não mais responder e os órgãos progressivamente cada um no seu ritmo começa a declinar a função que chega numa falência falência é uma impossibilidade de reversão as pessoas mais velhas que TM múltiplos problemas médicos cardíacos respiratórios renais hepáticos elas evoluem para esse quadro de falência org Então nesse momento final essas medidas de sustentação artificial da vida que anteriormente foram bem-sucedidas quando o corpo fale ou seja quando o corpo já não tem mais condições de reagir de pouco vai adiantar essas intervenções E
aí Entra naquele processo lentíssimo de eh e de se manter o corpo vivo sem nenhuma possibilidade de reversão e esse quarto gráfico que são as doenças neurodegenerativas e aqui eu vou usar como exemplo a doença de alzheimer eu imagino aqui que todas as pessoas já ouviram pelo menos falar nessa doença que tá sendo a grande epidemia silenciosa dessa segunda década do do Século 21 a a doença de alzheimer é o tipo mais comum de demência é um guarda-chuva grande que compreende algumas dezenas de doenças distintas mas a doença de alzheimer é a mais e prevalente
Considerada incurável no momento do diagnóstico então eu ouso dizer que a doença de alzheimer também é um excelente modelo para se pensar num cuidado paliativo mais amplo de muitos anos de acompanhamento daquela pess pessoa e eu sei que a expectativa de vida nesta doença é em torno de 8 10 12 anos mas eu mesmo acompanho pessoas há mais de 20 anos com essa doença porque é uma doença que tem um ciclo muito prolongado todas as intervenções elas visam o que está incomodando a pessoa porque os medicamentos disponíveis eles ajudam a controlar determinados sintomas mas eles
não vão impedir que a doença vá evoluir e de novo é uma doença que o médico sozinho não dá conta primeiro por ser uma doença que compromete diretamente aquilo que a pessoa tem de mais nobre que é a sua história que é a sua memória é uma situação que o diagnóstico da pessoa mas a família adoece junto então o médico precisa estar trabalhando junto com a equipe multi interdisciplinar para dar conta de todas essas eh demandas e necessidades existe a obrigação de se proteger essa pessoa desde do momento do diagnóstico Porque a partir da situação
que a memória fica comprometida e que a pessoa já não tem mais condições de resolver as suas situações do dia dia porque ela está com a sua autonomia comprometida Ou seja a sua capacidade de autodeterminação e aqui quando eu falo em autonomia é na visão bioética eh maior no sentido que de autonomia não como uma Independência funcional não como uma possibilidade de ir e vir nos lugares mas autonomia como o princípio lapidar da liberdade de escolhas eu quero ou eu eu não quero eu vou ou eu não vou eu decido a roupa azul ou eu
decido a roupa abóbora Ou seja é a a possibilidade de tomadas de decisões que nesta doença dramática já no momento do diagnóstico fica muito comprometido esta capacidade de decisão e o que nós sabemos é que lamentavelmente é uma doença que quanto mais velha uma pessoa vai ficando maior o risco de desenvolvê-lo e o que é importante é que a gente tenha a possibilidade de detectar que aquele esquecimento que a pessoa está apresentando não é próprio do processo do envelhecimento é um esquecimento que compromete a funcionalidade da pessoa vocês podem imaginar a implicação que isso tem
inclusive na vida legal e na vida social daquele indivíduo observar a morte em paz de um ser humano faz-nos lembrar uma estrela cadente é uma entre milhões de luzes do céu imenso que stila ainda por um breve momento para desaparecer para sempre na noite sem fim ser terapeuta de um paciente que agoniza é conscientizar-se da singularidade de cada indivíduo neste oceano imenso da humanidade é uma tomada de consciência de nossa finitude de nosso limitado período de vida muitos dentre nós i e vivem uma biografia única e nós mesmos tecemos a Trama da história humana e
o que é fascinante dentro da da geriatria e eu particularmente Fico muito feliz de ser uma médica que que cuido de situações Crônicas de pessoas com problemas e crônicos é que nós temos todas as oportunidades de fazer um bom planejamento Então por um lado é muito ruim é muito sofrido mas por outro lado se nós pegarmos a estrada certa a gente vai ter uma evolução não vou dizer boa mas pelo menos suavizada e com menos percalços no caminho quando eu pego uma estrada errada O Retorno não aparece na linguagem Popular se usa isso se eu
começo um tratamento equivocado é muito difícil como se diz correr atrás do prejuízo e ficar tentando eh reverter uma determinada situação então algumas vezes ou melhor muitas vezes menos é mais não fazer determinados procedimentos não instituir determinados tratamentos que para aquela situação não vão trazer uma reversibilidade ou uma mudança de trajetória é melhor não fazer e o não fazer não quer dizer ficar de braços cruzados e simplesmente Verê o trem passar não é isso eu já já deixei claro aqui que quando se eh pensa em Cuidado paliativo se pensa numa modalidade de intervenção que exige
uma enorme competência técnica uma enorme competência humanitária uma excelente capacidade de comunicação de todos os profissionais envolvidos todos aqui devem imaginar que não é nada s chegar para uma pessoa e falar algo que vai comprometer daquele momento em diante a pessoa não vai ser mais a mesma dar o diagnóstico de uma doença ruim ou chegar e falar que o tratamento já não está mais fazendo o efeito desejado é muito complicado e os profissionais precisam se preparar para se comunicar de uma maneira adequada porque uma palavra maldita se transforma numa verdadeira maldição na vida das pessoas
e a gente tem que ter realmente um um cuidado muito grande com isso porque a palavra ela é sagrada para quem pronuncia Mas ela é mágica para quem escuta sempre existe o que fazer o tratamento ele é limitado agora o cuidado ele é ilimitado nós temos condição de cuidar das pessoas enquanto as pessoas estiverem vivas até o seu final significando e ressignificando e amplificando na medida do possível aquilo que para aquela pessoa tem sentido e tem valor numa fase avançada A pessoa perde uma pessoa com com doença de alzheimer ela perde a comunicação oral e
a voz dela vem pelas pelos seus familiares mas daí a importância de eu ter conhecido essa pessoa antes e lá ou no momento do diagnóstico Inicial e preferencialmente antes dela receber o diagnóstico de demência já conversar com ela sobre aquilo que ela quer aquilo que ela não quer aquilo que tem valor aquilo que não tem significado nenhum para ela porque essas situações de final de vida quando nós temos a oportunidade de já é completamente diferente o cenário e inspirado por isso no ano de 2012 o Conselho Federal de Medicina lança uma resolução que não é
uma lei Mas é uma recomendação para que nós médicos eh tenhamos a oportunidade ou que a gente crie um cenário para conversar com todas as pessoas que nós acompanhamos sobre as suas vontades em relação ao final da vida caso a pessoa perca a possibilidade de se comunicar uma pessoa com de 80 anos de idade que tem um um câncer avançado mas que tá com a sua luta com a sua Lucidez com a sua cognição preservada ela é capaz de dizer eu quero ou eu não quero ela é capaz de participar de compartilhar uma decisão a
pessoa com doença de alzheimer ela não tem Esta possibilidade ela fica completamente dependente da decisão dos seus familiares então é essencial que eu como profissional já que eu lido com situações crônicas que eu tenha conversado com esta senhora lá atrás ou eu ou alguma outra pessoa para saber o que que tem valor para ela o que que faz sentido muitas vezes acaba ficando na mão dos filhos ou do cuge do parceiro amoroso ou de um sobrinho Decidir sobre o final da Vida desta senhora e muitas vezes não é esta pessoa que vai saber exatamente o
que que faz sentido a ela Então que todos nós aqui hoje que estamos lúcidos saudáveis felizes preferencialmente com o auge da nossa plenitude que a gente tenha a possibilidade de parar refletir pegar uma folha em branco e começar a listar o que que eu quero e o que que eu não quero que aconteça comigo em termos de intervenção no meu final da vida e isso não é morbidez isso é Lucidez Porque da mesma maneira que se faz isso para o patrimônio financeiro deveríamos todos de fazer isso para o nosso patrimônio de saúde que é o
bem maior que nós temos porque se eu vivi de uma forma digna eu Cláudia espero que o meu final da vida também seja Digno quando se fala em diretiva antecipada de vontade se fala numa expressão eh fiel aquilo que é valoroso para si próprio não existe julgamento não existe certo não existe errado quando nós temos a oportunidade de falar sobre o nosso final da vida certamente nós vamos viver melhor quando a doença já não é mais facilvel de um tratamento curativo quando eu já não consigo mais reverter aquilo que que eu tô me propondo a
tratar é essencial que eu mude o meu foco de de intervenção pessoas que estão no final da vida geralmente perdem a o prazer pela comida Então não é incomum as pessoas não terem mais o desejo de comer ou algumas vezes até já não conseguirem mais deglutir e e numa abordagem inadequada acaba se pensando ah não temos que colocar uma sonda para alimentar a pessoa está morrendo de fome eu não posso deixar minha mãe morrer de fome isso é é inaceitável e não é isso faz parte desse processo de final da vida a perda do apetite
Então não é para se colocar uma sonda no nariz ou até se fazer uma gastrostomia nos últimos dias de vida de uma pessoa tem sentido fazer isso quando ainda se tem uma expectativa de vida de um tempo mais prolongado mas na grande maioria das vezes acaba se indicando procedimentos e que acaba machucando a pessoa Ah é só um macarrãozinho no nariz é uma sonda finin mas deve ser insuportável deve dar coceira deve dar um desconforto para absolutamente nada não é isso que vai nutrir a a pessoa porque o corpo está falido Como já foi dito
anteriormente então não adianta fazer intervenções para tentar reverter que o corpo não tem mais condição de responder muito mais importante do que prender a mão da pessoa para ficar colocando um acesso venoso ou ou ficar colocando um um alimento e de uma forma artificial muito mais importante é deixar a pessoa absolutamente livre dentro do do seu espaço e talvez colocar raspa de gelo debaixo da língua por exemplo ou fazer um umedecimento eh da boca porque isso sim pode trazer um desconforto para a pessoa essa pessoa que está no seu final da vida é um ser
biográfico que tem o seus valores como já foi dito que tem a sua biografia muito marcada e a maneira como nós E aí eu digo nós profissionais da saúde e como os familiares vão acompanhar Isso sim que é valoroso e novamente a grande revolução dos cuidados paliativos é que graças ao grande avanço técnico-científico com desenvolvimento de medicamentos de intervenções de procedimentos paliativos a pessoa ela é o centro ela é a estrela principal desta cena e tudo vai ser feito para que ela finalize a dela da maneira mais adequada possível sem qualquer julgamento e aceitando eh
os seus valores e lembrando sempre que bons cuidados ao final da vida é uma questão de saúde pública a morte é uma questão existencial e não é medicalizado se o profissional e no caso médico ele não tiver a noção da sua própria finitude ele não vai conseguir lidar com a finitude do seu paciente é absolutamente essencial eo entrar na grade curricular básica e na formação dos profissionais da área da saúde nós precisamos abrir essa conversa quer de um lado quer de outro ou o familiar vai puxar essa conversa ou a equipe Clínica vai puxar essa
conversa o que não dá é para fazer a conspiração do Silêncio Somos seres que morrem E isso não podemos evitar Somos seres que perem aqueles que amam isso também não podemos evitar algo aterrador persiste isso podemos evitar mais do que evitar combater é preciso que os mortos Cem de morrer violentamente dentro dos hospitais receber a notícia da perda de alguém tão estrutural na vida é devastador podemos tão pouco neste momento e o que podemos é cuidar para nós não é um corpo sedado que ali está é uma pessoa na grandiosidade dos seus últimos momentos de
vida e o que era proteger e cuidar quando já não era possível salvar tratá-lo como uma pessoa um ser com História e não como um [Música] objeto [Música] k [Música] n