Eu – quem sou eu? Eu não sou ninguém. Eu sou o espaço entre os pensamentos.
Eu sou a alegria entre os momentos dolorosos. Eu sou a confiança entre os momentos de medo. Eu sou a paz entre as guerras.
Você me conhece? Eu posso ser qualquer um. Eu sou a luz que vê a escuridão.
Eu sou o ouvido de compaixão que escuta o sofrimento. Eu sou o calor do coração que gera alegria. Eu sou o poder da mente que beneficia os outros.
Você me conhece? Eu não sou ninguém. Eu sou a fonte de todas as coisas.
Eu sou a extensão do céu ilimitado. Eu sou a luz radiante que está em todos os lugares. Eu sou o vento que concede a força vital, Eu sou o fogo que dá vida ao corpo.
Você me conhece? Eu posso ser qualquer um. Eu sou o lar para os desabrigados.
Eu sou um amigo para os que estão solitários. Eu sou o poder para os que estão fracos. Eu sou a riqueza para os que estão pobres.
Eu sou o espelho onde você pode ver a si mesmo. Você me conhece? Eu – quem sou eu?
Eu Não Sou Ninguém. Tenzin Wangyal Rinpoche. Eu posso ser qualquer um.
Quem é você? Quem é ele? Eu não sou ninguém.
Do alvorecer ao crepúsculo, Eu, meu eu, tão grande, tão bom, tão elevado, Infinitamente centrado em mim mesmo. Tudo isso não sou eu. Eu não sou ninguém.
Eu sou livre de todo “eu”, Além de todas as coisas. Você me conhece? Eu não sou ninguém.
Preso em sofrimentos passados, Perdendo alegrias do presente, Isso não sou eu. Perseguindo sonhos futuros, Perdendo a riqueza do presente, Isso não sou eu. Eu não sou os dolorosos e inseparáveis agregados, O inesgotável cansaço do Karma, Tristeza que surge dia após dia, Nem sou a crítica interna.
Você me reconhece? Você me ouve? Me sente?
Eu não sou ninguém. O peso dos assuntos samsáricos não sou eu, Nem sou a prisão da ignorância sombria. Eu não sou prisioneiro da miserável autofixação, Nem sou uma decadente vida humana egoísta.
O coração, irreparavelmente partido, não sou eu. Nem a angústia inconsolável, A doença física terminal, Ou o cadáver na sepultura de uma vida esvaída. Você me conhece?
Eu não sou ninguém. Você me ouve? Me sente?
Eu não sou ninguém. Eu não sou os olhos que enxergam a culpa dos outros, Nem a cegueira que não vê as minhas próprias qualidades. Eu não sou os ouvidos que escutam fofocas, Ou a surdez para os conselhos do coração dos meus pais.
Ansioso para envelhecer enquanto jovem, E agora tristemente envelhecido – eu não sou isso. Eu também não sou aquele feliz com essa vida, E que odeia ter que seguir em frente para a próxima. Eu não sou alguém que perde a paz interior Procurando por problemas externos, Nem sou alguém que perde obtenções agradáveis Por apego a lutas pesadas.
Eu não sou alguém que perde amigos de longa data Perseguindo amores temporários e inatingíveis. Imagine me conhecer. Eu não sou ninguém.
Eu não sou alguém que perde seu sorriso no aqui e agora Ao ver a morte enquanto estou vivo. Eu não sou alguém a caminho de uma liberdade posterior. Nem sou o apego a viver enquanto estou morrendo.
Eu não sou ninguém. Nem meus renascimentos incontáveis, Nem meu envelhecimento iminente, Nem minhas dores e mágoas indeterminadas, Nem minha morte certa. Eu sou livre de nascimento, envelhecimento, doença e morte.
Você me conhece? Eu não sou ninguém. Eu encontro a minha verdadeira natureza – quando não tento.
Eu me vejo – quando não olho. Eu me compreendo – quando não estudo. Eu me percebo – quando não penso.
Quando eu me aquieto naturalmente em mim mesmo, Eu sou um corpo vivenciando a bem-aventurança vazia, Olhos que contemplam campos búdicos puros. Ouvidos que escutam a harmonia da sabedoria primordial, Um coração que sente a verdadeira bondade amorosa. Eu sou o solo natural da pureza primordial.
A energia da presença espontânea sem bloqueios, O brilho desobscurecido da luminosidade, O método que autolibera as aflições, A porta de entrada para experiências e realizações espontâneas. Você me conhece? Me ouve?
Me sente? Eu estou aqui, Perto, Bem ao seu lado.