olá começa agora o diálogo se um programa da tv unesp para divulgação científica e institucional aqui conhecemos pesquisas e avanços científicos do brasil e do mundo e também falamos de importantes ações da universidade estadual paulista unesp o tema do nosso programa é a formação de professores nossa convidada de hoje a professora bernadete gashi atualmente é coordenador do departamento de pesquisas educacionais da fundação carlos chagas ela é membro da academia paulista de educação na cadeira 27 é doutor em psicologia pela université de paris at professora bernardete é um prazer recebê lo aqui no diálogos obrigada eu
agradeço estando aqui com vocês o brasil tem necessidade de professores com formação satisfatória uma pesquisa realizada pelo ministério da educação revela que cerca de 600 mil professores em exercício na educação básica pública não possuem graduação ou atuam em áreas diferentes das licenciaturas em que se formaram em 2009 o governo lançou um plano de formação de professores da rede básica de ensino professor linhas gerais como a senhora analisa a atual situação da formação de professores em nosso país estou sendo a formação de professores no país é muito dramática nós temos discutido que é uma crise nas
licenciaturas que não mudam a sua estrutura mais de um século nós passamos aí o século 20 e com grandes mudanças sociais e educacionais mas as licenciaturas continua naquela estrutura do que a gente chama do três mais um é você dá uma formação especial da na disciplina e um ano se tanto de uma tintura de educação é isso que está acontecendo as licenciaturas em geral é muito difícil mudar uma cultura que se funda uma tradição científica do século 19 e que fica muito difícil mexer mas ações em que a gente verifica que algumas mudanças já estão
começando a acontecer né seja porque algumas instituições estão querendo realmente inovar dentro dos seus propósitos educacionais ou porque o ministério da educação também têm pressionado muito para isso né porque a formação de professores sendo nível superior ela é de responsabilidade da união né não é de responsabilidade de estados e municípios o ministério da educação com o ministério a formação inicial toda a legislação básica vêm de lá e infelizmente a legislação básica não muda numa iniciativa vão dizer estruturante por parte do conselho nacional de educação ou do próprio ministério da educação para mudanças na estrutura e
no currículo dessas disciplinas na verdade houve uma iniciativa através de uma resolução do conselho nacional em 2002 mas é uma resolução pelo também esquecida ninguém aplica ninguém lembra acho que ela existe e os cursos estão sendo credenciados e autorizados sem que é aquela resolução seja na verdade obedecida nela implicaria em você integrar a formação disciplinar com a formação educacional e o estágio desde o início da formação isso não acontece na maioria dos cursos né nós estamos falando aqui especialmente das instituições privadas porque ainda são as instituições privadas que formam a maioria dos professores cerca de
80 por cento dos licenciados saem das instituições privadas de ensino e é um número preocupante exatamente porque os cursos eles vêm a formação de um especialista então um professor para dar aula de matemática não necessariamente aquela figura de um professor no nível pedagógico seria isso exatamente quer dizer o que os estudos mostram é que a proporção da formação e metodologias e práticas de ensino é muito pequena na formação desse professor não se pensa na verdade na formação de um professor quando se lê os projetos pedagógicos a gente vê que a preocupação é formar um biólogo
é formar um matemático físico um químico é e não um professor de física o professor de ciências professor de biologia ea pedagogia vem passando por um dilema muito grande né a pedagogia é um curso que foi acho que o problemático desde que nasceu em 1938 ele nasceu com a vocação para formar educadores para formar um educador em geral né o filósofo da educação planejador e formar o pesquisador em educação e para formar os professores nas escolas normais a vocação não era pra formar professor alfabetizador u do ensino fundamental e educação infantil em 1986 o conselho
nacional autorizou algumas instituições em caráter excepcional a incluir a formação no magistério né essa habilitação começou a entrar nos cursos pedagogia não era vocação essencial ea em 2006 finalmente conselho nacional de educação ao elaborar as diretrizes curriculares do curso pedagogia colocou como eixo dessa formação a formação de professores para o ensino fundamental as primeiras séries e educação infantil o que para muitos cursos se tornou uma questão muito difícil porque eles não estavam preparados com professores de metodologia de alfabetização de leitura e escrita netão são feitos arranjos nesses cursos o que nós constatamos nos estudos que
nós fizemos são arranjos em que se tenta fazer uma formação mas por enquanto ainda nós não vemos essa vocação integral no curso de pedagogia nós estamos com um problema na formação de alfabetizadores você tem uma idéia nesse estudo que nós fizemos uma mera amostra nacional não é nós não encontramos a disciplina a utilização na maioria dos cursos e quando encontramos era uma formação mais teórica em que se discutia vigotti que não a formalização de crianças né discutir um pouco a psicologia da educação não estará na urna dentro da metodologia de ensino a educação infantil nós
encontramos essa disciplina só em 5% dos currículos e também as ementas mostravam que se tratava de história da infância história da criança mas não do trabalho confiança né é na pré escola ou em creche nem por que os professores vão ter que responder agora de 0 a 6 anos e então não temos uma formação pra isso né a senhora já sinalizou um pouco que o estágio deveria ser obrigatório desde o começo da graduação em pedagogia e aí de repente seria a saída não só em pedagogia nas licenciaturas licenciatura porque essa resolução de 2002 é para
todos a toda a formação de professor não deveria ser para todas as licenciaturas e aí quando você examina as diretrizes curriculares das outras licenciaturas e ver que a comissão ignorou totalmente essa 60 e que realmente ainda a vocação é para formar um bacharel como se a pessoa que tivesse o conhecimento soubesse ensinar o que não é verdade ainda mais nas condições atuais não é que você recebe crianças que têm um entorno que estimula não é você recebe adolescentes com um certo tipo de informação cultura grupos né de influência e se o professor não está preparado
para trabalhar com adolescente não sabe que ele vai chegar lá e não é um homúnculo é um adolescente uma criatura em desenvolvimento a criança criança então precisaria ter psicologia do desenvolvimento nesta formação não tem precisaria ter um pouco mais de prática de ensino com o seu fundamento não termine sismo às práticas fundamentadas não tem né é raro nós encontramos cursos com fundamentos necessário eles existem só que na massa da população brasileira isso é muito pouco né então nós estamos descurando dessa parte que é uma parte essencial nós vamos pagar um preço muito alto por isso
a gente continua falando sobre a formação de professores no próximo bloco o diálogo faz um breve intervalo e já volta fique com a gente estamos de volta e hoje a nossa convidada é a professora bernadete gatti pesquisadora sênior da fundação carlos chagas estamos conversando sobre a formação de professores uma reportagem de junho de 2009 da revista nova escola define que a tarefa do coordenador pedagógico é fazer com que os professores se aprimore na prática de sala de aula para que os alunos aprendam sempre por isso a coordenação deve realizar a formação continuada dos docentes da
escola professora conversavam sobre o problema que temos nos cursos de graduação essa formação é deficiente quando o professor ele entra na sala de aula entra numa escola conseguiu um papel da coordenação pedagógica dessa escola toda a coordenação é muito importante porque ela visa uma formação em si é que a gente chama de formação em serviço ou seja dar aquele apoio necessário o professor para poder planejar o seu ensino para poder planejar as suas aulas para poder fazer suas escolhas curriculares e acompanhar os alunos a coordenação pedagógica hoje é mais do que essencial é uma pena
que ela não trabalhe com professores que venham já com uma formação adequada da licenciatura não sabendo que nem curso de graduação vai formar um profissional completamente mas se ele chega com uma base bastante adequada o trabalho de um coordenador pedagógico vai pegar essa base vai pra diante o que nós temos visto é que o coordenador pedagógico e também outras formações continuadas que existem elas têm que refazer um trabalho que não foi feito uma licenciatura é um custo duplo é um custo duplo de de custo financeiro mesmo mas sobretudo custo pessoal de qualquer maneira esse trabalho
na escola ele é fundamental ter um horário para esse trabalho seria bem adequado se ele fosse um pouco maior do que ele é e nesse caso nós teríamos aí que ter um plano engajamento educacional bem diferente do que nós temos hoje também uma estrutura de escola diferente né mas se você tem um planejamento das horas de atividades se você tem também um diretor que se preocupa com as atividades pedagógicas e o trabalho de aprendizagem dos alunos essa cooperação diretor coordenador pedagógico e por equipe de professores certamente fará diferença mas já tem um projeto nem precisa
ter um projeto com uma finalidade discutida coletivamente e um trabalho que será diversificado necessariamente conforme a série ou ciclo é que o professor trabalho e essa carência que existe é porque tem gente tem esse problema na base educacional da formação desses professores e até mesmo desses coordenadores ou também falta um pouco de incentivo de empenho da própria coordenação pedagógica dos professores para fazer um pouco dessa relação sadia com do que nós temos visto dos estudos e não estamos falando de pesquisa seja de estudos de caso seja de levantamentos um pouco maior de sangue os coordenadores
pedagógicos tem tido o empenho e bem grande em relação ao seu trabalho não é nem sempre eles têm condições de orientar todo tipo de professor que muitas vezes eles vêm de um curso pedagogia e aí para lidar com um professor de matemática não professor de ciências ou de língua portuguesa ele terá que entrar com os aspectos mais didáticos né do que programei um pouco mais específico bem mais específico né e por isso é que ele precisa ter a adesão dos professores para esse trabalho para que ele seja um trabalho interativo o trabalho da coletividade né
mas o papel do coordenador na organização desse trabalho na pesquisa de meios materiais e apoios para que o professor possa desenvolver melhor o seu trabalho criar um clima na escola é alegre um clima de procura de de aprendizagens significativas ele pode fazer isso claro que nem sempre há escolas em que as condições realmente não favorecem isto mas nós temos vistos em muitos e muitos estudos que professores em condições chamadas de absolutamente inóspitas né que coordenadores pedagógicos professores nessas condições têm conseguido um trabalho relevante as informações que a gente tem sempre agregam valor a esse papel
do coordenador pedagógico quando ele consegue articular os professores em torno da melhoria da escola e um pouco dessa articulação também repercute no incentivo à formação continuada dos professores que fazem parte da sua gestão sim realmente ele consegue fazer isso ele consegue motivar mobilizar e levar avante projetos assim inacreditáveis é uma coisa muito interessante que a gente tem encontrado e começará a valer um pouco da formação continuada desses professores de educação à distância hoje olha a formação continuada a hidrovia educação à distância eu acho que tem um papel bastante interessante o que eu acho problemático e
não só eu a maioria dos pesquisadores e de muitos gestores é a formação na graduação a distância é esta é que tava está muito problemática é muito deficiente o aluno tem muita dificuldade de estudo sozinho né os materiais que são oferecidos nem sempre são adequados para estudo a distância a forma de relação às plataformas de integração elas não são eficazes e os tutores não tem uma formação normalmente suficiente para atender às necessidades desse aluno que em geral vêm de ensino médio relativamente precário que já deixou a escola muito mais tempo pelo menos a média de
10 anos portanto ele perdeu aquela condição dos hábitos de estudo e ele tem que estudar sozinho disciplinas como filosofia e metodologia que tem uma linguagem muito própria ele apresenta muitas dificuldades e o material não ajuda a estrutura dessa formação não ajuda isso não quer dizer que nós não tenhamos projetos bem interessantes de licenciatura a distância eu vou citar um que eu conheço que é o da ufscar está muito bem estruturado acontece que não são as universidades públicas que oferece educação a distância na maioria dos casos a grande oferta de educação a distância é feita também
pelas instituições privadas eu não tenho nada contra instituição privada mas eu acho assim elas não têm cuidado da qualidade necessária elas têm pensado muito na quantidade e pouco na qualidade da aprendizagem dos licenciados agora educação a distância para quem já está formado que já está em serviço ela se torna bastante interessante porque ela se ela for bem feita ela agrega conhecimento as práticas as experiências dos professores a custos muito interessante oferecidos pela fundação faculdade de educação da usp que eu conheço que são muito de organizar nada é assim tem nem sempre maravilhoso pra todo mundo
mas onde a maioria dos que fazem têm uma avaliação muito boa né aí a formação à distância bem sucedida mas a formação à distância já está falando com um profissional que está na rede então é um outro tipo de relação que se estabelece e os desafios para este professor que se forma tanto de forma presencial quanto na educação a distância a gente conversa daqui a pouco nós vamos para um breve intervalo e já voltamos não saia daí voltamos para o último bloco do diálogo de hoje que está falando sobre formação de professores temos aqui a
professora bernadete gatti pesquisadora sênior da fundação carlos chagas a professora sob a sua coordenação a unesco lançou em 2009 uma pesquisa chamada professores do brasil em passes e desafios quais são os objetivos desta pesquisa já que elencamos alguns dos resultados de outras pesquisas que vocês lá na fundação carlos chagas realizam o objetivo era bastante amplo né primeiro caracterizar um pouco quem está lecionando no brasil na educação básica quem são esses professores né segundo que formação eles tiveram e que formação tem os licenciados atuais e que características existência haveria alguma mudança nesse perfil ou não em
terceiro estudar os currículos né e um pouco a questão também da evolução das matrículas da procura da atratividade da carreira e estudar as carreiras que são oferecidas e salários então foram cinco aspectos que nós procuramos abordar sobre diferentes ângulos e tivemos assim um panorama geral dessa questão a gente vê que a profissão de professor hoje é basicamente procurada por pessoas de mais baixa renda para ela ser professor é motivador porque você está dando um salto na sua profissão na sua forma de trabalho em geral são pessoas um pouco mais velhas também né que vêm procurar
esta carreira isso não vê em detrimento deles quer dizer para eles é uma motivação muito grande acontece que eles não encontram cursos à altura que possam fazê-los dar um salto nos seus conhecimentos e ele no encontro também uma condição de carreira boa então nós temos aí alguns impasses realmente bastante bastante grande né primeiro a questão da própria formação que o professor tem para dominar a questão pedagógica do ensino sala de aula na educação básica é que ele supera ele é um herói ele é um herói porque ele supera essas dificuldades pelo trabalho pela experiência recorrendo
autodidatismo recorrendo aos seus colegas não é é ele de certa maneira foi espoliado na época da sua formação é porque ele poderia ter recebido uma formação mais forte e depois ele encontra assim condições de trabalho que lhe faltou apoio pedagógico não é material pedagógico orientado é uma condição de trabalho em que ele possa é contar realmente com apoio das secretarias na maioria dos secretários não tem um projeto de apoio à sala de aula a gente encontrou muitos poucos municípios esse apoio nos estados também nem todos dão este após são grandes programas mas que não não
atingem a sala de aula ea condição de trabalho cotidiano do professor nós temos um problema na professora sua própria educação municipal não dá o suporte quem vai dizer da questão do estado e depois lhe render até mais longe e não foto programas né no ministério da educação nesses últimos anos foram lançados inúmeros problemas acontece que entre você entrar na plataforma fei é fazer a sua inscrição a um município aderir a algum programa ele chega lá no município vai uma distância muito grande porque também às vezes a maioria desses municípios não falando de quase 6 mil
municípios no brasil eles não têm condição de pessoal é bem formado para fazer o trabalho educacional nós estamos aí num ciclo pouco virtuoso é quem é talvez a gente faça uma política específica mais forte para a formação dos professores e apoio à carreira o a lei do piso salarial veio dar uma diferença razoável equacionar um pouquinho essa questão mas não é suficiente porque o salário de certa forma é motivador para expôr ele é muito na hora de aula ele é motivador agora nós temos que ter consciência o seguinte o custo de vida no brasil varia
muito uma coisa é você se sustentar em são paulo outra coisa é você se sustentar sei lá em hoje uma cidadezinha do interior não é então a questão do salário ela tem necessariamente que ser balizada localmente pelas condições de vida pela concorrência do mercado muitos preferem fazer outras coisas do que ser professor não é no interior não inteiro vamos interiorizando brasil ser professor é uma profecia profissão boa porque estável nem tem um salário todo mês antes do piso nós tínhamos salários sim aviltantes de r$300 de 400 reais e hoje tem que ter um mínimo então
a idéia de um piso mínimo é muito boa que é a partir daí agora construir uma carreira importante porque hoje um jovem onde quer que ele esteja interior na capital nas periferias que a única está ele olha não necessariamente o tal do salário inicial olha também mas ele olha qual é a perspectiva de vida que ele vai ter na carreira e há dois pesos aí a valorização que esse adolescente tanto de escola pública como particular da a figura do professor é muito grande sabe eles têm uma consciência muito clara do papel do professor na vida
deles por outro lado ele não escolhe a carreira 34 escolhe a carreira porque realmente eles não vêem futuro nesta carreira então acho que a gente tem que pensar um pouco nisso mas aí há uma questão precisa de muito dinheiro porque o grande empregador de professores são os sistemas públicos um grande empregador 85% dos professores são funcionários ou federais ou estaduais ou municipais e aí nós precisamos de muito dinheiro público para dar cobertura digna a esse salário professora gostaria de agradecer enormemente a sua participação aqui no diálogo e espero que a gente tenha contribuído um pouco
para a reflexão principalmente dos cursos de licenciatura e pedagogia e também desses professores para que cada vez mais gente consiga ter um incentivo nessa profissão que é tão importante para para o país e para o desenvolvimento e daquilo que a gente chama de cidadania de senso crítico obrigado o diálogo de hoje fica por aqui espero que tenham gostado da nossa conversa em nosso site você pode rever este e os demais programas compartilhe deixe seus comentários até semana que vem ó