Quando nós estamos tentando chegar a uma conciliação, seja você uma das partes envolvidas ou o mediador da conciliação, nós costumamos acreditar que precisamos encontrar uma solução ótima definitiva. Porém, é justamente essa busca pela solução perfeita que muitas vezes trava o processo de conciliação. E é sobre isso que a gente vai falar [Música] hoje.
Imagine você frente a uma decisão que parece ser para todo sempre. Você vai tomar uma decisão ali e a partir de então você vai precisar conviver para sempre com os resultados dessa decisão. De repente, até a decisão mais lógica parece ser impossível de tomar, não é verdade?
Gera um receio de ser tomada. Essa hesitação, ela geralmente acontece porque o nosso cérebro enxerga compromissos de longo prazo como iminentes, como definitivos, criando obviamente uma resistência natural a essa tomada de decisão. Isso vale para contextos, tanto profissionais quanto pessoais.
Quando você, ou a outra parte pressente essa permanência sem fim das consequências, a barreira mental é inevitável. E aí o que acontece é que muitas conciliações simplesmente travam por conta disso. Tudo já está esclarecido, as partes parecem concordar com um certo arranjo em que foi chegado ali, mas na hora de efetivar o acordo, sempre uma das partes acaba recuando.
E veja, eu não estou falando só de acordos comerciais ou de conciliações que vão resultar em um contrato formal. pode ser simplesmente dois funcionários, dois colaboradores de um mesmo departamento que estão conversando, tentando definir, por exemplo, qual processo eles vão adotar para atender uma determinada demanda, algum tipo de demanda recorrente do departamento. Simples assim, uma situação como essa já pode gerar um entrave de na conciliação.
E por que isso acontece? Porque o entrave surge normalmente quando uma das partes pressente que aquela decisão de alguma forma vai afetar a sua qualidade de vida. E eu uso qualidade de vida aqui de uma forma técnica, tá?
No sentido amplo. Por exemplo, o processo que eles definirem, se ele resultar em um aumento de trabalho para uma das partes, pronto, isso já está afetando a qualidade de vida daquela pessoa, entende? Então, qualquer tipo de decisão que vá gerar algo que você vai precisar conviver com aquela decisão, né, com os resultados daquela decisão e de alguma forma aquilo vai atrapalhar a sua rotina, vai reduzir a sua qualidade de vida.
Eh, então você, vamos pensar, né, você tá numa situação como essa, sendo uma das partes ou o mediador, como eu falei, e a conciliação simplesmente não chega num equilíbrio que todos se sintam confortáveis de aceitar. E aí, como você resolve uma situação como essa? Bom, antes de nós nos aprofundarmos em como solucionar esse dilema, é vital nós lembrarmos de um aspecto da teoria da conciliação, que é qual?
Lembrar que o objetivo da conciliação não é encontrar a solução ideal, como se existisse uma resposta única e correta. O verdadeiro desafio é encontrar alguma forma de equilibrar os interesses das partes envolvidas. Fazendo uma simples analogia, eh, não é como se nós estivéssemos resolvendo uma questão matemática exata, como quanto é 5 + 5, ou seja, algo que tem um único resultado correto, mas sim é mais parecido como se nós estivéssemos explorando diversas combinações possíveis que pudessem alcançar o resultado 10.
por exemplo. Ou seja, existem várias possíveis soluções, como 5 + 5 ou 4 + 6 ou 3 + 3 + 4 e assim por diante. Existem muitas soluções possíveis para uma conciliação que equilibram os interesses das partes.
Por isso, a conciliação é um exercício de flexibilidade e de adaptação. Então, voltando, né, tendo isso em mente, voltando, né, à questão da decisão definitiva, bom, primeiro, dado que existem várias formas de alcançar um equilíbrio, buscar uma solução ótima já seria, a princípio ineficaz ou até poderia se dizer irracional, né, procurar resolver dessa forma. Mas para além disso, esse pensamento rígido, essa forma de atuar reforça esse problema original da sensação de perpetuidade das consequências e logo há uma resistência à tomada de decisão, a aceitação de um acordo.
Tudo bem? Mas então, como nós podemos romper essa barreira? E aqui eu proponho uma solução simples.
Existem, existiriam vários caminhos, eh, mas eu proponho uma solução simples aqui, que é a de oferecer um experimento. Ou seja, ao invés de você forçar um compromisso definitivo, você pode simplesmente propor um período de teste para uma das soluções nas quais, né, na qual vocês chegaram, eh, sem o compromisso de continuidade. Aliás, isso é um ponto importante, ao contrário, é é importante você colocar desde o início que haverá uma interrupção já acordada ao término de um determinado período que vocês definirem pro experimento.
E por que que isso é importante? Porque isso tira da outra parte, desobriga a outra parte, né? faz com que ela não precise passar pelo desconforto de ter que pedir para se interromper a experiência quando chegar ao final do período combinado.
Vocês já de antemão deixam decidido, definido, né, que vocês vão interromper depois de um certo período. Então, pensa numa seguinte situação. Imagina um profissional e um possível empregador e eles estão negociando a contratação.
E aí ambos se vê numa situação meio delicada, preocupados com as consequências permanentes desse acordo. O profissional, ele pode estar com medo de aceitar uma condição que de repente ele se arrependa depois e o empregador ele está com pode estar com receio de oferecer uma condição que depois ele não consiga manter, não consiga sustentar. Numa situação como essa, qual uma possível solução para essa conciliação?
um experimento, um período de teste já acordado entre as partes que após o seu término elas vão sentar para conversar novamente, discutir se está bom para ambos, se continuam como está por mais um período, se é necessário algum ajuste. Percebe como é muito mais fácil de concordar com a proposta, vamos fechar assim por três meses e depois a gente conversa de novo, do que aceitar, né, responder a proposta. E aí estamos fechados nesses termos?
Ou seja, uma coisa que parece mais definitiva, né? Quando você já propõe, vamos fechar assim por 3s meses, fica mais leve, fica mais fácil a tomada de decisão. Então, adotar a mentalidade de um experimento realmente transforma toda a dinâmica da negociação.
Ao invés de decisões permanentes, você facilita o envolvimento das partes por atribuir um prazo definido à soluções. Com isso, você estabelece confiança, você minimiza o receio das partes quanto a tomarem possível, né, eh, terem algum tipo de erro irreversível, né, na sua tomada de decisão. Eh, você mantém aberta a opção para retornar, para revisar, para experimentar algo novo.
E tudo isso então facilita, né, funciona como uma espécie de óleo na engrenagem ali para que tudo flua de forma mais fácil. O impacto, inclusive, dessa aplicação pode ser surpreendente, realmente transformar o processo de de decisão que costuma ser complexo em uma experiência muito mais leve, muito mais cooperativa. Então, ao ponderar sua próxima decisão importante, pergunte a si mesmo: será que seria possível eu experimentar ao invés de já decidir definitivamente se essa conversa foi útil ou se você já passou por uma situação semelhante?
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