Literatura Infantojuvenil - O quadrinho infantojuvenil brasileiro

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Nesta videoaula, o Prof. Carlos Augusto Bonifácio Leite apresentará primeiro algumas características...
Video Transcript:
[Música] muito bem-vindas e muito bem-vindos todos e todos para esta que é a terceira aula da terceira semana do curso de literatura infanto-juvenil Espero que esteja tudo bem até aqui Saímos de uma pegada mais historicizante e entramos no estudo dos gêneros narrativos falamos primeiro sobre a prosa infanto-juvenil em seguida falando sobre o teatro Infante juvenil e na aula de hoje você já devem estar vendo aí no quadril que logo vai aparecer sobre o quadrinho infanto-juvenil brasileiro antes de entrar nesse tema e antes de entrar nessa aula eu preciso relembrar aqui um texto que talvez vocês
conheçam do Walter Band que se chama o autor como produtor e lá pelas tantas no texto o bem de me sugere que muitas vezes nós naturalizamos a história das formas o que que ele quer dizer ele quer dizer que em geral as formas nascem a partir de uma determinada sociedade então quando o teatro nasceu ele nasceu dentro de uma sociedade e ele é como é pelas características da sociedade o romance que é muito posterior ao teatro Quando nasceu também nasceu com as características que o tornaram esse gênero e essa forma a partir da sociedade da
qual ele decanta ou da qual ele deriva se a gente pensa nisso quando logo nos buscamos debater a história em quadrinhos é preciso ter em mente que se trata de um gênero muito mais recente do que esses dois e talvez por isso dialogue de maneira mais Intensa com o presente do que o teatro ou o romance ou dizendo ainda de maneira mais apropriada existem características na maneira como quadrinho se comporta que são derivadas do tipo de relação do tipo de sociedade que nós estabelecemos mais recentemente dito isso tal como eu fiz em prosa e tal
como eu fiz em teatro E também como vocês vão ver na sessão revisitando o conhecimentos né que lá tem uma Enfim uma explanação muito muito detalhada sobre quadrinhos o quadrinho é um gênero que se vale de linguagem verbal e linguagem não verbal para contar as suas histórias né Ou seja eu tenho um conjunto enorme de recursos de linguagem não verbal que precisam ser considerado as ilustrações os planos escolhidos para retratar cada cena plano é a maneira como você vai como você vê o personagem ou o cenário digamos a o ambiente dentro do recorte do quadrinho
que pode ser mais aproximado mais perto de Close ou mais distante mais perto de panorâmica né traz ilustrações precisam ser consideradas os planos precisam ser considerados a ordem o tamanho dos quadrinhos precisam ser considerados mas existem quadrinhos muito muito pequenininhos assim focados em olhos e às vezes tem quadrinhos enormes Então essas o tamanho a variação do tamanho dos quadrinhos está implicada na construção dessa linguagem os tipos de balões né acho que todo mundo que sabe disso o balão de fala o balão de grito balão de pensamento né ou seja São muitos os recursos não verbais
envolvidos na construção dos quadrinhos bom mas quando eu vou pensar na história dos quadrinhos ou seja aquilo que eu abri a aula dizendo os quadrinhos surgiram no final do século 19 nos Estados Unidos e muitas vezes eles apareciam em jornais de maneira muito curtinha como charges cartuns ou tirinhas né enfim a gente tem tem ela é arte tem o Adão dos garará que são grandes gêmeos né o André dammer enfim se tem se tem algo que é absolutamente sofisticado na literatura brasileira hoje são os quadrinhos né são muito incríveis esse essas artistas que eu citei
bom mas a gente também tem nos quadrinhos esse gêneros que não são curtinhos assim pelo contrário são gêneros bastante extenso a gêneros extensos como por exemplo a história da Turma da Mônica em que uma revistinha traz cinco ou seis histórias a gêneros que são enormes por exemplo Sagas de personagens que é bastante comum por exemplo em Mangás né você tem 60 revistinhas dando conta da história de um personagem e a gente tem histórias quase infinitas né ou seja se você coleciona aquelas grandes indústrias de heróis né a Marvel ou ADC Você está acompanhando a mesma
personagem há muito tempo essa disjunção digamos entre o tamanho da história e a unidade da revista também é interessante isso é quadril pode ser um quadrinho mesmo né uma charge de jornal ou pode ser uma sequência enorme quase infinita de quadrinhos né tem essa variação bom se a gente pensa nas narrativas infanto-juvenis brasileiras a gente tem uma dificuldade muito grande de descartar a sua importância no que tange pensarmos a literatura a produção para crianças e jovens no Brasil né o que eu tô tentando dizer o seguinte é se em sociedades tidas como mais letradas isso
é em que as taxas de analfabetismo eram menores e que de alguma forma o livro é um objeto muito comum na cultura o quadrinho em geral ocupa uma posição mais Marginal em sociedades menos letradas como a nossa os quadrinhos ocupam uma posição Central só para vocês terem uma ideia do que eu tô dizendo assim é o Brasil atingiu o índice de analfabetismo da França o índice de alfabetização também da França é no final do século 18 só na metade do século 20 então o percentual de Alfabetizado na França na Revolução Francesa era igual do Brasil
na metade do século 20 esse esse delay digamos dos processos de alfabetização eles também modificam o lugar de determinados objetos letrados dentro da Cultura né então quando a gente começar nos quadrinhos franceses ou nos quadrinhos americanos eles ocupam um lugar menos Central digamos agora eu acho muito difícil muito difícil pensar nos processos de letramento no Brasil sem pensar nos quadrinhos seja em quadrinhos como da Turma da Mônica né que daqui a pouco nós vamos ver o tamanho do destaque que eles têm seja em quadrinhos mais recentes como os da Marvel e da DC ou ainda
mais recentes para quem tem 30 anos por aí que são os mangás né que ocuparam o espaço muito importante é mas eu queria um pouco pensar com vocês Na verdade dois dois aspectos assim O primeiro é um convite né que é assim é para vocês um pouco pararem a partida da pausa no vídeo aí parar para pensar um pouquinho pararem para pensar é como que vocês tomaram contato com os quadrinhos né Quais foram os quadrinhos que vocês leram Que tipo de quadrinhos vocês leram se vocês conhecem outros quadrinhos para além desses que Eu mencionei o
investe quadrinhos é extensílson tem quadrinhos maravilhosos de vários países enfim agora recentemente ninguém por exemplo ficou muito então tem uma série de quadrinhos interessantes ao apercepolis também que virou filme ganhou Oscar Então eu queria que vocês pensassem um pouco onde que o quadrinho está na formação de leitor de vocês e a segunda coisa que eu vou fazer junto com vocês é um convite para a gente abordar os aspectos verbais dos quadrinhos Isto é o que eu estou dizendo é tal como teatro existe uma parte da linguagem dos quadrinhos que não estaria digamos nas preocupações da
literatura porque ela não é verbal mas o quadril tem uma linguagem verbal muito importante e muito característico nós vamos ver isso com o teatro Vamos ver isso com a canção e vamos ver isso com quadril que são linguagens que uma parte verbal e a outra parte não verbal e a gente tem que lidar com eles dentro do nosso campo porque eles são essenciais para pensar o nosso campo né então eu separei aqui quatro características que eu vou falar e vou discutir um pouco sobre a linguagem verbal dos quadrinhos na literatura infantojuvenil brasileira a primeira delas
bastante óbvia é que os quadrinhos são centrados nos diálogos Isto é os quadrinhos são primos do cinema digamos né tanto na questão de cena de enquadramento quanto no centramento nos diálogos existe narrador nos quadrinhos mas o lugar deles é muito discreto em gerais aparecem introduzindo uma cena num quadrinho assim diferente dos outros muitas vezes né ou aparecem fazendo uma marcação de tempo mas o que nós temos nos quadrinhos é a imagem e diálogo né É isso que faz com que os quadrinhos vão adiante uma segunda característica que eu já mencionei aqui mas agora eu tô
retomando ela a partir do dos termos da teoria literária que é essa possibilidade de construirmos personagens para além do limite do quadrinho né Eu não sei o quanto isso deixa vocês curiosos Assim quietam vocês porque isso não é possível no romance ou é muito mais raro no romance que é um personagem aqui que volta no romance seguinte que volta no Roma seguinte isso acontece mais de romances digamos de detetive né o romances em série mas isso é muito menos comum no quadrinho não isso é muito comum por exemplo a personagem da Mônica ou do ou
da Magali ou do Wolverine ou do Samurai X a gente vai acompanhando a formação desses personagens para além da unidade da revista e alguns deles são personagens para sempre inacabados né Por exemplo da séries que ainda existem como da Mônica do Chico Bento sei lá ou seja quando você compra uma revistinha do Chico Bento você tem mais uma camada na construção dessa personagem mais uma versão sobre as ações dessa personagem terceira característica Como existe um diálogo muito importante entre o verbal e o não-verbal entre o verbal e o imagético há um uso notável de uma
onomatopeia e de outras figuras de linguagem quem é que não se lembra dos POF né do Batman e Robin que depois foram traduzidos para a linguagem da TV e do cinema então assim esse uso de linguagens apontem para algo que estão que estamos vendo no quadrinho é muito mais comum no quadrinho do que na literatura na literatura tradicional na prosa né digamos e a última observação para já caminhar para o terço final da aula é o estabelecimento como como também digamos essa linguagem verbal e magética é muito intensa eu também tenho o caso de muitas
vezes o texto ser lacônico se econômico Isso é se tem uma imagem já mostrando aquilo que o texto deveria dizer ele não precisa dizer então ele recua e a linguagem diz tudo né Isso é evidentemente impossível na literatura claro que a elipse sei lá cônico não é impossível mas a utilização de uma imagem para fazer parte da do projeto expressivo de uma determinada obra é muito mais difícil e no quadrinho isso é absolutamente comum tá bom é historicamente Eu Preciso Dizer para vocês que o primeiro quadrinho publicado no Brasil foi o tico-tico que começou a
ser publicado em jornal em 1905 E logo depois chegou a revista Mas a gente não tem como seguir adiante digamos para recuperar essa história do quadrinho infanto-juvenil brasileiro se a gente não pensar na Turma da Mônica do Maurício de Sousa e no Menino Maluquinho do Ziraldo né A Turma da Mônica é começou a ser publicada em revista própria em 1970 os números assim depois procurem saber no Google em outros sites sobre essa revista mas os números são infinitos assim né ou seja são milhares de edições dezenas de milhões de revistas vendidas né tanto que aquilo
que era uma revista transbordou para desenho para programa de TV para Parque para filme para uma série de outros produtos no entorno da Turma da Mônica que acabou sendo uma Enfim uma esse objeto multi linguagens muito forte né algo também muito expressivo mas em escala menor acontece com o Menino Maluquinho do Ziraldo né que era tirinha né então ela era aquelas tirinhas de revista e que depois se desdobrou para revistas próprias livros cinemas TV a partir dos anos 80 né o que eu tô tentando dizer aqui é que eu tenho pelo menos duas franquias que
são muito fortes dentro do quadro da produção da literatura infanto-juvenil brasileira em termos de quadrinho e isso vai influenciar muito para nós pensarmos como quadrinho funciona hoje vocês se lembram acho eu que na aula passada eu fiz toda uma razoado no final sobre o lugar da indústria cultural e o papel do teatro criativo como que essas duas coisas dialogam existe a mesma questão ou uma questão análoga muito parecida dentro da produção de histórias em quadrinhos no Brasil só que aqui o tipo de relação foi diferente Ou seja a gente podia dizer também que existe uma
invasão da sobretudo dos quadrinhos americanos e agora mais recente dos quadrinhos japoneses né mas essa invasão não provocou a desarticulação do quadril Nacional as razões para isso são muitas a primeira delas é a gente poder pensar que existia já antes da invasão um quadrinho Nacional muito forte sobretudo na figura do Ziraldo do Maurício de Sousa mas não só também de outro seja existia uma produção autônoma ou bastante para construir um sistema literário do quadrinho Nacional agora tomou modulando uma uma definição do Antônio Cândido que ele não faria para quadril mas eu estou fazendo aqui é
isso é já existiam autores e uma circulação de livros que permitiu uma certa autonomia para produção de histórias em quadrinhos locais a outra questão que eu vivi de perto por ter amigos que fizeram isso é que muitas vezes é quadrinistas nacionais passam a trabalhar para essas indústrias estrangeiras e tal então ele vira com adenista da Marvel e ao mesmo tempo ele tem uma produção autônoma local também não é incomum que é haja um diálogo muito frequente entre os quadrinistas estrangeiros e Os quadrinistas nacionais né As feiras de quadrinhos São enormes tal aí eu trouxe aqui
três exemplos de brilhantes quadrinhos recentes né é castanha do Pará de Belt Jr confinado do Leandro Assis e da Priscila Oliveira triste de Oliveira e o tungstênio do Marcelo Quintanilha ou seja se você vai até uma livraria e procura histórias em quadrinho nacional para além dessas Produções mais conhecidas você encontra obras de muita qualidade bom no finalzinho do nosso encontro aqui eu queria deixar uma questão para nós pensarmos e pensarmos até a semana que vem né já que essa é a última vídeo aula dessa terceira semana né é a minha pergunta é se vocês acham
que o sucesso da história em quadrinho no Brasil tem a ver com essa questão de analfabetismo e de letramento Isto é de alguma forma muitos de nós começou direto no quadrinho o seu processo de alfabetização e isso claro também tem a ver com o fato de nós conseguirmos ler as imagens né mesmo se for se não soubermos ler as palavras quando a gente pensa nos índices diretamente no Brasil de alfabetização no Brasil esses índios foram muito exageradamente presentes e altos até pelo menos a segunda metade do século 20 né e justamente ou talvez por conta
disso não sei se justamente por conta de mas talvez por conta disso existe uma produção nacional a mesma altura a minha pergunta é um pouco nesse sentido em que medida assim como a canção Popular que nós veremos na semana que vem em que medida o fato de aquilo ser letrado mas também não ser letrado ser também magético você também visual permitiu que as pessoas lessem e se apropriassem né de algo que não precisava ser Alfabetizado para se apropriar essa é uma pergunta mesmo que eu não vou responder se a resposta for sim a gente pode
derivar essa pergunta para bom mas por que que não aconteceu a mesma coisa com o teatro é claro que tem raízes históricas para isso né o teatro viveu enfim o seu embate lá no século XIX sobre teatro série teatro de entretenimento e tal mas a gente também poderia perguntar pelo cinema o que acontece com a história em quadrinhos para ela ter dado Tão certo no Brasil essa é a pergunta certo a ponto de construir uma autonomia para a produção de quadrinho nacional e para muitos de nós ser a porta de entrada das narrativas quando a
pessoa lê um pouquinho ela já pega uma história em quadrinho para ler e isso permite que nós nos apropriamos da história das personagens totons complexos de narrativas cotidianas como é o caso da história da Turma da Mônica por exemplo Ou seja a gente está lidando com matéria cotidiana linguagem coloquial que em geral é o registro dessas histórias em quadrinhos imagens interessantíssimas e mais uma história e mesmo assim é com a possibilidade de fazer isso sem dominar tanto a literatura exaustiva de um livro de um livro Só verbal digamos minha pergunta é um pouco sobre isso
né se uma coisa não tem a ver com a outra ou para usar um termo do Zé Miguel vish se não se trata de um veneno remédio né o sucesso da história em quadrinhos no Brasil bom Espero que tenha feito algum sentido essa linha argumentativa é Esperamos que vocês estejam bem com o curso qualquer dúvida entre em contato com facilitadores facilitadores ou comigo participem dos fóruns e nos vemos na semana que vem agora com os gêneros líricos né falamos dos gêneros épicos prosa teatro história em quadrinho e agora vamos para os gêneros líricos a poesia
e a canção Popular até mais [Música] [Música]
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