Estamos enfrentando uma crise existencial. Diferente de tudo o que o mundo já viu. Precisamos agir.
Todos e todas têm que assumir uma posição. O alerta não é inédito. O mundo enfrenta uma tripla crise planetária de mudança climática, perda da natureza e poluição.
Durante gerações, a humanidade tem, sem perceber, destruído o mundo natural. Em nome do progresso, temos poluído os oceanos da Terra, derrubado as florestas e acinzentado os horizontes. Hoje, a natureza e a nossa própria sobrevivência estão por um fio .
Chegou a hora de intensificar a ação que precisamos tomar a nível nacional. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente foi estabelecido com um objetivo em mente: Unir o mundo para salvar nosso planeta. É evidente que a crise ambiental que o mundo enfrenta mudará profundamente o destino do nosso planeta.
Há cinco décadas, o PNUMA tem usado a ciência e seu mandato para unir o mundo e ajudar as nações a encontrar soluções para ameaças ambientais graves. O que é esta poluição que tanto ouvimos falar? O mar Mediterrâneo está doente.
Está sendo envenenado lentamente, de forma contínua, para quem mais precisa. Os anos 70 revelaram um mundo conturbado por uma crise de poluição sem precedentes. Será que os danos que aparentam ser irreparáveis podem ser revertidos?
O PNUMA inspirou o mundo a agir: impediu vazamentos de petróleo e o descarte de lixo tóxico por navios, uniu 143 Estados costeiros para limitar a poluição dos oceanos e salvar a vida marinha, reduziu a poluição do ar e acabou com o mal das chuvas ácidas. Mas, em breve, o mundo enfrentará seu maior desafio ambiental até então, A destruição da camada de ozônio em escala global não é mais uma teoria. O buraco sobre a Antártica não é mais um fenômeno sazonal isolado.
Se essa fresta continuar a crescer, o planeta estará exposto a níveis letais de radiação ultravioleta, prejudicando a saúde humana, a biodiversidade e o clima. Em 1987, o PNUMA facilitou o Protocolo de Montreal. Mais de 30 países concordaram em eliminar a produção de quase 100 substâncias destruidoras da camada de ozônio.
O Protocolo segue sendo uma das maiores conquistas do multilateralismo. Todas as nações aqui reunidas podem se orgulhar do que alcançamos. Esse sucesso serviu de base para uma série de acordos potentes: limitar a circulação de resíduos tóxicos entre fronteiras, proteger o solo contra químicos perigosos e de longa vida e restringir o comércio internacional de mercúrio.
Mais recentemente, em 2021, O PNUMA concluiu a campanha de duas décadas que livrou o mundo da gasolina com chumbo, salvando cerca de milhões de vidas por ano. Enquanto o mundo enfrentava a poluição e os resíduos, outra crise surgia. Sonhei em ver os grandes rebanhos de animais selvagens, as selvas e as florestas tropicais repletas de pássaros e borboletas, mas me pergunto agora se sequer sobreviverão para que meus filhos os vejam.
A caça furtiva e a perda de habitat estavam levando alguns dos animais mais emblemáticos do mundo à beira da extinção. Movido pela ciência, o PNUMA apoiou uma série de tratados internacionais: limitando e, em alguns casos, proibindo o comércio de espécies ameaçadas, protegendo espécies migratórias, expandindo áreas protegidas, e aumentando o financiamento na proteção da biodiversidade. A decisiva Cúpula da Terra no Brasil introduziu a ideia de desenvolvimento sustentável.
Este é um momento histórico para a mobilização de todas as pessoas no mundo. Nas últimas cinco décadas, o PNUMA ajudou mais de 100 países a garantir o direito a um meio ambiente saudável em suas constituições e produziu estudos científicos para guiar os Estados membros na tomada de decisões. Em 2012, um novo órgão internacional foi estabelecido para fornecer dados científicos sobre a biodiversidade, em um esforço conjunto entre o PNUMA e outras organizações da ONU.
Em 2019, descobriu-se que um milhão de espécies estavam ameaçadas de extinção, ressaltando a urgência de se agir. Cada ação nossa altera a Terra que as gerações futuras herdarão. O mundo vem começando a reconhecer os efeitos do aquecimento global, mas o PNUMA havia começado a alertar há três décadas.
Já em 1988, O PNUMA e a Organização Meteorológica Mundial lançaram o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima. Há mais de 30 anos, o IPCC tem ajudado os Estados membros a enfrentar a mudança climática e ganhou um Prêmio Nobel pelo trabalho. Estudos apoiados pelo PNUMA fomentaram alguns dos acordos climáticos mais importantes do planeta.
Entre eles, um acordo de 1992 que estabeleceu um modelo para a redução das emissões de gases de efeito estufa, seguido pelo Protocolo de Kyoto, e o marco do Acordo de Paris em 2015. Tenho orgulho em anunciar que 175 partes assinaram o Acordo de Paris. O PNUMA também tem mobilizado 450 bancos, seguradoras e corretoras para criar um mundo mais sustentável.
Não queremos mais combustíveis fósseis. Muitas coisas aconteceram nos últimos 50 anos, porém, os próximos dez anos serão fundamentais para a vida neste planeta. Mas, na realidade, o que você, eu e outras pessoas comuns ao redor do mundo podemos fazer, não salvará o mundo natural por si só.
As grandes decisões, os grandes desastres que enfrentamos só podem ser solucionados pelos governos. E é por isso que esta organização é tão importante. Nos últimos 50 anos, vimos que quando o mundo resolve agir, o mundo se une para agir.
Ao lado de Estados membros e parceiros, alcançamos muito, mas agora é o momento de realmente dar um salto pela humanidade e de fazer muito mais e bem mais rápido. E tenho todos os motivos para ter esperança. Como uma organização baseada na ciência, o PNUMA fará tudo ao seu alcance para promover avanços.
Nosso planeta e a humanidade dependem de nós. Em conjunto, nós podemos construir um mundo mais verde, seguro e justo para todos e todas.