Queridos irmãos e irmãs, amigos, nós vamos abrir a palavra de Deus na carta de Paulo aos Efésios, no Capítulo 4, iremos do verso 25 ao verso 29. Efésios, Capítulo 4, de 25 a 29. Estamos dando continuidade à nossa série de mensagens na carta aos Efésios.
Estamos na parte prática da carta e aqui veremos quatro orientações que Paulo dá quanto à vida cristã, com base no que ele ensinou do verso 17 ao 24 sobre a dinâmica da vida cristã. Efésios 4, de 25 a 29: “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros. Iracundai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo.
Aquele que furtava, não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e assim transmita graça aos que ouvem. ” Até aqui a leitura da palavra de Deus.
Que o nosso Deus aplique-a e a sua exposição aos nossos corações nesta noite. Meus irmãos, nos versos anteriores, o apóstolo Paulo explicou à Igreja de Éfeso como funciona a vida cristã. No verso 17, ele diz que nós não devemos mais andar como andávamos antes.
Há um antes e um depois na vida do cristão. O antes se refere à vida antiga, à vida neste mundo, à vida na carne; o depois é a vida em Cristo, vida em santidade. Nós já somos de Cristo, pertencemos à nova realidade que Deus está trazendo em Cristo Jesus e que já foi inaugurada dois mil anos atrás.
Andar segundo os gentios, que Paulo descreve aí do verso 18 até o verso 19, faz parte dessa vida antiga e diz que antes nós éramos, verso 18, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus; éramos ignorantes, nosso coração era duro. No verso 19, éramos insensíveis, dissolutos e, com avidez, cometíamos toda a sorte de impureza. Então, isso é o que caracteriza a vida neste mundo, na carne, sem Deus, nas trevas.
Mas ele diz, no verso 20, que não foi assim que nós aprendemos com Cristo. Em Cristo Jesus, há uma diferença. O evangelho não é somente um conjunto de doutrinas nas quais devemos acreditar, mas ele é também um caminho.
Ele veio para mudar a nossa vida, transformar o nosso caminhar. Cristo introduz essa mudança, que começa no verso 20, e Paulo diz que vocês ouviram e foram instruídos segundo a verdade que é em Jesus. No verso 22, 23 e 24, nesses três versos, Paulo explica como é que funciona na vida prática o cristianismo, e ele usa uma figura que todo mundo entende, que é o trocar de roupa.
Eu até expliquei no domingo passado: começa a figura, você chega em casa cansado, tira a roupa, especialmente, né? No calor que estamos hoje, provavelmente, ela vai estar suada, né? Então, a gente tira a roupa, se renova, toma um banho, se refresca, e aí coloca a roupinha.
Eu disse até que todo mundo faz isso, com exceção dos adolescentes; alguns ficaram com raiva de mim, eu quero pedir desculpas, eu sei que tem exceção. Paulo usa essa figura para explicar a dinâmica da vida cristã. Diariamente, nós nos despojamos da velha natureza, do velho homem, do pecado que habita em nós; nós nos renovamos no nosso entendimento, no espírito do nosso entendimento, e nos vestimos de Cristo.
No verso 24, portanto, são dois passos que todos os dias nós temos que fazer isso: dizer não para a velha natureza, que representa o despir, renovar o entendimento, e dizer sim para Cristo, que é o novo homem. Dois passos. Se nós ficarmos só no negativo, “não, não”, nós vamos cair no legalismo e no moralismo, que são caricaturas do verdadeiro cristianismo.
Se nós ficarmos só no positivo, só Cristo, no sentido de fazer o bem e nunca questionar a antiga natureza, nós vamos cair no antinomianismo, que é uma forma de cristianismo que diz que não temos regra nem lei. Na verdade, são dois passos que temos que tomar. Nós temos que dizer não para o pecado e sim para Deus, todo dia, todo dia, até aquele último dia que vivemos aqui.
E depois de explicar isso, Paulo dá vários exemplos práticos de você dizer não para o pecado e sim para Jesus. Começando do verso 25 que nós lemos até o verso 29, ele dá quatro exemplos do que ele acabou de dizer. É o que nós veremos nesta noite.
Depois, ele dá mais um exemplo com relação a Deus, no verso 30 até o capítulo 5, verso 2, e depois mais quatro exemplos em relação a mim mesmo: como é que funciona no dia a dia esse não para o pecado e sim para Deus. Essa última parte vai do verso 3 até o verso 17, que nós veremos então na sequência. Mas, hoje à noite, eu quero concentrar nesses quatro, vamos chamar de contrastes práticos que o apóstolo Paulo faz e que têm a ver com a nossa vida.
São eles: você já perceberam? O primeiro: parar de mentir e dizer a verdade, não à mentira, sim à verdade – verso 25. Não para mágoa, sim para a ira santa – versos 26 e 27.
Não para o roubo e sim para o trabalho – verso 28. Não para a palavra suja e sim para a palavra que abençoa – verso 29. Então, são esses quatro contrastes práticos que queremos ver nesta noite, na expectativa de que Deus fale ao seu coração, que o Espírito Santo lhe convença do pecado, do juízo e da justiça, e que aponte Cristo a você como sendo Aquele que nos perdoa e nos dá graça para começarmos outra vez.
Eu preciso dizer ainda mais algumas coisas com. . .
Relação a esses contrastes, antes de nós conversarmos, o primeiro deles é que Paulo não está inventando nenhuma ética nova para os cristãos. Praticamente tudo que ele disse aqui já está no Antigo Testamento. Por exemplo, "falar a verdade com seu próximo" no verso 25 está em Zacarias, capítulo 8, verso 10.
Quando ele diz "não furte", nós temos um mandamento que diz "não furtarás". Quando ele diz "não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe", e quando no verso 26 ele diz que nós não devemos nos irar nem dar lugar ao diabo, nada mais é do que o mandamento "não dirás falso testemunho". Então, Paulo não está criando uma ética nova para os cristãos; ele está tomando a lei de Deus e dando a sua interpretação e aplicação à luz de Cristo.
Isso é importante porque muita gente pensa que nós não temos mais nada a ver com a lei de Deus. Tem muitos cristãos que acham que o que nós temos que fazer é amar a Deus e o próximo, mas a pergunta que nós fazemos é a seguinte: como é que você ama o seu próximo? Tem muita gente que acha que a ética do cristão é só o amor.
Tudo bem, mas como é que você ama o seu próximo? Eu vou dizer como é que você ama o seu próximo: você não quer a mulher dele, você vai respeitar o nome dele, você vai respeitar a propriedade dele, você vai respeitar a vida dele. Em outras palavras, os 10 mandamentos devem ser seguidos, mas temos que amar a Deus sobre todas as coisas.
O que significa amar a Deus sobre todas as coisas? Não terás outros deuses diante de mim, não farás para ti imagem esculpida, não tomarás o meu nome em vão. Então, no fim, você sempre volta para os dez mandamentos, porque eles são a expressão da santidade de Deus, quem é Deus e o que Ele quer de nós.
Então, o cristianismo não inventou uma ética nova; apenas nos disse em que poder ou de que maneira nós podemos viver para agradar a Deus. Qual é a diferença? Outra coisa que é importante nós lembrarmos aqui é que, nessa sequência que nós lemos, começamos e que vamos até o final do capítulo 5, essas orientações são dadas primeiramente no contexto da igreja.
Paulo está falando para a igreja, tanto é que no verso 25, quando ele diz "não pare de mentir, diga a verdade", a razão que ele dá é porque somos membros uns dos outros. Mas isso não quer dizer que você é livre para mentir para o descrente, porque algumas religiões dizem que para os de casa você tem uma ética, mas para os de fora é outra coisa. Você não pode roubar, mentir e iludir um irmão, mas quando é com quem não pertence à fraternidade ou a nossa religião, aí você pode tratar do jeito que quiser.
Não. No cristianismo, a verdade é a verdade na igreja e fora dela. A honestidade é honestidade entre irmãos e entre você e o seu sócio, mesmo que não seja cristão.
E nos seus negócios, mesmo que não seja um negócio com alguém que é crente, a honestidade é sempre honestidade, porque a lei de Deus é para todos e a vontade dele é para todos nós. Então, embora o foco principal do que Paulo está dizendo aqui seja para a igreja, isso não significa que se resume aos limites da comunidade cristã, mas extrapola e alcança toda a sociedade. É assim que eu tenho que ser sempre em todo lugar: falando a verdade entre os irmãos e lá no meu trabalho, na minha escola e nos meus relacionamentos.
Outra coisa que eu queria chamar a sua atenção aqui é para o fato de que, a cada vez que Paulo diz assim: "não faça isso, mas faça isso", ele dá um motivo. Isso é muito importante porque Deus não quer que nós obedeçamos sem que nós entendamos o motivo pelo qual temos que fazer determinadas coisas. Ele é tão misericordioso que, mesmo que não precisasse, bastava ele dizer "é assim porque eu quero", porque Ele é Deus e pode fazer o que quiser, mas Ele é tão misericordioso que diz: "não faça isso, faça isso por causa disso", como que querendo nos persuadir, querendo nos convencer de que fazer isso é a melhor coisa.
E aqui a gente vê a grande misericórdia de Deus. Outra coisa que é bom nós lembrarmos aqui é que estas coisas não nos salvam. Nós não vamos fazer isso para sermos salvos.
Quando diz assim "pare de mentir e diga a verdade", eu vou parar de mentir e falar a verdade, não porque eu queira ganhar um lugar no céu ou merecer o perdão de Deus ou receber de Deus algum favor. Não. Eu vou fazer isso porque eu já recebi de Deus algum favor.
Você percebe que no verso 25 ele começa assim: "por isso", ou seja, ele está remetendo a uma razão anterior. E que razão anterior é essa? É o que vem no livro todo, que Deus nos amou antes da fundação do mundo, que Ele nos escolheu para sermos o seu povo, que Ele mandou o seu Filho, Jesus Cristo, para morrer pelos nossos pecados, que Ele nos chamou pelo Espírito Santo, que nos fez parte da sua família.
Por isso, pare de mentir. Essa é a razão. Nós não vamos parar de mentir para ir para o céu.
Nós vamos parar de mentir porque Deus já nos deu o céu gratuitamente. A motivação é a gratidão, não mérito. Eu faço isso porque amo a Deus; sou grato a Deus.
Lutero tinha uma frase que eu gosto de repetir e que muitos conhecem: ele dizia que a lei nos leva a Cristo para justificação, porque a lei diz assim: "todo mentiroso vai para o inferno". A lei. .
. Diz isso: todo mentiroso vai para o inferno. Eu olho para minha vida e digo: tô perdido!
Eu sou um mentiroso, minto desde criança. Não é nenhum homem que não seja mulher que não seja mentiroso; a própria Bíblia diz: "Todo homem é mentiroso. " O homem genérico, homem e mulher, todos.
Então, como é que eu vou fazer? A lei tá dizendo: "Não mentiras, não dirás falso testemunho. " Então Deus diz: a lei está dizendo a você que você precisa de alguém que lhe salve da sua mentira, alguém que lhe perdoe.
E aí a lei me empurra para a cruz; eu vejo Cristo Jesus na cruz, morrendo pela minha mentira, sofrendo o preço da minha disfarça. E creio nele, sou perdoado! Me aproximo dele, me ajoelho e digo: "Mestre, o Senhor perdoou a minha mentira; de que maneira eu posso te agradecer?
" A resposta de Jesus: "Não me tirasse; a lei me leva a Cristo para justificação, e Cristo me manda de volta à lei para gratidão. " Você quer agradar a Deus? Você quer agradecer a Ele que Ele lhe perdoou de todas as suas mentiras?
Não minta mais! É assim que funciona na vida cristã. Você diz não para a mentira, você diz sim para a verdade, por causa de tudo aquilo que Cristo já fez por você, pelo fato de que Deus é quem Ele é e porque Ele nos ama e já nos recebeu.
Creio que agora nós estamos prontos, né? Para dar uma olhadinha nesses quatro contrastes. O primeiro, já mencionei que ele vem na frente: tá aí o verso 25.
Por isso, eu já expliquei: por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros. Nós sabemos que há diversas maneiras de mentir: falsificar a verdade, dizer a verdade em parte, ficar quieto quando a gente devia falar, né? Se omitir, tem várias maneiras da gente mentir; todas elas são condenadas pela palavra de Deus.
Alguns querem dizer que as situações em que prevalece o mal menor, entre você entregar um judeu fugitivo durante a Segunda Guerra Mundial e você dizer a verdade onde ele estava escondido, era preferível mentir para salvar a vida do judeu que estava escondido na sua casa. E eu posso entender essa lógica, mas ainda assim é mentira; ainda assim é mentira! Não deixa de ser; é pecado do mesmo jeito.
Tem uma consequência menor do que a morte, mas é pecado e tem consequência do mesmo jeito. Nunca, nunca vai chegar um momento em que você possa dizer que alguma forma de mentira é justificável e aceita diante de Deus. Sempre é pecado!
Mesmo porque o nosso Deus é o Deus da verdade. Ele é um Deus que ama a retidão. Na Bíblia, a mentira sempre é atribuída ao diabo; inclusive, ele é chamado de pai da mentira.
Então, não tem como justificar que nós contemos uma mentira, vivamos uma mentira, passemos uma mentira adiante, nos protejamos através de mentira, nos desculpemos contando mentira. A palavra de Deus é muito clara. Está escrito: "Não dirás falso testemunho.
" Do jeito que a ordem está construída aqui na língua original, é como se Paulo estivesse dizendo: "Não continuem a mentir. " É o imperativo negativo de uma forma verbal que quer dizer: interrompa a continuidade. E a gente pode entender o motivo.
Esses cristãos de Éfeso eram pagãos, e no paganismo da cultura pagã da sua época, a mentira era uma coisa extremamente comum, era aceita. E eu fico pensando na similaridade com o nosso país. O brasileiro é conhecido pelo jeitinho e eu não me orgulho disso, e eu acho que você também não devia se orgulhar disso.
Mas nós somos conhecidos porque somos um país que dá um jeitinho, né? Nem sempre isso significa seguir a verdade. Olha, eu fui tanto, mas dá um jeitinho aí!
Eu tô apertado, né? Faz aí uma nota, portanto. Comprei o carro por tanto, mas eu não quero pagar tanto imposto; faz, vamos dar um jeito aí.
Então, sempre tem o país do jeitinho. É muito parecido com a cultura pagã do século I, quando Paulo escreveu estas palavras. Então, Paulo nos diz que isso pertence à vida antiga e isso pertence ao modo de viver dos gentios, que a mentira faz parte dessa realidade.
Mas não basta parar de mentir. Lembra dos dois passos, né? Não basta parar de mentir; ele diz aqui: "Fale a verdade.
" Fale cada um a verdade; ele individualiza, né? Cada um, ou seja, não tem exceção: cada um de vocês deve falar a verdade. Talvez parar de mentir seja mais fácil, porque falar a verdade a gente não gosta, né?
Porque às vezes a verdade vai significar um confronto e vai deixar alguém irritado, né? E nós, brasileiros, particularmente, temos muita dificuldade com isso. Faz parte da nossa cultura.
Eu sou casado com uma holandesa, por isso eu posso dizer isso, né? Na Holanda, é diferente! Até o meu sogro, né?
Holandês nato, ele era conhecido por sua natureza claríssima de dizer a verdade. Ele não hesitava em dizer a verdade e sempre tinha seminarista magoado com ele. E ele dizia que ele era holandês, andava de tamanco de madeira e que os dedos dos brasileiros eram muito compridos!
Portanto, em muitas culturas, a franqueza, você ser direto, parece que é resultado até da influência da colonização cristã, protestante, onde isso aconteceu. Mas para nós é muito difícil chegar para alguém e falar a verdade. Por isso, a Bíblia diz que nós temos que falar a verdade, mas diz também que nós devemos fazer isso em amor.
O coração do sábio conhece o tempo e o modo. Nós temos que dizer a verdade, mas saber dizer no tempo certo! Edo modo certo para evitar desnecessários machucões.
Mas ela tem que ser dita, porque, como eu expliquei, a ética cristã não é só você parar de mentir, mas você dizer a verdade, você promover a verdade. Isso vai ajudar as pessoas ao seu redor. Olha a razão que Paulo nos dá para dizer a verdade: nós somos membros uns dos outros, somos irmãos em Cristo.
Então, mesmo que a verdade doa, nós somos irmãos; pode haver perdão, pode haver reconciliação, pode haver entendimento, mas ela tem que ser dita, porque nós somos membros uns dos outros, fazemos parte da mesma família, somos filhos de Deus. Então, quem sabe hoje à noite seja aquele momento em que você precisava tomar uma decisão e consertar uma mentira que você vem contando, uma mentira que você vem vivendo, ou então tomar a decisão de que você precisa contar aquela verdade, dizer aquela verdade para uma determinada pessoa, em um determinado contexto. E a razão que eu quero lhe dar hoje à noite é porque nós somos membros uns dos outros.
Essa pessoa é sua irmã em Cristo Jesus; essa pessoa, sua irmã em Cristo Jesus, foi salva pelo mesmo sangue, tem o mesmo espírito e adora o mesmo Deus. Nós somos membros uns dos outros; nós devemos a verdade entre nós como irmãos. Segunda parte: o segundo contraste que Paulo faz está aí no verso 26 a 27: "Irai-vos e não pequeis".
Então, o contraste é esse, só que aquele começa ao contrário, né? Se a gente for seguir a nossa sequência, ele deveria dizer assim: "Não pequem, mas fiquem irados". A gente fica "puxa, eu não estou entendendo o que é que o Paulo quer dizer", até porque no verso 31 ele diz assim: "Longe de vós toda amargura, cólera e ira".
No verso 30 ele disse para a gente deixar a ira de lado, mas aqui ele disse "irai-vos". Como é que é isso? Porque são dois tipos de ira diferentes.
A ira que Paulo recomenda aqui é contrária ao pecado; é a justa indignação pela afronta feita às coisas de Deus. Ou seja, é aquela ira, é aquele sentimento que queima no meu coração, por exemplo, quando eu vejo o nome de Cristo sendo blasfemado, ou quando uma pessoa está sendo injustiçada, ou quando a verdade está sendo sonegada. Esse é um tempo em que nós precisamos de mais gente irada pelo bom motivo.
A ira que é proibida na Bíblia é aquela ira que é fruto de uma frustração pessoal, em que você se sentiu ofendido, ultrajado. Mas a ira santa não foca em mim; ela foca lá fora. Você já está indignado porque a verdade está sendo torcida, está indignado com a corrupção do meu país, está indignado com a mentira de determinadas pessoas.
Então, há lugar para a ira. O cristão deveria ser uma pessoa que tivesse essa indignação, porque quando falta essa indignação, a gente fica calado, a gente fica passivo, a gente cala a boca, a gente se torna cúmplice, a gente não faz nada. Mas há lugar para uma ira justa na vida do cristão.
Há lugar: "irai-vos" é uma ordem. E quando você não fica irado diante do erro e do pecado, você está desobedecendo, porque significa que você está aceitando. Agora, o que é o contraste?
Então, o que é o contrário? "Irai-vos" é o positivo. Nós temos que nos irar diante das situações em que a verdade está sendo vilipendiada, o erro está prosseguindo, crescendo rampante.
Então, a reação do cristão, como Deus, que Deus é um Deus que se ira porque Ele é santo e justo. Então, à semelhança de Deus, nós devemos nos irar, sentir esse sentimento de justa indignação. O que é o contrário disso?
Porque Paulo diz: "irai-vos e não pequeis". O que seria pecar? Pelo que Paulo está dizendo aqui, significa você deixar que a ira — ela, a ira santa, justa — se transforme em uma outra emoção do tipo assim: rancor, vingança, mágoa, ódio.
É muito fácil isso acontecer, tanto é que ele diz aqui: "não se ponham ao sol sobre a vossa ira". Ou seja, fique irado quando você estiver diante do erro e do pecado, mas não fique por muito tempo, porque, com facilidade, de um dia para o outro, não se ponha o sol sobre a vossa ira. De um dia para o outro, essa emoção que você abrigou pode descambar e virar uma mágoa, um ressentimento ou um ódio, especialmente se isso envolver um relacionamento entre duas pessoas.
Uma pessoa pecou contra você; você pode ficar irado, né? Esse é o sentimento da injustiça que foi feito e praticada. Mas isso não pode passar para o dia seguinte, porque vai virar o quê?
Mágoa, ressentimento, desejo de vingança, afastamento, indiferença. "Não se ponha o sol sobre a vossa ira". E vocês perceberam que Paulo diz em seguida: "não deis lugar ao diabo"?
É significativo isso, porque o diabo vai usar. Quando a mágoa se instala no coração, ela pode ter começado com uma justa indignação. Você está indignado com razão, mas você deixou isso passar da noite para o dia.
Não é? O sol se põe e você continua irado, e aquilo virou um ressentimento, uma mágoa. Aquilo você está dando lugar ao diabo, porque Satanás vai usar cristãos ofendidos, cristãos magoados, cristãos ressentidos, para provocar divisão na igreja, crítica, calúnia, briga, desentendimento, perturbar a paz.
Cristãos ressentidos são presas fáceis do diabo. Não dê lugar ao diabo. Não deixe a justa indignação passar de uma noite para outra.
No dia seguinte, você já vai tratar com aquela serenidade que caracteriza os cristãos. O fruto do Espírito é domínio próprio, e você então vai resolver o assunto com perdão, reconciliação, confronto, conversa, oração conjunta. Mas à medida que você vai deixando aquilo ficar no seu coração, aquilo vai criando instrumento e material que o diabo vai usar; é a munição do diabo.
Cristianismo magoado, e quando. . .
Isso entra no casamento, gente. Você pode ficar com raiva de seu marido. Provavelmente, você tem razão, mas isso não pode virar a noite sem você resolver, mas sem conversar.
Por isso, que a melhor coisa é, toda noite, colocar o dia em ordem. Como foi o dia? Hoje tem alguma coisa?
Eu tenho que lhe pedir perdão por alguma coisa. Ele, querido, você sabe como é. Não pode falar?
Eu não quero ofender você. Diga, a Bíblia está dizendo: não pode passar da noite. Posso falar?
Pode! Não deixa passar da noite para o dia, porque aí você passou, aí aquilo vai ficando no coração. Aí vai juntando com outras coisas e Satanás começa a chegar e dizer: "ele não te ama, ele não dá a mínima para você".
Ó, machucou você e não está nem aí. Você é mesmo! E vai aumentando.
Daqui a pouco, os casais não têm mais nenhuma comunicação, não têm mais prazer em estar juntos e nem sabem mais por que faz tanto tempo que tinha acontecido. "Não ponhas ao sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo.
" O diabo usa crente magoado, ressentido, mágoas de anos para destruir amizades e perturbar pais da igreja. Resolva hoje à noite. Talvez você tenha que fazer uma lista.
"Senhor, eu vou conversar com essa pessoa. Eu vou acertar meu relacionamento com essa pessoa. Eu vou pedir perdão, se preciso for, dizer a verdade em amor.
Mas eu não quero ser um instrumento nas mãos de Satanás para perturbar. Rapaz da igreja, verso 28: você tem o terceiro contraste. Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado.
O negativo é: aquele que furtava não furte mais. Pare de roubar! O roubo era muito aceito, furtos eram muito aceitos na cultura pagã na época do apóstolo Paulo.
E, como eu disse, há muitas semelhanças entre a cultura daquela época e a cultura brasileira, especialmente agora, por causa da situação econômica que pressiona as pessoas. A tentação à desonestidade pode aumentar, porque é fácil ser honesto quando você ganha bem. Quero ver se você é honesto quando tem que tomar determinadas decisões na ponta do lápis e tem que sacrificar alguma coisa.
Então, a época em que estamos vivendo, é uma época em que essa tentação pode ser maior para alguns. Então, aquele que furtava antes de conhecer a Cristo, não furte mais, porque isso não é aceitável diante de Deus. Está escrito: não furtarás!
E esse mandamento continua sendo a expressão da vontade de Deus para nós. E nós sabemos que, da mesma forma que todos nós mentimos, todos nós cometemos pequenos furtos: aquela caixinha de chiclete, aquele lápis que não era seu no colégio, aquela liga de borracha que você tirou quando ninguém estava vendo. Há tantas pequenas transgressões que nós vamos acumulando durante a vida.
Aquele que furtava não furte mais! Mas não basta parar de ser ladrão. Meu irmão, Paulo diz aqui que o oposto de ser ladrão é trabalhar.
É o que ele diz aqui: "antes, trabalhe". Eu sei que falar em trabalho hoje no Brasil também é complicado, que você pode até dizer assim: "pastor, eu quero trabalhar, mas não tem emprego". Eu entendo, mas o furto nunca é opção, nunca!
E nós temos que orar pelo nosso país para que essa situação melhore, sem dúvida nenhuma, para que nós possamos. . .
Olha o que Paulo diz aqui: "trabalhar, fazendo com as mãos o que é bom, para que eu tenha um carro do ano". Certo, não para que eu tenha com que acudir ao. .
. Olha a motivação que Paulo coloca aqui para o trabalho. Ele não está dizendo que não tenho que me preocupar com a minha esposa, com os meus filhos, mas a motivação que ele coloca para que você trabalhe é para que você acuda ao necessitado.
E esse conceito pode mudar nossa vida completamente, especialmente na sociedade em que vivemos, que nós queremos estudar, nós queremos nos formar, ter uma boa profissão, especialmente aquelas que pagam mais, porque o nosso alvo é a casa própria, ter uma família, ter um carro e ter uma boa aposentadoria. Mas será que essa motivação que Deus nos dá para trabalhar tem algum lugar na Bíblia? Sempre o motivo é: "trabalho para que você tenha com quem ajudar os outros".
Essa é a ética cristã do trabalho: é voltada para os outros. A nossa sociedade tem produzido jovens egoístas, centrados em si mesmos, que só pensam na sua carreira e na sua profissão. Mas que tal você dizer assim: "Deus, deixa eu me formar, eu quero o melhor emprego que o Senhor me der, porque eu quero ajudar os pobres e os necessitados"?
Eu quero ganhar muito dinheiro, Deus, mas para ajudar aquelas pessoas que não têm nada. Pode ser que Deus te responda mesmo e que você ganhe muito dinheiro para acudir aos que têm necessidade. Mas o que eu quero que vocês vejam é que a motivação que é colocada aqui é uma motivação elevada: pensar nos outros e não nas nossas próprias necessidades.
A última. . .
o último contraste que Paulo faz aqui está no verso 29: "Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe e, sim, unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, assim transmita graça aos que ouvem. " O negativo: "não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe. " Palavra torpe, no grego, é uma palavra que significa podre, rota e inútil.
Era uma palavra usada para descrever uma fruta podre, que não serve para nada. Mais palavra torpe é uma palavra sem utilidade, nenhuma; algo roto, algo gasto, que não serve mais para coisa nenhuma. Geralmente, se pensa que Paulo está falando aqui de palavrão, não é.
Mas note que o contraste não é com outra coisa senão uma palavra. . .
Que for boa para edificação, então não saia da vossa boca nenhuma palavra tórrida. Pode ser simplesmente o seguinte: não fale mal do seu próximo, não passe adiante uma mentira, uma informação que você não verificou, não diga palavras que transmitem imagens ou ideias que são contrárias à pureza, ou seja, em contraste agora que saia da boca de vocês unicamente a palavra que for boa para edificação, de acordo com a necessidade do seu irmão. Já pensou a diferença que seria se nós consagrássemos a nossa boca para dizer aquilo que edifica e abençoa as pessoas?
Quando chegasse uma palavra torpe para nós, a gente transformaria em outra coisa, a gente não passa adiante como palavra torpe, mas a gente passa palavras que edifiquem os outros. Se nós fizermos isso, com certeza a igreja seria diferente! Veja o final do verso 29, e aqui você tem a razão pela qual Paulo diz que nós não devemos abrir a boca a não ser para transmitir aquilo que edifica, para que assim se transmita graça aos que ouvem.
A gente fala evangélico, fala muito da graça de Deus, evangélico tradicional, né? Somos salvos pela graça, pelo favor e pela misericórdia de Deus. Mas de que maneira a graça é transmitida?
Como é que ela chega para nós? A resposta é: pelas palavras dos irmãos. Você pode ser um instrumento da graça de Deus para alguma pessoa.
Meu irmão, eu sei que você está cansado, eu quero trazer aqui uma palavra de conforto para você. Eu sei que você está se sentindo culpado, eu quero trazer uma palavra aqui de perdão da parte de Deus. Eu sei que você está em dúvida, eu sei que você está chateado.
Vamos ver o que a palavra de Deus diz, eu quero te trazer o encorajamento, e Deus vai usar você para ser um instrumento de graça, favor e misericórdia para as outras pessoas em vez de estar transmitindo aquilo que não é. Eu termino, queridos irmãos, aqui estão quatro situações da vida real, muito comuns, que passam pela nossa vida. Ele as escolheu não sem razão; ele conhece a natureza humana.
Nós podemos nos ver aqui, não é verdade? Se você for honesto, você vai poder se ver aqui: mentira, desonestidade, mágoa, ressentimento, palavras sujas, calúnias. Mas, como eu disse, isso aqui não é colocado como sendo uma condição de mérito para que você seja salvo; isso aqui é colocado como sendo orientação para aquele que já conhece o poder de Cristo e o poder do Evangelho.
Se você de fato é de Deus, se você está unido a Jesus e tem o Espírito Santo, você pode dizer não para mentira, para mágoa, para o furto e para a palavra torpe, e dizer sim para verdade, para o trabalho, para a justiça e tudo aquilo que agrada a Deus. Pelo poder do Espírito Santo, nós podemos fazer isso, e eu queria que nessa noite você tomasse essa decisão e dissesse: "Senhor, com a tua ajuda, unido a Cristo, pelo poder do Espírito Santo, eu quero começar uma vida nova. Eu quero começar um ciclo novo na minha vida.
Eu quero pedir perdão por estas coisas. Eu vou procurar aquelas pessoas que estão implicadas na minha ética errada, que eu machuquei ou de alguma forma prejudiquei com a minha ética mundana, e eu quero começar a viver de fato como cristão para te agradar. " Você não gostaria de fazer isso nessa noite?
Queria convidar você a orar comigo. Eu vou orar nesse instante e, onde você está, eu queria que você consagrasse sua vida, seu coração a Deus, dizendo a Ele: "Senhor, pela tua palavra e pela confiança no teu poder, eu quero ser diferente. Como nós cantamos, eu quero uma vida nova que reflita a santidade do evangelho e o poder da cruz de Cristo.