Transtornos mentais: diagnósticos em questão | Fernando Ramos

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Café Filosófico CPFL
Estamos realmente vivendo uma epidemia de transtornos mentais? Nossa sociedade adoeceu? Pelo enorme ...
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a vida saudável paira sobre nós como ideal supremo queremos ser felizes e para isso é preciso ter saúde mas o que é saúde saúde por milênios foi entendida como equilíbrio harmonia o seu contrário o desequilíbrio seria a doença com as devastações que o mundo sofreu com a segunda guerra mundial a organização mundial de saúde ampliou o conceito de saúde para um estado de completo bem estar físico mental e social e não somente a ausência de uma doença ou enfermidade esta mudança conceitual que implicou em outras mudanças na prática da medicina saúde é um estado de
completo bem-estar em tese qualquer mal estar pode ser tratado pela medicina quando falamos de saúde mental por exemplo hoje existe um funcionário médico que explique classifica como transtorno grande parte do mal está que experimentamos em nossos dias nossos comportamentos e sentimentos estão ali de alguma forma catalogados na medicina hoje parece que para tudo há um remédio controlado pela química nossas emoções tem sido uma prática cada vez mais comum nossa cultura demanda soluções imediatas e parece que espera da ciência a última palavra sobre nossos males emocionais tudo isso resulta na medicalização da vida progredimos ou estamos
transformando em patologias os problemas naturais do dia a dia estamos realmente vivendo uma epidemia de transtornos mentais pelo enorme consumo de medicamentos psiquiátricos parece que sim erros de diagnósticos ou da percepção do que de fato precisa de tratamento medicamentoso o psiquiatra fernando ramos nos ajuda nessas reflexões a partir da definição do conceito positivo da saúde há um deslocamento que é a extensão do conceito de é questão o problema de saúde que deixou de ser alguma coisa circunscrita a ideia claro de doença e passou a se estender para incluir outras possibilidades isso tem a ver com
uma mudança importante na definição de saúde operada pela organização mundial de saúde logo no pós guerra em 1948 né tem aquela famosa nova definição de uma definição positiva da saúde em que saúde não é apenas a ausência de doença mais completo bem estar físico mental e social ela é positiva no sentido de que exatamente não apresenta saúde como negativo da doença portanto a doença deixa de ser o foco e passa se à saúde e ela passa a trabalhar com o conceito tridimensional de saúde não só física mas mental e social e por fim introduz um
elemento tópico na definição que a idéia de completo de bem estar o que é interessante é que quando esse conceito essa definição foi cunhada nos anos final dos anos 40 do século passado o contexto do pós guerra era o controle o contexto que deu nascimento a chamada social democracia e ao ft diz o estado de bem estar social ou seja a intenção dessa definição era responsabilizar o estado por um cuidado integral aos seus cidadãos e não apenas cuidar deles quando estivessem doentes essa era a intenção curiosamente essa definição trazia no seu bojo uma possibilidade que
hoje está sendo claramente explorada pelo novo mundo em que a gente vive que já não é mais o mundo da social democracia não é o fez ser feito mas é o mundo do capitalismo pós industrial e do neoliberalismo onde exatamente a defesa de um estado mínimo não de um estado né capaz de oferecer proteção integral social aos seus cidadãos então a gente pode ir fazendo é extraído corolário dessa definição e pode dizer-se saúde não é apenas a ausência de doença mais completo bem estar físico mental e social então falta de saúde não é apenas presença
de doença mas qualquer mal estar físico mental e social ou seja cada vez mais a gente trata cada vez menos a gente trata doenças e cada vez mais a gente irá tratar mal está seja o que isso significa a gente sai da entrega e integralidade do cuidado dos anos 50 até os anos 70 que foi o auge do estado de bem estar social e entra na américa e mercantilização da saúde que surge a partir dos anos 80 e que surge inclusive no mesmo momento em que também surgem as grandes mudanças nas classificações psiquiatras associação americana
de psiquiatria pública desde 1952 o dsm manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais esse manual se tornou o grande responsável pela propagação de novos diagnósticos sua última versão o dsm 5 foi lançada em 2013 o dsm 3 que foi uma grande virada na maneira de classificar os transtornos mentais no campo da psiquiatria surge exatamente em 1980 e também a década que vê o mundo ser varrido pela chamada onda neoliberal na europa ocidental e nos estados unidos depois que o resto do mundo até essa data o conceito de doença estava basicamente concentrada em duas ideias a
idéia de disfunção ea idéia de desvio disfunção que a gente poderia definir como um conceito descritivo que indica o comprometimento severo ou a perda de capacidade está em alguma função mental já que especificamente aqui está uma disfunção no campo da saúde mental a outra possibilidade em termos de função é perda de função a perda de função também permite uma maior clareza porque a comparar seu termo de comparação é o próprio sujeito como estava antes como ele está hoje então é algo que é muito mais fácil de uma comunidade perceber que não se está mais diante
da mesma pessoa algo se comprometeu no processo o segundo conceito que eu falei desvio já é um conceito mais recente porque nele se introduz um elemento estatístico probabilístico e portanto só ver só surge é do final do século 19 em diante é em geral a gente tem consensos né que dizem o seguinte que são aplicados e vou já dá um exemplo que é desvio é aquilo que numa distribuição normal está para além de dois desvios padrão é um exemplo clássico exemplo da deficiência intelectual é considerando que a inteligência média é de 100 hoje 100 e
o desvio padrão é de 15 pontos considera se que alguém é portador de deficiência intelectual se estiver 100 menos 30 ou seja disse que de 70 para baixo ou seja ter um qi de 70 para baixo é considerado ser um ponto fora da curva é porque 95% das pessoas por definição estão dentro desse intervalo de dois dias padrão para baixo dois desvios padrão para cima a idéia de desvio também goza de um consenso razoável inclusive porque tem esse consenso estatístico é alicerçando a a sua o seu uso é o que por exemplo no caso do
retardo mental isso nunca foi algo muito pressionado apesar de que né é importante frisar isso o desvio diferente da disfunção ele está em continuidade com o normal né apesar de fazer sentido essa é uma separação totalmente é arbitrária e muitos aspectos porque que e 71 de qi não é deficiência intelectual isso traz sim algumas dificuldades na concepção da idéia de desvio mas com certeza embora mais problemática do que a idéia de função ainda é algo que consegue um grau de aceitação razoável o problema vem com o terceiro conceito que esse é de origem bem recente
que é a diferença já não mais a disfunção ou o desvio como possível categoria patológica ou como categoria de ausência de saúde ora diferença a princípio é qualquer afastamento da média ou qualquer afastamento entre membros de uma população como transformar uma diferença considerando que não tem nenhum elemento estatístico nem a gravidade o evidente perda para servir de referência em algo que possa ser considerado do campo amplo do patológico bom o mundo contemporâneo encontrou uma solução que é o conceito de diferença desvantajosa tratável esse é um conceito que eu quero introduzir que é uma diferença de
vantajosa tratados diferença já falei uma variação da norma mas que ainda está no intervalo da normalidade diz vantajosa algo que coloca a pessoa que tem essa diferença numa situação um certo momento do tempo num certo lugar em desvantagem em relação aos demais membros da sua comunidade desvantagem basicamente relação aqui na capacidade de competir com o recurso o dem sejam eles materiais mas também simbólicos mas isso não é suficiente para definir uma patologia daquela possa ser objeto do campo da saúde ela tem que ser tratável que quer dizer tratável modificável de uma maneira considerada favorável por
uma intervenção técnica ou técnico profissional e aí eu queria introduzir um outro um outro conceito que se dá nesse processo onde a gente vem historicamente da disfunção para o desvio para a diferença diz vantajosa que foi a mudança também do modelo organizador do campo da saúde podem continuar criticando o modelo biomédico a gente não se deu conta de que esse modelo biomédico deslizou por um outro modelo que o modelo tecnológico onde não é mais uma concepção da definição do que é a patologia cela biomédico é psicológica de certo é no no campo da prática um
dos resultados é o que funciona se eu tenho algo que é capaz de modificar favoravelmente um certo contexto de de problemas essa disponibilidade de uma tecnologia eficaz é o que passa a definir a organização dos diagnósticos das categorias nas classificações quando você traz por exemplo a questão da oms me parece que esse elemento ele é central para discutir a questão da medicalização do mundo contemporâneo alguém poderia ajuste de dizer no mundo como esse alguém que tem um estado de completo bem-estar biológico psicológico social que é louco teria que ter um nível de mal está mínimo
né e que reflita o estado no mundo o que eu reflito então uma condição humana a dimensão trágica condição a gente não sabe de onde veio e para onde vai a qualquer momento pode perder tudo pode morrer todas as pessoas que a gente mais uma qualquer instante a gente mesmo não sabe para onde vai porque seria o estado a existência de completo bem-estar biológico psicológico se essa ideia o tópico é completamente equivocada de um mundo onde as diferenças tivessem todas abolidas que todo mundo tivesse uma condição de bem estar pleno evidentemente é completamente impossível e
traz exatamente pela sua situação paradoxal improvável problemas derivados dessa colocação como ideal algo que nem sequer funciona como horizonte utópico no sentido de movimentar né de propiciar um movimento de construção mais positivo ela acaba sendo certa maneira paralisantes hoje o além da da expectativa de bem estar completo que hoje ocupa as mentes das pessoas não tem uma outra ideia ou relacionada com a idéia de capacidade máxima de desempenho a gente poderia substituir a frase ali completo bem-estar como capacidade máxima de desempenho social psicológico e biológico né o desempenho né é como medida de sucesso pessoal
profissional tem sido cada vez e tem sobreposto inclusive ao bem estar das pessoas tem sacrificado seu bem estar pelo sucesso no seu desempenho ainda que seja na esperança remota de que vai se traduzir em algum momento no futuro por esse bem estar completo e prefere o são de que de perto ninguém é normal parece que virou norma nomes como tdh toque e bipolaridade circulam sem cerimônia no nosso vocabulário cotidiano podemos encarar como doença qualquer mal está na difícil situação de tratar as muitas formas de mal estar o campo da medicina parece ter encontrado uma saída
com a classificação de doenças mas seus diagnósticos têm gerado muita polêmica é muito freqüente hoje em discussões entre os profissionais de saúde a polarização entre aqueles que defendem uma posição de que o diagnóstico não existe e que o diagnóstico é uma ficção é uma invenção é um constructo social né e que portanto não é legítimo como ferramenta para a prática da saúde e aqueles que geralmente mais do ponto de partida da clínica psiquiátrica e da academia defende o ponto de vista oposto de que é um diagnóstico tem base na realidade têm evidência científica tem consistência
é né tem uma base de estudos de pesquisas bastante abrangente que sustenta a legitimidade ea realidade o diagnóstico e portanto que é uma ferramenta absolutamente legítima para ser utilizada é na prática da saúde a pergunta fica quem tem razão existe uma diferença entre o que se discute no nível mais acadêmico sobre as classificações diagnósticas suas mudanças seus efeitos né as suas consequências e o que acontece de fato na prática a clínica dos diversos profissionais que aplicam utilizam esse diagnóstico não é a mesma coisa estão relacionadas evidentemente mas não é a mesma coisa e não é
a mesma coisa porque porque quando você discute pesquisa estuda a a classificação no contexto controlado da pesquisa empírica você tem condições muito especiais e condições muito especiais que são tão mais especiais na medida em que os diagnósticos psiquiátricos em geral eles não têm critérios independentes para validar o diagnóstico fora os próprios elementos clínicos listados entre os critérios diagnósticos a gente não tem marcadores por exemplo geológicos que podem ser utilizados para confirmar ou não confirmar um diagnóstico por exemplo então o diagnóstico depende essencialmente da aplicação muito rigorosa e muito sistemática daqueles critérios consensuadas pelas classificações psiquiátricas
hora na clínica a gente não tem esse mundo neutro né controlado regulado ea pesquisa requer para produzir resultados replicáveis é confiáveis não é um mundo muito mais sujo vamos dizer assim o primeiro a clientela que chega a o profissional de saúde mental não é aquela clientela selecionada para formar as amostras de pesquisa é uma clientela complexa e muitas comodidades como se diz ocorrências com quadros é que não se enquadram perfeitamente naquelas tipologias e ao e ao mesmo tempo o profissional de saúde ele está sobre um campo de influência de pressões diversos ele tem ele está
submetido constantemente particularmente o médico na influência da indústria né ou falam de maneira mais ampla do chamado complexo médico leal que hoje tem um poder imenso sobre a prática médica e por extensão sobre a prática dos profissionais de saúde em geral e ele sofre uma pressão na ponta da demanda principalmente quem está na prática privada seja direta seja através dos planos de saúde na medida em que hoje cada vez mais hoje os pacientes chegam com demandas já formuladas freqüentemente chegou já com uma hipótese diagnóstica e já com uma demanda medir tratamento geralmente medicamentoso as demandas
por medicamentos ea dificuldade em lidar com o mal está contemporâneo tem frequentado as telas do cinema e da televisão a família mora ainda assim né o profissional se vê uma situação de pressão explícita mas geralmente implícita não está formulada como pressão com mais exerce a função de pressão e os evidentemente influenciar influenciar as suas decisões conscientemente ou não então o que isso é tem mostrado né de uma maneira para quem está na ponta na clínica a gente vê isso mas eu estou trazendo isso porque eu acho que esse é um tema que precisa ser investigado
de uma maneira mais sistemática pela própria pesquisa são o que a gente pode chamar dos falsos positivos já que nossos falso positivos falsos positivos são aqueles que são identificados como positivos mas que na verdade não tem aquela patologia ou aquele problema é identificado não são positivos que foram identificados mas são falsos por que não foram ou não de fato correspondem àquilo que o diagnóstico prevê eu diria que uma parte muito grande das epidemias diagnósticas hoje são muito mais produzidas por esses pacientes para os positivos do que pela extensão do domínio diagnóstico das últimas mudanças embora
claro essas também tem contribuído não é quando exatamente a classificação que é o nosso cai no uso no uso profissional no mundo como ele é que essas epidemias é se instalar o que encontro um clima favorável à medicalização não é um processo é construído o controlado unicamente a partir de um ator social exclusivo evidentemente que a indústria farmacêutica tem seu lugar o complexo médico industrial mas outros atores sociais inclusive os próprios consumidores usuários familiares têm contribuído fortemente do processo medicalização da medida que o processo de realização se tornou de fato um processo fortemente enraizado na
cultura contemporânea ele não está concentrado numa ou noutra pessoa numa outra instância social numa ou noutra instituição ele faz parte do mundo contemporâneo outro aspecto é sempre importante lembrar isso não é muito falado porque hoje frequentemente quando se fala medicalização medicalizado ante é praticamente um palavrão ofensa ea gente tem que entender que esse processo como um todo o processo social cultural ele tem não necessariamente apenas aspectos negativos as situações de medicalização que todos nós aprovaríamos e outros que freqüentemente nós questionamos né é de lembrar também que a medicalização não é um evento recente o evento
recente e por isso nós estamos aqui discutindo é que o campo da saúde mental o campo da psiquiatria que vem ganhando importância crescente no mundo atual é está cada vez mais sofrendo esse processo medicalização que já atingiu o mundo através do restante da medicina tem duas questões da medicalização uma questão profissional corporativa quem tem o poder de construir diagnósticos e aplicar diagnósticos o outro é como é pensada a idéia as referências dos 10 dos diagnósticos exemplos aqui nós deve ser pensado como doenças físicas de base biológica ou como é alterações psicológicas de base psicogênica a
medicalização geralmente tende a ser pensada mas como o primeiro mas isso é apenas uma das dimensões da medicalização a outra independe desse tipo de discussão esta associação tem mais a ver com o fato de que realmente na medicina historicamente na medicina pensada como um todo de fato a visão biológica de o médio é a dominante tanto no presente como foi dominante ao longo da história mas ela não tem essa exclusividade de polêmico o diagnóstico das principais ferramentas utilizadas pela medicina para tratar seus pacientes o tph transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é um exemplo
a discussão se divide entre aqueles que acreditam que esse diagnóstico é válido e aqueles que apontam os erros cometidos por essa categorização aumento crescente de crianças diagnosticadas com tdh e sendo medicado usadas mas será que todos deveriam ser assim enquadradas esse é um gráfico de um trabalho recente onde se estuda uma população de adultos na austrália onde se aplicou uma escala que é uma escala para avaliação dth em adultos escala conhecida desenvolvida pela organização mundial de saúde e essa é a curva de distribuição encontrado a população australiana dos das pontuações nessa escala o ponto de
corte está em torno de 14 pontos e o quadrante entre 14 e 24 seria aquilo que nessa escala equivale a pessoas que mereceriam receber o diagnóstico e teria h existem diversas situações nesse diagnóstico saco de gatos do ph tem crianças que ninguém tem dúvida de que esse nossas dicas são casos graves e que freqüentemente vê que são crianças tanto é biologicamente quanto socialmente muito comprometidas certo diria que esse caso já foi chamado no passado lesão cerebral mínima depois disfunção cerebral mínima após a própria própria introdução do cerebral aí já era essa suposição de algo muito
mais é patológico envolvendo mais profundo é equivale esse grupo que é um grupo relativamente pequeno e que está nessa ordem aí de no máximo 1% da população o amarelo sejam os casos moderados dth que no passado e chamou também entre vários nomes do ip4 hiper cinéticos dps energia e também em geral são crianças cuja índice cuja prevalência não passa também dos 2% ou 3% a gente só queria deixar claro quando a gente está falando tdh hoje nas suas formas de moderadas onde no intermediário do moderado grave a gente entra no campo que certamente a gente
teria muito pouco muito pouco a discutir é porque goza de um consenso razoável de que está diante de uma situação legítima seja por critérios empíricos seja por critérios de consenso social de que são categorias válidas legítimas a serem tratadas ou cuidados o problema é exatamente que diferentemente do retardo mental da deficiência intelectual o conceito será contemplado introduziu a terceira terceiro componente que é em termos de prevalência o dominante a grande maioria das crianças que recebem hoje esse diagnóstico não estão nem no primeiro nem no segundo segmento estão no terceiro e é um segmento que evidentemente
está em continuidade como já estava a perspectiva do desvio da curva com o normal ora uma criança que se localiza em termos de gravidade próximo ao extremo direito já quase na normalidade ela está mais próximo em termos de características de uma criança normal do que a mesma criança que vai receber o diagnóstico que está do outro lado da curva então essa extensão do diagnóstico ela tem trazido alguns paradoxos que é a maior diferença interna categoria do que entra a categoria normalidade do quinta categoria em outras categorias diagnósticas ou seja o que a particularmente problemático hoje
longe da nossa tv h em outro diagnóstico psiquiátrico que têm características parecidas é essa extensão do domínio taesa assim produzida pelas mudanças na forma de classificar e de diagnosticar e que de fato expandir novamente a prevalência neve em alguns lugares já se fala em prevalência de 10 por cento de crianças com th pensado nesse sentido é extenso por mais que seja polêmico a gente ainda está dentro de um campo que tem uma regulação não é um campo militar existe uma classificação é internacional pactuada que no momento oficializa que esse diagnóstico tal como está colocado é
válido é importante a gente é entender isso os falsos positivos já são uma estrada por ação de domínio ou seja já se está entrando numa área que não tem qualquer tipo de respaldo científico legal ou institucional para são a aplicação tem dois tipos de falsos positivos o primeiro tipo 1 é um paciente uma pessoa que recebe o diagnóstico e bh mas na verdade preenche critérios diagnósticos um outro transtorno mental muitas vezes mais grave isso é muito problemático porque se explicar por que isso pode acontecer os sintomas típicos de bh chamada trilha de química e hiperatividade
impulsividade e desatenção não são dos menus específicos no campo da psiquiatria da infância e adolescência a gente pode dizer que praticamente todos os quadros psiquiátricos da infância adolescência apresentam algo na esfera desses três de citrinos moneo portanto o diagnóstico de hiv feito em boa parte pela exclusão também de outras possibilidades diagnósticas o que tem acontecido que eu tenho visto com muita freqüência entre principalmente profissionais mais jovens é uma super especialização hoje no diagnóstico de várias patologias da infância adolescência mais uma das mais preferidas é o próprio dh onde começa a ter profissionais formados com pouca
vivência e experiência das outras situações patológicas da infância é que nem aquela aquela metáfora do jeito que só tinha uma belo e só via prev tudo né se você não tem é em elementos não só teóricos mais de vivência clínica para fazer bons diagnósticos diferenciais você não vai fazê los e mais ainda do que outros profissionais vai estar sujeito às pressões de demanda de influência aqui estão dados na prática então já me me deparei muitas vezes com crianças chegando com esse diagnóstico é na verdade um quadro de ansiedade severos muitas vezes de transtorno obsessivo compulsivo
quadro do espectro do autismo e por aí vai é que não tinha sido identificado e que não estavam sendo tratados da maneira adequada o tipo 2 que é o mais óbvio dos falsos positivos é que ele exatamente que não tem nem preenche critérios diagnósticos e tvh nem preenche critérios diagnósticos para outros transtornos mentais realmente é um indivíduo que apresenta algumas dificuldades algumas algum prejuízo de alguns daqueles componentes crianças mais impossíveis ou crianças um pouco mais atentas ou crianças é mais ativas e pela pressão mais uma vez pela pressão de demanda que muitas vezes já chega
não só das famílias mas das escolas tem sido uma fonte de pressão grande sobre é o campo da saúde seja pública seja privada a carla ferreira psicoterapeuta de crianças e adolescentes e diz que em seu consultório teve um paciente de 13 anos que quis ir ao psiquiatra para tomar ritalina com o objetivo de passar numa prova eo psiquiatra receitou e ela pergunta qual deve ser a nossa atitude diante desse fato olha se como parece pela fala dela e se enquadra naquela situação dos falsos positivos tipo 2 eu acho que isso traz elementos éticos da prática
profissional muito graves né porque se estava claro inclusive psiquiatra que a questão é apenas usar a medicação para favorecer em troca o passado uma povos o supostamente para favorecer o passado na prova que também não é assim né gente tem que considerar a realidade também não é tão simples assim ele está realmente atendendo apenas uma demanda neca se ele está se submetendo a demanda da maneira mais rés-do-chão possível porque não é nem tanto essa que estava me referindo também à frente de formas mais sutis depressão gente até para não cair numa visão moralista do mundo
né dessa questão quer dizer muitos profissionais acabam cedendo e e b e vai assim se conformando com diagnósticos que não tão bem definidos assim por conta de pressões diversas mas infelizmente escapou há ainda situações mais graves como essa geralmente alguns profissionais sem nenhuma ética mesmo né uma maneira mais particular no que diz respeito aos profissionais de saúde precisa rever toda a formação do profissional de saúde particularmente dos médicos e dentro dos médios no caso específico o que a gente está tratando dos psiquiatras para que eles possam ficar menos vulneráveis - frases mais habilitados criticamente para
exercerem com a boa prática que vai em algum momento significa diagnostica alterar a tratar e inclusive com vitalino e outras em outros momentos a resistir a essa pressão pela atividade diz atenção impulsividade são características dth e consequentemente associadas à medicação mas seria o mesmo sintomas de transtorno mental ou simplesmente traços de personalidade no mundo que valoriza a atenção o foco ea especialização quem sai da regra pode ser visto como um problema no entanto é preciso entender o porquê de um tratamento queremos cuidar de um transtorno ou encaixar os indivíduos numa mesma norma o diagnóstico tvh
é positivamente falso a resposta é não se tomarmos o fenômeno né o binômio verdade falsidade como um uma opção do tipo tudo na tudo ou nada né nesse caso a gente tem que considerar que como eu me referi no aspecto descritivo seja disfunção seja o desvio seja as diferenças prejudiciais elas têm é realidade demonstrada que a validade demonstrada de uma categoria descritiva é de que de fato quem está dentro da categoria se diferencia de quem está fora e que portanto ser uma vez definido o indivíduo é membro daquela categoria pode fazer previsões que não estão
incluídas na própria definição da categoria exemplo é uma criança diagnosticada como um quadro de trânsito de défice de atenção leve embora o gênero não seja incluído o diagnótico eu já sei que provavelmente será um menino ou seja então a uma previsibilidade na categoria esses elementos de previsibilidade eles são usados como validadores da categoria qual é o problema e aqui tudo bem e essa muitas vezes é a grande discussão a categoria classificatória é válida mas a validade dela com uma categoria patológica não é derivada apenas essa validação vou dar um exemplo bem interessante nesse sentido em
1973 a associação psiquiátrica americana retirou se é famoso no o homossexualismo da sua classificação até então era uma categoria considerada um transtorno mental e tirou por uma pressão enorme da comunidade gay né hoje lgbt gbt que na época havia ganhado uma força com o movimento social muito grande nos estados unidos que de lá pra cá só aumentou bom o que é interessante seguinte com essa retirada da categoria de homossexuais da classificação psiquiátrica isso não eliminou a categoria com uma categoria descritiva né eliminou a categoria como patológica não só me eliminou com uma saída da classificação
fez parte de um movimento como eu falei dos gays norte americanos por uma afirmação da própria categoria então foi usar a categoria não mais com uma categoria patológica portanto sigmates antes e transformar a mesma categoria numa estratégia de afirmação então uma mesma categoria né que pode ser facilmente validada pode ser usada para diversas finalidades a categoria em si mesmo e validada não automaticamente a torna isso ou aquilo o que vai torná-la isso aquilo é como a sociedade vai se dispor dela transtorno de déficit de de atenção corresponderia a uma multidão do da criança a ser
desenvolvida na criança para ser artista outro para ser filósofo sabe não perfeita trouxe uma questão que hoje é considerada muito muito importante essa discussão não é exatamente na medida em que a sociedade começa a sobrevalorizar certas qualidades né em uma perspectiva competitiva evidentemente significa que outros possíveis qualidades começa a encarar na invisibilidade é o que significa que a gente pode estar de fato é com uma abordagem muito focada por exemplo em alguns algumas habilidades cognitivas como a capacidade de concentração que esteja sendo feito de fato em prejuízo de outras capacidades né tem capacidade que funciona
melhor com menos focalização com mais lateralidade de pensar as profissões hoje dono do capitalismo pode industrial elas não são profissões que requerem nas profissões mais bem remunerados bem entendido não é aquela que todo mundo almeja na competição o mundo contemporâneo exige uma capacidade muito grande atenção agora fica pensando o mundo que valoriza demais atenção será que num mundo que vai se esvaziar de artistas ou de pessoas excessivamente criativos porque tem um pensamento que mais focado e por e com isso consegue encontrar coisas novas não sei mas é uma coisa que ele tem que perguntar uma
garota chegando médico com sua mãe que disse que ela não está indo bem na escola henrique é toda a sua atenção é desfocada têm acessos constantes de agitação após ouvir essas reclamações o médico liga o rádio e sai com a mãe na sala do lado de fora eles observam a menina dançando a música no rádio vendo aquilo o médico encoraja a mãe a levar a menina na escola de dança essa menina é de linda bailarina coreógrafa atriz diretora conhecida hoje por suas produções cats é o fantasma da ópera o que tem acontecido com dylan se
ela tivesse sido medicada então por exemplo tdh mesmo na plataforma sua forma leve pode ser pensado não como uma patologia que pode ser pensado como um simples tipo psicológico porque não extroversão e introversão duas categorias que defendem tipos psicológicos não patologias ou ela pode assim como a hipertensão considerada uma patologia mais uma vulnerabilidade estou definindo um grupo de crianças vulneráveis o que é interessante até porque o conceito vulnerabilidade um conceito mais transacional ele ele inclui o contexto mais do que o conceito de patologia ou seja não saio da categoria mas eu reinterpretam eu ressignificar a
categoria essa é uma discussão mais rica do que ficar nessa posição diagnóstico existe não existe a gente precisa né é um pouco a mensagem quero deixar aqui ampliar mais sofisticado mais esse debate pra gente poder avançar em alguma direção onde a outra pergunta tvh é falsamente positivo não sempre não leva porque em muitas situações ele inclusive ganha consenso grande mas infelizmente cada vez com mais freqüência a gente tem é enfrentado essas situações de crianças é diagnosticada sem ter ocupado o que tem contribuído muito por é pra essas epidemias diagnósticos o diagnóstico mesmo naquela categoria da
diferença diz vantajosa tratável não é para ser jogado fora isso é uma culpa a gente problematiza algo não significa que o projeto sae tem que pegar aquilo e jogar fora a gente tem que tomar aquilo e olhar de perto né e discutir e avaliar né e avaliar se a maneira como está sendo usado é a forma melhor não tenho dúvida de que essas crianças existem elas estão aí elas não têm dificuldades reais elas estão sendo discriminados porque exatamente elas estão num mundo que exclui o que elas têm de fato naquela curva de variação menos do
que eventualmente a média de capacidade de concentração por exemplo mas sempre existiu no mundo como falei a variação é uma condição humana as pessoas não vão ter sempre a mesma capacidade de atenção a mesma capacidade de controle dos impulsos o mesmo grau de atividade não existe um conceito muito antigo que é o temperamento nec exatamente trabalha isso tipos temperamentais as pessoas já nascem né formatadas um pouco diferentes com tendências diferentes agora o fato que em algum momento pode né o diversos fatores começar a gerar prejuízo ou desvantagens e que isso possa justificar um cuidado né
é importante que cuidar não é necessariamente igual ou restrito a tratar no sentido técnico significa fazer daquela questão alvo de atenção o diagnóstico do tvh tem sido alvo de muito questionamento não seria a hiperatividade em temperamento a impulsividade entrar de personalidade atenção mais focada um tipo psicológico que povoa o mundo de artistas filósofos escritores há muita discussão em torno da verdade ou falsidade dos diagnósticos o debate continua as classificações ajuda o tratamento ou nos impede de enxergar a complexidade dos indivíduos medicalização fora de controle vivemos uma epidemia de transtornos mentais esta série você encontra no
nosso site visite no facebook a página da cpfl cultura de que maneira psiquiatria e psicanálise podem ajudar o paciente e seus familiares a lidar ou deixar de superestimar essa ideia de fracasso depois que chegam os pais no meu consultório e deslanche aquela lista de queixas aí eu pergunto pra eles o que seu filho tem de legal eles levam quase um susto uma pergunta a atitude do profissional de saúde primeiro tem que ser sempre no sentido de apostar na saúde daquela pessoa
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