[Música] Muito boa noite, meus caros! Sejam bem-vindos à nossa conversa de sexta-feira à noite. Sexta-feira, às 21 horas, é dia, né, do nosso encontro marcado aqui no canal, e é tempo que a gente reserva para falar a respeito da fé, para falar um pouco a respeito de história e cultura. Então, no dia de hoje, o nosso tema é o Império do Brasil. Nós todos sabemos que o Brasil, durante um certo período de tempo, foi a única monarquia das Américas a existir por mais tempo. O México teve uma experiência monárquica que durou pouquíssimo tempo, né?
Durou coisa ali de 2 anos, e depois a monarquia mexicana já teve fim. Aqui no Brasil, a monarquia foi mais duradora; ela começa em 1822 com a independência do Brasil e durará até 1889. Então, a gente vai falar um pouco desse período histórico aqui do Brasil, vamos falar um pouco a respeito da lei brasileira nessa época, né? As grandes diferenças... Nós, às vezes, como brasileiros, não temos ideia do que o Brasil já foi. Nós olhamos para o Brasil de hoje e, às vezes, nos desanimamos, nos desmotivamos, mas a gente se esquece daquilo que o Brasil
já foi, da grandeza que o Brasil já teve. E essa grandeza do passado pode iluminar o presente, pode nos animar, pode nos incentivar a perceber que tem jeito. As coisas podem funcionar de uma maneira diferente. E, ao mesmo tempo, existem também erros lá no passado, né? Na monarquia, nós tivemos muitos erros: erros políticos, erros estratégicos. Isso também ajuda a iluminar o nosso tempo presente, né? Então, como Sêneca, o grande orador romano, dizia: "A história é mestre da vida". Então, a história tem muito a nos ensinar, tem muito a ensinar à nossa própria vida. A história
é mestre da vida! Então, vamos, na noite de hoje, falar um pouquinho a respeito do Brasil Império. Quem tá chegando, seja aí muito bem-vindo, muito bem-vinda! Nessa semana, né, quem acompanhou aqui o trabalho do canal na segunda, na terça e na quarta-feira, nós tivemos um evento, a Jornada da História da Igreja no Brasil. Foi um sucesso, graças a Deus! Muita gente participando no primeiro dia, né? 10.000 pessoas participaram da nossa live sobre a história da igreja no Brasil. Nos outros dias também, muitas pessoas, né? 700 pessoas no segundo dia, e chegamos a bater mais ou
menos essa mesma média no terceiro dia, falando um pouco sobre a importância de se estudar, de se conhecer a história da igreja no Brasil. E a história da igreja se confunde com a própria história do Brasil; não dá para separar uma coisa da outra, né? Então, foi uma semana bastante intensa, né? Segunda, terça e quarta, falando de história da igreja no Brasil. Ontem, quinta-feira, eu tive a live com o Padre Francisco Amaral, falando sobre Santa Helena Guerra. A live está salva lá no canal do Padre Francisco Amaral. E hoje estou aqui com vocês para a
gente falar um pouco sobre a história do Brasil Império. No fim do ano passado, eu falei um pouquinho sobre Brasil Império quando nós falamos do Brasil República, a proclamação da república. Mas vamos hoje ter aqui um panorama da história do Brasil Império e da lei do Brasil Império. Para isso, eu trouxe aqui até uma obra que, aqui ó, dá para vocês verem melhor: a Constituição do Império do Brasil. Esta obra fala sobre a lei brasileira na época do Brasil Império. A gente vai conversar um pouco sobre isso; vocês vão ver como é diferente, né, como
as leis no Brasil mudaram. E, infelizmente, não mudaram para melhor como poderia ser, né? Então, muita coisa na lei brasileira foi um retrocesso; muita coisa que a gente vive hoje, que a gente faz hoje, foi um retrocesso. Na época do Império, estávamos mais avançados e, infelizmente, regredimos em alguns pontos, né? Mas enfim, vamos entender então como o Brasil se constituiu como uma monarquia, um império, né? Bom, a gente não pode esquecer da nossa origem. Qual é a origem do Brasil? O Brasil era um conglomerado de povos indígenas que habitavam regiões diferentes, e o Brasil tinha
uma porção de regiões que simplesmente não eram ocupadas, eram vazias, cheias de mato e de bicho, né? Não tinha nem povos indígenas habitando alguns desses territórios. Muitos dos povos indígenas que habitaram o Brasil tinham também uma organização semelhante à monarquia, então, por exemplo, os índios Tupinambás, eles tinham um soberano, e esse soberano, ele dava ordens e era prontamente obedecido por todo mundo. Era como se fosse um rei absolutista, um rei que governa sozinho, dá ordens e é acatado por todo mundo. Então, entre os Tupinambás, isso existia. Entre outros povos indígenas, havia também algumas estruturas muito
semelhantes à monarquia, né? Então, assim era o Brasil. Aí chegam os portugueses. Quando os portugueses chegam aqui, eles se organizavam de que maneira? Como uma monarquia. E Portugal tem uma característica muito diferente das outras monarquias europeias. As outras monarquias europeias eram monarquias que se formaram mediante muitas lutas, muita desunião, muita briga interna. Portugal foi totalmente diferente; a nação portuguesa já nasceu unificada. Dom Afonso Henriques, quando proclama a independência do Condado Portucalense, que vai se tornar Portugal, não era um território independente; nem sempre foi. Somente a partir do ano de 1139 é que Portugal se torna
um reino, o Reino de Portugal. E Dom Afonso Henriques foi aclamado pelas tropas; ele era filho do Conde da Borgonha e foi aclamado como rei de Portugal. Aceitou essa aclamação, foi coroado e, como ele foi aclamado pelas tropas, aceito pelo exército e era amado pelo povo, não houve disputa interna por poder em Portugal. Então, Portugal era um território diminuto, pequenininho... continua sendo, mas era um território pequeno. Porém, um território que tinha um monarca, e este monarca governava sozinho; ele governava de forma única, né, homogênea. Ali, todo o território tinha os seus ministros e tudo mais.
Então, enquanto a Espanha, por exemplo, estava se batendo ali com guerras internas — porque a Espanha, né, o que hoje é a Espanha moderna, nessa época da Idade Média, eram quatro territórios independentes entre si — eram os reinos de Castela, Leão, Navarra e Aragão. Então, a Espanha teve muitos problemas internos, e esses problemas só foram resolvidos com o casamento do Rei Fernando e da Rainha Isabel, isso no fim do século XV. O Rei Fernando e a Rainha Isabel faleceram no início do século XVI; foram os Reis Católicos da Espanha. Eles é que acabaram com essas
brigas internas ali na Espanha. Agora, isso que acontecia ali na Espanha não acontecia em Portugal. Portugal era uma monarquia unificada; isso explica por que Portugal teve uma facilidade maior para se organizar e dominar o mar, navegar, investir nas grandes navegações, porque Portugal tinha tempo e tinha dinheiro para isso. Portugal não estava se ocupando com disputas internas, enquanto a Espanha estava e outros países também estavam, mas Portugal não. Então, Portugal sempre foi uma monarquia unificada e uma monarquia muito obediente, muito unida a quem? Ao Papa, a Roma, à Igreja. Então, é uma monarquia católica, uma monarquia
que foi elogiada várias vezes pela Santa Sé pela sua fidelidade à Igreja. Então, é essa monarquia que era politicamente unificada, organizada e extremamente católica, marcadamente católica, que vai cruzar o oceano e chegar aqui. Então, qual era a organização que esses portugueses conheciam? A monarquia. E, naturalmente, quando o Brasil é descoberto e começa a ser ocupado, o Brasil se torna uma extensão da monarquia portuguesa aqui, né, do lado de cá do Oceano Atlântico. Então, na cabeça dos brasileiros, qual é o sistema de governo que vai vigorar, né? E será aceito pela população? A monarquia. Então, durante
anos, os brasileiros reconhecerão no Rei de Portugal o seu rei, certo? Foram 322 anos de união entre Brasil e Portugal. Muito bem, o tempo foi passando, e no começo do século XIX, a geografia da Europa começou a mudar. Por quê? A Europa foi sacudida por um furacão chamado Napoleão Bonaparte. Napoleão era um general do exército francês, extremamente hábil, inteligentíssimo; era um manipulador nato, um orador apaixonante. Naquilo que ele falava, era convincente nos seus gestos. Então, é Napoleão que vai começar a fazer o quê? Vai começar a dominar os territórios europeus. Primeiro, ele vai dominar a
França, vai se tornar cônsul, depois se tornará Imperador e, depois, começará a invadir os territórios europeus, prendendo reis, destronando reis e colocando seus irmãos e irmãs para governar os países europeus. E qualquer pessoa que cruzasse o caminho de Napoleão, ele tentava passar por cima, é o que ele fará até mesmo com o Papa. Napoleão tinha uma pretensão de que seus irmãos e irmãs e sobrinhos também se casassem com membros das famílias reais europeias, para dar legitimidade aos tronos ocupados por eles. Então, Napoleão colocava lá uma irmã dele para ocupar um trono, um ducado. O que
ele queria fazer? Ele queria casar essa irmã com algum nobre, para que os sobrinhos gerados dessa união tivessem sangue nobre e assim justificasse a permanência dos seus familiares nos tronos europeus. E, no meio dessa história, Napoleão queria que o Papa anulasse, o Papa Pio VI, anulasse o casamento do seu irmão Jerônimo Bonaparte, e o Papa Pio VI se recusou. Era um casamento válido. E por que se queria anular esse casamento? Porque a mulher era plebéia, uma mulher do povo. E Napoleão, pela sua pretensão política, queria o quê? Casar o irmão com uma mulher da nobreza.
Ele tenta dobrar o Papa, ameaçando o Papa, ameaçando a Igreja. O Papa Pio VI não se dobra. O Papa Pio VI dirá que não, ele não tinha poder para anular um casamento que era válido. Aliás, a Igreja só declara nulidade; a Igreja não anula absolutamente nada. A Igreja só constata que, quando não houve casamento... Agora, se houve casamento, ou até que não se prove, e não se tem uma sentença dizendo que não houve casamento, presume-se pela validade do casamento. É o que o Papa fez e disse a Napoleão: “Eu não vou anular o casamento.” O
que Napoleão faz? Invade Roma. Bota abaixo, a tiro de canhão, mais de 30 igrejas de Roma. Trinta igrejas vêm abaixo, muitas dessas igrejas, igrejas históricas importantíssimas. Entre essas igrejas, a Igreja de São Mateus, que fica entre a Basílica do Latrão e a Basílica de Santa Maria Maior. Nesta Igreja de São Mateus, guarda-se o ícone milagroso do Perpétuo Socorro. Os agostinianos tiveram de esconder esse ícone. Anos depois, os redentoristas compraram esse terreno onde estavam as ruínas da Igreja de São Mateus e ergueram a Igreja de Santo Afonso. Para lá, o ícone de Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro foi reconduzido, mas isso é uma consequência de Napoleão, da invasão de Napoleão. Napoleão invadiu os arquivos do Vaticano, levou caixas e mais caixas de manuscritos, obras de arte; Roma foi saqueada. Napoleão nomeou o filho dele, também chamado de Napoleão, que tinha 20 anos, como o príncipe soberano de Roma; era Napoleão I. Então, as invasões napoleônicas foram uma loucura que bagunçaram o mapa europeu. Napoleão começou a passar por cima de todo mundo que pudesse representar algum tipo de empecilho para ele. E, no meio desse caminho, ele se deparou com a Inglaterra, que era uma grande
potência militar. Napoleão descobriu que a Inglaterra estava ajudando nações atacadas por Napoleão, mandando armamento, mandando soldados, oferecendo treinamento militar, porque a Inglaterra percebeu o dano — inclusive o dano econômico — que essas invasões causavam. Quando Napoleão descobre isso, ele declara guerra à Inglaterra e vai... Pra guerra na famosíssima Batalha de Trafalgar. Essa Batalha de Trafalgar tem esse nome porque aconteceu ali, né, perto da cidade de Trafalgar, na Espanha. A Marinha napoleônica veio; a Marinha inglesa os cercou e destroçou. Então, Napoleão teve uma derrota retumbante: ele perde da Inglaterra. Quando ele é perguntado pelos jornalistas, né,
a respeito do que ele pensava disso, Napoleão vai dizer assim: "Na verdade, essa guerra foi só para delimitar quem é bom em quê." Então, essa guerra demonstrou que a Inglaterra é a senhora dos mares, mas a França é a rainha das terras. Então, ele não reconhecia a derrota; ele queria sair por cima ainda, né, e não se dobrava diante da derrota que ele havia sofrido, dizendo que foi apenas uma guerra para delimitar o campo de cada um. Percebendo que ele não poderia vencer militarmente a Inglaterra, ele faz um plano: "Vamos vencer economicamente a Inglaterra." E
aí, então, quando ele pensa em vencer economicamente a Inglaterra, ele bola o chamado bloqueio. Bloqueio Continental. O que era o Bloqueio Continental? Era um acordo onde todas as nações consideradas amigas da França — e muitas nações eram amigas da França por conveniência, né, por medo — para que não fossem atacadas também por Napoleão. Então, essas nações deveriam assinar um acordo com a França, e esse acordo era muito simples: consistia em não comprar e não vender nenhum tipo de produto para a Inglaterra. A ideia era desidratar a economia da Inglaterra; se nenhum produto entra e nada
consegue sair, a economia vai entrando em colapso. E, na medida em que essa economia vai entrando em colapso, o governo da Inglaterra teria de fazer uma opção de investir o seu dinheiro naquilo que era essencial — e o que é mais essencial para um governo? A vida do povo. Então, o que Napoleão pensou? "É uma questão de tempo, a Inglaterra vai desidratar, ela vai se enfraquecer, aí eu posso invadir." Acontece que, nesse acordo do Bloqueio Continental, algumas nações assinaram esse acordo, mas algumas nações dependiam economicamente da Inglaterra. Um exemplo disso eram Portugal, depois a Espanha
e a Rússia. Essas três nações dependiam quase que completamente da Inglaterra. Por quê? Porque não eram nações industrializadas, e boa parte dos produtos industrializados que essas nações consumiam vinha da Inglaterra. Então, mal Napoleão virou as costas, essas nações continuaram comprando da Inglaterra e resolveram pagar para ver quanto tempo levaria, né? Quanto tempo eles levariam para perceber isso... Pode ser que não descobrisse, mas o fato é que Napoleão descobriu rapidamente. A primeira nação a ser descoberta foi a Espanha. A Espanha foi invadida, o rei Carlos I foi preso e José Bonaparte foi coroado como rei da
Espanha, um rei legítimo, mas um rei que era odiado pelo povo espanhol, francês e alheio aos costumes e à fé dos espanhóis. Ele foi odiado e hostilizado pelos espanhóis, né, e com razão. Depois, em seguida, a nação que foi descoberta na sua burla, né, estava burlando o acordo do Bloqueio Continental, foi a Rússia. Só que a Rússia estava muito distante; é um território muito grande. Então, Napoleão prometeu revidar, prometeu uma represália à Rússia, mas não disse quando. Ele demoraria alguns anos para colocar isso em prática. E, quando ele resolveu colocar em prática, ele se deu
mal, porque invadiu a Rússia no inverno; foi com 500.000 soldados para a Rússia e voltou com 30.000. Ele matou 470.000 homens, né, por essa imprudência de invadir a Rússia no inverno. Fora que os russos também usavam a tática da terra arrasada. Os russos, quando iam sofrer uma invasão contra a qual não podiam lutar por muito tempo, não podiam resistir, era o caso da França, que tinha um exército muito bem treinado e bem equipado. O que os russos faziam? Terra arrasada! Eles queimavam plantações, depredavam as próprias casas, destruíam tudo que tinha pelo caminho. E, ao fazer
isso, né, eles tinham a intenção de não dar abrigo ao inimigo. Os russos, acostumados ao frio, o que eles faziam nessas situações? Subiam para as montanhas geladas; eles sobreviviam bem. E, nas suas cidades, eles queimavam casas, queimavam plantações. Às vezes, eles preferiam sacrificar os próprios animais. Não raras vezes, eles matavam animais e jogavam dentro dos poços para que a carne apodrecesse e infectasse a água, para não deixar nem água para os inimigos, quando estes invadissem o seu território. Foi o que aconteceu com Napoleão quando ele invadiu a Rússia. Foi esse cenário que ele encontrou. Napoleão
foi avançando, avançando, e o inverno foi avançando junto. Quando ele resolveu recuar, era tarde demais; suas tropas foram morrendo no meio do caminho. Aí, de novo, Napoleão não dirá que foi uma derrota dele; ele dizia que quem o venceu foi o General Inverno e não o czar da Rússia, o Imperador Russo. Muito bem! E aí, então, Napoleão invade a Espanha, promete uma retaliação à Rússia e depois descobre que Portugal também havia burlado o Bloqueio Continental. Portugal, nessa altura, começo do século XIX, já era uma nação que era comandada pelo Regente, não mais pela rainha, mas
pelo Regente, né. Por quê? A rainha Dona Maria I, né, rainha de Portugal, Dona Maria I, que era chamada pelos portugueses de Dona Maria Pia, Dona Maria Piedosa, uma mulher de grande piedade e devoção. Inclusive, Dona Maria I consagrou Portugal ao Sagrado Coração de Jesus. É interessante que, quando ela fez essa consagração, o Brasil ainda pertencia a Portugal, então esta consagração também abarcou o Brasil. O Brasil já era consagrado a Nossa Senhora da Conceição desde 1640, quando o Rei de Portugal consagrou todo o reino, e depois Dona Maria I consagrou o reino ao Sagrado Coração
de Jesus. Agora, por que Dona Maria fez isso, né? Dona Maria tinha parentesco com... Os reis da França, Luís XVI e Maria Antonieta, que foram brutalmente e barbaramente processados e assassinados na Revolução Francesa, tiveram morte considerada uma barbaridade. A morte de Luís XVI e Maria Antonieta foi uma coisa absurda. O rei e a rainha foram presos em celas separadas; os filhos ficaram com a rainha, e o filho mais velho foi separado. Luís XVI foi transferido para outra cela, onde foi maltratado e enviado para um julgamento absurdo, onde ele não pôde se defender das acusações que
sofria. Então, Luís XVI recebeu a sua sentença capital e a pena de morte. Nessa sentença, ele pediu um tempo para se despedir da família; deram-lhe meia hora para que ele pudesse ver a esposa e os filhos. Ele teve tempo apenas de abraçar a esposa e os filhos e rezar junto com eles. Em seguida, foi levado e guilhotinado em praça pública, tendo sua cabeça exposta como troféu pelos revolucionários. Depois, as pessoas fiéis ao rei pagaram o resgate pelo seu corpo. O corpo de Luís XV foi sepultado em local oculto, para que não houvesse profanação ainda maior
do corpo, pois a profanação já havia ocorrido. Então, ele foi sepultado em local secreto até que as coisas melhorassem e pudessem sepultar dignamente o antigo Rei da França. Alguns meses depois, Luís XVI foi guilhotinado no dia 21 de janeiro de 1793. Em setembro daquele mesmo ano, seria a vez de Maria Antonieta, num processo ridículo, onde fizeram acusações absurdas contra ela, incluindo a de incesto, de que ela teria abusado sexualmente do próprio filho. Quando isso foi falado, Maria Antonieta se defendeu no tribunal e disse: "Eu apelo ao sentimento das mulheres que aqui estão, das mães que
aqui estão. Como vocês têm coragem de me atribuir uma hediondez dessa, de abusar do meu próprio filho? Eu que nada mais fiz do que me dedicar a esses filhos." Na medida em que começou a discursar, mulheres que estavam assistindo ao julgamento começaram a se sensibilizar com sua defesa. Os juízes, percebendo que poderiam perder o controle da situação, o que fizeram? Apressaram o julgamento, atropelaram o rito e decretaram a morte de Maria Antonieta. Ela foi carregada, amarrada e virada de costas numa carroça, foi cuspida e xingada enquanto era levada ao cadafalso, mas não perdeu por um
instante a sua pose de rainha e sua dignidade. Durante o julgamento, um dos advogados, um dos promotores, disse a ela: "O que a senhora faria se voltasse ao trono?" Ela respondeu: "Eu não tenho necessidade de voltar para o lugar onde eu já estava e onde era meu direito estar." Ela foi muito perspicaz e rápida nas suas respostas. Ela tinha 37 anos, era rainha da França, mãe de muitos filhos, e foi morta assim. Depois da morte de Maria Antonieta e de Luís XVI, Luís XVII, que era o filho, o menino mais velho, foi colocado numa prisão
e emparedado. Eles ergueram uma parede na janela da cela e outra na porta, deixando apenas um buraco por onde passava a comida. Esse menino ficou encarcerado num lugar escuro, entre suas próprias fezes, urina, e baratas, recebendo comida apenas uma vez por dia. Quando a Revolução Francesa estava chegando ao fim, arrebentaram a parede onde estava Luís XVII para tentar resgatá-lo. O príncipe estava cadavérico, com cabelo desgrenhado, sarna pelo corpo todo e infestado de piolhos. Ele durou apenas alguns dias e veio a falecer. As duas irmãzinhas dele foram amarradas na prisão e esquecidas, morrendo de inanição. Quando
a notícia desses horrores chegou aos ouvidos de Dona Maria, a rainha de Portugal, ela começou a ter surtos nervosos. Se fosse hoje em dia, imagino que seria algo semelhante a uma crise de pânico. Dona Maria I começou a ser chamada pejorativamente de Dona Maria Louca, mas não era uma loucura total e completa. Ela tinha surtos que a deixavam muito ansiosa e, às vezes, com certa fobia e pânico de pessoas. Por exemplo, no Palácio de Mafra, logo depois que ela teve a notícia dos horrores que aconteceram na Revolução Francesa — e sim, foi no Palácio de
Mafra — ela estava numa cerimônia, e muitas pessoas chegaram para cumprimentá-la. Até então, tudo bem; as pessoas estavam se aproximando da rainha, sem problema. Num dado momento, porém, ela foi tomada de pânico por conta da quantidade de pessoas; até então, não havia problema nenhum. Aí foi preciso que ela fosse retirada dali. Então, a nobreza de Portugal, os ministros e o próprio filho e herdeiro do trono, o príncipe Dom João, começaram a perceber que Dona Maria já não estava em condições de governar. Portanto, não se tratou de uma loucura total e completa, como às vezes pintam
desgraçadamente, principalmente aqui no Brasil. Em Portugal, menos, mas no Brasil você tem uma tendência, em filmes, novelas e programas de televisão, a explorar essa questão dos surtos de Dona Maria, como se ela fosse completamente louca e incapaz, o que é uma injustiça com a rainha Dona Maria I. Essa mulher, que era muito admirada pelos seus súditos, foi perdendo a capacidade de governar. Quem deveria assumir a regência do reino? O príncipe Dom João. Dom João era um homem de natureza muito pacífica, extremamente inteligente, gostava muito de ler, rezar e comer. Era uma pessoa que tinha uma
cultura muito ampla, uma conversa agradável e era próxima das pessoas. Tinha uma facilidade grande de lidar com as pessoas e, também, infelizmente, pelo menos aqui no Brasil, os filmes, as novelas, até os livros mostram Dom João como sendo um homem tímido, fraco, pusilânime, indeciso e até um tanto quanto tonto, bobo, o que também é uma injustiça. O próprio Napoleão Bonaparte, Napoleão que era extremamente articulado, inteligente, no fim da sua vida, quando lhe perguntaram se ele tinha alguma mágoa, o que Napoleão dirá? Eu tenho a mágoa de ter sido enganado pelo idiota do Bragança. Quem era
o idiota do Bragança? Dom João. O próprio Napoleão dirá: o único que me enganou foi Dom João. Todos os reis europeus que Napoleão quis cercar, atacar, destronar foram pegos por Napoleão. Dom João Napoleão não conseguiu pegar. Então, Dom João era muito mais inteligente do que, às vezes, os nossos livros, os nossos filmes imaginam. Era um político esperto. Ele entendia muito bem o jogo político e, por ter um temperamento muito pacífico, muito tranquilo, Dom João conseguia transitar muito bem no campo político. Eu tenho aqui, isso aí é assunto para outro dia. Eu tenho aqui comigo, depois,
em uma outra oportunidade, a gente explora isso. Eu tenho a oração fúnebre, o sermão da missa do enterro de Dom João VI. Eu tenho impresso de Lisboa. Isso aí veio parar de Lisboa aqui no Brasil. O sermão da missa eu tenho original, eu comprei num cebo aqui no Brasil, a oração fúnebre de Dom João e é muito interessante o perfil que o padre, o pregador ali da oração fúnebre, traçou de Dom João. Ali nós temos uma fonte histórica que traça um perfil justo, um perfil verdadeiro de Dom João. Eu tenho também a oração fúnebre de
Dona Maria. Dona Maria I morreu no Rio de Janeiro, já foi aqui no Brasil, ela foi sepultada aqui. Depois, os restos foram levados para Portugal. O túmulo de Dona Maria existe ainda lá no Rio de Janeiro, na cripta da Igreja de Santo Antônio, no Largo da Carioca. No Rio tem lá o antigo túmulo de Dona Maria, que está vazio, né, porque os restos de Dona Maria estão em Portugal. Mas é bastante interessante a oração fúnebre dela, que traça também um perfil muito diferente dessas caricaturas que, às vezes, a gente vê dos personagens históricos. E aí,
quando Napoleão ameaça invadir Portugal, Dom João vai fazendo uma série de manobras políticas muito bem feitas e muito bem pensadas. Então, a primeira coisa que Dom João vai fazer é pedir ajuda da Inglaterra, afinal de contas, foi pela amizade e pelo não rompimento das relações comerciais entre Portugal e Inglaterra que agora Portugal estava pagando com uma possível invasão de Napoleão. Então, Dom João negocia uma ajuda da Inglaterra, uma escolta, e ele coloca em ação um plano que era muito anterior a ele. Qual era o plano? De repente, instalar a capital, a sede do Reino, no
Brasil, do outro lado do mar, né, atravessando o Atlântico. No século XIX, pouco mais de 100 anos depois do descobrimento do Brasil, os reis de Portugal já começaram a cogitar essa possibilidade de uma capital aqui no Brasil. Então, não é um plano novo. Muita gente pensa: ah, o negócio foi resolvido às pressas, então foi a fuga da família real portuguesa para o Brasil, fugindo de Napoleão. Não é bem assim, já havia um plano, já havia um estudo das possibilidades de instalação da capital do reino aqui na América. Então isso já era algo pensado. E aí
Dom João executa esse plano, e esse plano também não foi feito ao acaso. Ele pede a escolta da Inglaterra, que vem protegendo a corte portuguesa. 15.000 pessoas vieram de Portugal para o Brasil. Então, existiam nobres da Ilha da Madeira, dos Açores, existiam nobres de Portugal continental. A primeira cidade do Brasil, Salvador, foi capital do Brasil de 1549 até 1763. Em 1763, com a descoberta do ouro em Minas Gerais, como o Rio de Janeiro está perto de Minas Gerais, o ouro de Minas Gerais era escoado, era mandado para o comércio internacional, para Portugal, e Portugal vendia
isso através do Rio de Janeiro, do porto do Rio de Janeiro. Então, era mais interessante ter uma capital ali no Rio de Janeiro. Em 1763, a capital sai de Salvador e passa para o Rio de Janeiro, e vai ficar no Rio de Janeiro até 1960. Então, quase 200 anos ali no Rio de Janeiro. Certo? Então, Dom João sabia que, quando a capital foi tirada de Salvador, no Nordeste do Brasil, e transferida para o Rio de Janeiro, o Nordeste do Brasil, sobretudo o estado da Bahia, se ressentiu muito disso com a coroa portuguesa. Achou uma injustiça,
achou que seria absurdo, porque historicamente Salvador era a primeira capital e deveria ficar como estava. Mas a coroa portuguesa fez essa alteração, e os nordestinos tinham esta mágoa. O que Dom João faz quando vem de Portugal para cá? Ele se estabelece em Salvador. Dom João vai morar e vai despachar, governando o reino todo, a partir de Salvador. Era uma maneira de fazer um agrado aos nordestinos, especialmente aos soteropolitanos, a população de Salvador. E, quando Dom João chega, ele é muito bem recebido. Nem ele mesmo imaginava que seria tão bem recepcionado pelos brasileiros. A sua esposa
espanhola, Carlota Joaquina, do começo ao fim, não gostou do Brasil, não gostou do clima, não gostou do povo. Carlota Joaquina não teve essa mesma simpatia. Dom João, pelo contrário, se adaptou muito bem por aqui e era muito amado, muito estimado pelo povo aqui no Brasil. Sendo um homem de temperamento muito pacífico, muito calmo, e o temperamento dos brasileiros é um temperamento mais pacífico do que... Que é irací? Né? Eh, então acabou, eh, tudo acabou, se conectando muito bem, e é interessante que Dom João, assim que chega, ele despacha ali de Salvador, então emite decretos, nomeia
ministros, dá títulos de nobreza, e depois ele se retira de Salvador para o Rio de Janeiro. A população de Salvador chegou a oferecer os casarões, eh, para a família real, para a nobreza, para que não fossem embora de Salvador, né? E, no entanto, Dom João falou: "Não, o Rio de Janeiro é mais fortificado, é melhor por uma questão de segurança." Se no Rio de Janeiro a receptividade dos cariocas não foi a mesma, os cariocas já não receberam tão bem a corte, mas Dom João se estabelece ali. E o que Dom João constata ao vir ao
Brasil? O monarca português, né? Os monarcas portugueses, aliás, nunca tinham pisado aqui no Brasil. Dom João foi o primeiro. Dona Maria, ie, veio também a rainha de Portugal, veio nessa repetição. Ela ainda vivia, ela veio, e como era uma mulher extremamente religiosa, uma mulher de fé, ela passa a residir num convento de clausura no Rio de Janeiro, junto com as religiosas. Era cuidada pelas irmãs. Então, as religiosas cuidaram da rainha. A rainha faleceu entre essas religiosas, e Dom João vai, então, se estabelecer no Rio de Janeiro. E ele constata o quê? Que o Brasil era,
na verdade, uma grande fazenda extrativista de Portugal, né? Porque o Brasil não tinha tanta estrutura, as cidades brasileiras eram muito pequenas, né? Não tinham uma população muito grande. Com a chegada de Dom João, aqui, o Brasil tinha de população mais ou menos uns 32 milhões de habitantes, o Brasil inteiro: 32 milhões. Hoje em dia somos 200 milhões, mas eram 32 milhões, né? Contando todos os povos que habitavam o Brasil. Então não era assim uma extensão populacional muito grande, mas eh, era muito pouco desenvolvido. Dom João vai se deparar com um problema: com a expulsão dos
Jesuítas, promovida pelo seu avô, Dom José I de Portugal. Na verdade, Dom José I autorizou o primeiro-ministro, que era o Marquês de Pombal, a fazer isso. Então, com a expulsão dos Jesuítas, o Brasil não tinha escola. Então, Dom João chega aqui e se depara com uma situação alarmante: não tinha escola no Brasil. A expulsão dos Jesuítas criou um vazio no campo da educação aqui, no Brasil, terrível, né? E então, Dom João vai se deparar com isso. Depois, outra coisa: as cidades eram muito pequenas, as cidades não tinham estrutura, e mesmo as estruturas de governo aqui
no Brasil eram muito precárias. Agora, aquilo que existia de igrejas, de prédios públicos, de casarões, era tudo muito parecido com Portugal, né? A nossa arquitetura, a nossa arte, ela tem algumas características típicas aqui do Brasil, mas basicamente era aquilo que se tinha em Portugal. Se tinha por aqui, inclusive, algumas igrejas nossas, elas são cópias mesmo de igrejas que existem em algumas regiões de Portugal. Então, por isso que não é estranho ver algumas igrejas de Portugal e ver a sua gêmea aqui no Brasil, porque eram copiadas mesmo. Então, eh, temos um quadro muito difícil. Era difícil
governar o reino daqui por falta de estrutura. Então, o que Dom João fará? Ele criará as condições para poder governar daqui. Então, quando a gente fala do Brasil Império, a gente fala muito de Dom Pedro I, que proclamou a independência, mas a gente se esquece de Dom João, na verdade, né? O fundador do Império, se formos analisar, né, friamente, foi Dom João, porque Dom João deixou as bases todas prontas, lançadas, para que o Brasil ficasse independente. Então, Dom João criará o Banco do Brasil, que existe até hoje. Este Banco do Brasil que nós temos até
hoje é uma criação do Rei de Portugal, né? Na época, era príncipe regente ainda, Dom João VI. Dom João criou um banco, Dom João criou a casa da moeda para cunhar as moedas, Dom João criará, no Brasil, a Imprensa Régia. O Brasil não tinha imprensa, não existia nenhum jornal, nenhum periódico aqui no Brasil, nada. Então, ele vai criar a Imprensa Régia, com notícias em geral e também para comunicar o que o governo estava fazendo aqui no Brasil. Ele criará a Biblioteca Nacional, a Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro, ele fundará as primeiras faculdades
do Brasil. Quando Dom João chega aqui, no Brasil, existiam pouquíssimos médicos no Brasil inteiro. Então, Dom João vai fundar a faculdade de medicina de Recife, depois a da Bahia, depois a do Rio de Janeiro, vai fundar a faculdade de direito do Largo de São Francisco em São Paulo. Então, as primeiras faculdades começam a aparecer, as primeiras escolas públicas são instituídas no Brasil no tempo de Dom João. Ele vai promover a abertura dos portos para que os brasileiros pudessem comercializar com nações amigas. Então, isso já deu liberdade econômica que os brasileiros não tinham, mas agora conquistam.
Então, pouco a pouco, no Brasil, foi se criando uma estrutura. As capitais das províncias do Brasil começaram a passar por algumas reformas urbanas: calçamento de suas ruas, a colocação de postes com lamparinas de querosene para iluminação. Nota! Então, pouco a pouco, uma estrutura foi eh, se estabelecendo aqui no Brasil. E aí, o que vai acontecer? Bom, Dom João, ele se adaptou muito bem aqui. Ele ficaria por aqui tranquilamente até a sua morte. No entanto, em 1820, explode a Revolução Liberal do Porto, lá em Portugal. Essa Revolução Liberal exigia o retorno imediato do rei a Portugal.
E por que isso? Porque em 1814 Napoleão caiu, a Inglaterra prendeu Napoleão e exilou Napoleão primeiramente na ilha de Elba. Aí ele voltou, retomou o poder na França, e a Inglaterra o prendeu de novo e o mandou para a ilha de Santa Helena. Eh. Então, eh, com a prisão de... Napoleão foi convocado o Congresso de Viena. O Congresso de Viena deveria reorganizar a Europa e devolver os tronos aos seus reis, e o Congresso de Viena decretou que um rei não poderia governar o seu reino fora da capital do reino. O que Dom João fez? Ele
transferiu a capital do reino de Portugal para o Rio de Janeiro. Portugal era o único reino europeu que tinha uma capital no continente americano; era um reino europeu que não deixou de ser um reino europeu, mas a capital ficava no Rio de Janeiro. Então, ele resolveu, por um tempo, essa questão jurídica: se o rei não pode governar fora da capital, então, muito bem, a capital está aqui, a capital é o Rio de Janeiro. Mas isso não satisfez os políticos portugueses. E aí eles recompuseram as Cortes de Portugal; as Cortes são a corte de justiça e
depois as câmaras, câmara dos deputados e o Senado português, que foram compostos e exigiram o retorno imediato do rei. Caso o rei não retornasse a Portugal de imediato, eles proclamariam a república. Então, Dom João não teve alternativa; ele teve de voltar. Ele foi comunicado em 1820 e, em 1821, ele retornou. E Dom João, quando estava retornando para Portugal, se preparando já para ir embora, ele nomeia para ficar aqui no Brasil o príncipe regente, que era o seu filho Dom Pedro I, o futuro Dom Pedro I. O príncipe regente Dom Pedro de Alcântara já era casado
com a arquiduquesa da Áustria, Leopoldina, o nome dela, Leopoldina Josefa Augusta Carolina de Habsburgo, que é a nossa Imperatriz Leopoldina. Era austríaca. Então, Dom Pedro já era casado nessa altura, e Dom João o nomeia como regente. E qual o conselho Dom João dá a Dom Pedro? Ele diz: "Pedro, se a independência for inevitável, antes que seja para ti que me hás de obedecer do que para outro aventureiro, coloque a coroa sobre a tua cabeça antes que outro o faça". Então, Dom João já percebia, ele já intuía que a independência do Brasil era uma questão de
tempo. Os brasileiros não iam querer retroceder todas as liberdades, todas as instituições; tudo que Dom João fez para o Brasil fez o Brasil avançar. Por exemplo, com a chegada de Dom João aqui no Brasil, ele trouxe para cá a missão científica: primeiro a missão holandesa, depois a missão francesa. E, nessas missões, por exemplo, vários animais da nossa fauna, que não tinham classificação internacional, os cientistas vieram, desenharam esses animais, fizeram um estudo sobre habitat, natural, alimento, tudo bonitinho, descreveram isso e atribuíram um nome científico em latim. Então, esses animais passaram a ser conhecidos pela ciência internacional.
A flora brasileira, a mesma coisa; a missão científica começou a identificar as espécies da flora brasileira. Então, quer dizer, o Brasil começou a ser visto fora; o Brasil que não era visto, que não era conhecido, começou a ser dado a conhecer. Tudo isso, graças a Dom João. Para depois a gente ouvir brasileiro falando mal de Portugal e falando mal de português. E quem fez isso? Um português. Um português que apostou no Brasil, que entendeu, que confiou no Brasil, que amou o Brasil. Dom João, por exemplo, ele fundou no Rio de Janeiro o Jardim Botânico. Quem
vai ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro? Lá no fundo do Jardim Botânico, quase perto do gradeado que fecha o fundo do Jardim Botânico, existe uma estátua de Dom João VI. Existem algumas palmeiras imperiais; foram as palmeiras imperiais que ele plantou, que a Carlota Joaquina plantou e que os filhos plantaram, Dom Miguel e Dom Pedro. A palmeira que Dom João plantou, infelizmente, da última vez que eu fui ao Jardim Botânico, eu só vi lá o toco seco da palmeira. E um funcionário do Jardim Botânico me informou que havia caído um raio na palmeira que Dom
João plantou e ela secou, infelizmente. Justo na dele, né? Mas Dom João fez muito aqui pelo Brasil e ele percebeu que a independência, hora ou outra, ia chegar. E é o que ele vai dizer a Dom Pedro: "É preferível que você faça do que outro". Um ano depois, o que acontece? A independência do Brasil, né? Foi rápido! Já no mês de janeiro de 1822, as cortes portuguesas, não foi Dom João VI, mas as cortes, os políticos portugueses, mandaram um navio para buscar o príncipe regente. Ele deveria retornar imediatamente a Portugal. Por quê? As cortes perceberam
o cheiro da independência e queriam que Dom Pedro fosse. E Dom Pedro ficou ali um pouco titubeando, porque o que ele pensava? "Eu, como príncipe, tenho as minhas obrigações. Eu tenho que cumprir o meu dever". Então, ele até ficou um pouco balançado, mas o povo brasileiro e muitos portugueses que residiam no Rio de Janeiro movimentaram abaixo-assinado, fizeram um movimento enorme solicitando ao príncipe que ficasse. E aí Dom Pedro percebeu que ele era apoiado ficando no Brasil. E é quando ele dirá, no dia 9 de janeiro de 1822, a sua célebre frase: "Se é para o
bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico". Então, é o Dia do Fico. É uma decisão! Só que essa decisão foi entendida pelas cortes de Portugal como uma afronta, uma afronta à autoridade das cortes. Mas Dom Pedro deixou muito claro que ele não estava desobedecendo seu pai; ele amava e obedecia ao seu pai, o rei de Portugal, que era amado aqui no Brasil também. O que os brasileiros não amavam eram as decisões políticas da corte de Lisboa, mas Dom João era amado. E aí, então, o que vai acontecer? Em setembro
de 1822, começam as ameaças da corte, né? E essas ameaças foram chegando ao príncipe. Dom Pedro então tinha ameaças até de deserdação, de tirar de Dom Pedro o direito de reinar sobre Portugal, caso ele não retornasse imediatamente. Então, começam a recrudescer as ameaças. Nessa altura, os fazendeiros brasileiros queriam a independência; a elite pensante do Brasil — advogados, médicos e padres — também queria a independência. A Igreja estava apoiando a causa da independência. E aí, então, houve toda uma articulação também da Maçonaria, que movia muitos políticos brasileiros; muitos políticos brasileiros eram membros da Maçonaria e eles
também queriam a independência. Então, tudo parecia apontar para a independência. Dom Pedro era jovem, tinha 24 anos, e ele relutava. Foi então que a Imperatriz Leopoldina, que era uma mulher inteligentíssima, entrou em cena. Diferente das outras casas reais, as mulheres da família Habsburgo eram ensinadas sobre administração e política desde criança; elas aprendiam tanto quanto os irmãos homens. As meninas também entendiam de diplomacia, de política, de negociação; elas eram ensinadas até a respeito de estratégia militar. Assim, as meninas da família Habsburgo tinham uma destreza política única, e Leopoldina não era diferente. Ela começou a costurar uma
série de alianças, ajudada por José Bonifácio. Dom Pedro foi sondando o campo, e nessa sondagem, foi decisiva a conversa que ele teve com Frei Sampaio. O Frei Sampaio era um franciscano que vivia no Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca, ali no Rio. Ele tinha sido professor de Dom Pedro quando este era criança; Dom Pedro confiava muito nele e foi até lá para falar com Frei Sampaio. Há dois anos atrás, eu tive a graça, o privilégio de poder me sentar nessa mesma sala onde Dom Pedro se encontrou com Frei Sampaio. Eu me sentei ali
na mesma mesa. Tem lá a mesa, as cadeiras, o local onde eles conversaram. Dom Pedro colocou todos os seus medos, todas as circunstâncias que ele temia, e o Frei Sampaio o animou, dizendo que a Igreja estaria do lado dele se ele empreendesse a independência do Brasil. Depois dessa conversa, Dom Pedro então começa a visitar fazendeiros e costurar um apoio final. É quando ele sai do Rio de Janeiro e vai em direção a São Paulo, percorrendo vários lugares. No meio desse caminho, Dom Pedro passa por Aparecida, visita a imagem de Nossa Senhora da Conceição, a nossa
futura Padroeira, e vai até São Paulo. Quando chega a São Paulo, ele entra na cidade na altura da antiga Fazenda Ipiranga. Essa Fazenda Ipiranga pertencia ao pai da Domitila de Castro, que mais tarde se tornaria amante de Dom Pedro, a Marquesa de Santos, esposa de Tobias de Aguiar, o grande patrono da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Tobias Aguiar foi um militar que organizou a Força Pública da província de São Paulo, que é a gênese da PM. Então, foi Tobias de Aguiar e um padre que começaram a organizar aquilo que mais tarde viria a
ser a Força Pública e depois a Polícia Militar do Estado de São Paulo. Tobias de Aguiar era o esposo da Domitila de Castro. Foi nessa altura da Fazenda Ipiranga que chegaram cartas da Imperatriz Leopoldina, de José Bonifácio e das Cortes de Lisboa, cada um dando uma notícia diferente. José Bonifácio dizia: “Olha, ou você se decide pela independência ou você pode tomar um navio e ir para Lisboa e se entregar como escravo das Cortes, como seu pai.” Porque Dom João VI, naquela altura, em 1822, estava praticamente encurralado pela Corte; ele já não tinha mais quase nenhum
poder político em Portugal. Ele tinha o poder de vetar as leis; chegava uma lei, o rei não assinasse, a lei não entrava em vigor. Mas o poder de veto de Dom João era limitado; ele tinha um número de vetos que podia dar, não era como ele queria e quando queria. Então, a situação era complexa. José Bonifácio disse a Dom Pedro: “Olha, se você quiser ficar como seu pai, então você vai e faça isso.” E a Imperatriz Leopoldina manda uma outra carta dizendo que estava tudo pronto no Rio de Janeiro, só faltava a alma da independência,
e de Lisboa veio a ameaça de deserdação. E aí é interessante neste relato, T de Souza, que na comitiva de Pedro estava José Meior Pontes. Esse padre mineiro amigo de Dom Pedro estava na comitiva junto com o futuro Imperador, e Otávio Tarquin de Souza narra que, assim que Dom Pedro leu essas cartas, ele fez o que se voltou pro padre e disse: “E agora, padre?” Como querendo dizer: “Olha isso aqui!” Então, o padre Meior disse a Dom Pedro: “Não tenho o que pensar. Ou nós seremos dominados e colocados de joelhos pela Corte de Portugal, e
isso lá em 1822 já não é a mesma que era.” E é verdade; padre Pontes tinha toda a razão; a Corte portuguesa já estava cheia de ideologias, cheia de problemas. Então ele incentiva Dom Pedro a um movimento. E aí Dom Pedro então dá o célebre grito do Ipiranga; ele coloca a tropa em forma, saca a espada e faz um juramento. Ele diz: “Pelo meu Deus, pela minha honra e pelo meu sangue, eu juro promover a independência do Brasil. Independência ou Morte!” Esse será o grito de guerra. E então Dom Pedro entra triunfalmente em São Paulo,
e o sino da Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte foi o primeiro sino a tocar, anunciando o Brasil independente. Esse sino existe ainda; ele está na Igreja de São Geraldo em São Paulo, capital. É um sino que, inclusive, hoje em dia, tem lá o brasão do império do Brasil estampado nele. O primeiro sino a tocar, anunciando o Brasil independente. Dom Pedro vai compor um hino para o Brasil, que é o hino, né? Que o Hino da Independência, que era o Hino Nacional Brasileiro. O nosso hino nacional, durante muito tempo, foi o Hino da Independência
e é um hino que exalta a grandeza do povo brasileiro, a bravura do povo brasileiro. E é um hino muito curioso porque um verso desse hino, o último verso, depois da proclamação da República, ele foi suprimido, porque este verso faz uma referência religiosa. Dom Pedro I, no Hino da Independência do Brasil, faz uma prece ao anjo da guarda do Brasil. De onde Dom Pedro tirou isso? Dom Pedro era português, veio ao Brasil com 10 anos de idade, e Portugal era, e é, a única nação do mundo que tem uma permissão da Igreja Católica para ter
o Ofício do anjo da guarda do país. Então, existe um ofício, uma missa própria para o anjo da guarda de Portugal, porque o Rei Dom Alfonso Henriques, na batalha de Ourique, na véspera da Batalha de Ourique, ele teve uma visão. Nesta visão, ele viu Nosso Senhor Jesus Cristo e viu o Anjo de Portugal. Na aparição de Fátima, antes de verem Nossa Senhora, quem os pastorinhos viram? O Anjo de Portugal. E aqui no Brasil, quando Dom Pedro, por essa união espiritual que existe entre o Brasil e Portugal, ele fez o que? Ele fez uma referência ao
anjo da guarda do Brasil. Então, existe um verso falando do anjo da guarda do Brasil. Depois da proclamação da República, eles tiraram esse verso, né? Infelizmente, né? Ele sumiu do nosso Hino da Independência, mas começa ali um Brasil independente, começa a ser construído. Agora, esse Brasil não foi um Brasil sem problemas, não foi uma construção linear, né? Então, tiveram muitos problemas. Por exemplo, o rompimento dessa união com Portugal não foi só um rompimento político; é um rompimento em que a cultura, a fé, toda aquela herança comum que unia Brasil e Portugal, de alguma maneira, né?
Ela foi abalada e algumas coisas se perderam aí no meio desse caminho, né? Então, nesse sentido, desta unidade, foi uma perda. E quando Dom Pedro começa a estruturar o Brasil independente, vai começar também um problema. Qual é o problema, né? O problema é que este rompimento e essa nova nação precisariam de uma lei, uma constituição. E aí, essa constituição precisaria ter todas as tendências políticas contempladas dentro dela. E aí, uma das grandes tendências políticas aqui no Brasil eram as tendências ditadas pela maçonaria, entendeu? Então, aí vem um problema, né? Porque, e aí, né? Como fazer
com essa questão da Maçonaria? Vamos aceitar ou não vamos aceitar essa influência? Como tudo isso vai se dar? Quer dizer, não tinha como deixar os maçons de fora. E aí, na constituição do Império do Brasil, o que vai começar a acontecer? Essas tendências começam a ganhar força. Elas começam a ganhar campo e a Igreja vai começar a sentir isso, né? Então, a Igreja não vai conseguir escapar disso e isso é, obviamente, um problema, certo? Então, o que acontece? Dom Pedro foi tentando ajustar tudo isso. Em 1823, um ano depois da Independência, ele convoca uma Assembleia
Constituinte para o Brasil. Então, era preciso fazer a lei. E olha que interessante, né? Como ele manda fazer a lei aqui no Brasil. Dom Pedro ordenou que os deputados eleitos pelo povo deveriam percorrer os municípios do Brasil e, nas câmaras municipais de cada cidade do Brasil, eles deveriam ouvir as opiniões de todos os cidadãos brasileiros que quisessem dar a sua opinião a respeito do que deveria ser a lei aqui no Brasil. Tudo isso foi reunido e depois deveria ser compilado na Assembleia lá no Rio de Janeiro. Então, a lei brasileira, a Constituição de 1824, refletia
muito daquilo que era o desejo do povo, o anseio do povo. E é muito curioso que essa foi a constituição que durou mais tempo no Brasil. Depois da Constituição Imperial, as constituições no Brasil eram implantadas e suprimidas com uma facilidade enorme. Depois da proclamação da República, nós tivemos a Constituição de 1891, né? Essa constituição passou por várias emendas, né? Ela foi emendada e remendada várias vezes ao longo do primeiro período republicano brasileiro. Depois, em 1930, essa constituição cai. Depois, em 34, Getúlio Vargas vai escrever uma nova constituição. Essa Constituição de Getúlio Vargas durou de 34
a 37. Em 1937, o próprio Getúlio Vargas, que havia promulgado a Constituição de 34, derruba essa constituição e escreve a Constituição de 37, implantando o Estado Novo, uma ditadura aqui no Brasil. Essa constituição vai durar até 45; depois, ela cai. Depois, vem uma nova constituição, que será reformada. Essa constituição vai durar até 67. Em 67, os militares derrubam a constituição e escrevem uma nova. Essa Constituição de 67 vai vigorar até 88 e, em 88, a antiga constituição cai de novo. E aí vem a constituição que nós temos atualmente. Então, a constituição aqui no Brasil, as
constituições não duraram tanto tempo. A constituição imperial durou mais tempo. Por quê? Porque ela refletia muito daquilo que era o desejo, o anseio do povo, o que o povo realmente queria. E é uma constituição interessante, né? Hoje, a hora já vai avançada, não vai dar tempo aqui de falar tanto, mas ela tem uns detalhes muito curiosos. Então, por exemplo, as leis eram muito simples, né? Vou ler aqui só alguns pontos para vocês terem uma ideia. Então, por exemplo, o artigo 179 da Constituição de 1824, olha o que dizia: a inviolabilidade dos direitos civis e políticos
dos cidadãos brasileiros que têm por base a liberdade. A segurança individual e a propriedade é garantida pela Constituição do Império da seguinte maneira: Olha que interessante, número um: nenhum cidadão pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser em virtude da lei. Né? Segundo ponto: nenhuma lei será estabelecida sem a utilidade pública. Então, eles tinham uma mentalidade de não ficar criando um monte de leis, porque quanto mais leis, mais burocracia; quanto mais burocracia, menos eficiência. Olha a visão que eles tinham! É muito mais avançada do que o que nós temos
hoje, né? Depois, número três, do artigo 179: a sua disposição não terá efeito retroativo. Artigo 4: todos podem comunicar os seus pensamentos por palavras, escritos e publicá-los pela imprensa, sem dependência de censura, contanto que hajam de responder por eventuais abusos que venham a cometer no exercício desse direito, nos casos e pela forma que a lei determinar. E aqui vai falando das liberdades dos cidadãos. Tem, por exemplo, uma questão muito interessante aqui na Constituição de 1824 que fala do seguinte: fala da questão do imposto, que é absurdo, né? É vetado pela lei que um cidadão pague
imposto sobre os seus imóveis; não existe IPTU, né? Por quê? Porque o Império tinha um entendimento de que é absurdo, porque o que é a sua casa? A sua casa é um patrimônio, e este patrimônio são horas de trabalho acumuladas que você juntou em forma de dinheiro e comprou a sua casa. Como que você vai pagar um imposto disso, como se fosse quase que uma permissão para poder usar aquilo que é seu? Né? Não tem cabimento! O Império, a Constituição Imperial entendia assim, então a lei refletia muito da mentalidade das pessoas. E assim foi estabelecido
esse governo. Agora, é claro, era um governo perfeito? Não era um governo perfeito. Ele teve muitos problemas. Por exemplo, Dom Pedro I era muito autoritário. Dom Pedro I era amado pelo povo, fez realmente coisas boas pelo povo, embora tivesse uma vida privada, uma vida do ponto de vista moral, muito complicada. Teve amantes, teve muitos filhos, né? Gerou muitos filhos fora do casamento, então teve um comportamento um tanto quanto escandaloso em muitos pontos. Mas, naquilo que ele pôde fazer pelo povo, ele sempre tentou fazer, só que com uma mentalidade que às vezes irritava a classe política.
Dom Pedro dizia assim: eu farei tudo pelo povo, mas eu não farei nada com o povo. Então, ele não aceitava qualquer ideia mínima de repartição de poder. Ele entendia que ele deveria fazer, ele deveria dar de si; ele deveria fazer junto, partilhar. Não! Isso não! Então, isso rendeu, inclusive, problemas com o Exército e com os políticos brasileiros. Isso chegou no ponto de Dom Pedro ser boicotado no campo político e acabar abdicando do Trono do Brasil, porque ele não conseguia governar. Em 1831, ele notou que o exército já se levantava contra ele e a classe política
também, então seria inviável o governo dele. O que ele faz? Ele escolhe uma saída honrosa para a situação. E qual foi essa saída? Em 1826, Dom João VI morreu em Portugal, criando o problema da sucessão. Quem era o herdeiro do Trono? Dom Pedro, mas era Imperador do Brasil. O que Dom Pedro faz? Manda sua filha, Dona Maria da Glória, para assumir o trono de Portugal. Dona Maria da Glória era uma adolescente, então o Cardeal Patriarca de Lisboa foi o regente do reino até que a princesinha pudesse ser coroada. Ela foi coroada com o nome de
Dona Maria II de Portugal. Só que ela teve muitos problemas, né? Ela teve que guerrear contra o tio, Dom Miguel de Portugal, que alegava direito sobre o trono de Portugal. E aí, enfim, encurtando aqui a história: Dom Pedro, percebendo que estava se tornando inviável seu governo aqui no Brasil, o que ele faz? Ele abdica do Trono em favor do seu filho, Pedro de Alcântara. Dom Pedro I, que tinha 5 anos de idade, vai para Portugal lutar para garantir o trono da sua filha. E ele consegue! Ele chega em Portugal aclamado, é o príncipe que constituiu
o Império na América do Sul, então ele foi muito bem recebido, muito aclamado, lutou, garantiu o trono para sua filha e morreu aos 36 anos de tuberculose no Palácio de Mafra, dentro do mesmo quarto onde ele havia nascido, no dia 12 de outubro de 1898. Ele morreu, né, aos 36 anos. Então, no Brasil surge aí um problema: Dom Pedrinho, né? Dom Pedro I tinha 5 anos de idade, foi necessário instalar uma regência, um governo regencial, até que o príncipezinho atingisse 18 anos. Só que no Brasil rebentaram muitas revoltas regenciais. Essas revoltas ocorreram porque o povo
não aceitava ser governado pelos deputados. E a gente pode dizer que essa foi a primeira experiência republicana do Brasil. Houve rejeição da população. Na Bahia, por exemplo, para citar um exemplo, explodiu um movimento chamado Sabinada. Por que esse movimento foi chefiado por um médico chamado Francisco Sabino? O que Francisco Sabino fez? Proclamou a República na Bahia, a República Baiense. Essa república teria prazo de validade: quando Dom Pedro I atingisse 18 anos, a república seria dissolvida e a Bahia juraria fidelidade a Dom Pedro I. Ou seja, os baianos se recusavam a obedecer o governo da regência
no Brasil. Então, os políticos brasileiros, percebendo que o povo não queria ser governado pelos regentes, articularam o chamado golpe da maioridade, adiantando a idade de Dom Pedro I de 18 para 14 anos, e coroaram Dom Pedro I com 14 anos. E assim, esses movimentos foram se diluindo. E aí começou o Segundo Reinado, que durou 49 anos, né? Hoje não vai dar tempo aqui de falar tão profundamente do segundo reinado, mas depois, mais para frente, a gente fala. O governo de Dom Pedro I foi um governo muito bem aceito pela população. O povo respeitava muito Dom
Pedro e o amava. Depois de Dom Pedro, viria o terceiro reinado, que seria um reinado nas mãos da Princesa Isabel. Mas a Princesa Isabel era extremamente católica, obediente a Roma, chamada de ultramontana, e, num cenário político onde boa parte dos militares eram maçons, era natural que eles tentassem boicotar o quanto possível o governo de Isabel, né? Porque seria um governo que aniquilaria muitos dos princípios e das ideologias dessas tendências políticas. Certo, então aqui eu apresentei para vocês esse panorama do império do Brasil e agora, né, eu quero fazer aqui até um desafio para vocês, aqui
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a vocês que apoiam o trabalho do canal. Então faço um desafio aqui: se você já apoia o canal, muito bem, Deus lhe pague! Continue apoiando esse trabalho. Se você ainda não apoia, na descrição deste vídeo tem lá alguns meios de você apoiar o canal. Primeiro meio: a livraria Rafael Tonom. Você pode adquirir qualquer livro lá na minha livraria e colaborar aqui com o canal. O chavepix é o e-mail chavep@ron.com.br. Através dela, você pode fazer uma doação de qualquer valor. Se eu tivesse uma doação, né? Não precisava ser nem recorrente, mas se eu tivesse uma doação
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esse curso; lancei ano passado e este ano eu reabri. Ele tem algumas novidades que não tinha no curso do ano passado. Esse curso, Raízes Católicas, está disponível pela plataforma do Hotmart. Eu vou colocar aqui para vocês o link. Olha aí, ó, está aqui o link. Eu não consegui fixar o link, mas tá aí, ó, tá no chat o link do curso Raízes Católicas do Brasil. É um curso com quase 50 aulas, como essa de hoje aqui que eu fiz; são aulas mais curtas, quase 50 aulas, abordando a história da Igreja no Brasil desde o início,
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coisa sobre Nossa Senhora das Lágrimas nesse curso Marianas Brasileiras. Tem coisas que eu conto lá que eu nunca falei em lugar nenhum, nem em lives, nem em coisas abertas. São sete aulas só sobre Nossa Senhora das Lágrimas. Depois, falei sobre Nossa Senhora de simples, falei sobre Aparecida, né? Enfim, tem ali uma riqueza muito grande de dados. Além disso, quem fizer a assinatura do Raízes Católicas do Brasil também recebe uma masterclass sobre as irmandades negras aqui no Brasil e a inserção dos negros na sociedade através da Igreja Católica. A gente ouve falar muita mentira, muito mito,
muita besteira sobre a Igreja Católica. Então tá na hora de entender com argumentos sólidos, com comprovação documental, o que realmente é verdade e o que não é, para a gente não ficar dando ouvidos a qualquer tipo de narrativa. Certo? Esse curso Raízes Católicas do Brasil sai em 12 parcelas de R$ 69,56. É menos que uma pizza por mês. São 12 vezes, diluindo em 12 vezes você tem acesso ao curso por um ano. R$ 69 por mês. Cada aula do curso que eu fiz tem um material de apoio; tem um PDF que você pode baixar com
resumo da aula, tem uma lista de bibliografias e uma aula que eu dou, onde explico como estudar história. Aí, muita gente fala assim: "Ah, mas não tenho tempo!" Eu não tenho. Você pode adquirir o curso; você tem um ano para assistir. Pode assistir quando quiser. Então, fica aqui o meu convite para que vocês conheçam essa proposta do Raízes Católicas do Brasil. Ah, professor, eu assinei o curso, não gostei do curso. Você tem 7 dias de garantia. Começou a assistir o curso, não gostou? Pode pedir o reembolso. Entendeu? A gente devolve o dinheiro integralmente. Então, eu
deixei aí nos comentários para vocês o link do curso Raízes Católicas do Brasil, e é uma maneira de vocês prestigiarem o meu trabalho e se aprofundarem também. E também porque muita gente, às vezes, vem questionar; volta e meia aparece aqui no YouTube ou até no Instagram alguém questionando: "Ah, mas vendendo curso?" Não sei. Pois é, professor vive de dar aula. Então, é assim que funciona: a gente gasta tempo, gasta dinheiro, compra livro, estuda, quebra a cabeça, monta aula. E isso tudo é um trabalho, e é justo que sejamos remunerados pelo trabalho. Então, muita gente fala
assim: "Ah, mas o curso é muito caro e tal." Mas por que não faz um curso mais barato? Pois é, mas eu gastei com estúdio, com som profissional, com técnicos profissionais. Eu tenho a hospedagem do curso na plataforma; isso é pago, eu tenho que pagar, não é de graça. Então, eu tenho que fazer todo o trabalho do lançamento do curso; aí eu tenho que pagar os profissionais que fazem as artes, que colocam a propaganda para rodar. Tem tudo isso. Então, o curso tem de ser pago para se pagar e também para remunerar o professor. O
professor vive de ministrar suas aulas e receber por elas. Então, eu faço esse trabalho, apresento esse trabalho e peço a vocês que considerem essa possibilidade de apoiar esse trabalho, apoiando o canal. Ou também, uma maneira de apoiar esse trabalho é adquirindo o curso Raízes Católicas do Brasil. Tem bastante gente que, inclusive, está aqui hoje, está assistindo, que foram alunos da turma do ano passado, que adquiriram o curso e estão alguns assistindo ainda e outros já assistiram. Tá bom? Então, agradeço muito o apoio e a presença de vocês aqui nesta noite. Vamos ver aqui agora algumas
perguntinhas. Vamos responder algumas questões. Vamos ver aqui... Opa, Zezé Rodriguez. É triste ver, hoje em dia, tantos brasileiros ignorantes falando mal dos portugueses. Só falam que Portugal roubou todo o ouro do Brasil. Esse argumento é o mais comum: "Ah, portugueses, devolvam o nosso ouro!" Na verdade, se a gente for parar para pensar, os portugueses não estavam tirando ouro do Brasil, porque o Brasil, enquanto país, não existia. O Brasil só passou a existir enquanto nação a partir de 1822, com a proclamação da Independência. Antes, era tudo uma coisa só. Então, não era ouro do Brasil; era
tudo de Portugal. Inclusive, quem nascia aqui no Brasil era chamado de português do além-mar. O que é o brasileiro? Ah, é o português nascido na América. É o português da América. É o português do além-mar. É isso. As leis que vigoravam aqui no Brasil eram exatamente as mesmas leis de Portugal. O soberano do Brasil? Quem era? O Rei de Portugal. Era tudo a mesma coisa. Então, não tem nem sentido, né? E outra coisa: o ouro extraído aqui do Brasil também serviu aos brasileiros, porque era apenas 1/5, 20%, que era pago a Portugal; o resto ficava
onde? Ficava aqui, era vendido pelos próprios brasileiros, comercializado. E muito desse ouro ficou aqui, estão aí nos tetos e nas paredes de tantas e tantas igrejas nossas. Então, também tá aqui a Alba Rejane Gomes assistindo a essa aula, tomando um cafezinho. Eita, vidão! É isso aí, né? Agradeço por prestigiar o Nazareno. Ah, falando do verso lá do... Deixa eu ver se eu tenho o verso aqui. Se eu tiver o verso na manga, aqui, Nazareno, já te falo. Vamos ver aqui se eu tenho nos meus arquivos. Vamos ver aqui, vou colocar na busca. Vamos ver se
aparece, né? [Música] Vamos ver, vamos ver... Hã... Não, não apareceu. Deixa eu ver se eu acho aqui. É capaz de eu ter aqui. Eu não lembro onde, aqui, né? Eu tenho tanta coisa aqui que eu vou salvando que, na hora que eu procuro, eu não acho. Deixa eu ver... [Música] Aqui não. Pior que eu não tenho aqui na manga. Deixa eu ver aqui se é isso. Hum... É o nosso anjo da guarda do Brasil. Olha que interessante: por uma permissão da Santa Sé, ele podia ser celebrado também como em Portugal, no dia 7 de setembro,
que é o dia da nossa Independência. O anjo da guarda de Portugal é 10 de junho e o do Brasil 7 de setembro. Deixa eu ver aqui se tem... Hum... Deixa eu ver aqui se [Música] tem. É o verso mesmo, não tem aqui nos meus arquivos, mas eu posto depois. Depois eu acho esse versinho e posto. Vou procurar para postar. A Alba: "Professor, verdade ou mito que Dom Pedro I era maçom ou não?" Pois aqui na cidade tem um hospital da antiga maçonaria. Hoje pertence a chamado Dom... Pedro I, Dom Pedro I, ele foi integrante
da Maçonaria, sim. Ele ingressou na Maçonaria, só que, depois de um certo tempo, ele já não frequentava mais a Maçonaria, né? Inclusive, a Maçonaria tentou controlá-lo, e Dom Pedro parece que tinha um espírito muito livre, né? Ele não era de obedecer muito a ninguém. O que nós sabemos, com certeza, é que ele morreu tendo recebido todos os sacramentos da Igreja. Ele se confessou, ele recebeu a unção dos enfermos e comungou antes de morrer. Então, morreu como católico, né? Isso a gente tem certeza, né? A Jaqueline comentando: a rainha de Portugal era brasileira, sim, né? Dona
Maria da Glória nasceu aqui, nasceu no Rio de Janeiro, né? E governou Portugal, do mesmo jeito que o nosso Imperador brasileiro era português, né? Dom Pedro I veio com 10 anos para cá, né? Então, essa troca entre Brasil e Portugal é muito comum, né? Faz parte da nossa história e não dá para separar. Aqui, ó, a Bernadete, né? A Bernadete Monteiro, aí ela, né, foi aluna nossa do Raízes Católicas no ano passado, né? Ela adquiriu o curso. Tá aí o testemunho dela: "Sou aluna do curso Raízes Católicas. Curso excelente!" Né? Tá aí o testemunho da
Bernadete. Façam o mesmo que a Bernadete, façam a inscrição de vocês, né? R$ 69 por mês, é menos que uma pizza, né? Se a gente vai sair e comprar uma pizza, né? Por mês, que seja uma pizza, já dá mais do que isso, né? O Gabriel Furlan, Professor. Boa noite! É verdade que Dom Miguel era mais fiel e obediente à Igreja do que Dom Pedro I? Isso é verdade. É verdade, tem até em Portugal muitas obras, muitos escritos que demonstram essa catolicidade de Dom Miguel. Por exemplo, para Dom Miguel, era uma coisa inconcebível se filiar
à Maçonaria; Dom Pedro já não via tanto problema, né? É verdade, Dom Miguel era mesmo bem mais fiel à Igreja do que Dom Pedro, mais obediente, era de rezar mais, enfim, né? O Gabriel comentando: já ouvi falar isso, já vi até páginas católicas dizendo que Dom Miguel era mais fiel à Igreja e teria sido um governante melhor. Provavelmente, sim. Provavelmente, sim. O Caio Casaroto. Boa noite, professor! O senhor acredita que durante o período republicano, o Brasil manteve implicitamente um poder moderador? Né, em primeiro lugar, obrigado, obrigadíssimo pelo apoio, né? O Caio, aí, apoiou o canal.
Uma das maneiras de apoiar o canal é isso: você pode mandar o super chat, o super stickers, né? Que são essas maneiras de você contribuir com o canal diretamente na pergunta. Então, em primeiro lugar, é muito, muito obrigado aí pelo apoio, pela força. Aí, Caio. Esse poder moderador que existia na época do Império, na época do Império, eram quatro poderes: legislativo, executivo, judiciário e o moderador, que era exercido exclusivamente pelo Imperador. O poder moderador tinha aquela função de manter o equilíbrio entre os poderes. Na República, ele não aparece; ele foi suprimido da lei. A Constituição
Republicana de 1891 rechaçou essa ideia de um poder moderador, mas na prática, o que existiu na República do Brasil foi muito pior do que um poder moderador. Então, muitos historiadores, inclusive, fazem piada com o poder moderador, falando: "Ah, lá, né? O Brasil com poder moderador." Pois é, mas o poder moderador tentava manter um equilíbrio entre as forças políticas. Agora, na República, o que nós vamos ver? Um autoritarismo gigantesco no governo de Deodoro, uma violência sem fim no governo do Marechal Floriano. Basta lembrar que o braço direito do Marechal Floriano Peixoto era o Coronel Antônio Moreira
César, que tinha o apelido de "o corta cabeças". Esse homem massacrou muitos e muitos pais de família nos combates ocorridos em Santa Catarina, onde o Estado de Santa Catarina queria o quê? Apenas aquilo que a Constituição de 91 garantia, que era uma certa autonomia para cada Estado. Então, quer dizer, foi uma coisa absurda, né? Tanto é que Floriano mandou atacar a capital de Santa Catarina, que era a cidade de Desterro, e depois de um banho de sangue, Moreira César e os republicanos resolvem rebatizar a cidade com o nome de Florianópolis, como uma homenagem ao sanguinário
Floriano Peixoto. Então, quer dizer, Floriano Peixoto mandou invadir jornais que eram contra o governo. Ele mandava invadir, mandava incendiar, mandava prender inimigos políticos, mandava matar quem se opunha a ele, né? Então, Floriano Peixoto foi um fanático pela República. E depois veio Prudente de Moraes e uma sucessão de presidentes até 1930 que eram representantes do quê? Das oligarquias. Era o pessoal do café, os grandes fazendeiros do café e do leite que vão dominar a cena política numa porção de eleições fajutas até 1930. Nós não podemos dizer que o Brasil teve democracia porque as eleições eram decididas
antes mesmo de acontecer, né? Antes de acontecer. Então, as fraudes eleitorais até 1930 faziam parte da ordem do dia. Muita gente pensa: "Ah, veio a República, veio a democracia!" Não, veio um teatro onde, quando um presidente era colocado no poder, o presidente seguinte já estava decidido. Pode ver, pega a lista dos presidentes da República, os primeiros presidentes da República do Brasil até 1930. Você vai ver que todo presidente da República, antes de ser presidente, ele tinha sido vice do anterior. Então, quer dizer, era um jogo de cartas marcadas. A Revolução de 1930 veio com essa
intenção de acabar com essas oligarquias. E aí, o que a Revolução de 30 fez? Deu o poder na mão do Getúlio Vargas, que vai virar um ditador e vai ficar 15 anos no poder. Então, nós tivemos democracia de novo? Não, a gente vai ver um lampejo, um respiro de democracia depois da Segunda Guerra. Mundial em 45, quando a pressão dos Estados Unidos acabou precipitando a saída de Vargas do poder. Aí veio o general D, que foi eleito presidente; houve um pequeno respiro de democracia. Em seguida, já vêm as eleições de 1950. Getúlio Vargas se candidata
e ganha de novo. Na primeira, ele não ganhou; ele foi colocado no poder. Na segunda vez, ele foi eleito, com um governo marcado por muitas e muitas denúncias de corrupção. Ele se suicida para não sofrer o impeachment, seria o primeiro presidente do Brasil a sofrer impeachment. Ele se mata para não sofrer o impeachment. E aí vem toda aquela instabilidade política. Depois vem o governo de Juscelino Kubitschek, o desenvolvimentismo. Depois de Kubitschek, vem aquela crise pós-JK, com Jânio Quadros e João Goulart no poder. Nessa instabilidade, o mundo em plena Guerra Fria, os militares tomam o poder,
e aí o Brasil vai viver no regime militar até 85. Em 85, vem uma eleição indireta para presidente da República. Tancredo Neves vence, morre e não consegue governar, vem José Sarney. Depois que acaba o mandato de Sarney, há a primeira eleição direta depois de 21 anos de governo militar. Depois, uma eleição indireta e agora teria uma eleição direta. E aí sai eleito Fernando Collor de Mello, que aí sim será o primeiro presidente a sofrer impeachment por corrupção. Olha a sucessão de desgraças, né? O que foi acontecendo no cenário político brasileiro. Então, o que tivemos nesses
anos todos de república? Um arremedo de democracia. Aí a gente olha para a história do império, e aí a gente vai entender por que Rui Barbosa, que era republicano, ele mesmo vai se arrepender de ter defendedido a república. Rui Barbosa dizia: "o império era uma escola de estadistas, e a república é uma praça de negócios". É o que a gente vê hoje em dia no Brasil. Nós temos o quê? As bancadas. Cada bancada ali se articula para aprovar as leis que beneficiem o seu grupinho, e o bem comum, e o povo é só uma linguagem
abstrata. Essa coisa de estado democrático de direito, direitos individuais, democracia, né? Vira palavrório de discurso vazio, porque não encontra eco na realidade. Mas isso é típico da história republicana no Brasil. É bem típico da nossa história. Infelizmente, né? Vamos ver aqui o Hugo comentando: “Professor, o senhor vislumbra alguma possibilidade de abertura de beatificação da princesa Isabel?” Olha, deixa eu mostrar um negócio que eu tenho aqui do meu lado. Olha aqui, eu tenho aqui na minha mão isso aqui, ó. Deixa eu te mostrar isso aqui, ó. É um santinho da Arquidiocese de Natal, no Rio Grande
do Norte, um santinho que foi impresso pela Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus. Eles que me mandaram isso aqui, ó. O que é isso aqui? Uma oração pedindo a intercessão da princesa Isabel, uma oração para devoção privada. Então, já existe um estudo na Arquidiocese do Rio de Janeiro para tocar o processo da princesa Isabel. A princesa morreu com fama real de santidade, mas é uma questão de os brasileiros conhecerem mais a vida dela e pedirem também a intercessão dela. N. Rafael. Já existia exploração de café na época de Portugal quando chegou ao Brasil. Já existia
o café, já era conhecido, porque os etíopes cultivavam o café. Então, os portugueses, quando chegaram na Etiópia, lá na África, antes de virem aqui ao Brasil, já tinham tomado conhecimento do cultivo do café. E aí, depois, o café é trazido aqui para o Brasil pelos portugueses. E aí a gente começa a produzir por aqui, né? Deixa eu ver aqui. O Gabriel comenta: “Professor, o senhor concorda com as obras dos irmãos Tito Lívio que reúnem documentos que dizem que o Brasil nunca foi colônia de Portugal?” Então, os documentos deles são fonte primária, e eles mostram que
o tratamento que se dava a um português lá na Europa e que se dava a um brasileiro aqui era o mesmo. Então, eles comprovam, através de documentação, que essa história de colônia é uma história posterior, é um negócio do século XVIII, né? Essa coisa de colocar o Brasil como uma colônia, uma colônia de exploração, tal, né? Esses documentos do Tito Lívio Ferreira valem muito a pena conhecer, ler; desmontam muitas dessas narrativas, né? O Nazareno perguntando: “Professor, esse curso Raízes Católicas do Brasil é quase uma continuação do curso do Padre Paulo Ricardo sobre navegações portuguesas. Já
pensou em fazer uma parceria?” Então, o Padre Paulo tem um apostolado muito específico. Eu conheço o Padre Paulo, conheço pessoalmente há muito tempo. Eu brinco que eu conheço o Padre Paulo antes de ele ser famoso. Então, a gente já conhecia o Padre Paulo aqui em Campinas. A comunidade que eu faço parte, minha esposa e eu, já conhecíamos o Padre Paulo. Graças a Deus, grande sacerdote, gosto muito do Padre Paulo. Mas realmente, o Padre Paulo não trabalha nesse esquema de parceria. O curso dele de navegações portuguesas foi um curso muito específico. O Raízes Católicas do Brasil
eu expandi um pouco mais do que os assuntos que o Padre Paulo aborda ali. Então, o Padre Paulo pegou um recorte; eu peguei um recorte um pouquinho mais amplo. Então, quem fez o curso do Padre Paulo e fizer o meu vai ver que há um complemento aí, né? [Música] Vamos ver aqui outras questões. O Marx Serqueira está aqui: “Professor, na sua opinião, a volta de uma monarquia parlamentarista seria boa para o Brasil?” Obrigado pelas suas aulas! Deus te abençoe! Obrigado, Max, pelo apoio. Eu, pessoalmente, não tenho dúvidas de que o sistema monárquico no Brasil foi
um sistema melhor. Ele deu... Mas certo, porque ele fazia parte e é da índole do pensamento da própria cultura do brasileiro. Tanto é que a República, né? Depois, quem quiser, volta na minha aula, tá salva aqui no canal sobre República lá do dia 15 de novembro do fim do ano. A República foi um sistema de governo que foi implantado aqui no Brasil à revelia. O povo não participou. Qual foi a participação do povo na implantação da República? Nenhuma, zero. Os jornais disseram que a população brasileira assistiu, bestializada, à Proclamação da República. Tem até um livro,
né, do José Murilo de Carvalho, que se chama "Os Bestializados", falando da implantação da República. A República quem implantou foram os militares e a elite; o povo não participou. Não foi um sistema de governo querido pelas pessoas. Aí, é claro, né, a República passou mais de 100 anos fazendo propaganda republicana, falando contra a monarquia. Aí, em 1993, mais de 100 anos depois da Proclamação da República e de muita doutrinação nas escolas, nas universidades, fez um plebiscito para o povo escolher se queria República ou monarquia. Aí ficou a República, o presidencialismo, que é o que nós
temos hoje. Mas eu acredito que, na medida em que os brasileiros conhecerem o que realmente foi a monarquia parlamentar aqui no Brasil, na medida em que os brasileiros perceberem o que é uma família imperial, tem muito brasileiro que fala: "Ah, família imperial, eu vou ficar sustentando uma família real." Pois é, mas os brasileiros sustentam todos os ex-presidentes e não reclamam. Ao invés de sustentar uma família, sustentam várias e não reclamam, porque a lei brasileira garante esse sustento para os ex-presidentes. Então, às vezes, as pessoas nem sabem o que estão falando, entendeu? E outra coisa, a
família real, a família imperial, eu conheço os membros da família. Tenho contato pessoal com os membros da família real. Tenho um contato pessoal com Dom Bertran, que seria o nosso imperador, né? E converso regularmente com Dom Bertran. Aqui, só para mostrar, para comprovar, eu tenho contato aqui de Dom Bertran entre os meus contatos. Tenho essa proximidade com ele. Tinha com Dom Antônio, que faleceu ano passado. Conheci os membros da família real, da família imperial. Eles são educados desde crianças a fazer o quê? A se dedicar ao Brasil, a dar as suas vidas pelo Brasil. Então,
eles têm esse desejo, né, de servir ao Brasil. Eu não tenho dúvidas, né, de que uma monarquia parlamentarista, onde havia democracia, o Brasil tinha democracia. A gente que escolhia os nossos deputados, os nossos senadores. Já era assim. Então, a presença de uma Câmara de Deputados, um Senado, um primeiro-ministro e um gabinete nomeados pelo imperador trariam mais, né, ao Brasil, sem dúvida alguma. Agora, o grande problema é como fazer isso através da lei, porque tudo conspira para quê? Para travar esse processo. Por quê? Porque, hoje em dia, a máquina pública, os deputados, os assessores, é um
grande paquiderme que o Brasil tem que consome recursos e mais recursos. E com a monarquia seria diferente; essa estrutura toda viria abaixo. E aí tem muita gente interessada em que a coisa não caminhe por aí. Mas se os brasileiros estudarem, tomarem consciência... o primeiro passo é esse: é estudar, tomar consciência, começar a perceber a amplitude do problema. Aí, a coisa pode mudar, né? E eu acredito que, né, poderia mudar. Hoje em dia, isso mudaria, assim, muito rapidamente. Eu não acredito que seja uma mudança rápida, mas é uma mudança possível, né? Não sei se vamos ver,
mas é uma mudança possível, né? [Música] E aí, aqui o Denis comentando, né: "Cuidado, Professor, a democracia foi salva por 11 togados, pois havia um doido que quase deu um golpe, que só não foi executado porque o cara perdeu o táxi." Pois é. Aí, a gente escuta, né, essas coisas, né, no Brasil, né, que é um absurdo até do ponto de vista da lei, né, porque são pessoas não eleitas que legislam, né, sobre o Brasil. Então, quer dizer, não tem muito cabimento isso. Boa noite, Professor! Boa noite! Parabéns, Rafael! Tonom Aida Bueno, eu não gostava
de história, mas você explica com tanta sabedoria que passei a gostar. Deus abençoe você e sua família. Obrigado, Cida! Deus abençoe você também! Grande abraço aí para você! Vamos ver aqui a Vilma Gois comentando: "Deus abençoe, Professor Rafael! É muito conhecimento, só pode ser do céu. Eu sou tão ignorante, mas peço sempre a Nossa Senhora que abra a minha mente para observar as coisas lá do alto." É isso aí, né? Aqui, o casal dizendo, né: "Os Bragança não são reais, pois foram amaldiçoados." Eles tinham direito de governar os príncipes, né? Do Bragança, pelo menos o
herdeiro direto, que é Dom Bertran, é muito católico. Ele comenta que eles foram amaldiçoados e ninguém fará uma monarquia católica com não católicos, né? E não, de fato, uma monarquia católica só pode ser restaurada ou só pode ser feita com católicos. Isso é fato, né? E também fazer uma monarquia parlamentar por fazer, sem os princípios que fundamentam uma monarquia, seria a falência, na certa, né? Isso é fato, né? Então, nesse ponto aqui, concordamos, né? Monarquia católica ou uma monarquia de fato só pode ser feita a partir dos princípios corretos. É isso, meus caros! Deus abençoe
muito cada um de vocês, ótimo fim de noite, e de novo vou deixar aqui para vocês o link do Raízes Católicas do Brasil. Então, caso você ainda esteja na dúvida, dê uma olhada lá na página do Raízes Católicas. Estamos ainda com as inscrições abertas, mas vamos fechar na semana que vem. Então, pense, conheça e considere essa possibilidade, né, de fazer o Raízes Católicas do Brasil. E detalhe que eu não falei lá no Raízes Católicas do Brasil: você assiste à aula quando quiser e pode comentar nas aulas, né, ali no chat privado, e eu respondo individualmente
aluno por aluno do Raízes Católicas do Brasil. Tá bom? Eu falo a questão lá de cuidar. Tem gente que pensa: "Ah, será que é a equipe do professor, né, que responde?" Não, sou eu mesmo, né? Eu respondo um por um, né? Por isso que não é muito rápido, né, para eu responder, porque sou eu mesmo. Tá bom? Então, Deus abençoe vocês, né? Tenham um ótimo final de semana e sigamos conhecendo cada vez mais, estudando cada vez mais e acreditando, né, que quem governa todas as coisas é Deus. Cristo é o Rei do Universo, Ele governa
todas as coisas. É Ele que levanta e derruba os reinos e os governos que existem, né? Aqueles que estão no poder têm uma impressão de que governam e comandam, e têm a impressão de que esse poder nunca acabará, mas Cristo levanta e derruba os reinos. Que viva Cristo Rei! Deus abençoe.