Existe alguém na sua vida que sempre faz você se sentir errado, burro, culpado ou pisando sobre cascas de ovos? Se sim, você pode estar sendo manipulado por essa pessoa. Eu sou o André, tenho um doutorado em psicologia e hoje quero explicar alguns sinais de que você pode estar sendo manipulado e o que você pode fazer caso se encontre nessa situação.
Aqui no vídeo, chamaremos de manipulação aquele tipo de situação na qual ocorrem repetidas tentativas de controlar os comportamentos de alguém através do abuso emocional ou psicológico. Dentro dessa definição, não estão inclusas situações nas quais a força física é usada para esse fim. O abuso emocional envolve o uso de emoções como o medo, a culpa e a vergonha para controlar o comportamento de alguém, enquanto o abuso psicológico se dá por meio de influências no pensamento, no julgamento ou nas crenças da pessoa.
Quando alguém está te manipulando, você pode ser induzido a fazer várias coisas que não queria. Você acaba as fazendo mesmo assim talvez porque ficou com medo da reação da pessoa, sentiu-se obrigado a fazer aquilo ou achou que podia estar sendo insensível, por exemplo. Além disso, a pessoa que manipula pode nem ter plena consciência do que está fazendo.
Na perspectiva de um manipulador, talvez ele é quem esteja sendo maltratado pela vítima e as suas ações controladoras podem ser entendidas como puro bom senso diante dos supostos erros que a vítima comete. É comum que pessoas sendo manipuladas demorem pra perceber que tem algo de errado acontecendo. Isso não significa que essas pessoas são burras, ingênuas ou gostem de sofrer, mas sim que a manipulação não tende a ocorrer de forma repentina, simples ou totalmente explícita.
Apesar do termo "manipulação" passar a ideia de que algo bem maquiavélico está ocorrendo, na prática as coisas podem ser bem mais sutis e se desevolverem aos poucos. Muitas condutas abusivas parecem inicialmente apenas demonstrações de cuidado que vão piorando com o tempo. Outra coisa que dificulta pegar uma manipulação no flagra é o tipo de pessoa que geralmente a realiza: paceiros românticos, parentes, amigos ou colegas de trabalho.
Ou seja, aquelas pessoas de quem você mais gosta, em quem mais confia ou com quem mais convive. Interações gradativamente mais controladoras ajudam a ir naturalizando ações problemáticas, as quais vão sendo vistas como uma parte natural e inevitável daquele relacionamento. Isso vai criando um contexto cada vez mais favorável a novas tentativas de controlar o outro.
Manipulações podem ocorrer de várias formas e para te ajudar a perceber se você está sendo manipulado, agora vou explicar alguns sinais que podem indicar isso. Vale ressaltar que nenhum desses sinais deve ser analisado de forma isolada ou fora de contexto. Por exemplo, é difícil de imaginar um pai ou uma mãe que nunca gritou com o seu filho, mas gritos esporádicos não querem dizer necessariamente que está ocorrendo um abuso emocional.
Já ser insultado todos os dias por alguém se aproxima muito mais dessa forma de abuso. Agora sim vamos aos sinais! Primeiro sinal: você sente como se estivesse constantemente andando sobre cascas de ovos ao interagir com a pessoa.
Só de imaginar a reação dela a certros eventos que outras pessoas talvez veriam como nada demais, você já pode ficar ansioso e estressado. Você se vê pedindo desculpas mesmo quando não fez algo errado e caso você faça algo que não agrade, a pessoa pode ter uma crise de raiva ou parar de expressar afeto e voltar a expressá-lo só quando você agir da maneira que ela gostaria. Segundo sinal: a pessoa faz você duvidar da sua própria sanidade ou das suas capacidades intelectuais.
Através de críticas constantes, do sarcasmo, da ironia ou de insultos, a pessoa que manipula vai deixando a vítima cada vez mais confusa, com a autoestima mais baixa e menos confiante no próprio discernimento. Quem manipula passa a impressão de que sempre se lembra melhor dos detalhes dos acontecimentos, sempre faz análises mais precisas e dificilmente está errada nas próprias conclusões. Ao controlar as narrativas nas quais a vítima acreditará, fica mais fácil controlar a própria pessoa.
Terceiro sinal: você é levado a achar que os incômodos da outra pessoa são sempre válidos, mas os seus não. Mudanças precisam ocorrer quando a pessoa está insatisfeita com algo, mas nada precisa ser feito necessariamente quando você é quem está assim. Quem está manipulando pode ter um grande foco nas próprias emoções e isso pode dificultar que ela se importe com as emoções do outro ou seja capaz de perceber a sua própria responsabilidade nos conflitos que têm ocorrido.
Quarto sinal: você vive sendo interrompido nas conversas, especialmente quando contesta algo ou expressa os seus sentimentos negativos sobre alguma ação da pessoa. Ela pode entender isso como uma prova de que a relação não está sob controle, o que a motivará a dar um jeito nessa situação. Ao cortar a vítima nas conversas, essa pessoa pode desestimular a ocorrência de novas contestações no futuro.
Essas interrupções também ajudam a tornar a vítima mais submissa, já que elas costumam vir na forma de críticas que fragilizam mais ainda a autoestima dela. Quinto sinal: você está muito afastado de amigos e parentes. É mais fácil controlar alguém que está mais isolado da sua rede de apoio, já que essa rede pode acabar ameaçando a posição de supremacia de quem está manipulando.
Por isso, é comum que essa pessoa reclame daqueles que interferem de alguma forma com o relacionamento e tente afastá-los da vítima. Assim, a vítima tem cada vez menos fontes de afeto e apoio no seu dia a dia, o que fortalece mais ainda o poder de quem manipula, pois essa pessoa se torna a principal fonte de ambas. Ainda vamos dar algumas dicas sobre como lidar com esse tipo de situação tão complicada, mas se estiver gostando do vídeo até agora, clique no joinha, inscreva-se no canal, clique no sininho e não deixe de seguir a gente no Instagram e no Twitter!
Ser vítima de manipulações como essas pode trazer várias repercussões negativas, tais como uma chance maior de viver problemas ligados à depressão, ansiedade, burnout, abuso de substâncias e traumas capazes de prejudicar seus futuros relacionamentos. Como o abuso emocional e psicológico são frequentemente precursores do abuso físico, a pessoa também pode sofrer agressões e até mesmo ser vítima de homicídio. De um modo geral, uma relação na qual existe um grande nível de manipulação dificilmente vai melhorar de forma espontânea.
A tendência dessas relações é a de se manterem assim a não ser que a vítima ou algum agente externo haja de forma proativa para modificá-las. Agora quero dar algumas dicas que podem te ajudar a enxergar com maior clareza manipulações que podem estar ocorrendo em uma relação que você vive e o que pode ser feito a partir dai para lidar com isso. Dica número 1: se você está sofrendo por causa de alguma relação, busque e valorize o feedback externo.
Quem é vítima de manipulações não está em condições ideais para perceber isso, já que a sua capacidade de enxergar a relação de forma crítica estará limitada por vários dos motivos que já explicamos aqui. Por isso, é uma boa ideia se reaproximar de pessoas queridas e procurar saber o que elas têm a dizer sobre o quão saudável é essa relação. Esse pode ser o ponto de partida para você começar a se dar conta do que está acontecendo, considerando que toda essa interação abusiva pode ter te condicionado a enxergar abusos como partes normais do relacionamento.
Talvez você não escute coisas agradáveis e sinta o impulso de desqualificar o que foi dito, mas lembre-se que esse impulso pode ter sido colocado na sua cabeça pela própria pessoa que te manipula e isso vai ajudar a te manter sob controle dela; o que é do interesse dela, mas não do seu. Dica número 2: se você acha que está sendo manipulado, comunique o que percebeu à pessoa e estabeleça limites. Não é fácil aplicar o que eu vou falar agora na prática, mas tente se comunicar de forma objetiva, direta.
didática e não agressiva nesse momento. Chamar a pessoa de manipuladora ou se comunicar de forma agressiva pode deixá-la muito na defensiva, irritada ou até mesmo agressiva, o que não vai ajudar muito. É possível que a pessoa reconheça o que ocorreu e se mostre disposta a mudar, mas tome cuidado nessa hora.
Isso porque um ciclo muito comum de ocorrer é o seguinte: o manipulador é pego de surpresa pela acusação, demonstra a intenção de cooperar e até parece mudar no início, mas depois que a confiança é recuperada, ela volta a estabelecer o mesmo padrão abusivo de antes ou até pior. Para recuperar essa confiança, a pessoa pode se mostrar romântica como já não era há um bom tempo, fazendo a vítima concluir que exagerou ou que agora ela mudou mesmo. Infelizmente, essa melhora pode ser ilusória, então não acredite em mudanças tão rápidas assim.
Dica número 3: lembre-se que as emoções e as expectativas da outra pessoa pertencem a ela, não a você. É responsabilidade dela lidar com essas coisas, por mais que ela tenha te induzido a pensar que essa é uma responsabilidade sua. Isso não quer dizer que você deve tratar mal a outra pessoa ou ignorar os seus sentimentos, mas sim que não é a sua obrigação fazer ela ficar bem toda vez que se irrita, atender a todas as expectativas que ela criou ou suprir todas as necessidades dela mesmo que precise atropelar as suas.
Como já explicamos em outro vídeo, quando um relacionamento envolver um histórico de abuso físico também, essas dicas devem ser aplicadas com muito mais precaução, já que a integridade física da vítima estará em maior risco. Procurar um profissional da psicologia também é recomendável não só para você entender melhor o que está acontecendo, mas também para pensar junto com ele em uma estratégia de enfrentamento mais específica para a situação que você está vivendo. Você viu no vídeo hoje o que é a manipulação, quais são alguns dos sinais de que você pode estar sendo manipulado e quais são alguma das consequências de viver esse tipo de relação.
Demos algumas dicas também de como lidar com esse tipo de situação e de cuidados que você deve tomar. Se você gosta do Minutos Psíquicos, seria de grande ajuda se você clicasse no joinha, se inscrevesse no canal e clicasse no sininho. Um vídeo que tem muito a ver com o que discutimos hoje é o que fizemos sobre violência nos relacionamentos.