O Roche… Ai, senti uma fisgadinha no pulso Rochelle, você não tem aí um Tramal, para eu tomar? Uma morfina? Um phentanil? Bom, como você já deve ter visto em algum local desta tela, o tema do vídeo de hoje é: Medicina não é saúde Por que será que para pensar a medicina, a gente sempre pensa doença? O nosso entendimento de saúde, bem como nosso entendimento de medicina, estão permeados pela ideia de doença, porque esse é mais ou menos o sistema de pensamento que a gente aqui na periferia do capitalismo está alinhado com. Quando a gente tenta
pensar, por exemplo, o sistema de saúde, ou entendimento de saúde, em alguns países orientais, como, por exemplo, a China, a gente vai logo perceber que a medicina deles é exatamente contrária à nossa Nunca é sobre tratar um sintoma, mas é sempre sobre prevenir e manter a saúde Para que a gente não chegue no estado de doença, de não saúde Aqui no ocidente, no entanto, a nossa cultura parece um tanto quanto viciada em alopatia e isso quer dizer remédio A gente recorre a remédio para quase tudo e muitas vezes coisas que poderia ser sanadas com uma
noite de sono melhor ou um consumo maior de água se transformam em ingestão de droga O tema do vídeo de hoje é medicina não é saúde porque essa é um livro dos anos 80 aqui, do Brasil, que trata esse tema com uma maestria tamanha que até hoje ele é super importante para os profissionais da área Para tecer essa discussão e para que ela seja realmente válida a gente precisa entender e repensar e rever as nossas vidas e nos nossos momentos de desassossego, de mal estar de dor, como a gente recorre quase que sempre a uma
droga e muitas dessas vezes sem o respaldo ou o auxílio ou a indicação nenhuma de um profissional da área Quando, no começo, eu disse que existe uma espécie de fixação da nossa cultura em medicar o sintoma ou tratar o sintoma, isso é muito indicativo do nosso tempo e da nossa cultura A gente não tem interesse em sanar as causas das nossas doenças e, muitas vezes, a gente, inclusive, desconhece as causas das nossas doenças, aqui os profissionais de saúdem inclusos e, na não ciência das causas, ou dos diagnósticos, o que a gente acaba tratando são os
sintomas Quando você toma um remédio para parar uma dor em algum lugar sem entender porque doer em algum lugar começou Daqui a algum tempo essa dor vai voltar E é possível e provável que ela volte mais forte Então, contrário a uma cultura e um ensinamento oriental de prevenção e manutenção da saúde, o que a gente tem, aqui do nosso lado do globo, é uma cultura que trata os sintomas e nunca dá cabo das causas Para a psicanálise, esse é um tema recorrente e o Freud e o Lacan chegaram a dizer que o ser humano é
um sintoma e é aqui que está o dado mais importante do vídeo Se a gente pensar no ser humano enquanto sintoma, a gente logo entende que, se nós somos sintomas, talvez a doença esteja para trás de nós ou maior que nós e que, se o ser humano é um sintoma, talvez a doença seja a sociedade ou a cultura Eu chego a esse tema porque essa semana eu me deparei com a notícia de que os remédios mais consumidos no Brasil são ansioliticos e antidepressivos e o que isso diz a respeito da nossa população é que? 1)
estamos ansiosos e deprimidos e 2) é que não estamos doentes enquanto indivíduos, sujeitos e pessoas, mas estamos doentes enquanto país, enquanto cultura, enquanto meio social. A sua ansiedade, a sua depressão, a sua falta de vitaminas, a sua baixa imunidade, o seu sono de pouca qualidade, enfim, são todos frutos da sua inserção e vivencia social Para que a gente pense, rapidamente, apenas sobre um quadro de depressão a gente pode pensar sobre serotonina, que é responsável pela nossa sensação de bem-estar, e uma das causas produtoras e reguladores de serotonina no nossos corpo são os nossos ciclos de
sono e vigília E isso que dizer mais ou menos: quanto tempo a gente precisa de repouso em silencio e no escuro e quanto tempo a gente precisa desperto e em vigilia, trabalhando, estudando fazendo essas coisas, No entanto, quantos de nós dormem em ambiente silenciosos e no escuro? E quantos de nós ficam com o celular ligado na cara com luz, em um quarto com luz e uma tevezinha ligada só para dar um barulhinho até que a gente pegue no sono? Além do mal estar na sociedade do mal estar na cultura e já ficam duas indicações de
leitura aqui na tela eu estou me referindo aos nossos hábitos e costumes que desenvolvem em nós dinâmicas doentes e que não vão ser curadas ou remediadas com drogas Ainda sobre a serotonina, esse hormônio que, como eu já disse antes, é responsável pelas nossas sensações de prazer e bem estar, 90% dele, por exemplo, é produzido no nosso intestino E, além disso, quando o nosso corpo está desregulado de serotonina a gente vai desenvolver quadros agravados psíquicos e emocionais A gente vai ter casos de depressão e casos de ansiedade Por que eu estou dizendo isso? Porque, para que
a serotonina seja produzida corretamente, além do que eu já tinha dito antes desses nossos ciclos de sono e vigília é importante, por exemplo, que a gente tenha dietas regulares, banho de sol regulares e práticas físicas regulares Agora eu te pergunto, na nossa cultura doente e no nosso tempo doente, quantos de nós conseguem desenvolver essas práticas? Quanto tempo você tem na sua vida para banhos de sol regulares e atividades físicas regulares? Quanto sobra da sua disposição e energia após um dia estafante de trabalho liberal e sem carteira assinada, vou deixar o link do vídeo aqui, para
que você tome sol, durma gostosinho no silêncio, faça atividade física e tenha uma boa dieta? Aliás, boa dieta no governo bolsonaro que, historicamente, foi o governo que mais liberou agrotóxicos no nosso país Quando a gente começa a entender que, apesar de simples, existe uma rede de interesses atrelados ao nosso bem estar e a nossa saúde talvez a gente comece a entender porque o nome do vídeo e do livro são medicina não é saúde Por fim, eu gostaria de deixar vocês com uma ultima pulguinha atrás da orelha, que é a remuneração do profissional de saúde e
em especifico são os médicos mais necessários são os médicos de comunidades, são os médicos de família, são os médicos que não estão associados a grandes corporações, porque não dá pra chamar de hospital, é uma empresa, esses outros médicos eles são sempre muito pouco remunerados, em contrapartida, há médicos associados a essas indústrias de plano de saúde, a essas empresas chamadas de hospital que tem remunerações altíssimas quando a gente pensa nesses profissionais é importante que a gente entende que eles atuam mais ou menos como sensores de controle social Eu não sei se vocês já pararam pra pensar
nisso, mas o médico é profissional que tem a possibilidade de dizer este trabalhador não trabalhará durante uma semana e entrega a ele esse permit, essa licença de uma semana longe do trabalho, É importante remunerar bem o médico para que ele atenda os interesses dos patrões porque se o médico não se entende operario, não se vê como classe trabalhadora ele pode, portanto, não dar licença médica a um paciente que se ausentaria de uma lógica de trabalho estafante e que está causando nele doença o nosso sistema de saúde, mais uma vez, vai, então, se debruçar sobre os
sintomas e não sobre as causas Eu encerro o video de hoje te convidando para algumas leituras que eu citei aqui o mal estar na civilização o mal estar na cultura medicina não é saúde e, para que você possa entender se você, na sua vida pessoal, tem tratado seus sintomas ou tem cuidado da sua saúde Um beijinho Até a próxima tchaaaau